quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Remédio pode impedir enxaqueca antes que dor comece, diz estudo

Um remédio chamado ubrogepant pode ser eficaz para impedir a enxaqueca antes que a dor de cabeça comece de fato, reduzindo ou eliminando os sintomas e ajudando os pacientes a seguirem com suas atividades diárias. A descoberta é de novo estudo publicado no último dia 28 na revista médica Neurology, da Academia Americana de Neurologia.

O ubrogepant é um medicamento inibidor de CGRP, uma proteína que desempenha um papel importante no processo de enxaqueca. O trabalho teve como foco pessoas com enxaqueca que conseguem distinguir os primeiros sinais de uma crise, como sensibilidade à luz e ao som, dor ou rigidez no pescoço, tontura ou fadiga.

O estudo envolveu 518 participantes que tiveram enxaqueca por, pelo menos, um ano e tiveram de dois a oito crises de dor por mês, durante um período de três meses que antecederam o estudo. Todos eles tiveram sinais de que uma enxaqueca começaria nas próximas horas antes de terem, de fato, uma crise.

Os pesquisadores solicitaram aos participantes que tratassem duas crises de enxaqueca em um período de dois meses. Para isso, eles os dividiram em dois grupos: um que recebeu placebo para a primeira crise e 100 mg de ubrogepant para a segunda; e outro que tomou o remédio para a primeira crise e placebo para a segunda.

Enquanto estavam sob tratamento, os participantes avaliaram como a enxaqueca impactava suas atividades diárias por meio de uma escala que variava de 0 (sem nenhum impacto) até 5 (impacto extremo). Nas 24 horas após o uso do medicamento ou placebo, 65% das pessoas que tomaram ubrogepant relataram nenhum ou “pouco impacto” causado pela dor de cabeça. Em comparação, 48% que tomaram placebo fizeram a mesma avaliação.

Além disso, os pesquisadores descobriram que, duas horas após a medicação, as pessoas que tomaram o medicamento tinham 73% mais chances de relatar que não tinham “nenhuma limitação, [eram] capazes de funcionar normalmente” do que aquelas que tomaram o placebo.

“Com base em nossas descobertas, o tratamento com ubrogepant pode permitir que pessoas com enxaqueca que apresentam sinais de alerta precoce antes que uma enxaqueca ocorra tratem rapidamente os ataques de enxaqueca em seus estágios iniciais e sigam com suas vidas diárias com pouco desconforto e interrupção”, diz Richard B. Lipton, do Albert Einstein College of Medicine no Bronx, em Nova York, membro da Academia Americana de Neurologia e autor do estudo. “Isso pode levar a uma melhor qualidade de vida para aqueles que vivem com enxaqueca.”

Segundo os autores, as descobertas do estudo se aplicam às pessoas com enxaqueca que possuem sinais de alerta confiáveis para crises e que conseguem identificar esses sinais. O estudo tem limitações, como o fato de os participantes terem registrado seus sintomas e uso do medicamento em diários eletrônicos, sendo possível que algumas pessoas não tenham registrado todas as informações com precisão. Por isso, mais estudos são necessários para validar os achados.

 

•        Entenda como a forma que você respira pode prejudicar sua saúde

Respirar parece uma ação natural para a maioria das pessoas, mas fazer isso corretamente pode ser uma história completamente diferente — e, talvez, seja necessário muito treino para que a entrada e saída de ar do corpo cumpra sua função e até atue no combate a doenças e estresse.

O aprendizado de uma respiração correta e que seja benéfica para a saúde é a bandeira do escritor norte-americano James Nestor, autor de “Respire – A Nova Arte de Uma Ciência Perdida” (ed. Intrínseca), livro que ganhou nova edição brasileira em agosto. A obra, publicada originalmente em 2020, chegou ao Brasil em edição anterior em 2021.

Nestor conta que sua maior motivação para mergulhar no tema foi o próprio histórico de saúde. “Eu tinha muitos problemas respiratórios e complicações na minha respiração que o médico dizia serem normais. Eu enfrentava bronquite todos os anos e até pegava uma pneumonia leve. Fazia o tratamento com antibióticos, que resolviam na hora, mas os problemas voltavam ainda piores”, diz em entrevista à CNN.

Foi só quando ouviu de uma amiga médica que sua respiração parecia “errada” que Nestor decidiu pesquisar sobre o assunto. “Pratiquei diferentes técnicas e não tive mais aqueles problemas. Mudou minha vida”, afirma.

No livro, o escritor e jornalista de ciência descreve uma série de técnicas ancestrais e pesquisas recentes dos cientistas que chama de “pulmonautas”, pesquisadores dedicados à área. Mas a adoção de hábitos respiratórios que transformam a saúde, segundo Nestor, pode começar de maneira mais simples, com atenção a dois fatores: respirar pelo nariz e respirar menos.

“A maioria das pessoas tende a respirar demais e muitos respiram pela boca. Essas duas coisas fazem muito mal. Elas nos estressam”, diz Nestor.

