quarta-feira, 18 de setembro de 2024

"Ajuste fiscal não será feito às custas dos mais pobres e bilionários devem ser tributados", diz Haddad

Em entrevista concedida ao programa Bom Dia, Ministro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, abordou o cenário fiscal brasileiro e destacou a importância de reequilibrar as contas públicas, mas sem comprometer o salário mínimo ou os programas sociais, como o Bolsa Família. A entrevista trouxe uma série de reflexões sobre o papel das grandes empresas no pagamento de impostos e as reformas estruturais que estão em andamento no país.

Desde 2015, segundo Haddad, o Brasil vive um processo de desajuste fiscal, agravado pela queda no ranking mundial das maiores economias do mundo. "Nós passamos de sexta para a 12ª economia do mundo. Hoje já somos a oitava novamente, e estamos a duas posições de recuperar o recorde do governo Lula", afirmou o ministro, em uma fala que reflete o otimismo em relação à recuperação econômica.

<><> Ajuste fiscal e equilíbrio

Haddad enfatizou a necessidade de um ajuste fiscal criterioso. Segundo ele, o processo deve ser feito sem sobrecarregar os que mais precisam da ajuda do Estado. "Você deixa uma grande empresa 10 anos sem pagar imposto e, para equilibrar as contas, vai em cima do salário mínimo? Não pode ser assim. Tem que acabar com esses 'jabutis'", declarou o ministro, criticando os privilégios concedidos a grandes corporações.

Ele ressaltou que o governo tem buscado apoio do Congresso para promover ajustes fiscais que sejam justos, de forma a garantir que todos contribuam de maneira proporcional à sua capacidade. Segundo o ministro, não há "lobby de pobre" em Brasília, mas o setor empresarial tem grande influência sobre as decisões políticas. "É um inferno. Temos que acabar com esses lobbies empresariais", acrescentou.

<><> Geração de empregos e crescimento econômico

Entre os destaques positivos, Haddad apontou a geração de mais de 1,5 milhão de empregos em poucos meses, fato que, segundo ele, tem contribuído para o crescimento econômico previsto em 3% para este ano. "Estamos batendo recorde de geração de empregos. Hoje o problema não é demanda, mas oferta de mão de obra. Empresários de diversos setores estão com dificuldade de contratar", afirmou.

Ele também comentou sobre a deflação registrada no último mês e como a combinação de baixa inflação e alto nível de empregos coloca o Brasil em uma das melhores posições históricas do ponto de vista econômico.

<><> Reformas estruturais e desafios

O ministro destacou que, além do ajuste fiscal, o governo está comprometido em realizar reformas estruturais de longo prazo, como a tributária e a do novo arcabouço fiscal. Ele lembrou que a reforma tributária estava em discussão há mais de 40 anos, mas só agora foi possível avançar. "Conseguimos fazer a maior reforma tributária dentro do regime democrático, o que é uma vitória histórica", celebrou.

No entanto, Haddad não minimizou os desafios à frente. Ele destacou que a economia global enfrenta incertezas, desde mudanças climáticas a tensões geopolíticas, e que o Brasil deve continuar atento. "Economia é como uma estrada. Você nunca sabe o que vai encontrar na próxima curva. O PIB pode crescer, mas há muitas variáveis fora do nosso controle", alertou.

<><> Tributação das grandes fortunas

Durante a entrevista, Haddad também abordou um tema polêmico: a tributação das grandes fortunas. Embora considere a medida justa, o ministro reconheceu as dificuldades práticas de implementá-la em nível nacional, citando a possibilidade de evasão fiscal e mudança de domicílio dos mais ricos. Por isso, o governo brasileiro levou a proposta ao G20, sugerindo que a tributação seja feita de forma internacional. "Se você tem bilhões de dólares, deve ser tributado, independentemente do país em que reside", explicou.

Com um tom otimista, o ministro reforçou que o governo está comprometido em ajustar as contas públicas sem sacrificar os mais vulneráveis, ao mesmo tempo em que busca reformar setores estratégicos para garantir o crescimento sustentável e equilibrado do país. "Temos muitos desafios, mas também muitas oportunidades pela frente", concluiu Haddad, deixando uma mensagem de esperança em relação ao futuro econômico do Brasil. 

