sábado, 28 de setembro de 2024

Ovo: vilão ou essencial para a saúde? Veja tudo sobre o alimento

Por muitos anos, o ovo foi cercado de mitos e polêmicas, sendo considerado um dos vilões da alimentação saudável, principalmente por seu suposto impacto negativo nos níveis de colesterol. No entanto, pesquisas recentes têm demonstrado que ele pode ser um aliado importante para a saúde, proporcionando uma série de benefícios nutricionais.

Mas será que ele é sempre benéfico ou há casos em que seu consumo pode ser prejudicial? Para tirar todas as dúvidas, a CNN ouviu especialistas que esclarecem os principais mitos e destacam as recomendações de consumo desse alimento versátil.

•        Os benefícios do ovo para a saúde

O ovo é uma das fontes mais completas de nutrientes essenciais para o desenvolvimento e manutenção do nosso corpo e saúde.

Ele é rico em proteínas, aminoácidos, contém vitaminas como A, D, E, B12 e colina, além de minerais como selênio, cálcio, zinco, fósforo, potássio e ferro. Esses nutrientes ajudam no fortalecimento do sistema imunológico, no desenvolvimento muscular e na manutenção do cérebro.

“O ovo possui proteínas de boa qualidade, sendo uma excelente opção nutricional de fonte proteica, além de vitaminas, como a B12, antioxidantes e gorduras. A colina presente nos ovos tem um papel importante na função cerebral. Por ser um alimento muito nutritivo e de fácil acesso, torna-se uma opção muito boa para café da manhã, refeições e lanches”, explica Monica Pasco, nutróloga do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).

Além disso, os ovos são ricos em antioxidantes como luteína e zeaxantina, que auxiliam na proteção da saúde ocular, prevenindo doenças como a degeneração macular relacionada à idade.

•        Mitos sobre o ovo e o colesterol

Por muitos anos, acreditava-se que o consumo de ovos, principalmente da gema, aumentava o nível de colesterol no sangue e, consequentemente, o risco de doenças cardíacas. Porém, estudos mais recentes mostram que o alimento não causa esse impacto.

“Para a maioria das pessoas saudáveis, o consumo de ovos não costuma impactar negativamente o colesterol. No entanto, é importante manter uma dieta equilibrada”, enfatiza Lucas Luquetti, nutrólogo e especialista em longevidade.

A recomendação de consumo de ovos varia de acordo com o perfil de cada pessoa e suas necessidades nutricionais.

“De um modo geral o consumo de um a dois ovos por dia pode fazer parte de uma alimentação saudável. Entretanto, a quantidade adequada varia individualmente de acordo com a pessoa, estilo de vida e características alimentares”, acrescenta Uerá Couto, Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).

Além disso, o alimento pode ser consumido por pessoas de todas as faixas etárias. Por ser uma importante fonte de nutrientes que auxiliam no crescimento e desenvolvimento, ele é uma importante fonte alimentar na infância, auxiliando nas formações muscular, óssea, cerebral e também no fortalecimento da imunidade.

Para os idosos é também um alimento importante para a manutenção da saúde, por ser rico em proteína, vitaminas e minerais, nutrientes necessários para um envelhecimento saudável.

•        Em quais casos o ovo pode fazer mal?

Apesar dos muitos benefícios, nem todas as pessoas reagem da mesma maneira ao consumo de ovos. Indivíduos com condições específicas, como colesterol alto ou problemas cardíacos, devem consultar um médico para saber a quantidade adequada de ovo que pode consumir.

Além disso, algumas pessoas, principalmente as crianças, podem ter alergia ao ovo. Nesses casos, é necessário evitar o alimento.

“Como qualquer alimento, se consumido em excesso, pode acarretar problemas. Existem pessoas com predisposições genéticas para dislipidemias (doença que ocorre quando os níveis de gordura no sangue estão alterados) elas ao fazer o consumo exagerado desse alimento, podem apresentar alterações como aumento dos níveis de colesterol. O consumo de ovos crus ou malcozidos podem ser uma fonte de infecção também. A orientação de um nutricionista é sempre importante para adequar o consumo desse alimento”, acrescenta Pasco.

