sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Fogo na direita: Bolsonaro chama Caiado de "governador covarde". Caiado retruca e diz que ‘ele não tem jeito’

O cenário político goiano volta a esquentar com mais um embate entre Jair Bolsonaro (PL) e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Em evento realizado na quarta-feira (25), em Goiânia, Bolsonaro elevou o tom ao criticar, sem mencioná-lo diretamente, a postura de Caiado durante a pandemia de Covid-19. Ele se referiu ao governador como “covarde”, reacendendo tensões que, nos últimos meses, pareciam ter sido amenizadas entre os dois. A notícia foi divulgada por fontes próximas a Caiado, que relataram a Bela Megale, do jornal O Globo, sua insatisfação com os comentários.

Durante o comício, Bolsonaro, ao lado do deputado federal Gustavo Gayer e do candidato à prefeitura de Goiânia pelo PL, Fred Rodrigues, voltou a defender sua postura crítica em relação às medidas de isolamento social adotadas por governadores durante a pandemia. “Fui contra governadores que falavam ‘fiquem em casa, a economia a gente vê depois’. Governador covarde! Governador covarde! O vírus ia pegar todo mundo, não tinha como fugir do vírus”, declarou, em alusão às medidas de contenção do vírus que Caiado, entre outros governadores, implementou à época.

Caiado, por sua vez, não escondeu sua frustração. Fontes próximas ao governador revelaram que ele lamentou o retorno de Bolsonaro ao tema da pandemia e às críticas às vacinas, argumentando que “Bolsonaro não tem jeito”. Para o governador, que vinha tentando reconstruir uma relação com Bolsonaro visando uma possível candidatura à Presidência em 2026, a declaração de Bolsonaro foi um golpe nos esforços de aproximação que estavam sendo feitos ao longo do ano.

Esse embate não é novo. A relação entre Bolsonaro e Caiado já passou por altos e baixos. No início do ano, o ex-mandatário chegou a vetar a entrada de Caiado no PL, o que representou um primeiro sinal de que a aliança entre os dois poderia ser frágil. Contudo, Caiado deu sinais de querer apaziguar a situação ao participar de eventos em apoio a Bolsonaro, como o ocorrido em fevereiro na Avenida Paulista, em São Paulo, onde discursou em defesa do ex-presidente. Além disso, o governador goiano chegou a fazer declarações públicas ressaltando a força política de Bolsonaro, o que, momentaneamente, parecia ter diminuído a tensão.

Bolsonaro, em certo momento, mencionou Caiado ao lado de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, como “sementes que plantou” no cenário político, sugerindo um possível reconhecimento da importância do goiano no jogo político. No entanto, recentemente, voltou a demonstrar que não está disposto a apoiar uma candidatura de Caiado ao Palácio do Planalto, afirmando que o governador de Goiás estaria se adiantando demais na corrida presidencial de 2026.

A nova troca de farpas coloca em xeque não apenas a aliança entre Bolsonaro e Caiado, mas também as movimentações estratégicas do governador de Goiás para consolidar seu nome como uma força política nacional. 

O episódio evidencia o clima de disputa que já começa a tomar forma para as eleições de 2026, com alianças sendo testadas e lideranças tentando se posicionar no tabuleiro político.

¨      Da série “Não convidem para a mesma mesa” – Bolsonaro e Caiado. Por Ricardo Noblat

Ele não mencionou o nome de Ronaldo Caiado (União-Brasil), governador de Goiás. Mas não precisava. Bolsonaro estava em Goiânia na terça-feira à noite para um comício do seu candidato a prefeito da cidade Fred Rodrigues (Democracia Cristã).

O candidato a prefeito apoiado por Caiado é o empresário e ex-deputado federal Sandro Mabel (União-Brasil), o das famosas bolachinhas e rosquinhas “Mabel”. Então, Bolsonaro, primeiro, atacou Mabel e a ex-presidente Dilma Rousseff:

“O candidato da bolachinha e da rosquinha tem vídeo dele elogiando Dilma Rousseff, dizendo que ela foi uma boa gestora. 2014, 2015, sem crise nenhuma no Brasil. Essa presidente conseguiu a proeza de desempregar 13 milhões de pessoas no Brasil. Essa presidente que o da rosquinha disse que foi uma boa presidente, conseguiu entregar a Petrobras para o Temer com uma dívida de 180 milhões de dólares”.

E, em seguida, atacou o padrinho da candidatura de Mabel:

“Nós na pandemia, fizemos o que tinha que ser feito. Fui contra governadores que falavam ‘fiquem em casa, a economia a gente vê depois’. Governador covarde! Governador covarde! O vírus ia pegar todo mundo, não tinha como fugir do vírus”.

