quinta-feira, 19 de setembro de 2024

614 páginas nomeiam 34 mil vítimas do genocídio nazisionista

Os dados são das pessoas assassinadas e identificadas até o dia 31 de agosto. Há outras 6.908 pessoas mortas e que não foram identificadas e 10 mil desaparecidas, o que totaliza um número de 51.252. Os trabalhadores continuam, em meio aos escombros e bombardeios no estreito território palestino cercado, a identificar e organizar minuciosamente as outras vítimas.

Um esforço titânico de médicos, enfermeiros e trabalhadores do governo palestino em Gaza impediu que 34.344 pessoas mortas na Faixa fossem apenas números em uma lista sangrenta que contabiliza o genocídio sionista. Nome por nome das vítimas mortas até o dia 31 de agosto foram listados em um documento, divulgado no dia 16 de setembro pelo Ministério da Saúde palestino em Gaza.

Há outras 6.908 pessoas mortas, mas que não foram identificadas, e 10 mil desaparecidas, o que totaliza um número de 51.252. Os trabalhadores continuam, em meio aos escombros e bombardeios no estreito território palestino cercado, a procurar, identificar e organizar minuciosamente essas vítimas.

Dos identificados, nome por nome e idade por idade foram listados em documentos, por fim organizados em um relatório de 614 páginas. As primeiras páginas listam nomes de crianças com menos de um ano. Bebês. São, ao todo, 14 páginas que reúnem a identificação de 712 crianças. “Não existe paralelo de um número tão alto de crianças mortas em conflito armado”, diz o pesquisador Caio Porto, doutorando na Universidade de Brasília (UnB) e integrante do Centro Internacional de Estudos Árabes e Islâmicos (CEAI-UFS). 

“Essa matança de crianças em escala industrial mostra que há um plano de extermínio, combinado com a matança, também maior da história, de mulheres”, comenta Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal). “Há um plano sionista colonial de colapsar a capacidade reprodutiva do povo palestino. É um extermínio a prazo”. 

O plano envolve também o assassinato de mulheres grávidas, a destruição de hospitais com capacidade para realizar parto e o bloqueio da entrada de medicamentos necessários para o procedimento. 

O relatório do Ministério da Saúde palestino em Gaza detalha outros 11.983 menores de 18 anos e 2.955 idosos. As últimas onze páginas do relatório listam os nomes de vítimas entre 77 e 101 anos de idade, nascidas antes mesmo da decisão da ONU de fundar o Estado de Israel.

A quantidade absurda de mortes ultrapassa o assassinato em massa cometido pelas hordas hitlerianas na Segunda Guerra Mundial. Rabah explica que Israel já matou 22 mil crianças em Gaza, se levado em conta as cerca de 4 a 5 mil desaparecidas nos escombros. É uma proporção de 9.800 crianças mortas para cada milhão de habitantes em menos de um ano. Já na Segunda Guerra Mundial, em seis anos, a proporção de crianças mortas para milhão de habitantes era 2.813, cerca de 3,5 vezes a menos que a cifra de Israel.  

·        Esforço heroico

O esforço de contabilizar e identificar os nomes é heroico, ainda mais em meio à guerra. A destruição da infraestrutura impacta diretamente a coleta de dados, que precisa ser feita às vezes no leito de morte de pacientes ou através dos socorristas que atravessam as cidades destruídas em busca das vítimas, segundo informações publicadas em um artigo na revista The Lancet em julho de 2024. 

Israel tenta constantemente desacreditar os números do genocídio em Gaza ao acusar o Ministério da Saúde palestino em Gaza de exagerar ou mesmo inventar as cifras. Além disso, “Israel atinge deliberadamente órgãos de registro, que seriam equivalentes aos cartórios. O esforço do governo é também para isso, porque os arquivos estão sendo destruídos”, diz Porto.

A contabilização, portanto, é um combate às mentiras de Israel. “Identificar uma a uma das pessoas permite saber quem foi assassinado e o que era essa pessoa. Em Gaza, temos um genocídio gigantesco de professores, médicos e alunos”, comenta Rabah. “Além do mais, o povo palestino é um povo com nome, sobrenome, com vida”. “Por fim, a identificação fortalece as futuras demandas de compensações, tanto coletivas quanto individuais”. 

·        Parar o genocídio

Tudo isso demanda medidas que parem o genocídio. “É necessário reconhecer que o que Israel comete é genocídio, e tomar medidas práticas tomadas contra Estados que cometem esse tipo de prática”, diz Porto. 

 “Se o mundo parou a Alemanha nazista por meios bélicos, o mesmo precisa ser feito com Israel”, defende Rabah. “O problema é que esse é um genocídio estadunidense. E quem vai parar o EUA? Precisamos de uma grande mobilização internacional de paralisação de Israel, precisamos boicotar, desinvestir e sancionar”

Em Gaza, a Resistência Nacional Palestina garante que continua com “grande capacidade” de combater o genocídio por meio das armas. “Houve mártires e sacrifícios. Mas em troca, houve um acúmulo de experiências e o recrutamento de novas gerações na resistência”, disse em entrevista recente o líder sênior do Hamas, Osama Hamdan.

