terça-feira, 29 de outubro de 2024

Andréia Sadi: Bolsonaro vira pedra no sapato do centro-direita que sonha com frente ampla pragmática para 2026

Os resultados eleitorais deste domingo (27) trouxeram vários recados com vistas à eleição de 2026.

Se por um lado a esquerda precisa se reconectar com a base, do outro lado deste jogo a direita, que saiu vitoriosa nas urnas, já se organiza e começa a traçar planos para 2026: uma frente ampla de centro-direita competitiva para a eleição presidencial. Mas tem pelo caminho um aliado incômodo: Jair Bolsonaro (PL).

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O ex-presidente foi cabo eleitoral em algumas disputas, mas saiu menor de São Paulo, que reelegeu Ricardo Nunes (MDB) com um protagonismo absoluto para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi ministro de Bolsonaro e aparece como um dos expoentes da centro-direita.

Tarcísio sempre tem o cuidado de falar nos eventos que Bolsonaro é o candidato em 2026 para o Planalto, mas o fato é que o ex-presidente está inelegível e nem os seus aliados acreditam que ele possa recuperas seus direitos políticos. Vou além: eles torcem para que Bolsonaro não possa concorrer – mas não vão admitir publicamente e até negar.

Avaliação dos bastidores é de que a direita possui diversas "direitas" dentro dela e que prevaleceu em 2024 a chamada "direita pragmática", que deve ser a aposta do campo ideológico para a eleição presidencial em 2026, deixando para a direita radical cargos no Congresso. Pensando em fazer uma frente ampla, a direita quer cooptar partidos que hoje fazem parte do governo Lula, como MDBPSD e União Brasil.

Para fazer essa convergência, no entanto, Bolsonaro é visto como uma pedra no caminho. O ex-presidente tem peso em algumas regiões, mas o custo da rejeição tem sido visto como um preço muito alto a se pagar.

Mesmo ganhando destaque em São Paulo, onde Bolsonaro foi praticamente escanteado, Tarcísio age com pragmatismo e continua a render homenagens ao ex-presidente. O governador sabe que qualquer aspiração política para disputar a presidência em 2026 depende de uma benção de Bolsonaro.

·        Sai extremismo, prevalece direita pragmática

No discurso de vitória de Ricardo Nunes, o prefeito eleito de São Paulo deu um recado contra o extremismo, dizendo que a direita moderada saiu vencedora, se referindo - sem citar nomes - não apenas a Boulos como Pablo Marçal (PRTB), candidato que flertou com Jair Bolsonaro no primeiro turno.

"Não é hora de olhar para trás, a hora da diferença passou, vamos governar para todos, porque todos merecem igual respeito por parte de quem governa, aos que acompanharam essa eleição histórica, a democracia deixou uma grande lição, para nós da cidade de São Paulo, o equilíbrio venceu todos os extremismos", disse Nunes em seu discurso, evidenciando que Bolsonaro está fora.

Ricardo Nunes (MDB) discursa após ser reeleito prefeito de São Paulo

A frente ampla feita para eleger o governo Lula serve de inspiração para a direita e a disputa pelo centrão começa desde já. Mesmo com ministérios no governo Lula, não se espera fidelidade de alguns partidos e é nisso que a frente ampla da direita aposta agora: que esses partidos desembarquem do governo Lula com perspectiva de poder na frente da centro-direita.

¨      Fortalecimento da centro-direita dá o tom para 2026

Os resultados finais das Eleições Municipais de 2024 indicam que os partidos de centro-direita partem bem posicionados para as articulações visando ao próximo pleito: o de 2026 para Presidência da República, Senado, Câmara e governos estaduais.