A quizumba de Bolsonaro com Caiado vem da época da pandemia da Covid-19. Médico, Caiado defendeu as medidas de isolamento social e recomendou às pessoas que ficassem em casa. Ele não disse “a economia vem depois” – foi Bolsonaro quem disse.

O que mais incomoda Bolsonaro é que Caiado não esconde o desejo de candidatar-se a presidente da República em 2026 – já o confessou inúmeras vezes e trabalha para isso. E Bolsonaro não quer um candidato que não lhe diga amém.

É por isso que ele apoia só à meia-bomba a candidatura de Ricardo Nunes (MDB) a prefeito de São Paulo. Nunes quer o apoio aberto de Bolsonaro e não o tem. Caso se eleja, pouco ficará em débito com ele. A direita vai rachada para a sucessão de Lula.

•        Bolsonaro se cala sobre soco de assessor de Marçal e vê debandada de apoiadores

Com a hegemonia ameaçada no comanda da ultradireita neofascista, Jair Bolsonaro (PL) mostra que não sabe o que fazer com o avanço de Pablo Marçal (PRTB) sobre os apoiadores extremistas, que atacam e abandonam o ex-presidente nas redes por causa do apoio a Ricardo Nunes (MDB) na disputa eleitoral em São Paulo.

Mesmo sob fogo cerrado ex-coach, que no debate no Flow disse que ele "virou as costas para o povo", Bolsonaro se calou sobre o soco desferido pelo sócio de Marçal, Nahuel Medina, em Duda Lima, marqueteiro que trabalhou em sua campanha à reeleição em 2022 e que agora assessora Ricardo Nunes.

"Bolsonaro, você podia tomar um jeito e não virar as costas para o povo. Você não poderia fazer isso com a gente. A gente defendeu você. E você, até de conversa com Datena estava nessa semana. Não faz sentido fazer um negócio desse", disse Marçal antes de ser expulso no debate no Flow, incitando os ataques dos apoiadores.

A crítica do ex-coach provocou uma debandada dos seguidores extremistas, que deixaram as redes de Bolsonaro atacando o agora "ex-mito".

"Bolsonaro que é que tá acontecendo??? O Brasil de Olho em SP e o senhor fazendo chamego em quem tem ideologia invertida? Muito triste com o senhor", comentou Eunice Barbosa, em publicação do ex-presidente no Instagram nesta terça-feira (24), ainda sob a repercussão da agressão no debate.

"Quem fica em cima do muro , toma paulada dos 2 lados , já abandonou o povo no 8 de janeiro e agora tá abandonando o candidato certo em SP por ser marionete de partido???", escreveu Maicon Silva, em meio a diversos comentários de "deixando de seguir".

•        Medo?

A aliados, segundo Bela Megale no Jornal O Globo, Bolsonaro afirma que "não quer comprar briga pública com o influencer", pois " teme a repercussão negativa que possa amargar nas redes sociais".

O ex-presidente teria sido informado sobre os detalhes da agressão a Duda Lima, com quem trabalhou em 2022, mas resolveu silenciar e até o momento não se pronunciou sobre o caso.

Além de Duda, o ex-Secom e advogado Fabio Wajngarten atua na campanha de Nunes e seria o informante de Bolsonaro sobre o que acontece na disputa eleitoral.

Em entrevista à ex-atriz e influenciadora Antonia Fontenelle no dia 18, o pastor Silas Malafaia, guru de Bolsonaro, revelou o medo que fez com que o ex-presidente se afastasse de Marçal, a quem condecorou com a medalha de "imbrochável" pouco antes do início da campanha.

Ao falar sobre os motivos de ter barrado Marçal, no ato de 7 de Setembro na avenida Paulista, Malafaia revelou que as pretensões do ex-coach colocam em xeque os planos de Bolsonaro de reverter a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a condenação que o deixou inelegível até 2030 e que, até o momento, o deixa fora das eleições presidenciais de 2026.

"Esse cara é quem vai dividir a direita. Se esse cara ganha para prefeito, no primeiro dia de eleito, ele começa a campanha para Presidente da República", afirmou Malafaia.

"Ele disse assim: não está na hora de ir para o confronto com o Bolsonaro. Não tá na hora. Ele apoia Bolsonaro, mete o pau no Bolsonaro, compara Bolsonaro a Lula, diz que a única diferença é que Lula tem menos um dedo - então chama Bolsonaro de corrupto igual ao Lula. Que conversa é essa?", surtou o guru, chamando o coach de "psicopata e bipolar".

