segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Número de guerras pelo mundo bateu recorde em 2023, e tendência é novo aumento

O número de guerras atingiu um novo recorde em 2023, com 59 conflitos em desenvolvimento – quatro a mais que no ano anterior, também marcado por um ápice histórico. Ao mesmo tempo, países (em sua maioria potências e superpotências imperialistas) da Europa, América do Norte e Ásia robustecem os próprios programas nucleares como preparação à tendência de aumento dos distúrbios mundiais. 

A imensa maioria dos conflitos registrados foram guerras de agressão, com destaque para a guerra da Ucrânia e a invasão sionista na Faixa de Gaza.

De todos os conflitos, 28 ocorreram na África, 17 na Ásia e 10 no Oriente Médio. O continente europeu foi palco de três conflitos, enquanto as Américas registraram um.

Apesar do aumento do número de conflitos, o número de mortes caiu de 310 mil em 2022 para 154 mil em 2023. Continua a ser, contudo, o número mais alto de 1989, impulsionado por mortes na guerra civil de Tigray, na Etiópia, na Ucrânia e em Gaza. 

Em conjunto, esses são os números de conflitos mais altos desde a guerra fria. 

A responsabilidade dos conflitos pode ser atribuída ao imperialismo. Via de regra, são as invasões diretas (por países imperialistas) ou indiretas (por organizações-fantoche) o motivo central das guerras, além dos distúrbios e contradições causadas pelas políticas imperialistas de dominação em países coloniais e semicoloniais. 

<><> África e Oriente Médio em chamas 

A África, por exemplo, é palco de conflitos como o das diferentes forças islâmicas que lutam contra missões da ONU (a serviço do EUA) ou contra a invasão de seus países por forças mercenárias imperialistas, a exemplo do Grupo Wagner. 

Na Somália, grupos como o Al-Shabaab lutam contra uma missão militar aprovada pela ONU (e executada por tropas da União Africana), contra o domínio e ataques aéreos norte-americanos no país e contra o próprio Estado somali.

As contradições que movem a guerra são impulsionadas acima de tudo pelas políticas imperialistas ianques em toda a região do Chifre da África, onde fica a Somália. Em fevereiro deste ano, o EUA e o Estado somali assinaram um acordo para a construção de cinco bases militares no país. O jornal Arauto Vermelho reportou que o EUA diz que as bases serão para o Exército somali, mas é muito provável que as use para as próprias operações no país. 

Já na região do Sahel, grupos de caráter similar lutam contra tropas mercenárias russas em países como Mali e Burkina Faso. Ambos passaram por golpes de Estado recentemente, em decorrência das disputas entre potências imperialistas e as classes dominantes locais – tanto em um quanto em outro, o domínio francês foi substituído pelo imperialismo russo. 

A situação é similar no Oriente Médio, onde o imperialismo norte-americano e o Estado sionista de Israel travam guerras ou ocupações militares em países como o Iêmen (por meio da coalização “liderada” pela Arábia Saudita), a Palestina, a Síria, o Líbano e o Iraque. 

Desde outubro do ano passado, a região sofreu um revés com a Operação Dilúvio de Al-Aqsa, que deu novo vigor à mobilização de forças militares de diferentes países agredidos contra as invasões e operações imperialistas. 

<><> Época de tormentas 

Nesse cenário, diferentes países, em sua maioria imperialistas, preparam o terreno para a guerra: de acordo com um monitoramento da Federação de Cientistas Americanos (FAS), o número de ogivas nucleares implantadas (já instaladas em mísseis ou prontas para uso em instalações militares) aumentou nos últimos anos. 

Ao todo, o EUA, a Rússia, China, Paquistão, Índia, Reino Unido, Israel, França e Coreia do Norte possuem 12,1 mil ogivas. Destes países, o Paquistão e a Coreia do Norte são os únicos que não promovem invasões ou ocupações em outros territórios.

O EUA, Reino Unido e a França tem 2,1 mil ogivas em alerta máximo. É a maior quantidade de ogivas desde 1950, apesar dos acordos imperialistas para reduzir o número de armas nucleares no mundo. 

