“Atletas de fim de semana” têm menor risco de ter 264 doenças, diz estudo
Pessoas que treinam só
aos finais de semana — conhecidos popularmente como “atletas de fim de semana”
— podem obter os mesmos benefícios com a prática que aqueles que treinam em
mais dias. Um novo estudo mostrou que essas pessoas podem estar protegidas do
risco de desenvolver 264 doenças no futuro, sendo tão eficaz para essa proteção
quanto exercícios físicos mais distribuídos ao longo da semana.
Os resultados do
estudo foram publicados nesta quinta-feira (26) na revista Circulation e foram
lideradas por pesquisadores do Massachusetts General Hospital, um membro
fundador do sistema de saúde Mass General Brigham, nos Estados Unidos.
Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), são recomendados, pelo menos, 150 minutos de atividade
física moderada a vigorosa por semana para a saúde geral. Recentemente,
diversos estudos têm tentando descobrir se pessoas que treinam apenas aos
finais de semana — devido a uma rotina rigorosa de trabalho e tarefas durante a
semana — se beneficiam com os exercícios físicos da mesma forma que aqueles que
conseguem distribuir esses 150 minutos ao longo de vários dias da semana.
Os pesquisadores do
atual estudo analisaram informações sobre 89.573 pessoas que estavam inscritas
no UK Biobank, um grande banco de dados de saúde do Reino Unido. Essas pessoas
usaram acelerômetros — dispositivos que medem a aceleração ou vibração de um
movimento, bastante comuns em smartphones e em smartwatches — de pulso que
registraram o total de atividade física realizada e o tempo gasto em diferentes
intensidades de exercício ao longo da semana.
Os padrões dessas
atividades físicas dos participantes foram categorizados como “guerreiro de fim
de semana“, “regular” ou “inativo”, usando como limite as diretrizes da OMS de
150 minutos de atividade física semanal. Em seguida, a equipe procurou associações
entre padrões de atividade física e incidência de 678 condições em 16 tipos de
doenças, incluindo saúde mental, digestiva, neurológica e outras categorias.
Segundo os
pesquisadores, tanto o padrão de “guerreiro de fim de semana” quanto o padrão
regular foi associado a riscos substancialmente menores de desenvolver mais de
200 doenças no futuro em comparação à inatividade — principalmente para
condições cardiometabólicas, como hipertensão (risco 23% e 28% menor,
respectivamente) e diabetes (43% e 46%, respectivamente).
“A atividade física é
conhecida por afetar o risco de muitas doenças”, comenta o coautor sênior do
estudo, Shaan Khurshid, membro do corpo docente do Demoulas Center for Cardiac
Arrhythmias no Massachusetts General Hospital, em comunicado. “Aqui, mostramos
os benefícios potenciais da atividade de guerreiro de fim de semana para o
risco não apenas de doenças cardiovasculares, como mostramos no passado, mas
também de doenças futuras abrangendo todo o espectro, variando de condições
como doença renal crônica a transtornos de humor e além”.
Segundo Khurshid, as
descobertas do estudo “foram consistentes em muitas definições diferentes de
atividade guerreira de fim de semana, bem como em outros limites usados para
categorizar pessoas como ativas”. Além disso, o autor acredita que intervenções
futuras podem garantir a eficácia da atividade física concentrada em poucos
dias para melhorar a saúde pública, além de encorajar pacientes a se envolverem
em atividades físicas em padrões que funcionam melhor para suas rotinas.
• Exercício pode ajudar a acumular gordura
de um jeito saudável, sugere estudo
O exercício físico não
apenas ajuda a perder gordura, mas também pode promover um acúmulo mais saudável
de gordura, conforme aponta com um novo estudo.
“Viver um estilo de
vida fisicamente ativo, exercitar-se regularmente ao longo do tempo, torna
nosso tecido adiposo um lugar mais receptivo para armazenar energia extra em
condições de ganho de peso”, disse o autor sênior do estudo, Jeffrey Horowitz,
professor de estudos do movimento na escola de cinesiologia da Universidade de
Michigan.
