Cardiologista ensina 9 segredos para
prevenir pressão alta
A pressão alta, ou
hipertensão, é uma doença que ataca os vasos sanguíneos e pode comprometer o
funcionamento de vários órgãos, como coração, cérebro e rins. Aliás, sem o
diagnóstico e tratamento adequados, a condição pode ser fatal.
Ao aferir a pressão
arterial, o ideal é que os marcadores fiquem próximos de 120 por 80 mmHg. No
entanto, quando o número é igual ou maior do que 140 por 90 mmHg, considera-se
que o paciente está com a pressão alta.
E o grande problema é
que a hipertensão não costuma provocar grandes sintomas. Segundo o Dr. Celso
Amodeo, cardiologista do sono e especialista em hipertensão arterial do Hcor,
chamamos a doença de 'inimigo silencioso' porque ela provoca danos no organismo
sem dar sinais.
"São cerca de 300
mil mortes registradas por ano no Brasil devido às doenças no coração e
cérebro, segundo o Ministério da Saúde. Por conta desses quadros, podemos
certificar que 80% dos óbitos por acidente vascular cerebral (AVC) e 60% dos
infartos agudos do miocárdio foram causados pela pressão arterial
elevada", revela o cardiologista.
<><> 9
dicas para prevenir a pressão alta
Pensando nos altos
riscos, o Dr. Amodeo ensina 9 maneiras de evitar o desenvolvimento da
hipertensão. Confira:
Manter uma alimentação
saudável e equilibrada;
Consumir pouco sal;
Praticar exercícios
físicos;
Não fumar;
Reduzir a ingestão de
bebidas alcoólicas;
Ter uma boa qualidade
de sono;
Usar
anti-inflamatórios não hormonais apenas com prescrição médica;
Fugir de pílulas
anticoncepcionais;
Evitar sprays nasais
com vasoconstritores.
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Diagnóstico
Mas, mesmo seguindo à
risca todas essas recomendações, ainda é possível que, por algum outro motivo,
o seu organismo desenvolva uma hipertensão arterial. Por isso, as consultas
médicas e a realização de exames são fundamentais para identificar um possível
problema ainda no início e aumentar as chances de reverter o quadro.
"Temos casos de
hipertensão noturna, durante o sono, que também trazem um risco cardiovascular
aumentado aos pacientes, mesmo quando a pressão arterial de vigília está dentro
dos valores aceitáveis. Devido às diversas causas da pressão alta, a conduta é
baseada em múltiplos medicamentos que agem em diferentes sistemas do
organismo", finaliza o Dr. Amodeo.
• Especialista destaca relevância da
semaglutida na saúde cardiovascular
Em entrevista
exclusiva ao Correio, Michael Lincoff, pesquisador da Cleveland Clinic, nos
Estados Unidos, destacou a relevância da semaglutida no cenário cardiovascular.
À frente de uma série
de pesquisas em curso, ele ressaltou que a análise avaliou indivíduos de
distintas etnias, idades, gêneros e graus de sobrepeso ou obesidade, além de
representação geográfica. A seguir, os principais trechos da entrevista.
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Leia a entrevista
<><> Como
o senhor avalia a eficiência a longo prazo dessa medicação na melhoria dos
resultados cardiovasculares em uma população diversificada?
O estudo que
conduzimos foi representativo de uma população global. Tinha uma diversidade
considerável em termos de etnias, idades, gêneros e graus de sobrepeso ou
obesidade, além de representação geográfica. Acreditamos que isso é relevante.
Os pacientes tinham doenças cardiovasculares preexistentes ou eram obesos. A
eficácia em pacientes sem doenças cardiovasculares ainda precisa ser confirmada
em outros ensaios, mas os resultados sugerem benefícios a longo prazo para
aqueles que avaliamos, com um acompanhamento de até 40 meses, o que é bastante
longo para ensaios clínicos desse tipo. Observamos benefícios contínuos em
relação às complicações cardiovasculares, indicando que os efeitos positivos
podem se manter ao longo do tempo.
<><> Como
esses mecanismos se comparam a outros medicamentos para perda de peso?
Não existem outras
medicações para perda de peso tão eficazes quanto essa classe de medicamentos,
os agonistas do receptor GLP-1. Os outros medicamentos utilizados anteriormente
tiveram efeitos modestos e não mostraram impacto nos resultados cardiovasculares.
O mecanismo é complexo; esses medicamentos têm efeitos em vários tecidos do
corpo. Os efeitos positivos estão relacionados a múltiplos mecanismos,
incluindo perda de peso, redução da inflamação e melhor controle glicêmico. No
entanto, conseguimos medir apenas 30 a 40% dos efeitos; muitos deles ainda não
são totalmente compreendidos e podem incluir efeitos diretos no tecido do
coração e nos vasos sanguíneos.
<><> Como
os clínicos devem equilibrar os potenciais benefícios cardiovasculares com os
riscos de efeitos adversos em pacientes com condições de saúde preexistentes?
Aprendemos que essa
medicação é muito segura. O estudo foi o maior realizado por um longo período,
e não vimos um aumento em eventos adversos graves. Embora alguns pacientes
relatem intolerância gastrointestinal, isso pode ser gerenciado com titulação
lenta da dose. Em termos de segurança, a margem é favorável. A questão mais
relevante agora é a disponibilidade e o custo da medicação, que é alta e pode
ser um desafio para os sistemas de saúde.
<><> Como
o senhor prevê o papel dessa medicação no contexto mais amplo do manejo da
obesidade e da prevenção de doenças cardiovasculares nos próximos anos?
À medida que
adquirimos mais experiência, veremos mais evidências sobre os efeitos em
populações gerais. Esperamos dados sobre doenças isquêmicas do coração e
insuficiência cardíaca, que são muito importantes. Também devemos aprender mais
sobre os efeitos renais. Essa medicação pode impactar positivamente a
aterosclerose, a insuficiência cardíaca e as doenças renais. Com novos remédios
que afetem múltiplos receptores, podemos alcançar perdas de peso semelhantes às
da cirurgia bariátrica, o que proporcionará uma variedade de opções para os
pacientes, dependendo do seu nível de sobrepeso ou obesidade e comorbidades.
<><> Qual
a responsabilidade dos cardiologistas frente a essa nova janela de
oportunidade?
Como cardiologistas,
temos a responsabilidade de gerenciar essas condições. Anteriormente,
dependíamos de endocrinologistas para lidar com os níveis de colesterol. Agora,
consideramos o manejo do colesterol uma parte essencial do que fazemos. Assim,
essa nova medicação se torna mais uma responsabilidade que devemos assumir na
gestão dos fatores de risco cardiovasculares.
Fonte: Saúde em
Dia/Correio Braziliense
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