É provável que o número seja subestimado, uma vez que os países imperialistas frequentemente escondem o número real de armas nucleares que possuem. 

Tudo aponta para a realidade de que a tendência mundial é de aumento dos conflitos, sobretudo das guerras promovidas por potências e superpotências imperialistas contra países oprimidos – uma vez que a situação de relativo equilíbrio entre os imperialistas os desencoraja a lançarem guerras diretas entre si. 

Uma conclusão derivada dessa tendência é de que o mundo está e mergulhará cada vez mais em uma época de revoluções, em que os povos do mundo responderão, inspirados pelos conflitos anti-imperialistas em curso, às guerras de agressão.

Sem dúvidas, um fenômeno catalisador deste processo é a movimentação de forças revolucionárias que movem conscientemente as contradições neste sentido. Na Palestina, caso emblemático foi a reunião dos diferentes grupo da Resistência Nacional que terminou em unidade na questão da luta armada e da construção de um Estado palestino com Jerusalém como capital. No resto do mundo, a mobilização de revolucionários para a construção de organizações como a Liga Anti-Imperialista (LAI) também ruma nesse sentido.

 

¨      ‘Social-democratas pela Guerra’ – Starmer e Scholz. Por Rainer Apel

O primeiro-ministro britânico Keir Starmer (Partido Trabalhista) se encontrou com o chanceler alemão Olaf Scholz (Social Democracia) em Berlim ontem, no que Starmer retratou como uma “oportunidade única em uma geração” para redefinir as relações com o resto da Europa. Starmer propôs um novo pacto com a Alemanha, em um grau “sem precedentes” de cooperação militar bilateral, bem como maior colaboração em áreas como comércio e energia.

Uma nova parceria militar anglo-germânica poderia assemelhar-se ao pacto de Lancaster House entre a Grã-Bretanha e a França de 2010, de acordo com autoridades, com promessas de criar uma força conjunta e compartilhar equipamentos e centros de pesquisa de mísseis nucleares. O Reino Unido e a Alemanha continuarão as negociações com o objetivo de concluir o acordo no início do ano que vem, de acordo com o gabinete de Starmer. Ele seguiria a assinatura de uma declaração de defesa conjunta em julho, entre os dois ministros da Defesa John Healey e Boris Pistorius.

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Em sua coletiva de imprensa conjunta, Starmer declarou: “Porque, como os maiores contribuintes da Europa para os esforços de guerra da Ucrânia… e como as nações com os maiores gastos de defesa entre os países europeus na OTAN… sabemos muito bem a dívida que temos com o povo ucraniano… que luta não apenas para se defender… mas por todo o povo da Europa. Então, hoje — reafirmamos nosso compromisso de ficar com a Ucrânia pelo tempo que for preciso.”

Em sua viagem à Alemanha, Starmer também conversou com líderes empresariais, incluindo Armin Papperger, presidente-executivo da principal fabricante alemã de armas Rheinmetall, e Christian Bruch, CEO da Siemens Energy, que emprega cerca de 6.000 pessoas na Grã-Bretanha, para discutir mais investimentos e criar mais empregos altamente qualificados.

Quanto à cooperação militar, relatos anteriores falavam de uma potencial joint venture, talvez incluindo também os franceses, no desenvolvimento de um míssil de longo alcance baseado no programa anglo-francês Storm Shadow (alcance atual de 300 km). O Reino Unido pode estar interessado em comprar o míssil de cruzeiro Taurus da Alemanha, que tem um alcance de 500 km, mas provavelmente pode ser atualizado para um alcance de 800-1.000 km.

¨      EUA garantem a Israel que vão apoiar ataques preventivos contra o Hezbollah, diz mídia

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, garantiu a Israel que os EUA vão apoiar ataques preventivos contra o movimento libanês Hezbollah em meio a sinais de que Israel estava se preparando para atacar as posições do grupo na semana passada, informou a mídia norte-americana nesta sexta-feira (30).

De acordo com uma fonte sob condição de anonimato ao The New York Times, Blinken teria entregado esta mensagem durante sua visita a Tel Aviv, onde disse às autoridades israelenses que Washington os apoiaria na tomada de medidas contra as forças ou equipamentos do Hezbollah que representassem uma ameaça iminente.

