PL e MDB encabeçam candidaturas a prefeito
em cidades mais desmatadas
Na corrida municipal
deste ano, o Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o
Movimento Democrático Brasileiro (MDB) encabeçam as candidaturas a prefeito nas
cidades com os maiores índices de desmatamento no Brasil. O Metrópoles utilizou
os dados do MapBiomas Alertas e cruzou com as informações presentes no sistema
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A pauta climática
entrou em debate diante da gravidade da situação dos incêndios florestais e o
avanço do desmatamento em algumas regiões. Diante disso, se coloca como ponto
de alerta o posicionamento de políticos mediante a emergência climática em que
vive o Brasil.
Nas eleições
municipais deste ano, os eleitores irão escolher os próximos prefeitos,
vice-prefeitos e vereadores em 5.569 municípios espalhados pelo Brasil. Só não
participam do pleito o Distrito Federal e Fernando de Noronha (PE).
<><>
Desmatamento
Os dados do MapBiomas
Alerta mostram os municípios mais desmatados entre janeiro de 2019 e julho de
2024, por meio de imagens de satélite de alta resolução.
Segundo os dados da
plataforma de monitoramento, as cidades com os maiores índices de desmatamento
no período estão localizadas na Amazônia e, juntas, destruíram 1.089.548,47
hectares de vegetação.
As cidades com os
maiores percentuais de área destruída são: Altamira (PA), São Félix do Xingu
(PA), Lábrea (AM), Porto Velho (RO) e Apuí (AM).
O PL, de Jair
Bolsonaro, disputará a prefeitura de pelo menos quatro desses municípios, assim
como o MDB, do ex-presidente Michel Temer. Já o Partido dos Trabalhadores (PT),
do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participa da corrida eleitoral
em dois dos cinco municípios.
Pelo Código Florestal,
80% da cobertura vegetal nativa em propriedades privadas deve ser preservada.
No entanto, a destruição da vegetação nativa também pode ser autorizada pelos
municípios, por meio da concessão de licenças de supressão de vegetação nativa
para construção de empreendimentos.
Isso, por exemplo,
gera preocupação dos eleitores de que forma os candidatos irão se posicionar
diante emergência climática. Além disso, como os políticos poderão tecer
acordos com os estados e o governo federal para garantir a preservação das
áreas de vegetação.
Dados recentes do
MapBiomas mostram que, apesar de uma grande área destruída nos últimos anos, a
Amazônia teve uma redução de 62,2% no desmatamento em 2023, em comparação com o
ano anterior.
Sendo assim, o TSE
reforma a necessidade do voto consciente, em que o eleitor se integra aos
projetos dos candidatos ao Executivo municipal, e com a expectativa de melhorar
o cenário político brasileiro.
• Candidatos em cidades com mais incêndios
não têm propostas contra fogo
Em meio à alta nos
incêndios florestais que se espalham pelo país, grande parte dos candidatos das
10 cidades que mais concentram focos de calor não incluem, em seus respectivos
planos de governo, propostas para combater as queimadas.
As cidades mais
afetadas pelas queimadas são Corumbá (MS), São Félix do Xingu (PA), Altamira
(PA), Novo Progresso (PA), Apuí (AM), Lábrea (AM), Itaituba (PA), Porto Velho
(RO), Colniza (MT) e Novo Aripuanã (AM).
Levantamento do
Metrópoles, feito com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aponta que 19 dos 42
candidatos apresentam proposições robustas para a área de meio ambiente, e
apenas oito citam queimadas.
A reportagem analisou
os planos de governo apresentados pelos candidatos à Justiça Eleitoral e os
agrupou nos seguintes cenários: com proposta específica para o meio ambiente;
com proposta genérica (que cita o tema, mas não detalha as ações a serem adotadas);
e sem proposta. Além disso, o Metrópoles verificou quais documentos mencionam a
questão das queimadas.
Nesse sentido, 19
candidatos elencam propostas para a área ambiental. Desse total, cinco trazem
sugestões para combater os incêndios florestais. Outros 16 apresentam propostas
genéricas — três citam queimadas. Por fim, sete não mencionam projetos para o meio
ambiente nas cidades onde concorrem.
