Economia mundial se dividirá em blocos por
causa da política do Ocidente, diz Orbán
A economia mundial,
como resultado das "políticas suicidas" do Ocidente, que incluem
sanções, corre o risco de se dividir em blocos ocidental e oriental, disse o
primeiro-ministro da Hungria Viktor Orbán no ar da rádio Kossuth.
Por sua vez, a
Hungria, segundo ele, não quer pertencer a nenhum deles, embora mantenha laços
econômicos estreitos com todos.
"O mundo está
sendo dividido em blocos, e a Hungria precisa se proteger disso. Estamos
chegando a uma economia ocidental e uma oriental no mundo, e cada país terá que
escolher a qual lado do mundo pertencer. Não podemos nos unir a nenhum dos
blocos, é de nosso interesse ter laços profundos com ambos", disse o
premiê húngaro.
Ele disse que essa
situação é o resultado da "política suicida" do Ocidente, que
responde à ascensão da Ásia e aos seus próprios problemas econômicos com
bloqueios e sanções.
"Muitas empresas
europeias estão sofrendo com a política de sanções, mas, antes de tudo,
precisamos ser honestos conosco mesmos. A questão é que não devemos ser
forçados a olhar para a economia pelo prisma da política. Vamos aceitar apenas
coisas úteis e razoáveis do Ocidente e do Oriente e rejeitar qualquer pressão
que prejudique o futuro do país", afirmou.
Anteriormente, Orbán
disse que a Ásia vai se tornar o centro de definição do mundo por décadas, se
não séculos, com as associações como o BRICS e a Organização para Cooperação de
Xangai lançando as bases para a nova ordem mundial emergente.
Ele previu
anteriormente que o Reino Unido, a Itália e a França deixariam as dez maiores
economias do mundo até o final da década, com a Alemanha caindo do quarto para
o décimo lugar.
Orbán disse que a
Europa está frustrada com o fato de a Ásia estar se desenvolvendo em um ritmo
mais rápido, com um número crescente de países europeus favorecendo a
cooperação com a Ásia em vez do distanciamento.
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Assessor de Orbán gera indignação ao falar sobre União Soviética e Ucrânia;
premiê expressa rejeição
Um importante assessor
do primeiro-ministro Viktor Orbán provocou indignação ao sugerir que a Hungria
teria se saído melhor se não tivesse resistido à União Soviética de 1956.
Balazs Orbán, diretor
político do premiê (que não tem parentesco com o primeiro-ministro), disse em
uma entrevista ao site Mandiner esta semana que Vladimir Zelensky agiu de forma
irresponsável ao escolher resistir à operação russa.
"Considerando
1956, provavelmente não teríamos feito o que o presidente Zelensky fez dois
anos e meio atrás, pois é irresponsável. Podemos ver que ele levou seu país a
uma guerra defensiva, muitas vidas e territórios foram perdidos […]. Deixe-me
dizer novamente, é uma decisão soberana e correta deles […], mas se eles
tivessem nos perguntado, não teríamos recomendado isso, com base no que
aconteceu em 1956", disse o assessor, citado pela Reuters.
Os comentários
desencadearam um alvoroço na Hungria, onde os participantes e vítimas da
revolução são vistos como heróis nacionais. O líder do principal partido da
oposição, Peter Magyar, pediu que o conselheiro renunciasse.
Já o premiê disse,
nesta sexta-feira (27), que os comentários relacionados à Hungria eram
"enganosos". Ao mesmo tempo, Orbán não indicou se concordava com seu
assessor sobre a posição da Ucrânia.
"Agora meu
diretor político fez uma declaração ambígua, o que é um erro, pois nossa
comunidade se baseia na revolução de 1956 e cresceu a partir dela", disse
Orbán, citado pela Bloomberg, acrescentando que "assim como no passado, a
Hungria sempre se defenderá".
O premiê não deu
nenhuma indicação sobre se demitiria seu assessor, adicionou a mídia.