Ao mesmo tempo, o secretário de Estado dos EUA alertou Israel que não deveria usar ataques preventivos como pretexto para uma ofensiva mais ampla contra o movimento libanês, informou a apuração.

No domingo (25), Israel e o Hezbollah trocaram tiros de foguetes. O Hezbollah disse que havia disparado mais de 320 foguetes e dezenas de drones em direção a Israel em retaliação ao assassinato do comandante sênior Fuad Shukr em Beirute em julho.

A situação na fronteira entre Israel e Líbano piorou após o início das operações militares israelenses na Faixa de Gaza em outubro de 2023. As Forças de Defesa de Israel (FDI) e o Hezbollah têm realizado ataques repetidos às posições um do outro em áreas ao longo da fronteira.

 

¨      Guerra no Oriente Médio elimina qualquer traço de humanidade. Por Edelberto Behs

Desde o início da guerra, há dez meses, repórteres internacionais reclamam que não têm autorização para entrar em Gaza, “exceto para viagens raras e escoltadas organizadas pelo exército israelense”, para realizar o seu trabalho: reportar.

Setenta e uma organizações de comunicação e veículos da imprensa internacional endossaram carta elaborada pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas, dos Estados Unidos, pedindo que “Israel cumpra seus compromissos com a liberdade de imprensa, fornecendo à mídia estrangeira acesso imediato e  independente em Gaza”.

Por que Israel proíbe a circulação da imprensa estrangeira em Gaza? O que é preciso esconder? Relatos de representantes de organizações que atuam na  região são estarrecedores. Em entrevista à revista +972 e à Local Call, seis soldados, cinco sob anonimato, contaram, após serem dispensados do serviço ativo, o que viram em Gaza.

Viram uma paisagem de cadáveres de civis, deixados assim como morreram para apodrecerem ou servirem de carne para animais de rua. O exército se limita a escondê-los antes da chegada de comboios de ajuda internacionais, para que “não apareçam imagens de pessoas em estado avançado de decomposição”, relatou um dos soldados. 

De vez em quando, admitiu outro entrevistado, “se veem cachorros andando por aí com partes de corpo em decomposição. Há um cheiro horrível de morte”. Um terceiro soldado contou que civis se dirigiam para as áreas por onde passavam os comboios de ajuda humanitária para procurar restos que pudessem cair dos caminhões. “No entanto, a política era de atirar em qualquer um que tentasse entrar” nesses corredores.

São relatos que confirmam o que testemunhas que trabalham no local, como médicos sem fronteiras, médicos palestinos, religiosos e representantes das Nações Unidas mostram ao mundo. Como é difícil distinguir os civis dos combatentes em Gaza, revelou ou soldado entrevistado pela +972, “todo homem entre 16 e 50 anos é suspeito de ser um terrorista”. 

É isso que Israel precisa esconder! Uma relação que cresce dia a dia, o conflito em Gaza matou mais de 40 mil pessoas, incluindo 16 mil crianças – que, nas  contas das forças de ocupação, elas seriam os terroristas de amanhã – e ferindo outras 88 mil pessoas. Eram todas terroristas do Hamas?

O consultor de saúde Dr. Bassam Abu Hamad, ao participar de uma conversa virtual promovida pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI), informou que algo  em torno de 70% das unidades de saúde em Gaza foram destruídas e que 400 mil pessoas com doenças crônicas ficaram sem tratamento. “A guerra não tem regras. Não há respeito pelos direitos humanos, e a matança é indiscriminada”, disse.

Onde fica a humanidade dos que se reportam às contribuições éticas, morais, espirituais, do arcabouço judaico-cristão que dá suporte à sociedade ocidental?  Qualquer crítica ao governo de Israel é apontada como atividade antissemita ou de defesa dos terroristas do Hamas. A defesa de dignas  condições humanas está acima de qualquer Gre-Nal a favor deste ou contra aquele. O que está em jogo são VIDAS!

Dá para acusar profetas do Antigo Testamento, que questionaram o comportamento do povo hebreu e de suas lideranças como uma atividade antissemita, embora essa ameaça não existisse na época? Não foi Daniel que ouviu a palavra do Senhor queixando-se da teimosia do povo? O rei Saul não foi questionado? O profeta Natã não se apresentou de dedo em riste diante de Davi? E quem se atreve a apontar o dedo para Netanyahu? 