Os partidos que mais têm motivos para comemorar são PSD e MDB, que mais conquistaram prefeituras, incluindo cinco capitais cada. Apesar de oficialmente estarem na base de apoio do governo Lula (PT), inclusive ocupando ministérios, as duas siglas pendem mais para a direita do que para a esquerda. Tanto que estiveram unidas na vitória mais importante desta eleição, a da capital paulista, onde Ricardo Nunes (MDB) levou a melhor sobre Guilherme Boulos (PSol), que era o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com participação tímida na campanha municipal, o presidente petista pode celebrar uma ligeira recuperação de seu partido, que voltará a governar uma capital depois de quase 8 anos: Fortaleza, onde Evandro Leitão venceu (por bem pouco) o bolsonarista André Fernandes (PL). Ao todo, porém, o PT termina a eleição com 252 prefeituras. Bem menos que as 885 do PSD; as 853 do MDB; as 746 do PP; as 583 do União Brasil; as 516 do PL; e as 433 do Republicanos. Veja o ranking (que ainda pode mudar devido a decisões judiciais):

A preferência dos eleitores brasileiros por políticos do campo conservador foi comentada, logo após a divulgação dos resultados, pelo deputado federal André Janones (Podemos-MG), aliado de Lula e crítico cotidiano das estratégias da esquerda. “O Brasil tem uma nova polarização: direita x extrema direita”, escreveu o mineiro no X, antigo Twitter. “Continuem divulgando ações através de site, panfletagem, e falando todes pra uma bolha de alienados soberbos intelectualmente que nem sabem mais o que é povo! Continuem nesse caminho que em 2026 a coça vai ser doída”, completou ele.

<><> Nomes para 2026 ainda são uma incógnita

Apesar da força mostrada pelos partidos de centro-direita no pleito municipal, ainda é difícil projetar os nomes competitivos para a disputa nacional que acontecerá em dois anos. Do lado da esquerda, Lula tem sinalizado que pretende disputar mais uma reeleição, mas o petista completou 79 anos no domingo (27/10) e suas condições de saúde terão de ser levadas em conta para a decisão final. Como opções no campo progressista são falados nomes como o do ministro Fernando Haddad (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do prefeito reeleito do Rio, Eduardo Paes (PSD).

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também tem mostrado disposição para voltar a se candidatar, mas para isso precisaria reverter a ilegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e escapar de possíveis condenações no Supremo Tribunal Federal (STF) em ações nas quais pode ser denunciado em breve, como a da investigação de uma suposta tentativa de golpe de Estado nos eventos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023.

E mesmo que o PL tenha conseguido um resultado positivo no geral, candidatos da ala mais ideológica do partido, mais ligados ao ex-presidente, não foram tão bem. Seus dois ex-ministros que disputaram eleições municipais perderam: o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL), em João Pessoa, e o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL), que nem foi para o segundo turno em Recife (PE), onde venceu João Campos (PSB), aliado de Lula. Também amargou uma derrota o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem (PL), vencido por Paes no Rio no primeiro turno.

Bolsonaro ainda esteve ausente do palanque da vitória em São Paulo, onde mal foi citado – ao contrário do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é um dos mais cotados para representar a direita na eleição federal, apesar de não ter soltado a mão de Bolsonaro. O prefeito reeleito da capital paulista festejou muito o governador, que chamou de “grande líder”.

Já Bolsonaro passou o dia da eleição em Goiás, onde colheu uma derrota na capital para outro nome que deseja seu lugar no coração dos conservadores: o governador Ronaldo Caiado (União). Em Goiânia, Sandro Mabel (União), apoiado por Caiado (foto em destaque), venceu Fred Rodrigues (PL), o candidato bolsonarista, por 10 pontos de diferença.

Ao celebrar essa vitória, o presidente do partido, Antonio Rueda, deu o tom do discurso da ala da direita que pretende suceder Bolsonaro nas disputas futuras, de que o governador goiano ganhou contra o “extremismo”.

<><> Kassab, o fiel da balança

Pelos números do PSD, fica fácil apontar o nome do presidente da legenda, Gilberto Kassab, como o grande vencedor dessas eleições municipais. Com a força conquistada, o habilidoso político paulista poderá decidir com calma o caminho a trilhar nas próximas eleições. Hoje, ele tem um pé em cada canoa: participa das administrações de Nunes e de Tarcísio em São Paulo, fazendo parte do primeiro escalão do governador, na pasta de Relações Institucionais, e também mantém a sigla como base do governo Lula, o que lhe rendeu três ministérios: Minas e Energia, Agricultura e Pesca.