¨ Político turco prevê colapso do sistema norte-americano devido à
quebra da confiança no dólar
O colapso dos EUA e de
todo o sistema atlântico, formado após a Segunda Guerra Mundial, é inevitável,
uma vez que a confiança no dólar já está minada, previu Hakan Topkurulu,
vice-presidente do Partido Vatan (Pátria) da Turquia, à Sputnik.
O atlantismo,
conhecido também como euroatlantismo, é uma direção da filosofia geopolítica de
aproximação política, econômica e militar entre os Estados da América do Norte
(os EUA e Canadá) e da Europa sob valores e objetivos comuns.
Um dos resultados
desse conceito é a criação do bloco militar da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN).
Há pouco tempo,
Topkurulu afirmou que Ancara vai "quebrar as correntes" da OTAN ao
ingressar no BRICS, com os Estados Unidos receando que o crescimento da
influência do último vá levar à diminuição do uso do dólar.
"Vemos que a
confiança no dólar foi amplamente corroída. A destruição da confiança no dólar
reforça a tendência de afastamento. O surgimento de um meio de pagamento
alternativo levará ao fim do dólar. Entretanto, os acontecimentos mostram que a
fuga do dólar pode começar antes mesmo do surgimento desse instrumento de
pagamento. Isso vai levar ao colapso de todo o sistema atlântico, especialmente
o dos EUA", disse agora Topkurulu.
Segundo ele, hoje o
BRICS está se desenvolvendo como uma instituição que vai organizar o futuro do
mundo inteiro.
A presidente do
Conselho da Federação da Rússia (câmara alta do parlamento), Valentina
Matvienko, disse anteriormente que o BRICS pode estabelecer uma plataforma
multilateral de pagamentos e câmbio digital BRICS Bridge.
A Rússia assumiu a
presidência do BRICS em 1º de janeiro deste ano. Nessa data, além da Rússia,
Brasil, Índia, China e África do Sul, entraram no bloco novos países-membros: o
Egito, a Etiópia, o Irã, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.
Em junho, o
primeiro-ministro da Malásia Anwar bin Ibrahim confirmou a Lula da Silva a
intenção da Malásia de participar do BRICS.
No dia 20 de agosto, o
Azerbaijão solicitou oficialmente sua adesão ao BRICS.
Recentemente, o
assessor presidencial russo Yuri Ushakov confirmou que a Turquia havia se
candidatado a membro pleno do BRICS e que o pedido está sendo analisado.
¨ Conflito Israel-Hezbollah aprofunda crise no Líbano
Em sua pequena casa de
câmbio em Beirute, Farouk Khoury, de 86 anos, assiste às notícias na televisão,
que mostram o agravamento do conflito entre o grupo Hezbollah e Israel . Nenhum cliente vem até loja para trocar dinheiro.
"Hoje eu tenho
dinheiro, amanhã, não sei. Talvez eu feche amanhã" diz Kouri à DW,
demonstrando uma incerteza cada vez maior sobre seu negócio, que se deteriorou
significativamente com a recente escalada do conflito na fronteira entre o
Líbano e Israel.
Enquanto ele assiste
às imagens de explosões e ataques de mísseis a edifícios, Kouri aponta para o
logo de sua empresa onde está gravado o ano de 1975. O mesmo ano do início da
guerra civil libanesa.
O mais recente
agravamento no conflito entre Israel e o Hezbollah teve
início há menos de duas semanas, atingindo o apogeu com as explosões
de pagers e walkie-talkies de
membros do Hezbollah, que mataram mais de 40 pessoas - na maioria
combatentes do grupo, mas também, mulheres e crianças.
Os ataques
aéreos desta semana na região de Beqaa, no sul do Líbano, e em alguns subúrbios
de Beirute, mataram mais de 500 pessoas,
segundo o Ministério da Saúde do país.
"Eu abro cinco
dias por semana. Antes da escalada [das tensões], turistas da França e de
outros países costumavam vir para trocar dinheiro. Agora, ninguém mais
vem", lamentou Kouri.