 

¨      Pablo Marçal, o escorpião e um bando de rãs bem intencionadas. Por Ricardo Noblat

“Eu não quero lacrar, mas é minha única saída”, desabafou o empresário Pablo Marçal, candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo, em conversa com um grupo de amigos. Ninguém é obrigado a lacrar, mas ele acha que não tem outro jeito para se eleger.

Poderia ter propostas para governar a capital mais importante do país e, com elas, atrair eleitores – mas não as tem. Marçal carece de ideias. Poderia atrair eleitores por ter se destacado como um empresário bem-sucedido, mas não é esse o seu caso.

Destacou-se como um charlatão capaz de operar o milagre de fazer andar uma cadeirante; um vendedor de cursos online, que mistura valores religiosos com outros inventados por ele, para quem imagina ser possível ficar rico num curto espaço de tempo.

A cadeirante não andou. Está para contado o número dos seus alunos que enriqueceu num piscar de olhos. Rico quem ficou foi ele, que viu na política mais uma oportunidade de fazer fortuna e – quem sabe? – ganhar imunidade para salvar-se de processos.

Dado o tamanho minúsculo do seu partido, Marçal não tem direito à propaganda eleitoral no rádio e na televisão. O que lhe resta? Participar de debates – não lhe faltam convites para tal. E criar factoides para recortá-los e postar nas plataformas digitais.

É o que tem feito – e, admita-se, dando-se bem. Ele os chama de “ondas de energia”. A primeira quebrou na praia no debate promovido em 8 de agosto pela Rede Bandeirante de Televisão. Marçal insultou seus adversários e batizou-se com apelidos.

Uma semana depois, esfregou uma Carteira de Trabalho na cara de Guilherme Boulos (PSOL), insinuando que ele nunca trabalhou. Insistiu em referir-se a ele como “cheirador de pó”. Em 10 de setembro, quase apanhou de tanto xingar Luiz Datena (PSDB).

O factoide seguinte gorou. No 7 de setembro da Avenida Paulista, em um ato comandado por Bolsonaro para pedir o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, Marçal tentou ser a estrela do espetáculo. Foi proibido de subir no palanque e escorraçado de lá.

Ao ver Datena fragilizado por seu mau desempenho nos debates, sentiu gosto de sangue e novamente o provocou no debate do dia 15. Foi o dia da cadeirada, quando Marçal posou de vítima e encenou uma saída às pressas do palco dentro de uma ambulância.

A sua e a rejeição a Datena cresceram. Marçal prometeu apresentar-se doravante com sua versão mais branda, ao gosto do público que lhe cobrava moderação. Acabou expulso, e um dos seus assessores deu um soco na cara do marqueteiro do MDB.

É como a história da rã que pegou carona com um escorpião para atravessar um rio. Ela acreditou que não seria picada porque, se fosse, os dois morreriam afogados. O escorpião a picou assim mesmo. É da natureza do escorpião, e de Marçal, picar.

Se você gosta de ver um escorpião em plena atividade, terá pelo menos mais três chances, anote:

* TV Record: 28 de setembro, às 21h

* UOL/Folha de S.Paulo: 30 de setembro, às 10h

* TV Globo: 3 de outubro, às 22h

Mantenha-se distante dele para não ser envenenado.

<><> Brigão, assessor de Marçal pode ter problemas com imigração no Brasil

Videomaker de Pablo Marçal (PRTB) na campanha à Prefeitura de São Paulo, o uruguaio Nahuel Medina pode enfrentar problemas com a imigração no Brasil após dar um soco no marqueteiro Duda Lima durante o debate do podcast Flow, na segunda-feira (23/9).

Segundo fontes da Polícia Federal, Nahuel mora no Brasil desde o início dos anos 2000, mas, até agora, não se naturalizou brasileiro. Ele vive no país com visto e autorização de residência por “reunião familiar”, após seus pais se mudarem para cá.

De acordo com a Lei de Migração, o videomaker não pode ser expulso do Brasil, porque chegou ao país com menos de 12 anos e, desde então, aqui reside. Nahiel, contudo, pode não conseguir se naturalizar brasileiro caso seja condenado pela agressão a Duda Lima no debate.

De acordo com a lei, um dos requisitos para a concessão da naturalização é não possuir condenação penal. O marqueteiro agredido, que trabalha na campanha à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), registrou boletim de ocorrência contra o assessor de Marçal.

<><> Pais do assessor de Marçal

De acordo com registros do Ministério da Justiça, os pais de Nahuel já tiveram pedido de naturalização como brasileiros negado. Os requerimentos de Alejandro Gomez e Gabriela Medina foram indeferidos pelo governo do Brasil em 2021. O motivo da negativa é mantido sob sigilo.

 

Fonte: Brasil 247/Metrópoles

 

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