Apesar de toda essa musculatura política, porém, faltam ao PSD de Kassab nomes competitivos para disputar com força uma eleição ao Palácio do Planalto. Enquanto lida com essa situação, Kassab evita dar pistas sobre que lado pretende escolher daqui a dois anos e sinaliza que quer ter um candidato a presidente, o governador Ratinho Júnior, do Paraná.

<><> Eleições para a presidência de Câmara e Senado são o próximo embate

O caminho dos partidos brasileiros para buscar competitividade em 2026 passa pela eleição do comando de Câmara e Senado para o próximo biênio, que acontece em fevereiro do ano que vem. No caso do Senado, o União Brasil de Davi Alcolumbre já pode computar uma vitória sem percalços.

Na Câmara, porém, a disputa está acirrada, mas todos os favoritos são de centro-direita. Disputam a cadeira de Arthur Lira (PP-AL) o líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta (PB); o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA); e o do PSD, Antonio Brito (BA).

 

¨      Com fenômenos eleitorais, centro-direita pavimenta caminho que começou a trilhar em 2016

Das cinco capitais com prefeitos eleitos com mais de 75% dos votos, só um é de esquerda, João Campos. Os fenômenos eleitorais, e suas votações maciças, mostraram que o campo da centro-direita se espalhou e se solidificou nos últimos anos.

O panorama geral da eleição está muito claro sobre os vencedores: a direita e a centro-direita. O desempenho é um misto de atuação desse campo, com o direcionamento de emendas para turbinar candidaturas, e uma esquerda que precisa refletir sobre uma nova agenda para fazer sua mensagem chegar aos eleitores.

Mas há recados das urnas que vão além dessa importante leitura da cena ampliada de 2024.

A direita e a centro-direita vêm crescendo nos últimos oito anos. Em 2016, esse campo conseguiu 76% dos municípios. Em 2020, cresceu para 81,9%.

E, em 2024, os dados de vários recortes diferentes apontam não só o crescimento, mas a sedimentação da direita e da centro-direita. Isso é verificável em vários recortes mas, em um deles, isso se traduz de forma gritante: os prefeitos mais votados das capitais nessa eleição.

Entre os 5 mais votados, 4 são da centro-direita e o outro é João Campos, do PSB. São políticos com mais de 75% de votos. São fenômenos eleitorais, com uma performance que demonstra a preferência pelo continuísmo, e pela centro-direita, e a rejeição à esquerda .

Os cinco prefeitos mais votados nessa eleição foram:

  1. Dr Furlan (MDB) teve 85,08% e foi eleito em 1º turno em Macapá;
  2. JHC (PL) teve 83,25% e foi eleito em 1º turno em Maceió;
  3. Bruno Reis (União Brasil) teve 76,7% e foi eleito em 1º turno em Salvador;
  4. João Campos (PSB) teve 78,1% e foi eleito em 1º turno no Recife;
  5. Arthur Henrique (MDB) teve 75,18% e foi eleito em 1º turno em Boa Vista.

O recado é claro sobre a conexão do eleitor com essa centro-direita – e com maciço apoio. E, também, resolvendo de largada: vitórias no primeiro turno.

Os fenômeno eleitorais traduzem de forma cristalina o sentimento do eleitor e, dentro da política, viram símbolos para o que os partidos querem perseguir em termos de fórmula e alcance.

  • A atuação desse campo resulta de trabalho que começou em 2016, desdobrou em 2018 e avançou em 2022.

Direita ou extrema direita; esquerda ou extrema esquerda: entenda as diferenças

Ao mesmo tempo, a esquerda encolheu e se vê desafiada a ter um discurso que se conecte com o eleitor – algo que Lula conseguiu fazer com a base da pirâmide, principalmente no Norte e no Nordeste.

