sábado, 21 de setembro de 2024

Oito em cada dez municípios têm risco alto ou muito alto para sarampo

Ao menos 4.587 municípios foram classificados como em alto risco para sarampo, enquanto 225 foram categorizados como em risco muito alto, totalizando 86% das cidades em todo o país com risco elevado para a doença. Há ainda 751 municípios listados com risco médio e apenas quatro com baixo risco. Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (18) durante a 26ª Jornada Nacional de Imunizações, em Recife.

Ao comentar o cenário, a coordenadora de Imunização da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Flávia Cardoso, lembrou que o Brasil chegou a ser certificado como país livre do sarampo em 2016, mas perdeu o status em 2019 após voltar a registrar a circulação do vírus por um período superior a 12 meses. “Em 2022, o Brasil estava endêmico para sarampo e, em 2023, passou para o status de país pendente de reverificação”, explicou.

Segundo Flávia, em maio deste ano, a Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação do Sarampo, da Rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita nas Américas esteve no país e fez uma série de recomendações, incluindo ampliar a sensibilidade na definição de casos suspeitos de sarampo. A entidade pede que o país apresente o número de amostras recebidas de pacientes com febre e exantema e quais foram os diagnósticos de descarte.

De acordo com a coordenadora, a comissão destacou que, embora a cobertura vacinal tenha melhorado tanto para o sarampo quanto para a rubéola, por meio da tríplice viral, em alguns estados o progresso foi mínimo ou mesmo negativo. A situação no Rio de Janeiro, no Amapá, no Pará e em Roraima foi classificada pela entidade como muito preocupante para a manutenção da eliminação do sarampo e da rubéola no país.

Também foi recomendado que o Brasil padronize um fluxograma de resposta rápida a casos suspeitos, tomando como base o caso recente de sarampo detectado no Rio Grande do Sul, importado do Paquistão. Por fim, a comissão sugere articular junto ao Ministério do Esporte e ligas esportivas a vacinação de atletas brasileiros, a exemplo do que foi feito previamente aos Jogos Olímpicos de Paris este ano.

“Foi feita ainda a recomendação de buscas ativas integradas de casos de sarampo e rubéola com poliomielite e paralisia flácida em menores de 15 anos”, disse Flávia, ao citar que as ações servem para fortalecer a vigilância a nível municipal.

Em junho deste ano, o país completou dois anos sem casos autóctones, ou seja, com transmissão em território nacional, do sarampo. Com isso, o país espera retomar a certificação de ‘livre de sarampo’.

 

•        Ministério da Saúde antecipa campanha contra a dengue para evitar cenário de 2024

Até esta quarta-feira (18), o Brasil registrou 6,53 milhões de casos prováveis de dengue, 5.360 mortes causadas pelo vírus e 1.867 óbitos em investigação apenas este ano – número que supera em três vezes o total de mortes causadas pela doença.

Para que este cenário não se repita, o Ministério da Saúde antecipou o início da campanha contra a dengue em coletiva de imprensa com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Todo verão somos intimados pelo crescimento da dengue e de outras doenças e dessa vez, com a questão climática evoluindo, com o planeta mais aquecido, nós resolvemos antecipar o lançamento da campanha para que a gente tenha tempo, não apenas o Ministério da Saúde e as questões científicas que o ministério pode acionar, a estrutura do SUS, a estrutura de toda rede do MS possa funcionar, nos precisamos antes preparar a sociedade brasileira”, iniciou o chefe de Estado.

Ao detalhar a apresentação do Movimento Nacional de Enfrentamento à Dengue e Outras Arboviroses, a ministra da Saúde Nísia Trindade contou que a estratégia está dividida em seis eixos: prevenção; vigilância; controle vetorial; organização da rede assistencial; preparação e resposta às emergências; e comunicação e participação comunitária.

<><> Tecnologia

Entre elas está o Info Dengue, sistema de alerta desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) que permite o estudo de cenários.

“Importante destacar que, no estudo feito neste momento, aponta-se para uma situação em 2025 que não será de maior gravidade do que a de 2024”, afirmou a ministra.

Neste momento, a aposta do ministério é a de que as regiões Sul e Sudeste concentrem o maior número de casos no próximo ano. No Sul porque grande parte da população não teve contato histórico com o vírus. Já no Sudeste, em função da circulação do vírus do sorotipo 3, que não circulava no país há cerca de 15 anos. Boa parte da população, consequentemente, não tem anticorpos específicos para a subclasse deste tipo de dengue.

“O nosso objetivo é reduzir os casos prováveis e o número de mortes, porque dengue é uma doença conhecida, é possível evitar essas mortes. Nossos objetivos específicos são preparar a população para o enfrentamento, desenvolver e implementar novas tecnologias e preparar a rede de atenção à saúde”, ressaltou a ministra.

<><> Vacina

Nísia Trindade reforçou ainda que entre os objetivos da campanha estão a preparação da população para o enfrentamento da doença, assim como da estrutura da rede para atender a demanda.

Ela ressaltou ainda que a dengue se tornou um problema mundial, tendo em vista que 200 países já registraram casos da doença – tanto que o Ministério da Saúde do Uruguai pediu orientação ao governo brasileiro para estruturar o atendimento médico.

Já em relação à vacina, Nísia anunciou a compra de nove milhões de doses da vacina Takeda para o SUS, que serão distribuídos de acordo com estudos e cenários apresentados por municípios e Estados.

Existe ainda a possibilidade de que a Fiocruz passe a produzir no país a Takeda. Já o Instituto Butantan encaminhou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a própria vacina. Se aprovada, a expectativa do MS é a produção de um milhão de doses ainda em 2025.

 

Fonte: Agencia Brasil/Jornal GGN

 

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