 

¨      Israel bloqueia mais de 80% dos alimentos destinados a Gaza, diz organização humanitária

Um comunicado conjunto, publicado no site da organização não governamental humanitária Norwegian Refugee Council (Conselho Norueguês de Refugiados) e assinado por 14 outras ONGs, diz que Israel não permite entregar 83% dos alimentos necessários para Gaza e pede o fim da obstrução sistemática de Israel ao fornecimento de ajuda.

Segundo o relatório, a percentagem de assistência bloqueada por Israel aumentou de 34% para 83% desde 2023.

"Essa redução significa que as pessoas em Gaza passaram de uma média de duas refeições por dia para apenas uma refeição a cada dois dias", diz o documento.

Segundo ele, cerca de 50 mil crianças de entre seis meses e cinco anos sofrem de desnutrição. Metade das reservas de sangue de doadores e 65% da insulina estão em falta. Um milhão de mulheres estão agora sem os suprimentos de higiene de que precisam.

Apenas cerca de 1.500 leitos hospitalares em Gaza permanecem disponíveis, o que é, obviamente, muito pouco para dois milhões de pessoas em uma área de guerra.

Além disso, o relatório indica que 1,87 milhão de pessoas estão precisando de abrigo, com pelo menos 60% das casas destruídas ou danificadas.

Os ativistas humanitários acusam o lado israelense de intensificar o cerco à Faixa de Gaza, tornando praticamente impossível prestar ajuda humanitária no enclave. Aproximadamente 300 funcionários de organizações humanitárias foram mortos em Gaza desde outubro do ano passado.

Assim, as agências que assinaram o documento conclamam os governos das Nações Unidas a exigirem que Israel acabe com a obstrução à ajuda humanitária.

Ademais, os grupos humanitários pedem "um cessar-fogo imediato e duradouro em Gaza", e "um embargo de armas", exigindo "o cumprimento das conclusões e recomendações da Corte Internacional de Justiça [CIJ], o fim do cerco do governo israelense a Gaza e o respeito pelo apelo da CIJ para acabar com a ocupação do território palestino".

<><> Guerra na Faixa de Gaza

Em 7 de outubro de 2023, Israel foi alvo de um ataque de foguetes sem precedentes a partir da Faixa de Gaza. Depois disso, combatentes do movimento palestino Hamas se infiltraram nas áreas de fronteira, abriram fogo contra militares e civis e fizeram mais de 200 reféns. De acordo com as autoridades, cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas.

As Forças de Defesa de Israel lançaram a Operação Espadas de Ferro na Faixa de Gaza, incluindo ataques a alvos civis. Israel anunciou um bloqueio completo do enclave: o fornecimento de água, eletricidade, combustível, alimentos e medicamentos foi interrompido.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 41 mil pessoas foram mortas e mais de 95 mil ficaram feridas.

A Faixa de Gaza foi efetivamente dividida nas partes Sul e Norte, e Israel está conduzindo uma operação terrestre em Rafah, que é considerada o último reduto do Hamas.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia pediu que as partes parassem com as hostilidades.

De acordo com a posição de Moscou, um acordo só é possível com base na fórmula aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, ou seja, o estabelecimento de um Estado palestino nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital.

 

¨      ‘O Hamas está ganhando a guerra’ – diz ex-comandante israelense ao NYT

O New York Times citou um ex-comandante da Divisão de Gaza do exército israelense afirmando que o Movimento de Resistência Palestina Hamas está “vencendo essa guerra”, que vem ocorrendo em Gaza desde 7 de outubro.

O major-general Gadi Shamni, ex-comandante da divisão de Gaza do exército israelense, foi citado pelo jornal como tendo dito que “o Hamas está vencendo a guerra”.

“Nossos soldados estão vencendo todos os confrontos táticos com o Hamas, mas nós estamos perdendo a guerra, e em grande escala”, acrescentou Shamni.

O oficial militar explicou ainda que o Hamas rapidamente reafirmou o controle sobre as cidades “em 15 minutos” após a retirada das forças israelenses.

“Não há ninguém que possa desafiar o Hamas após a saída das forças israelenses”, disse Shamni.

O jornal também citou autoridades de segurança israelenses atuais e anteriores que expressaram dúvidas de que o Hamas pudesse ser derrotado nesse conflito.

Em junho passado, Daniel Hagari, o porta-voz militar israelense, disse ao Channel 13 que “o Hamas é uma ideia”.

“Aqueles que pensam que podemos fazer o Hamas desaparecer estão errados”, disse ele, acrescentando que ‘a ideia de que é possível destruir o Hamas, fazer o Hamas desaparecer – isso é jogar areia nos olhos do público’.

O relatório também observou que o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse no mês passado que a “vitória total” do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é um “absurdo”.

Essa não é a primeira vez que o ex-comandante israelense expressa suas críticas à maneira como Israel lidou com a guerra em Gaza.

Em entrevista ao jornal israelense Maariv, em maio passado, Shamni disse: “É difícil ver como todos os detidos israelenses serão devolvidos da Faixa de Gaza”.

Ele acrescentou que, apesar de sofrer muitas perdas, o Hamas não será “eliminado militarmente”.