PT e PSB comandarão, cada um, uma capital do Nordeste; as demais sete ficarão com a direita ou com o centro.

Das 9 capitais do Nordeste, 7 elegeram nestas eleições municipais um prefeito de partidos de direita ou de centro.

A votação expressiva da direita ou centro-direita nas capitais nordestinas contrasta com o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter conquistado, no Nordeste, a maior folga proporcional de votos sobre seu rival nas eleições de 2022, Jair Bolsonaro (PL).

¨      'País sai mais moderado da eleição', diz Kassab, presidente do partido que mais elegeu prefeitos no país

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, vê um país menos estridente espelhado na eleição municipal. O partido dele é o que mais elegeu prefeitos em todo o país e, assim, vai governar mais de 37 milhões de pessoas.

"O país sai mais moderado da eleição", diz Kassab. Na avaliação dele, vozes mais estridentes, dos polos, foram barradas pela maioria do eleitorado.

Kassab vê o centro, espectro no qual ele inclui a própria sigla e o MDB, por exemplo, que ficou com o segundo maior número de prefeitos eleitos, como força propulsora da eleição. "Vai governar mais de 40 milhões de pessoas".

A direita, onde ele situa siglas como o PL, de Jair Bolsonaro, "cerca de 32 milhões".

Kassab, por estilo, evita catastrofismos. Ele vai na contramão dos que veem uma esquerda arrasada. Vê o PT alcançando resultados melhores do que em 2020, quando estava sem governo e ainda abatido pela Lava Jato e o impeachment.

<><>"Direita precisa se reorganizar para 2026"

No campo da direita, o presidente do PP, Ciro Nogueira, também falou. O PP governará mais de 20 milhões de brasileiros. Ainda assim, Ciro chama atenção do próprio campo.

Em praças importantes, como em João Pessoa (PB), onde O PP elegeu Cícero Lucena, a direita batalhou contra a direita. O adversário de Lucera, Marcelo Queiroga (PL), foi bancado, para desgosto do PP, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

O fenômeno, direita x direita ou direita x extrema direita, se repetiu em outras praças, colocando antigos aliados em lados opostos.

"A centro direita e a direita precisam cicatrizar as feridas e se reforganizar, ou teremos problemas em 2026", avalia Ciro.

O personalismo na escolha de candidatos, em detrimento de alianças mais amplas, que contemplassem aliados que deram sustentação ao governo anterior.

O preço, constatado nas urnas, foi a derrota de nomes muito ruidosos atrelados à ala mais estridente do bolsonarismo no Congresso, e o levante de líderes regionais da direita, como o governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), publicamente alardeados como opções para a próxima eleição presidencial.

¨      Recado das urnas mostra que alerta de Mano Brown em 2018 ao PT segue vivo e que campo da direita não tem dono

Quando terminou o 1º turno das eleições municipais, ficou evidente o novo mapa político nas cidades brasileiras com a consolidação dos partidos de centro e de direita, uma esquerda sem planos, desconectada e desatualizada e uma direita sem dono, que vai muito além de Jair Bolsonaro (PL).

Independentemente dos resultados do segundo turno, uma coisa já dá para cravar: não falta ao PT um diagnóstico. Falta às esquerdas um plano.

Parte do diagnóstico foi dado em 2017, com um levantamento da fundação Perseu Abramo e, depois, em 2018, com o rapper Mano Brown. Ele deu a letra quando disse que era precisa voltar a falar a língua do povo, se comunicar, voltar a falar com as bases - e parte do PT torceu o nariz à época. Brown estava e segue certo, atual.

"Se nós somos o Partido dos Trabalhadores, o partido do povo tem que entender o que o povo quer. Se não sabe, volta para a base e vai procurar saber", disse ele em outubro de 2018.

Um ano antes, um levantamento da Perseu Abramo - fundação ligada ao PT - mostrou que moradores da periferia de São Paulo que votaram no PT de 2000 a 2012, mas não votaram em Dilma Rousseff em 2014 nem Fernando Haddad em 2016 eram eleitores que não viam a existência de uma luta de classes em que patrões exploram trabalhadores.