<><> Haddad reconhece dificuldade em implementar taxação de super-ricos: 'tem fuga de capital, mudança de domicílio fiscal'

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, relatou nesta quinta-feira (12) dificuldades para implementar a taxação dos super-ricos no mundo. O titular da pasta defendeu a importância de atuação de órgãos de controle em nível internacional, para evitar crimes fiscais e, por consequência, assegurar que uma possível taxação de grandes volumes de dinheiro tenha efeito prático, seja dentro ou fora do Brasil.

De acordo com o titular da pasta, as tentativas anteriores de taxar fortunas "nem sempre produziram os melhores resultados". "Não porque seja injusto, mas porque, do ponto de vista prático, você tem fuga de capital, mudança de domicílio fiscal", disse ele em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, da TV Brasil.

Na entrevista, Haddad reforçou a necessidade de apoio entre vários países para que a proposta dê certo. "Quando você tenta cercar por um lado, o contribuinte foge por outro. Você tem vários magnatas brasileiros que fizeram planejamento tributário para não pagar [tributos]".

¨      "Não tem lobby de pobre em Brasília", diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez duras críticas à atuação de lobbies empresariais em Brasília e defendeu uma reforma fiscal mais justa, durante uma entrevista divulgada pelo canal "Cortes 247" no YouTube. Segundo Haddad, grandes empresas têm sido favorecidas há mais de uma década com isenções fiscais, enquanto as classes menos favorecidas arcam com o peso do ajuste nas contas públicas.

"Deixa uma grande empresa 10 anos sem pagar imposto e, para fazer o ajuste fiscal, o foco acaba sendo no salário mínimo, no Bolsa Família. Alguém tem que pagar a conta, e é isso que estamos tentando corrigir", desabafou o ministro. Ele enfatizou que o desequilíbrio fiscal no Brasil, presente desde 2015, prejudicou o crescimento econômico do país, levando-o a perder posições no ranking mundial das maiores economias. "O Brasil era a sexta maior economia do mundo e caiu para a 12ª. Agora estamos subindo novamente e já somos a oitava", disse Haddad.

Ao destacar a necessidade de uma gestão fiscal equilibrada, Haddad apontou que é essencial manter uma postura criteriosa na revisão de contas públicas, para garantir que a população mais vulnerável, que depende das oportunidades oferecidas pelo Estado, não seja prejudicada. Ele ressaltou que grandes corporações que não têm contribuído adequadamente precisam voltar a pagar seus impostos. "Não tem lobby de pobre em Brasília. O que existe é lobby de empresas, de escritórios de advocacia. Isso precisa acabar", declarou o ministro.

<><> Ajuste fiscal com justiça social

Haddad afirmou que a equipe econômica do governo está empenhada em encerrar o ciclo de desorganização fiscal que marcou a última década, muitas vezes alimentado por pressões empresariais. "Nós estamos conversando com o Congresso para colocar um fim nos 'jabutis' e na 'pauta-bomba'. Isso precisa acabar. Precisamos de mais transparência e de apoio a quem realmente precisa", argumentou.

O ministro reconheceu que algumas áreas da economia, como indústrias nascentes e setores estratégicos, ainda precisam de incentivos, mas destacou que o país também precisa encontrar um caminho de equilíbrio. Ele elogiou o desempenho do agronegócio brasileiro, que recentemente se consolidou como o maior exportador mundial de produtos alimentícios industrializados. "O Brasil se tornou um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Agora, precisamos equilibrar nossas contas e continuar gerando empregos", afirmou.

<><> Expectativa otimista para a economia brasileira

Fernando Haddad demonstrou otimismo quanto ao futuro da economia brasileira, mencionando os números positivos da geração de empregos nos primeiros sete meses do ano. "Geramos 1,5 milhão de empregos em sete meses, um recorde. Hoje, nosso problema não é demanda, mas oferta de mão de obra. Empresários de diversos setores estão com dificuldades para contratar, e isso mostra que estamos no caminho certo", disse.

Com uma projeção de crescimento econômico superior a 3% para o ano, Haddad acredita que o Brasil está em um momento propício para realizar as correções necessárias na política econômica. Ele reforçou que é crucial manter o foco na redução das taxas de juros, a fim de garantir a sustentabilidade da dívida interna e permitir que o país volte a crescer acima da média mundial. "Nós já acumulamos reservas cambiais desde o período do presidente Lula, não temos dívida externa, e agora precisamos controlar nossa dívida interna", comentou.

Ao final da entrevista, Haddad destacou que, apesar dos desafios, está confiante de que o país vai superar as dificuldades. "Estou otimista com a economia brasileira. Temos tudo para voltar a crescer, sem subestimar os problemas e desafios que enfrentamos", concluiu.