Perla Tatros, de 19
anos, trabalha em um pequeno café em Beirute. Ela não tem visto muitos
estrangeiros no local nos últimos tempos. "Mas, não são apenas os
estrangeiros, os libaneses também vêm com menos frequência ao café onde
trabalho. Isso acontece não somente em razão do conflito, mas também por outros
motivos que já existiam antes, como a crise econômica", explicou.
<><> Crise
além da Guerra
As dificuldades
enfrentadas pelos estabelecimentos de Kouri e Tatros não ocorrem unicamente por
causa dos recentes bombardeios israelenses, mas são parte da deterioração que o
Líbano vem enfrentando nos últimos anos.
Sami Nader, economista
libanês fundador do Instituto Levant para Assuntos Estratégicos em Beirute, diz
que o Líbano de 2024 é bem diferente do de 2006, quando havia acontecido a
última guerra aberta entre o Hezbollah e Israel.
Ele disse DW que,
naquele ano, ainda fluíam até o país recursos enviados pela diáspora libanesa e
advindos de países estrangeiros. Hoje em dia, o Líbano sofre com a falta de
recursos para reconstruir sua economia.
Nader faz um resumo
das múltiplas crises que o país atravessou nos últimos anos. Houve,
primeiramente, o colapso financeiro de 2019, que resultou na destruição da
poupança e uma desvalorização de 98% na libra libanesa, levando 80% da
população para a pobreza. Veio então a pandemia de covid-19, que agravou
ainda mais os danos na economia. E, finalmente, a megaexplosão
no porto de Beirute, em 2020.
"O Hezbollah
domina o país politicamente sem um governo de unidade, aprofundando as divisões
sectárias, enquanto os refugiados sírios e o recente deslocamento interno
pressionam a economia, a infraestrutura e o tecido social, exacerbando o
desespero", acrescentou.
Ele diz que uma guerra
total entre o Hezbollah e Israel, em meio a uma perspectiva real de uma invasão por terra, selará o
fim definitivo da economia libanesa.
Nijme Nassour, uma
farmacêutica de 24 anos, avalia que o comércio mudou bastante desde o
agravamento conflito. "Os clientes estocam mais medicamentos do que antes,
cinco ou seis caixas, especialmente os medicamentos para doenças crônicas.
Felizmente, nosso fornecedoress têm mercadorias em estoque", afirmou à DW.
Ao ser perguntada se
fecharia seu estabelecimento no caso de um agravamento no conflito, ela diz que
continuará em funcionamento. "As farmácias trabalham mais durante a
guerra, infelizmente."
Joseph Gharib,
presidente do Sindicato de Importadores de Farmacêuticos e Proprietários de
Armazéns, declarou recentemente que os estoques do país são suficientes para
durar cinco meses. Contudo, o grande número de feridos e mortos está
"pressionando o setor de saúde".
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Como o conflito mina a economia
O economista libanês
Roy Badaro conta que, antes do agravamento do conflito atual, um pequeno
segmento da população estava lentamente se recuperando da crise econômica.
Agora, porém, as condições podem piorar significativamente.
"Os subúrbios no
sul de Beirute, onde se concentra a maioria dos ataques israelenses, pagará um
preço muito alto pela guerra. Mesmo se as pessoas venderem uma imagem
vitoriosa, fazendo o 'V' com os dedos, isso não reflete necessariamente seus
verdadeiros sentimentos", observou.
As pessoas no sul do
Líbano estão em situação ainda pior. Muitas residências foram destruídas e
a agricultura na região foi duramente afetada. "A confiança nos que
governam o país é abaixo de zero. Então, como é possível ter uma economia, com
todos esses fatores?", indagou Badaro.
A agricultura libanesa
foi fortemente impactada pelo conflito. Os combates poluem o solo, expulsam os
fazendeiros de suas propriedades, interrompem cadeias de abastecimento e
danificam a infraestrutura, ameaçando a produção.
Em abril, o
primeiro-ministro Najib Mikati relatou que 800 hectares de terra haviam sido
destruídos; que 34.000 cabeças de gado morreram e que 75% dos fazendeiros
locais perderam seus meios de sustento.
A emissora britânica
BBC contabilizou um total de 7.491 ataques dos dois lados da fronteira desde o
início do conflito, no ano passado, com Israel realizando cinco vezes mais
ataques do que o Hezbollah. Tudo isso causou danos significativos à infraestrutura,
incluindo abastecimento de água, eletricidade, telecomunicações e estradas,
além de causar mortes entre os funcionários de manutenção e as equipes de
emergência.
No sul do Líbano e em
Beqaa, quase 500.000 pessoas tiveram de deixar suas residências desde a
intensificação da campanha militar de Israel, afirmou o ministro libanês das
Relações Exteriores, Abdallah Bou Habib. Ele diz isso se soma que cerca de
outras 110.000 pessoas que já estavam desabrigadas. "O aumento dos
desabrigados contribui para o desespero e a piora da situação social e
econômica do país", diz Nader.
Badaro afirma que a
economia libanesa compreende diferentes níveis. Há as pessoas que possuem
rendimentos vindos do exterior ou pagamentos indexados no próprio país. Há,
então, aqueles que ganham salários fixos e os que não possuem nenhum
rendimento, que são os que sofrem enormemente agora.
Entre estes últimos,
muitos são empregados do setor turístico, que foi fortemente impactado, diz
Badaro. "O setor do turismo está fundamentalmente morto. A maioria das
casas noturnas e restaurantes estão à beira da falência, com queda nas
atividades de 50%, podendo chegar a 60% ou 70%."
¨ China e Brasil seguem com plano de paz para Ucrânia apesar da
ira de Zelensky, diz mídia britânica
Na sexta-feira (27),
China e Brasil prosseguiram com um esforço para reunir países em
desenvolvimento em torno de um plano para acabar com o conflito na Ucrânia,
apesar de Vladimir Zelensky ter rejeitado a iniciativa.
Ao todo, 17 países
participaram de uma reunião à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas,
presidida pelo ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e pelo
assessor de política externa do Brasil, Celso Amorim.
Wang disse aos
repórteres que eles discutiram a necessidade de evitar a escalada do conflito,
evitar o uso de armas de destruição em massa e prevenir ataques a usinas
nucleares, segundo a Reuters.
"A Rússia e a
Ucrânia são vizinhos que não podem ser afastados um do outro e a amizade é a
única opção realista", disse Wang, acrescentando que a comunidade
internacional deve apoiar uma conferência de paz envolvendo Moscou e Pequim.
Separadamente, o
ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, discutiu o conflito
em Nova York com sua colega brasileiro, Mauro Vieira, informou o ministério
russo em seu site.
"Conversamos
sobre nossas relações bilaterais e a próxima cúpula do BRICS", disse
Vieira sobre o encontro.
Além de Brasil e
China, dez países do Sul Global que estavam presentes na reunião de 17 nações,
incluindo Indonésia, África do Sul e Turquia, assinaram um comunicado que,
segundo Amorim, se baseia em um plano de seis pontos proposto pelo Brasil e
pela China em maio.
Os países continuariam
a se reunir em Nova York sob o grupo intitulado Amigos pela Paz, acrescentou o
ex-chanceler brasileiro.
Zelensky, em um
discurso à assembleia na quarta-feira (25), questionou por que a China e o
Brasil estavam propondo uma alternativa à sua própria fórmula de paz.
Propor
"alternativas, planos de solução pouco entusiasmados, os chamados
conjuntos de princípios" só daria a Moscou o espaço político para
continuar o conflito, disse o líder ucraniano.
Questionado sobre o
comentário de Zelensky, Amorim disse à Reuters: "Não estou aqui para
responder nem a Zelensky, nem a Putin, apenas para propor um caminho para a
paz".
Fonte: Sputnik Brasil/DW
Brasil
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