Cocaína rosa: a perigosa droga que está
virando moda em festas na Europa
Um coquetel de drogas
sintéticas conhecido como cocaína rosa rapidamente se tornou uma grande
preocupação na Espanha, no Reino Unido e em outras partes da Europa.
No início de setembro,
as autoridades espanholas realizaram sua maior apreensão de drogas sintéticas e
interceptaram uma grande quantidade de cocaína rosa junto com mais de um milhão
de pílulas de ecstasy. A operação teve como alvo redes de distribuição de
drogas em Ibiza e Málaga.
Esta substância
perigosa tem sido associada a um número crescente de mortes relacionadas a
overdose.
A composição
imprevisível e a crescente popularidade da cocaína rosa provocaram apelos de
organizações europeias que trabalham com redução de danos causados por drogas
por ações urgentes para lidar com os riscos que ela representa.
Apesar do nome, a
cocaína rosa não contém necessariamente cocaína. Em vez disso, ela geralmente
traz uma mistura de várias outras substâncias, incluindo MDMA, cetamina e 2C-B.
O MDMA, comumente
conhecido como ecstasy, é um estimulante com propriedades psicodélicas,
enquanto a cetamina é um anestésico poderoso que tem efeitos sedativos e
alucinógenos. Já as drogas 2C são classificadas como psicodélicas, mas também
podem produzir efeitos estimulantes.
Normalmente encontrada
em pó ou pílula, a cocaína rosa é conhecida por sua cor vibrante, que foi
elaborada para conquistar clientes a partir do apelo visual. Ela é colorida
porque traz um corante alimentício. Às vezes, ocorre também a adição de morango
ou alguns aromas.
A forma psicodélica
original da droga data de 1974 e foi sintetizada pela primeira vez pelo
bioquímico americano Alexander Shulgin. Mas a variante moderna surgiu por volta
de 2010 na Colômbia, a partir de uma versão falsificada da fórmula original.
A droga ganhou
popularidade nas festas e baladas da América Latina e agora se espalhou para a
Europa. Os nomes comuns para a cocaína rosa variam muito. Alguns a chamam de
"cocaína rosada", "tuci", "Vênus" ou
"Eros".
• Roleta russa
A cocaína rosa que
circula atualmente é uma mistura imprevisível de substâncias —e é aí que reside
grande parte do seu perigo.
Os usuários geralmente
esperam um estimulante semelhante à cocaína, mas a adição de cetamina pode
trazer sérios riscos à saúde. O abuso de cetamina, que está amplamente
disponível como uma droga recreativa, pode levar à inconsciência ou dificultar
a respiração. Isso, claro, aumenta os perigos potenciais da cocaína rosa.
A aparência atraente e
o status de "droga feita sob medida" contribuíram para o apelo da
cocaína rosa, especialmente entre jovens e usuários iniciantes.
Isso reflete o
fascínio histórico relacionado a drogas como a cocaína e o MDMA — e também
destaca uma tendência persistente de glamourização de certas substâncias,
apesar dos riscos relacionados.
Especialistas comparam
o uso de cocaína rosa a jogar roleta russa, numa alusão à natureza imprevisível
e perigosa dessa substância.
A droga se espalhou de
Ibiza para o Reino Unido, e há evidências de que ganhou força na Escócia,
partes do País de Gales e na Inglaterra. Do outro lado do Atlântico, a cidade
de Nova York, nos EUA, também viu um aumento na disponibilidade deste produto nos
últimos tempos.
Autoridades de saúde
em toda a Europa estão em alerta. A cocaína rosa é difícil de detectar por meio
dos testes de drogas mais comuns, particularmente na Espanha, que ainda não
possui todos os aparatos para identificar todos os componentes dessa droga.
A cocaína rosa é
vendida por cerca de US$ 100 o grama (cerca de R$ 550) na Espanha. Ela costuma
ser comercializada como um produto de alta qualidade.
• Redução de danos
Uma das necessidades
mais urgentes destacadas pelo aumento da popularidade da cocaína rosa se
concentra nos serviços de verificação de drogas.
Os kits que avaliam
quais substâncias estão presentes naquela composição representam uma ferramenta
importante de redução de danos para pessoas que querem saber aquilo que vão
consumir.
Esses kits podem
ajudar os usuários a identificar componentes desconhecidos e, com isso, servem
como uma camada de proteção em um ambiente de alto risco.
Meu próprio trabalho
mostra o quão vitais são essas ferramentas de redução de danos. Campanhas de
conscientização pública e serviços de apoio também são uma parte importante
desse universo.
A crescente
popularidade da cocaína rosa é um lembrete gritante do cenário em constante
mudança das drogas ilícitas, onde a estética, as tendências de mídia social e o
comportamento de risco podem se combinar para criar novas ameaças.
Embora a tonalidade
rosa e o rótulo de "droga feita sob medida" possam atrair um público
mais jovem, a mistura imprevisível de produtos químicos representa um perigo
sério e crescente.
À medida que a cocaína
rosa continua a se espalhar pela Europa e além, é crucial que as autoridades,
os serviços de saúde e o público estejam preparados para lidar com os riscos
que ela representa.
Fonte: Por Joseph
Janes, para The Conversation
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