sexta-feira, 26 de julho de 2024

Reações sobre Gaza e Ucrânia mostram que Ocidente já não é o centro dos assuntos globais

Estamos vivendo um período de transição nos assuntos globais. O poder e a unidade dos países ocidentais para agir como árbitros finais dos assuntos mundiais não estão entrando em colapso, mas em claro declínio, escreve a Samir Puri em sua coluna no Nikkei Asia.

O colunista abre o artigo com uma questão: a maioria de nós pode concordar com esse ponto – o declínio ocidental – mas qual é o melhor lugar para assistir a essa era de transição, de dentro do Ocidente ou de fora? Indaga o autor.

Na Ásia, a mudança no equilíbrio econômico mundial é evidente na ascensão da China e da Índia, com países como a Indonésia também preparados para um crescimento significativo no futuro.

Mas o reequilíbrio do mundo não se limita à "ascensão da Ásia", ressalta Puri. A autonomia estratégica demonstrada por países como Arábia Saudita, Turquia e até mesmo África do Sul para traçar seus próprios caminhos nos assuntos globais cresce a cada mês.

Em sua visão, a autonomia estratégica para países não ocidentais é impulsionada pelo crescimento econômico, mas também se conecta a outras frentes.

Essas frentes incluem a expansão de clubes não ocidentais como o BRICS. Outro ponto de evidência foi o o caso da Corte Internacional de Justiça (CIJ) movido pela África do Sul contra Israel, apoiado pelo Ocidente, por sua conduta na guerra contra o Hamas.

Posições inicialmente tomadas por países ocidentais após 7 de outubro apoiando Tel Aviv agora podem ser desafiadas de forma credível usando a "ordem internacional baseada em regras", já que países não ocidentais ajudam a mudar a opinião global.

"Os principais centros de poder emergentes do mundo não ocidental estão rapidamente desenvolvendo seu próprio ímpeto. Pela primeira vez em séculos, o Ocidente nem sempre está em um papel de liderança. Quando se pensa nas eras anteriores do império colonial marítimo liderado pela Europa, seguido pela era da globalização liderada pelos Estados Unidos, a era que se desenrola nos assuntos mundiais se mostrará muito diferente, de fato", escreve o colunista.

Ao mesmo tempo, o autor destaca que, se analisarmos do ponto de vista do produto interno bruto (PIB) de países ocidentais, como os EUA, ou concluir que as principais nações desenvolvidas geralmente permanecem léguas à frente dos outros como os porta-estandartes da modernização, a ideia de enfraquecimento ocidental não parece encaixar tão bem dessa perspectiva.

Porém, "essas são conclusões reducionistas a serem tiradas. Sim, desempenho econômico, padrões de vida e poder monetário, todos importam muito. Mas, tomados em conjunto com outros desenvolvimentos, o Ocidente está em declínio", reafirma.

"Algumas das tendências são mensuráveis, como na demografia. Outras tendências estão relacionadas ao poder de resolver disputas globais e ao poder moral. O reequilíbrio global envolve não apenas hard power e economia, mas também a capacidade de definir padrões, comandar a atenção e resolver crises", sublinha Puri.

Um grande exemplo é o conflito na Ucrânia. O Ocidente, trabalhando por meio do G7, apoiou louvavelmente a Ucrânia. Mas, mesmo tendo gasto bilhões armando Kiev, ainda não é nem de longe poderoso o suficiente para expulsar as tropas russas, escreve o autor.

Agora, dois desenvolvimentos relacionados ao reequilíbrio global estão mais claramente afetando a situação na Ucrânia: primeiro, as sanções são insuficientes para obrigar Moscou a abandonar a operação. invasão. Mudanças estruturais na economia mundial demonstram que a Rússia continua a negociar com diversos países.

Segundo, diz o autor, esses países não ocidentais têm defendido de uma forma ou de outra um fim negociado para o conflito, enquanto o Ocidente e o G7 têm defendido o oposto.

Diante de todo esse cenário, Puri ressalta que "não estamos apenas observando o fim do Ocidente mais triunfalista do pós-Guerra Fria, mas também o início de um mundo menos dominado pelo Ocidente".

¨      Putin diz que ninguém terá sucesso em tentativas de intimidar e dividir a sociedade russa

Aqueles que tentam intimidar e dividir a sociedade russa, e abusar de sentimentos religiosos ou nacionais não terão sucesso, e uma retribuição inevitável os aguardará.