 

•        Gordura de origem vegetal ou animal: qual merece mais espaço no cardápio?

Publicado em julho no periódico Nature Medicine, um novo estudo chega para comprovar o elo entre o excesso de gordura saturada — presente em carnes, queijos, manteigas e creme de leite, por exemplo — e um maior risco de sofrer com males cardiovasculares.

Na pesquisa, cientistas de diferentes universidades europeias utilizaram informações vindas de grandes estudos (caso do Predimed que reúne dados de estilo de vida de mais 7 mil espanhóis), além de um trabalho que se vale de uma técnica moderna, em nível molecular, conhecida como lipodômica.

Participaram da investigação 113 voluntários, divididos em dois grupos: um orientado a consumir um cardápio rico em gordura saturada e o outro em insaturada. Por meio de amostras de sangue, foi feita a análise e a identificação das moléculas lipídicas presentes no plasma, permitindo uma avaliação precisa sobre seus efeitos no organismo.

“Esse trabalho reforça a necessidade de reduzir o consumo de gordura de origem animal pela correlação com doenças cardiometabólicas”, comenta o nutrólogo Celso Cukier, do Hospital Israelita Albert Einstein. Além de males cardíacos, há um risco maior de desenvolver diabetes do tipo 2.

Também existem evidências de que o exagero favorece inflamações e prejudica o endotélio – camada de células que recobre os vasos e está envolvida com a elasticidade e a circulação sanguínea. “Excessos podem contribuir para o aumento de colesterol e a formação de placas nas artérias”, diz o cardiologista Alberto Las Casas Júnior, do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia.

Por tudo isso, diretrizes de diversos órgãos de saúde sugerem que o limite de gorduras saturadas seja de 10% do total de calorias diárias, o que equivale a 22,2 gramas em uma dieta de 2.000 calorias.

Para ter ideia, segundo a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, da Universidade de São Paulo (USP), uma fatia média de contrafilé bovino contém 9,6g da substância; 1 colher (chá) de manteiga, 3,9g; e uma coxa de frango, 2,3g.

Embora os ácidos graxos (pedacinhos de gorduras) saturados apareçam especialmente em fontes animais, também há exemplos no reino vegetal — e o coco é um deles. Em uma colher de sopa do óleo do fruto somam-se 6,6 g. A dica, portanto, é consumi-lo com muita parcimônia.

A saturada também está presente nos industrializados. Inclusive, desde outubro de 2023, ganhou destaque, junto do açúcar e do sódio, sob forma de lupa, nas embalagens dos produtos vendidos no Brasil. Vale um olhar atento às informações contidas nos rótulos e na tabela nutricional.

<><> Outras gorduras

Mas o mundo “engordurado” conta ainda com integrantes que despontam em estudos como aliados da saúde. São os ácidos graxos insaturados, que colecionam indícios como protetores das artérias e do cérebro, entre outros atributos. “A recomendação é priorizar esse grupo, dentro do equilíbrio”, enfatiza Cukier.

Fazem parte do time as monoinsaturadas do azeite, do abacate, das nozes e do amendoim. Há também as poli-insaturadas, que contemplam o afamado ômega-3, presente em pescados como a sardinha, além das sementes de chia e de linhaça.

O ômega-6 é mais um exemplo do reino dos poli-insaturados e aparece nos óleos de soja, canola e girassol. Aliás, o trio oferece um arranjo harmonioso de ácidos graxos, e pesquisas atestam que não há motivo para serem banidos do prato, embora estejam cercados de mitos. Esses ingredientes, bem como outros itens ricos em gordura, incrementam as preparações, melhorando a consistência e realçando sabores.

Se a gordura faz bonito nas receitas, seu desempenho no organismo é dos mais nobres entre os nutrientes. Ela transporta vitaminas, participa da produção de hormônios e compõe as membranas celulares. É um nutriente essencial. “Só não vale exagerar na quantidade”, lembra o cardiologista do Einstein.

Outra recomendação é fazer as melhores escolhas para, como atestam as pesquisas, não botar o coração em risco.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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