terça-feira, 24 de setembro de 2024

Cardiologista ensina 9 segredos para prevenir pressão alta

A pressão alta, ou hipertensão, é uma doença que ataca os vasos sanguíneos e pode comprometer o funcionamento de vários órgãos, como coração, cérebro e rins. Aliás, sem o diagnóstico e tratamento adequados, a condição pode ser fatal.

Ao aferir a pressão arterial, o ideal é que os marcadores fiquem próximos de 120 por 80 mmHg. No entanto, quando o número é igual ou maior do que 140 por 90 mmHg, considera-se que o paciente está com a pressão alta.

E o grande problema é que a hipertensão não costuma provocar grandes sintomas. Segundo o Dr. Celso Amodeo, cardiologista do sono e especialista em hipertensão arterial do Hcor, chamamos a doença de 'inimigo silencioso' porque ela provoca danos no organismo sem dar sinais.

"São cerca de 300 mil mortes registradas por ano no Brasil devido às doenças no coração e cérebro, segundo o Ministério da Saúde. Por conta desses quadros, podemos certificar que 80% dos óbitos por acidente vascular cerebral (AVC) e 60% dos infartos agudos do miocárdio foram causados pela pressão arterial elevada", revela o cardiologista.

<><> 9 dicas para prevenir a pressão alta

Pensando nos altos riscos, o Dr. Amodeo ensina 9 maneiras de evitar o desenvolvimento da hipertensão. Confira:

Manter uma alimentação saudável e equilibrada;

Consumir pouco sal;

Praticar exercícios físicos;

Não fumar;

Reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas;

Ter uma boa qualidade de sono;

Usar anti-inflamatórios não hormonais apenas com prescrição médica;

Fugir de pílulas anticoncepcionais;

Evitar sprays nasais com vasoconstritores.

<><> Diagnóstico

Mas, mesmo seguindo à risca todas essas recomendações, ainda é possível que, por algum outro motivo, o seu organismo desenvolva uma hipertensão arterial. Por isso, as consultas médicas e a realização de exames são fundamentais para identificar um possível problema ainda no início e aumentar as chances de reverter o quadro.

"Temos casos de hipertensão noturna, durante o sono, que também trazem um risco cardiovascular aumentado aos pacientes, mesmo quando a pressão arterial de vigília está dentro dos valores aceitáveis. Devido às diversas causas da pressão alta, a conduta é baseada em múltiplos medicamentos que agem em diferentes sistemas do organismo", finaliza o Dr. Amodeo.

 

•        Especialista destaca relevância da semaglutida na saúde cardiovascular

Em entrevista exclusiva ao Correio, Michael Lincoff, pesquisador da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, destacou a relevância da semaglutida no cenário cardiovascular.

À frente de uma série de pesquisas em curso, ele ressaltou que a análise avaliou indivíduos de distintas etnias, idades, gêneros e graus de sobrepeso ou obesidade, além de representação geográfica. A seguir, os principais trechos da entrevista.

>>>>> Leia a entrevista

<><> Como o senhor avalia a eficiência a longo prazo dessa medicação na melhoria dos resultados cardiovasculares em uma população diversificada?

O estudo que conduzimos foi representativo de uma população global. Tinha uma diversidade considerável em termos de etnias, idades, gêneros e graus de sobrepeso ou obesidade, além de representação geográfica. Acreditamos que isso é relevante. Os pacientes tinham doenças cardiovasculares preexistentes ou eram obesos. A eficácia em pacientes sem doenças cardiovasculares ainda precisa ser confirmada em outros ensaios, mas os resultados sugerem benefícios a longo prazo para aqueles que avaliamos, com um acompanhamento de até 40 meses, o que é bastante longo para ensaios clínicos desse tipo. Observamos benefícios contínuos em relação às complicações cardiovasculares, indicando que os efeitos positivos podem se manter ao longo do tempo.

<><> Como esses mecanismos se comparam a outros medicamentos para perda de peso?

Não existem outras medicações para perda de peso tão eficazes quanto essa classe de medicamentos, os agonistas do receptor GLP-1. Os outros medicamentos utilizados anteriormente tiveram efeitos modestos e não mostraram impacto nos resultados cardiovasculares. O mecanismo é complexo; esses medicamentos têm efeitos em vários tecidos do corpo. Os efeitos positivos estão relacionados a múltiplos mecanismos, incluindo perda de peso, redução da inflamação e melhor controle glicêmico. No entanto, conseguimos medir apenas 30 a 40% dos efeitos; muitos deles ainda não são totalmente compreendidos e podem incluir efeitos diretos no tecido do coração e nos vasos sanguíneos.

<><> Como os clínicos devem equilibrar os potenciais benefícios cardiovasculares com os riscos de efeitos adversos em pacientes com condições de saúde preexistentes?

Aprendemos que essa medicação é muito segura. O estudo foi o maior realizado por um longo período, e não vimos um aumento em eventos adversos graves. Embora alguns pacientes relatem intolerância gastrointestinal, isso pode ser gerenciado com titulação lenta da dose. Em termos de segurança, a margem é favorável. A questão mais relevante agora é a disponibilidade e o custo da medicação, que é alta e pode ser um desafio para os sistemas de saúde.

<><> Como o senhor prevê o papel dessa medicação no contexto mais amplo do manejo da obesidade e da prevenção de doenças cardiovasculares nos próximos anos?

À medida que adquirimos mais experiência, veremos mais evidências sobre os efeitos em populações gerais. Esperamos dados sobre doenças isquêmicas do coração e insuficiência cardíaca, que são muito importantes. Também devemos aprender mais sobre os efeitos renais. Essa medicação pode impactar positivamente a aterosclerose, a insuficiência cardíaca e as doenças renais. Com novos remédios que afetem múltiplos receptores, podemos alcançar perdas de peso semelhantes às da cirurgia bariátrica, o que proporcionará uma variedade de opções para os pacientes, dependendo do seu nível de sobrepeso ou obesidade e comorbidades.

<><> Qual a responsabilidade dos cardiologistas frente a essa nova janela de oportunidade?

Como cardiologistas, temos a responsabilidade de gerenciar essas condições. Anteriormente, dependíamos de endocrinologistas para lidar com os níveis de colesterol. Agora, consideramos o manejo do colesterol uma parte essencial do que fazemos. Assim, essa nova medicação se torna mais uma responsabilidade que devemos assumir na gestão dos fatores de risco cardiovasculares.

 

Fonte: Saúde em Dia/Correio Braziliense

 

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