<><> Focos
de calor no Brasil
Dados do sistema de
monitoramento do Inpe demonstram que, de 1º de janeiro a 12 de setembro de
2024, foram detectados 176.317 focos de calor. O número representa um aumento
de 110% em comparação com o mesmo período do ano passado.
A região Amazônica
concentra grande parte dos focos de calor (49%), seguida pelo Cerrado (32,5%),
pela Mata Atlântica (8,8%), pelo Pantanal (6%) e pela Caatinga (2,6%).
O Pantanal, presente
em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, registrou alta de 1.913% em focos de calor
neste ano. A situação na região se agravou em decorrência da forte seca que
abrange o país.
Dados do Instituto
Nacional de Meteorologia (Inmet) apontam que Pantanal, parte do Cerrado, Mata
Atlântica e Amazônia sofrem com uma onda de calor, com temperaturas de 5°C
acima do normal para o período.
<><> Fogo
nas eleições
O município com maior
índice de incêndios é São Félix do Xingu, com 5.651 focos neste ano. O atual
prefeito e candidato a reeleição, Cléber de Souza (MDB), é investigado por
divulgar informações falsas e dificultar a retirada de invasores da terra
indígena Apyterewa, no sudeste do Pará.
Entre os candidatos à
prefeitura de São Félix do Xingu, todos possuem propostas ligadas ao meio
ambiente. Os planos incluem campanhas para conscientização a respeito da
preservação ambiental ou para arborização do município, que sofre com as
queimadas.
Corumbá, no Mato
Grosso do Sul, conhecida como capital do Pantanal, sofreu com os incêndios
florestais neste ano. A nuvem de fumaça proveniente dessa área se dissipou para
municípios próximos. Segundo o Inpe, a cidade pantaneira registrou 4.713 focos
de calor.
A cidade
sul-mato-grossense conta com quatro candidatos à prefeitura. Apenas um deles,
Luiz Antonio Pardal (PP), apresenta proposta para área ambiental que cita a
situação do fogo no bioma.
O município de
Altamira, situado no sul do Pará, é o terceiro com maior número de focos de
incêndios florestais neste ano. Concorrem à prefeitura local seis candidatos,
dos quais cinco têm planos de governo disponíveis na página do TSE. Em todos,
constam propostas para o meio ambiente, mas não há menção direta às queimadas.
O primeiro turno das
eleições municipais está marcado para 6 de outubro. Caso necessário, o segundo
turno deve ocorrer no dia 27 do mesmo mês.
• Diante da inércia de Tarcísio e Nunes,
vereadoras pedem que MP investigue incêndios criminosos
As vereadoras da
Bancada Feminista do PSOL protocolaram uma representação ao promotor de Justiça
da Promotoria de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Ministério Público de
São Paulo para pedir a investigação dos incêndios criminosos realizados na capital
paulista na última sexta-feira (13).
No documento, as
covereadoras Silvia Ferraro, Dafne Ribeiro e Natália Oliveira afirmam que
receberam diversos vídeos de denúncia dos apoiadores, que registraram diversos
episódios de incêndios criminosos no Parque da Previdência e no Parque Luís
Carlos Prestes, ambos na Zona Oeste da cidade.
As parlamentares
afirmam que a inércia das autoridades serve de estímulo para a proliferação
desta espécie de crime.
“De um lado,
vislumbra-se uma verdadeira emergência climática ante o nível histórico de
queimadas em todo o estado de são Paulo – cuja apurações de responsabilidades
ainda é pendente, pois, ao que tudo indica, tratam-se de incêndios criminosos –
que culminou, inclusive, na classificação da cidade de São Paulo como a pior
qualidade do ar de todo o planeta terra durante dias consecutivos. De outra
sorte, observamos dos poderes instituídos, principalmente a administração
pública estadual e municipal de São Paulo, um verdadeiro negacionismo
climático, em que ambas administrações quedam-se silente, se furtam de decretar
estado de emergência, de tomar medidas necessárias tanto para a proteção do
bioma como medidas de proteção de saúde pública, e, principalmente, se omitem
em investigar a fundo e a rigor, os incêndios criminosos”, defendem.