Percebem ricos e pobres no mesmo barco contra um inimigo comum: o Estado taxador e burocrático que não entrega serviços de qualidade.

Sete anos depois, o povo está dizendo que quer mais do que os governos do PT já lhes ofereceram - como Bolsa Família, que foi “incorporado à paisagem”, com diz um petista pragmático - e quer outras dinâmicas no que se refere ao mercado de trabalho.

São as esquerdas que não estão ouvindo ou subestimando esse eleitor. Ao deixar de fazer política de rua, conversando com as bases, o PT fica sem termômetro.

Na reta final das eleições em São Paulo, Guilherme Boulos do PSOL publicou uma carta ao povo paulistano onde reconhece parte desse problema.

"Reconheço também que, pelo nosso propósito de olhar sempre para os invisíveis, muitas vezes nós da esquerda deixamos de falar com tanta gente que também batalha, sofre o dia a dia das periferias e que buscou encontrar sua própria forma de ganhar a vida. A periferia mudou. Você, mulher, que foi abrir seu salão, vender salgados na garagem de casa ou na porta do metrô, sabe disso. Você, jovem, que financiou uma moto e foi trabalhar sem parar e sem nenhuma proteção, sabe disso. Você que pega um carro e dirige a cidade toda como motorista de aplicativo sabe disso. Muitas vezes nós deixamos de falar com vocês", disse Boulos.

Com a entrada de Pablo Marçal (PRTB) nessa equação, ficou ainda mais evidente a falta de diálogo da esquerda com uma parte do eleitorado que quer novos modelos, os chamados uberizados, por exemplo. Mas apesar de estar tudo tão cristalino, não se vislumbra uma solução para esta falta de conexão- e muitos tratam como ruídos, como se fosse algo passageiro e não crescente.

E com um agravante: a extrema direita captou o sentimento desse segmento e oferece um discurso - não um plano - mas um discurso que agrada a esse eleitorado e que vira voto.

Se tem uma coisa que não envelheceu mal foi o alerta do Mano Brown.

·        Ampliar para vencer

Como parte das mudanças, há também o entendimento de setores mais pragmáticos do PT de que é preciso ampliar para vencer eleições.

Lula tanto sabe desse diagnóstico que ampliou para o centro em 2022 e, assim, levou a Presidência. Falta o PT entender que ou amplia ou tem poucas chances de vitória. E ampliar não é falar para convertido: PT+ PSOL.

Ampliar é buscar lideranças e partidos que estejam mais ao centro ou assim lidos pelo eleitorado. Exemplo de Geraldo Alckmin (PSB) em 2022 e partidos como MDB, PSD e União Brasil.

·        Direita sem dono

Por outro lado, a direita tem demonstrado que é capaz de gerar novos líderes na busca pelo voto do eleitor bolsonarista. O que foi feito em 2024 foi uma espécie de laboratório que mostrou que a direita não só não tem dono, como também tem opções de líderes- muitos governadores e até um ex-coach, fator surpresa da eleição de 2024.

Em São Paulo, por exemplo, o grande patrocinador da candidatura de Ricardo Nunes (MDB) foi o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Algo semelhante se viu em Goiás, com Ronaldo Caiado (União) de um lado e Bolsonaro de outro no 1º turno em Goiânia.

Assim como é possível cravar que as esquerdas precisam recalcular a rota, pode-se cravar que Bolsonaro ex-presidente sai menor da eleição e com diversos adversários, mesmo que não batendo de frente em alguns casos (como Tarcísio). O recado da urna é claro: a direita não tem dono e é maior do que Bolsonaro.

No campo da esquerda, Lula segue sendo maior do que seu campo- mas cresce nos bastidores a defesa de setores do PT para que se inicie uma discussão sobre a transição, sobre quem serão os herdeiros de Lula.

O chamado pós-Lula, principalmente porque 2026 é logo ali e, mesmo reeleito, as costuras para a próxima eleição já começam a contar no dia seguinte.

 

Fonte: g1

 

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