 

¨      “Temos uma elite econômica malthusiana que não acredita no Brasil”, afirma Renato Janine Ribeiro

Em entrevista ao canal Tutaméia, Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação e atual presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), teceu duras críticas à elite econômica brasileira, classificando-a como “malthusiana” — uma referência à teoria de Thomas Malthus, que previa o crescimento populacional desproporcional aos recursos alimentares. Segundo Ribeiro, essa elite não acredita no Brasil e age de maneira predatória, explorando recursos e comprometendo o futuro do país.

“Nós temos no Brasil uma elite econômica que não acredita no Brasil, uma elite malthusiana”, afirmou o ex-ministro, em alusão ao comportamento dessa classe, que prioriza seus interesses à custa da sustentabilidade e do bem-estar coletivo. “Essa elite não crê que o Brasil possa ir para frente, não acredita que o país possa dar certo”, completou.

<><> Desastre ambiental e irresponsabilidade governamental

Ribeiro destacou o impacto das queimadas e da destruição ambiental, particularmente na Amazônia, ressaltando o caráter criminoso de muitos incêndios florestais. Para ele, a destruição da floresta em prol da expansão agrícola e pecuária revela uma postura negligente e assassina em relação ao meio ambiente.

“O que estamos vendo é uma tragédia evitável. Muitas das queimadas são feitas de maneira irresponsável para expandir a soja ou o gado, atividades que não precisam destruir a natureza para prosperar”, declarou. Em tom de desabafo, acrescentou: “Hoje, viver no Brasil é sentir na pele os efeitos dessa destruição. Recentemente, em uma viagem por várias regiões do país, a seca e a fumaça eram onipresentes”.

Ribeiro também mencionou a falta de ações efetivas do governo de Jair Bolsonaro em proteger o meio ambiente, citando a infame declaração do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre "passar a boiada" enquanto a atenção estava voltada para a pandemia de COVID-19.

<><> Educação e ciência em risco

O ex-ministro também alertou sobre o ataque às instituições científicas e educacionais durante o governo Bolsonaro, enfatizando o papel crucial da ciência na proteção ambiental e no desenvolvimento do Brasil. “A ciência previu o que estamos vivendo. É assustador que, mesmo com todo o conhecimento disponível, continuemos em um caminho de destruição”, disse Ribeiro.

O ataque à ciência, segundo ele, não se limita ao Brasil. Em uma de suas observações mais incisivas, Ribeiro apontou o fenômeno global de desinformação, que atingiu seu ápice durante a pandemia de COVID-19, mas que continua a ameaçar o desenvolvimento da ciência e da educação. “Vivemos num período em que as fake news são usadas como arma para desacreditar a ciência e promover políticas destrutivas”, lamentou.

<><> Esperança na reconstrução

Apesar das críticas, Ribeiro demonstrou otimismo com a eleição de Lula e a nomeação de Marina Silva para o Ministério do Meio Ambiente. Segundo ele, a nomeação de Marina simboliza uma oportunidade de reconstruir a política ambiental do país e recolocar o Brasil no caminho da sustentabilidade.

“O Brasil tem tudo para ser uma potência ambiental. Temos uma biodiversidade única e cientistas brilhantes. O que precisamos é de uma elite comprometida com o futuro do país, e não apenas com seus lucros imediatos”, concluiu.

O ex-ministro encerrou a entrevista reforçando a importância da mobilização social e de uma grande campanha em defesa da justiça fiscal e social, defendendo um sistema de impostos mais progressivo que contribua para o crescimento sustentável do Brasil.

<><> Uma elite desconectada do povo e do meio ambiente

Ribeiro destacou que, enquanto países desenvolvidos avançam em direção a energias renováveis e preservação ambiental, a elite brasileira parece fixada em modelos ultrapassados de exploração. Ele lamentou o retrocesso nas políticas de incentivo à ciência e à inovação, mencionando o desmonte de estaleiros e projetos de trens de alta velocidade, que poderiam ter colocado o Brasil no cenário global de inovação.

A fala de Renato Janine Ribeiro reflete uma crítica profunda ao estado atual das políticas públicas no Brasil, especialmente no que tange ao meio ambiente e à ciência, reforçando a necessidade de mudança e de um olhar voltado para o futuro do país.

 

Fonte: Brasil 247

 

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