Segundo o autor, a respiração bucal aumenta as chances de ter problemas respiratórios pela maior exposição ao ambiente — e aos vírus e bactérias que nele circulam. “O nariz é crucial porque limpa, aquece e umedece o ar para facilitar a absorção”, escreve no livro.

“Se você vive em uma cidade repleta de poluição, poeira e alérgenos, tudo isso vai diretamente para seu corpo através da sua boca”, diz.

O outro problema envolve a respiração bucal e o excesso de respiração, de acordo com Nestor. “A respiração pela boca nos permite respirar mais rapidamente, o que manda ao nosso cérebro a mensagem de que estamos estressados. Assim, nossa frequência cardíaca aumenta, os níveis de cortisol crescem e o açúcar no sangue também. E, se você faz isso por muito tempo, vai mudar o formato do seu rosto e da sua boca. Você adota um tipo de perfil que torna ainda mais difícil respirar adequadamente”, afirma o autor.

Nestor diz que respirar pelo nariz e lentamente é nossa maneira natural de respirar. Quando adotamos essas ações, os diferentes sistemas do nosso corpo entrariam em um estado de coerência, o que levaria o organismo a uma maior eficiência.

O poder de uma respiração correta pode ser visto como uma opção de tratamento complementar no combate a problemas respiratórios, na opinião de Nestor. Mas, segundo ele, os médicos não estão preparados para oferecer esta alternativa aos pacientes. “Não existe instrução sobre respiração correta nos cursos de medicina. Ali, se aprende sobre bioquímica, doenças pulmonares, remédios e cirurgias. Todas essas coisas são importantes. Mas não se aprende a prevenir problemas crônicos, nem a como respirar corretamente — pelo menos nos Estados Unidos é assim”, diz.

<><> Onde respiramos influencia nossa saúde

Durante a pesquisa para construir seu livro, Nestor viajou por diferentes lugares, incluindo São Paulo, onde conheceu Luís Sérgio Álvares DeRose, que estruturou o método DeRose de ioga. Mas além do acesso a técnicas de respiração que cada lugar oferece, há outros fatores que influenciam a maneira que respiramos ligados ao local em que vivemos.

Além da poluição, que traz riscos de desenvolvimento e agravamento de doenças respiratórias, Nestor lista ainda elementos ligados ao ambiente que modulam nossa respiração e a saúde por meio do ar que entra e sai de nosso corpo.

“Um ambiente estressante pode mudar seu jeito de respirar; a altitude pode fazer você respirar mais pela falta de densidade do ar”, diz. Mas, para ele, nenhum desses fatores é um limitador para a respiração correta. “Por milhares de anos os humanos têm vivido nessas condições — altitudes elevadas ou baixas, condições de alta umidade ou de ar seco — e todos ficaram bem. Então, nossos corpos são muito flexíveis. Apenas é necessário o treinamento correto.”

Para os que vivem em cidades maiores, mais movimentadas e poluídas, Nestor recomenda a respiração nasal como a medida mais importante. “A respiração nasal é nossa primeira linha de defesa contra alérgenos, poeira e sujeira porque são os elementos que o nariz ajuda a filtrar”, diz. além dessas medidas, o autor reforça que uma respiração suave, devagar e rítmica, também ajuda.

E quando precisamos enfrentar a cidade em um dia caótico? Nestor diz que toda essa agitação pode colocar as pessoas em um loop de estresse. “é importante regular o estresse, e a forma mais poderosa de fazer isso é consertar sua respiração”, diz.

Se a inquietação vier no meio de uma rua movimentada, por exemplo, Nestor tem uma dica: “Inspire durante quatro passo e expire durante outros quatro passos. Sua respiração deve ser como um círculo. Se estiver sentado ou parado, pode fazer a inspiração por seis segundos e a expiração nos outros 6 segundos”, sugere. “Simples técnicas de respiração podem transformar nossos corpos”, completa.

<><> Retiros de respiração

Nestor diz que, desde que o livro foi publicado pela primeira vez nos Estados Unidos, em 2020, tem notado que, cada vez mais, as pessoas desejam melhorar sua saúde através da respiração. “As pessoas estão desesperadas por essas informações. Os médicos e os treinadores não estão dando isso a elas e maioria da população tem uma respiração disfuncional”, diz. “Temos uma epidemia de ‘maus respiradores”, conclui.

Para tentar suprir a demanda por mais treinamento e informação sobre respiração, Nestor criou os retiros de respiração — eventos para formar o grupo que ele chama de “super respiradores”. “Eles experimentam e aprendem sobre respiração para, depois, ao voltar para suas família e cidades, poderem ensinar”, afirma.

Segundo o escritor, cerca de 8 retiros já foram realizados. Os eventos duram aproximadamente seis dias e misturam momentos de atividades práticas e aulas sobre a ciência da respiração. Nestor diz que pessoas de cerca de 30 países já participaram do encontro — incluindo participantes do Brasil e de Portugal.

 

Fonte: CNN Brasil

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário