segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Economia mundial se dividirá em blocos por causa da política do Ocidente, diz Orbán

A economia mundial, como resultado das "políticas suicidas" do Ocidente, que incluem sanções, corre o risco de se dividir em blocos ocidental e oriental, disse o primeiro-ministro da Hungria Viktor Orbán no ar da rádio Kossuth.

Por sua vez, a Hungria, segundo ele, não quer pertencer a nenhum deles, embora mantenha laços econômicos estreitos com todos.

"O mundo está sendo dividido em blocos, e a Hungria precisa se proteger disso. Estamos chegando a uma economia ocidental e uma oriental no mundo, e cada país terá que escolher a qual lado do mundo pertencer. Não podemos nos unir a nenhum dos blocos, é de nosso interesse ter laços profundos com ambos", disse o premiê húngaro.

Ele disse que essa situação é o resultado da "política suicida" do Ocidente, que responde à ascensão da Ásia e aos seus próprios problemas econômicos com bloqueios e sanções.

"Muitas empresas europeias estão sofrendo com a política de sanções, mas, antes de tudo, precisamos ser honestos conosco mesmos. A questão é que não devemos ser forçados a olhar para a economia pelo prisma da política. Vamos aceitar apenas coisas úteis e razoáveis do Ocidente e do Oriente e rejeitar qualquer pressão que prejudique o futuro do país", afirmou.

Anteriormente, Orbán disse que a Ásia vai se tornar o centro de definição do mundo por décadas, se não séculos, com as associações como o BRICS e a Organização para Cooperação de Xangai lançando as bases para a nova ordem mundial emergente.

Ele previu anteriormente que o Reino Unido, a Itália e a França deixariam as dez maiores economias do mundo até o final da década, com a Alemanha caindo do quarto para o décimo lugar.

Orbán disse que a Europa está frustrada com o fato de a Ásia estar se desenvolvendo em um ritmo mais rápido, com um número crescente de países europeus favorecendo a cooperação com a Ásia em vez do distanciamento.

<><> Assessor de Orbán gera indignação ao falar sobre União Soviética e Ucrânia; premiê expressa rejeição

Um importante assessor do primeiro-ministro Viktor Orbán provocou indignação ao sugerir que a Hungria teria se saído melhor se não tivesse resistido à União Soviética de 1956.

Balazs Orbán, diretor político do premiê (que não tem parentesco com o primeiro-ministro), disse em uma entrevista ao site Mandiner esta semana que Vladimir Zelensky agiu de forma irresponsável ao escolher resistir à operação russa.

"Considerando 1956, provavelmente não teríamos feito o que o presidente Zelensky fez dois anos e meio atrás, pois é irresponsável. Podemos ver que ele levou seu país a uma guerra defensiva, muitas vidas e territórios foram perdidos […]. Deixe-me dizer novamente, é uma decisão soberana e correta deles […], mas se eles tivessem nos perguntado, não teríamos recomendado isso, com base no que aconteceu em 1956", disse o assessor, citado pela Reuters.

Os comentários desencadearam um alvoroço na Hungria, onde os participantes e vítimas da revolução são vistos como heróis nacionais. O líder do principal partido da oposição, Peter Magyar, pediu que o conselheiro renunciasse.

Já o premiê disse, nesta sexta-feira (27), que os comentários relacionados à Hungria eram "enganosos". Ao mesmo tempo, Orbán não indicou se concordava com seu assessor sobre a posição da Ucrânia.

"Agora meu diretor político fez uma declaração ambígua, o que é um erro, pois nossa comunidade se baseia na revolução de 1956 e cresceu a partir dela", disse Orbán, citado pela Bloomberg, acrescentando que "assim como no passado, a Hungria sempre se defenderá".

O premiê não deu nenhuma indicação sobre se demitiria seu assessor, adicionou a mídia.

¨      Político turco prevê colapso do sistema norte-americano devido à quebra da confiança no dólar

O colapso dos EUA e de todo o sistema atlântico, formado após a Segunda Guerra Mundial, é inevitável, uma vez que a confiança no dólar já está minada, previu Hakan Topkurulu, vice-presidente do Partido Vatan (Pátria) da Turquia, à Sputnik.

O atlantismo, conhecido também como euroatlantismo, é uma direção da filosofia geopolítica de aproximação política, econômica e militar entre os Estados da América do Norte (os EUA e Canadá) e da Europa sob valores e objetivos comuns.

Um dos resultados desse conceito é a criação do bloco militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Há pouco tempo, Topkurulu afirmou que Ancara vai "quebrar as correntes" da OTAN ao ingressar no BRICS, com os Estados Unidos receando que o crescimento da influência do último vá levar à diminuição do uso do dólar.

"Vemos que a confiança no dólar foi amplamente corroída. A destruição da confiança no dólar reforça a tendência de afastamento. O surgimento de um meio de pagamento alternativo levará ao fim do dólar. Entretanto, os acontecimentos mostram que a fuga do dólar pode começar antes mesmo do surgimento desse instrumento de pagamento. Isso vai levar ao colapso de todo o sistema atlântico, especialmente o dos EUA", disse agora Topkurulu.

Segundo ele, hoje o BRICS está se desenvolvendo como uma instituição que vai organizar o futuro do mundo inteiro.

A presidente do Conselho da Federação da Rússia (câmara alta do parlamento), Valentina Matvienko, disse anteriormente que o BRICS pode estabelecer uma plataforma multilateral de pagamentos e câmbio digital BRICS Bridge.

A Rússia assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro deste ano. Nessa data, além da Rússia, Brasil, Índia, China e África do Sul, entraram no bloco novos países-membros: o Egito, a Etiópia, o Irã, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.

Em junho, o primeiro-ministro da Malásia Anwar bin Ibrahim confirmou a Lula da Silva a intenção da Malásia de participar do BRICS.

No dia 20 de agosto, o Azerbaijão solicitou oficialmente sua adesão ao BRICS.

Recentemente, o assessor presidencial russo Yuri Ushakov confirmou que a Turquia havia se candidatado a membro pleno do BRICS e que o pedido está sendo analisado.

¨      Conflito Israel-Hezbollah aprofunda crise no Líbano

Em sua pequena casa de câmbio em Beirute, Farouk Khoury, de 86 anos, assiste às notícias na televisão, que mostram o agravamento do conflito entre o grupo Hezbollah e Israel . Nenhum cliente vem até loja para trocar dinheiro.

"Hoje eu tenho dinheiro, amanhã, não sei. Talvez eu feche amanhã" diz Kouri à DW, demonstrando uma incerteza cada vez maior sobre seu negócio, que se deteriorou significativamente com a recente escalada do conflito na fronteira entre o Líbano e Israel.

Enquanto ele assiste às imagens de explosões e ataques de mísseis a edifícios, Kouri aponta para o logo de sua empresa onde está gravado o ano de 1975. O mesmo ano do início da guerra civil libanesa.

O mais recente agravamento no conflito entre Israel e o Hezbollah teve início há menos de duas semanas, atingindo o apogeu com as explosões de pagers e walkie-talkies de membros do Hezbollah, que mataram mais de 40 pessoas - na maioria combatentes do grupo, mas também, mulheres e crianças.

 Os ataques aéreos desta semana na região de Beqaa, no sul do Líbano, e em alguns subúrbios de Beirute, mataram mais de 500 pessoas, segundo o Ministério da Saúde do país. 

"Eu abro cinco dias por semana. Antes da escalada [das tensões], turistas da França e de outros países costumavam vir para trocar dinheiro. Agora, ninguém mais vem", lamentou Kouri.

Perla Tatros, de 19 anos, trabalha em um pequeno café em Beirute. Ela não tem visto muitos estrangeiros no local nos últimos tempos. "Mas, não são apenas os estrangeiros, os libaneses também vêm com menos frequência ao café onde trabalho. Isso acontece não somente em razão do conflito, mas também por outros motivos que já existiam antes, como a crise econômica", explicou. 

<><> Crise além da Guerra

As dificuldades enfrentadas pelos estabelecimentos de Kouri e Tatros não ocorrem unicamente por causa dos recentes bombardeios israelenses, mas são parte da deterioração que o Líbano vem enfrentando nos últimos anos.

Sami Nader, economista libanês fundador do Instituto Levant para Assuntos Estratégicos em Beirute, diz que o Líbano de 2024 é bem diferente do de 2006, quando havia acontecido a última guerra aberta entre o Hezbollah e Israel.

Ele disse DW que, naquele ano, ainda fluíam até o país recursos enviados pela diáspora libanesa e advindos de países estrangeiros. Hoje em dia, o Líbano sofre com a falta de recursos para reconstruir sua economia.

Nader faz um resumo das múltiplas crises que o país atravessou nos últimos anos. Houve, primeiramente, o colapso financeiro de 2019, que resultou na destruição da poupança e uma desvalorização de 98% na libra libanesa, levando 80% da população para a pobreza. Veio então a pandemia de covid-19, que agravou ainda mais os danos na economia. E, finalmente, a megaexplosão no porto de Beirute, em 2020.

"O Hezbollah domina o país politicamente sem um governo de unidade, aprofundando as divisões sectárias, enquanto os refugiados sírios e o recente deslocamento interno pressionam a economia, a infraestrutura e o tecido social, exacerbando o desespero", acrescentou.

Ele diz que uma guerra total entre o Hezbollah e Israel, em meio a uma perspectiva real de uma invasão por terra, selará o fim definitivo da economia libanesa.

Nijme Nassour, uma farmacêutica de 24 anos, avalia que o comércio mudou bastante desde o agravamento conflito. "Os clientes estocam mais medicamentos do que antes, cinco ou seis caixas, especialmente os medicamentos para doenças crônicas. Felizmente, nosso fornecedoress têm mercadorias em estoque", afirmou à DW.

Ao ser perguntada se fecharia seu estabelecimento no caso de um agravamento no conflito, ela diz que continuará em funcionamento. "As farmácias trabalham mais durante a guerra, infelizmente."

Joseph Gharib, presidente do Sindicato de Importadores de Farmacêuticos e Proprietários de Armazéns, declarou recentemente que os estoques do país são suficientes para durar cinco meses. Contudo, o grande número de feridos e mortos está "pressionando o setor de saúde".

<><> Como o conflito mina a economia

O economista libanês Roy Badaro conta que, antes do agravamento do conflito atual, um pequeno segmento da população estava lentamente se recuperando da crise econômica. Agora, porém, as condições podem piorar significativamente.

"Os subúrbios no sul de Beirute, onde se concentra a maioria dos ataques israelenses, pagará um preço muito alto pela guerra. Mesmo se as pessoas venderem uma imagem vitoriosa, fazendo o 'V' com os dedos, isso não reflete necessariamente seus verdadeiros sentimentos", observou.

As pessoas no sul do Líbano estão em situação ainda pior. Muitas residências foram destruídas e a agricultura na região foi duramente afetada. "A confiança nos que governam o país é abaixo de zero. Então, como é possível ter uma economia, com todos esses fatores?", indagou Badaro.

A agricultura libanesa foi fortemente impactada pelo conflito. Os combates poluem o solo, expulsam os fazendeiros de suas propriedades, interrompem cadeias de abastecimento e danificam a infraestrutura, ameaçando a produção.

Em abril, o primeiro-ministro Najib Mikati relatou que 800 hectares de terra haviam sido destruídos; que 34.000 cabeças de gado morreram e que 75% dos fazendeiros locais perderam seus meios de sustento.

A emissora britânica BBC contabilizou um total de 7.491 ataques dos dois lados da fronteira desde o início do conflito, no ano passado, com Israel realizando cinco vezes mais ataques do que o Hezbollah. Tudo isso causou danos significativos à infraestrutura, incluindo abastecimento de água, eletricidade, telecomunicações e estradas, além de causar mortes entre os funcionários de manutenção e as equipes de emergência.

No sul do Líbano e em Beqaa, quase 500.000 pessoas tiveram de deixar suas residências desde a intensificação da campanha militar de Israel, afirmou o ministro libanês das Relações Exteriores, Abdallah Bou Habib. Ele diz isso se soma que cerca de outras 110.000 pessoas que já estavam desabrigadas. "O aumento dos desabrigados contribui para o desespero e a piora da situação social e econômica do país", diz Nader.

Badaro afirma que a economia libanesa compreende diferentes níveis. Há as pessoas que possuem rendimentos vindos do exterior ou pagamentos indexados no próprio país. Há, então, aqueles que ganham salários fixos e os que não possuem nenhum rendimento, que são os que sofrem enormemente agora.

Entre estes últimos, muitos são empregados do setor turístico, que foi fortemente impactado, diz Badaro. "O setor do turismo está fundamentalmente morto. A maioria das casas noturnas e restaurantes estão à beira da falência, com queda nas atividades de 50%, podendo chegar a 60% ou 70%."

¨      China e Brasil seguem com plano de paz para Ucrânia apesar da ira de Zelensky, diz mídia britânica

Na sexta-feira (27), China e Brasil prosseguiram com um esforço para reunir países em desenvolvimento em torno de um plano para acabar com o conflito na Ucrânia, apesar de Vladimir Zelensky ter rejeitado a iniciativa.

Ao todo, 17 países participaram de uma reunião à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, presidida pelo ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e pelo assessor de política externa do Brasil, Celso Amorim.

Wang disse aos repórteres que eles discutiram a necessidade de evitar a escalada do conflito, evitar o uso de armas de destruição em massa e prevenir ataques a usinas nucleares, segundo a Reuters.

"A Rússia e a Ucrânia são vizinhos que não podem ser afastados um do outro e a amizade é a única opção realista", disse Wang, acrescentando que a comunidade internacional deve apoiar uma conferência de paz envolvendo Moscou e Pequim.

Separadamente, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, discutiu o conflito em Nova York com sua colega brasileiro, Mauro Vieira, informou o ministério russo em seu site.

"Conversamos sobre nossas relações bilaterais e a próxima cúpula do BRICS", disse Vieira sobre o encontro.

Além de Brasil e China, dez países do Sul Global que estavam presentes na reunião de 17 nações, incluindo Indonésia, África do Sul e Turquia, assinaram um comunicado que, segundo Amorim, se baseia em um plano de seis pontos proposto pelo Brasil e pela China em maio.

Os países continuariam a se reunir em Nova York sob o grupo intitulado Amigos pela Paz, acrescentou o ex-chanceler brasileiro.

Zelensky, em um discurso à assembleia na quarta-feira (25), questionou por que a China e o Brasil estavam propondo uma alternativa à sua própria fórmula de paz.

Propor "alternativas, planos de solução pouco entusiasmados, os chamados conjuntos de princípios" só daria a Moscou o espaço político para continuar o conflito, disse o líder ucraniano.

Questionado sobre o comentário de Zelensky, Amorim disse à Reuters: "Não estou aqui para responder nem a Zelensky, nem a Putin, apenas para propor um caminho para a paz".

 

Fonte: Sputnik Brasil/DW Brasil

 

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