Como consequência dos
atos criminosos, a capital paulista apresentou, por três dias, a pior qualidade
do ar do mundo.
• Calorão ameniza no Centro-Sul, mas seca
e queimadas ainda assolam Brasil
Nos próximos dias,
parte do Brasil terá um alívio momentâneo da seca e do calor com a chegada de
uma frente fria ao Centro-Sul do país. A partir deste domingo (15), as
temperaturas que já estavam mais baixas no Sul, também ficarão mais amenas no
Sudeste e em parte do Centro-Oeste.
No entanto, a mudança
no clima será breve e os próximos três meses devem trazer novas ondas de
altíssimas temperaturas. Segundo o Boletim Agroclimatológico do Instituto
Nacional de Meteorologia (Inmet), a primavera e o verão serão desafiadores, com
chuva abaixo da média para o período.
Até o meio desta
semana, a massa de ar frio que se aproxima trará uma queda nas temperaturas,
principalmente nas regiões Sul e Sudeste. No Rio Grande do Sul, o domingo (15)
pode registrar mínimas abaixo dos 10°C. Em São Paulo, o frio pode chegar a 13°C
entre terça (17) e quarta-feira (18).
O cenário não tem
potencial de acabar com os mais de 5 mil focos de queimadas que se alastram
pelo país. Não há previsão de chuva intensa e consistente para a região Norte,
por exemplo. Portanto, o enfrentamento das queimadas no território amazônico
segue um desafio.
Segundo o Inmet, pelo
menos até novembro as ondas de calor continuarão atingindo parte considerável
do território nacional. Na Região Norte as chuvas devem ficar abaixo da média
climatológica, com temperaturas acima da média em toda a região. O leste do Amazonas
e o Centro-Sul do Pará podem enfrentar temperaturas ainda mais elevadas,
aumentando o risco de queimadas e incêndios florestais.
Para o Nordeste, a
previsão também é de pouca chuva e calorão. As condições devem atingir
principalmente o interior. A umidade do solo deve permanecer baixa em grande
parte da área.
A situação também é
muito preocupante na região Centro-Oeste, onde a seca deve persistir além do
período normal. A estiagem nessa área
costuma durar até o fim de setembro, mas em 2024 pode se estender para os meses
seguintes. As temperaturas vão seguir altas e o risco de queimadas continuará
grande.
No Sudeste, espera-se
chuvas abaixo da média em grande parte da região. As temperaturas tendem a
permanecer acima da média histórica, principalmente no oeste de Minas Gerais e
norte de São Paulo.
A Região Sul é a única
que apresenta uma perspectiva mais positiva, com previsão de chuvas acima da
média em grande parte da área. No entanto, as temperaturas devem permanecer
acima da média histórica, principalmente no Paraná, oeste de Santa Catarina e noroeste
do Rio Grande do Sul.
<><> Força
na saúde
Diante deste cenário
desafiador, o Ministério da Saúde anunciou o envio da Força Nacional do Sistema
Único de Saúde (SUS) para reforçar os atendimentos nas regiões mais afetadas
pela seca e pelas queimadas. A medida visa mitigar os impactos na saúde da população.
A partir desta segunda-feira (16), serão realizadas visitas de equipes nos
estados do Acre, Amazonas e Rondônia.
O apoio da Força
Nacional do SUS vai ser feito em três níveis: a orientação e organização da
rede assistencial; o apoio a expansão da oferta de água a partir de pontos de
hidratação; se necessário, criação de espaços otimizados dentro das próprias
Unidades Básicas de Saúde ou hospitais de campanha.
As recomendações mais
recentes do ministério da saúde indicam a importância de aumentar a hidratação
com água potável, evitar exposição à fumaça, atividades ao ar livre e exposição
ao sol;
A partir da observação
das principais queixas de pessoas que procuraram atendimento médico devido às
queimadas, a pasta recomenda que sintomas como náuseas e vômitos sejam
relatados imediatamente para as equipes de saúde.
Sinais de confusão
mental, cansaço e dores de cabeça também devem ser motivo para busca imediata
de atendimento. O ministério recomenda que as equipes municipais reforcem a
vigilância a esses sintomas.
Fonte:
Metrópoles/Jornal GGN/Brasil de Fato
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