Ora, quantos já imploraram pela paz em Gaza? Quantos apelos são necessários para que as Forças Armadas Israelense (IDF) cessem sua ceifa de matanças?  Quantos apelos o Papa Francisco terá que apresentar, ou quantas orações terá que erigir, para que seja atendido um cessar-fogo em Gaza? Quantos apelos o Conselho Mundial de Igrejas precisará emitir para que o povo palestino consiga retomar a normalidade? Quantos judeus ainda terão que levantar a voz  contra essa matança? Quantos traumas, em ambos os lados, essa guerra entre primos já não provocou e como será o futuro das crianças que estão sem lar?

A conta é sem fim.

O fundamentalismo está presente nos dois lados. Teofacistas, reunidos no Partido Religioso Sionista e apoiadores de Netanyahu, encaram a guerra em Gaza  como o prelúdio para o domínio total sobre a terra bíblica de Israel, que se estende do Rio Jordão ao Mediterrâneo. O Hamas define, na sua carta de  fundação, em 1988, a terra da Palestina como um legado inalienável de acordo com a lei islâmica, uma habiz islâmico, como explica Shlomo Bem-Ami, doutor em História pela Universidade de Oxford, em matéria para a revista Nueva Sociedad.

É a religião sendo usada, mais uma vez entre tantas na História, para justificar a guerra, a matança, o extermínio. Enquanto persistirem tais fundamentalismos, a loucura no Oriente Médio não terá descanso.

 

¨      Líderes das Ilhas do Pacífico retiram Taiwan de comunicado após reclamação da China

O Fórum das Ilhas do Pacífico (PIF, na sigla em inglês) removeu referências a Taiwan de um comunicado emitido na sexta-feira (30) após a reunião anual de líderes da região. A recondução aconteceu depois que o fórum receber reclamações do enviado da China.

O bloco de 18 nações inclui três membros com laços diplomáticos com Taiwan e 15 membros que reconhecem a China, um grande credor de infraestrutura para países das Ilhas do Pacífico, onde Pequim busca aumentar sua presença de segurança.

Um comunicado divulgado na ontem (30) incluiu uma seção intitulada "Relações com Taiwan/República da China", afirmando que "os líderes reafirmaram a decisão dos líderes de 1992 sobre as relações com Taiwan/República da China", segundo a Reuters.

O comunicado foi removido do site à noite após uma resposta irritada de Pequim, e um novo documento foi publicado na manhã deste sábado (31) com as referências a Taiwan removidas.

O enviado especial da China para as Ilhas do Pacífico, Qian Bo, reagiu e disse a repórteres em Tonga que a referência a Taipé no comunicado "deve ser um erro", relataram a rádio Australian Broadcasting Corporation e o jornal Nikkei Asia.

O Ministério das Relações Exteriores taiwanês expressou indignação com as ações da China e classificou a ação como "intervenção rude".

Segundo a mídia, Qian fez lobby durante a semana para que Taiwan fosse excluído das funções oficiais do fórum, mostrou o site da embaixada chinesa.

"Qualquer tentativa das autoridades de Taiwan de reforçar seu senso de presença ao se aproximarem do fórum só pode ser enganosa", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, em uma entrevista coletiva regular em Pequim na sexta-feira.

Os aliados diplomáticos de Taiwan no Pacífico diminuíram nos últimos anos, à medida que a China aumentou as ofertas de financiamento para o desenvolvimento. Nauru trocou laços de Taiwan para Pequim em janeiro, enquanto Kiribati e Ilhas Salomão, que agora abrigam a polícia chinesa, trocaram em 2019.

Pequim vê Taiwan como uma província renegada que pertence por direito à China no âmbito da política de Uma Só China. A ilha autogovernada não declarou formalmente sua independência, mas afirma já ser, mantendo laços próximos a países ocidentais, principalmente os Estados Unidos.

 

Fonte: A Nova Democracia/Jornal GGN/Sputnik Brasil/IHU

 

 

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