Para ver como o
exercício impacta o tecido adiposo, os pesquisadores compararam a gordura logo
abaixo da pele de dois grupos de 16 pessoas com obesidade: aqueles que
relataram fazer exercícios pelo menos quatro vezes por semana por no mínimo 2
anos e aqueles que não se exercitavam regularmente, conforme o estudo publicado
na terça-feira (10) na revista Nature Metabolism.
Quem tinha histórico
de exercícios regulares apresentava células com características que aumentavam
a capacidade de armazenar gordura — maior quantidade de vasos sanguíneos,
composição de proteínas e menos células inflamatórias, disse Horowitz.
É importante que o
tecido adiposo sob a pele tenha maior capacidade para que, se uma pessoa ganhar
peso, ele possa ir para lá em vez de locais mais perigosos, como o coração ou o
fígado, acrescentou.
“Infelizmente, a
maioria de nós, até mesmo os que se exercitam regularmente, ganham peso à
medida que envelhecem”, afirmou. “Se tivermos uma maior capacidade de armazenar
isso no nosso tecido adiposo, menos irá para o fígado, menos irá para o
coração, menos irá para todos esses outros lugares que, em excesso, podem ser
realmente problemáticos.”
Este estudo mostra que
os pesquisadores precisam aprender mais sobre o tecido adiposo e como ele está
relacionado à saúde metabólica e às mudanças no estilo de vida, disse o Andrew
Freeman, diretor de prevenção cardiovascular e bem-estar no National Jewish
Health em Denver. Ele não participou deste estudo.
“Estar acima do peso
pode não ser toda a história”, disse ele.
<><> Um
tecido adiposo melhor
Muitas pessoas têm uma
reação imediata negativa à palavra “gordura”. Mas isso nem sempre é útil, disse
Horowitz.
“O tecido adiposo é
muito, muito importante para a saúde”, disse ele. “Na verdade, ele é um
importante reservatório da nossa energia extra.”
Antes, acreditava-se
que o tecido adiposo servia apenas para armazenar energia, mas os pesquisadores
estão começando a descobrir que ele tem muitas outras funções, disse Freeman.
“Faz sentido ter algum grau de gordura para ter uma reserva, mas não a ponto de
chegar ao nível típico dos americanos”, acrescentou.
O objetivo não é ter
mais tecido adiposo, mas sim uma maior capacidade de armazená-lo, disse
Horowitz. O tecido adiposo deve ser armazenado sob a pele, e se ele não puder
ir para lá, ele irá para outros lugares como o fígado, coração ou pâncreas,
acrescentou. Mais gordura nesses órgãos prejudica o bom funcionamento deles,
disse Horowitz.
<><>
Recomendações de exercícios
A principal conclusão
do estudo é que um armazenamento de gordura mais saudável é apenas mais um bom
motivo para levar uma vida fisicamente ativa, disse Horowitz.
“Não estamos mudando a
recomendação, mas estamos ampliando o entendimento de por que é útil se
exercitar”, afirmou ele.
Se você quiser
começar, Freeman recomenda experimentar o exercício logo pela manhã.
“Funciona como um
estimulante natural, tão bem quanto o café em muitos casos”, disse ele. E você
não precisa se preocupar em ir ou pagar por uma academia.
“Existem muitas
maneiras de se exercitar, e descobrir uma forma de fazer isso parte da rotina
diária, para que se torne um hábito, é o mais importante de tudo”, acrescentou
Freeman.
O objetivo é conseguir
30 minutos diários de atividade intensa que te deixe ofegante, mas você pode
começar apenas caminhando ao redor do quarteirão, ele disse.
“Claro, você deve
consultar seu médico primeiro para garantir que seja seguro”, acrescentou
Freeman.
Fonte: CNN Brasil
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