·        Genocídio em andamento

Desrespeitando uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que exige um cessar-fogo imediato, Israel enfrentou a condenação internacional em meio à sua contínua e brutal ofensiva em Gaza.

Atualmente em julgamento perante a Corte Internacional de Justiça por genocídio contra palestinos, Israel vem travando uma guerra devastadora em Gaza desde 7 de outubro.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, 41.252 palestinos foram mortos e 95.497 ficaram feridos no genocídio contínuo de Israel em Gaza, iniciado em 7 de outubro.

Além disso, pelo menos 11.000 pessoas estão desaparecidas, supostamente mortas sob os escombros de suas casas em toda a Faixa.

Israel afirma que 1.200 soldados e civis foram mortos durante a operação Al-Aqsa Flood em 7 de outubro. A mídia israelense publicou relatórios que sugerem que muitos israelenses foram mortos naquele dia por “fogo amigo”.

Organizações palestinas e internacionais afirmam que a maioria dos mortos e feridos são mulheres e crianças.

A guerra israelense provocou uma fome aguda, principalmente no norte de Gaza, resultando na morte de muitos palestinos, em sua maioria crianças.

A agressão israelense também resultou no deslocamento forçado de quase dois milhões de pessoas de toda a Faixa de Gaza, sendo que a grande maioria dos deslocados foi forçada a ir para a cidade de Rafah, ao sul, densamente povoada, perto da fronteira com o Egito, no que se tornou o maior êxodo em massa da Palestina desde a Nakba de 1948.

Mais tarde, durante a guerra, centenas de milhares de palestinos começaram a se deslocar do sul para o centro de Gaza em uma busca constante por segurança.

<><> Turquia apoiará 'resistência honrosa' dos palestinos na Faixa de Gaza, promete Erdogan

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta segunda-feira (16) que Ancara sempre apoiará os palestinos na Faixa de Gaza e sua "nobre e honrosa resistência" contra as forças israelenses.

"Apoiamos Gaza, nossos irmãos e irmãs palestinos com nossas vozes, palavras, orações, assistência humanitária e todos os meios à nossa disposição. Sempre apoiaremos sua resistência nobre e honrosa", disse Erdogan nas redes sociais.

O conflito, que começou no dia 7 de outubro de 2023, já dura mais de 11 meses e fez o número de palestinos mortos ultrapassar 41 mil. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, chegou a declarar também nesta segunda que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) não deve ignorar a guerra promovida por Israel na Faixa de Gaza.

Para o chanceler russo, a situação é o maior problema que o mundo enfrenta atualmente. Segundo Lavrov, a última resolução do Conselho de Segurança da ONU, que apela ao cessar-fogo na Faixa de Gaza, foi deixada de lado.

"Os EUA não cumpriram suas promessas, mas isso não significa que devamos abandonar os nossos esforços. Ficaríamos satisfeitos se a mediação do Egito e de outros países árabes trouxesse resultados. O Conselho de Segurança da ONU não deveria ignorar esse problema porque hoje é o maior problema internacional", disse Lavrov em uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo egípcio.

O chanceler russo também comentou que assim que o conflito na Faixa de Gaza cessar, "teremos de lidar imediatamente com o envio de cargas humanitárias porque a situação humanitária na Faixa de Gaza é catastrófica".

 

¨      Presidente do Parlamento da Líbia diz ver chance de resolver crise do país até fim de 2024

Tendências positivas são observadas na resolução da crise na Líbia, que pode ser concluída com sucesso até o final deste ano.

É o que disse, nesta segunda-feira (16), o presidente do Parlamento líbio, Aguila Saleh Issa, em entrevista à Sputnik.

"O que a Líbia está passando nunca aconteceu no passado. E não acho que acontecerá no futuro. [...] Na próxima fase, emitiremos uma lei sobre reconciliação nacional. A reconciliação é um passo muito grande na unificação geral e consolidação do poder. Estou muito otimista de que seremos capazes de alcançar uma saída para a crise atual na Líbia até o final do ano", pontuou à Sputnik.

Há dois governos na Líbia que não se reconhecem. O primeiro é o Governo de Acordo Nacional, com sede em Trípoli, apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e liderado por Abdul Hamid Dbeibah. O segundo, empoderado pela Câmara dos Representantes, é baseado em Bengasi e liderado por Osama Hammad.

Eleições em 2021

Representantes dos lados em conflito da Líbia votaram para escolher o novo governo temporário, com Mohamed Younes Menfi como novo chefe do Conselho da Presidência e Abdul Hamid Dbeibah como premiê.

As conversas em fevereiro de 2021 sobre os resultados da votação em Genebra mostraram essa tendência.

A lista eleitoral venceu por 39 a 34, com uma abstenção, a apresentada pelo presidente da Câmara dos Representantes da Líbia em Tobruk, Aguila Saleh Issa, para o chefe do Conselho da Presidência.

Menfi é diplomata e ex-embaixador na Grécia, e Dbeibah é um empresário que conta com o apoio das tribos ocidentais.

 

Fonte: A Nova Democracia/Sputnik Brasil

 

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