É o que disse, nesta quarta-feira (24), o presidente russo, Vladimir Putin.

"Enfatizo que aqueles que tentam intimidar as pessoas, dividir nossa sociedade e puxar as cordas do sentimento religioso ou nacional nunca terão sucesso — uma retribuição inevitável e justa os aguarda", afirmou o presidente russo, em uma mensagem de vídeo para o Dia dos Oficiais de Investigação, um feriado profissional celebrado na Rússia em 25 de julho.

O líder russo também disse que os investigadores contribuem significativamente para o combate à corrupção, ao terrorismo e ao extremismo e defendem os interesses da sociedade e do Estado.

Putin apelou aos investigadores para melhorarem as técnicas de investigação e introduzirem abordagens avançadas para responder de forma competente e rápida aos novos desafios e riscos.

O presidente disse ainda que novos riscos surgem no contexto de mudanças dinâmicas no mundo, da revolução tecnológica, dos fluxos migratórios, dos conflitos locais e do estabelecimento de mercados futuros. Esses riscos, segundo Putin, envolvem ameaças cibernéticas, tráfico de drogas, grupos criminosos transnacionais e sindicatos criminosos em domínios virtuais e financeiros, entre outros.

¨      Alemanha e outros Estados europeus carecem de sabedoria política nas relações com a Rússia

A Alemanha e outros países europeus carecem de sabedoria política em termos de manutenção de relações com a Rússia, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta quarta-feira (24).

Reino Unido e Alemanha assinaram uma declaração de defesa conjunta hoje (24), prometendo trabalhar mais estreitamente para fortalecer suas indústrias de defesa, reforçar a segurança europeia e apoiar a Ucrânia em sua luta para repelir as forças russas.

"É claro que gostaríamos de receber mais sabedoria política em termos de não abandonar a continuação das boas relações russo-alemãs. Até agora, acreditamos que essa sabedoria política na Alemanha, de fato, como em outros países europeus, é extremamente escassa", disse Peskov a repórteres.

O porta-voz dá a declaração em meio a um momento em que a aliança militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) avalia o enorme custo de consertar as defesas precárias da Europa.

Ainda falando sobre países europeus, Peskov comentou a decisão da França de recusar fornecer credenciamento para os Jogos Olímpicos de Paris a jornalistas russos.

"Isso só pode ser condenado. Condenamos com muita severidade", afirmou o porta-voz.

¨      Estratégia de Biden na Ucrânia levou a 'longa e trágica guerra de desgaste', diz colunista americano

De acordo com Jakub Grygiel, que escreve na Foreign Affairs, "a estratégia de Biden de fornecer ajuda gradual" a Kiev provou ser errada.

A estratégia de Joe Biden em relação à Ucrânia não evitará sua derrota, disse um colunista da revista norte-americana Foreign Affairs e professor de ciência política da Universidade Católica da América, EUA.

"A estratégia de Biden de fornecer ajuda gradual [a Kiev] não impedirá a destruição eventual da Ucrânia, e deixará os EUA atolados em uma guerra sem caminho para a vitória", escreve Jakub Grygiel sobre o presidente dos EUA.

O analista político observa que, após décadas de "guerras perpétuas", os líderes dos EUA não podem mais prometer financiamento e fornecimento de armas sem fim para seus aliados.

"Os EUA bateram em um muro na Ucrânia. A abordagem incremental de Joe Biden não está funcionando. Em vez disso, ela levou a uma longa e trágica guerra de desgaste", opina o acadêmico.

O colunista acredita que os resultados decepcionantes de Kiev no front nos últimos 12 meses abriram a perspectiva de uma vitória russa.

¨      UE recusa apoio a Hungria e Eslováquia na disputa de trânsito de petróleo da Rússia com a Ucrânia

A União Europeia (UE) negou seu apoio à Hungria e à Eslováquia depois de os membros terem tentado forçar a Ucrânia a restaurar o trânsito de petróleo russo para o bloco, informou a mídia britânica, citando fontes.

O comissário de Comércio da UE, Valdis Dombrovskis, disse ao Financial Times (FT) que Bruxelas precisaria de mais tempo para reunir provas e avaliar a situação jurídica que envolve a disputa. Onze dos países da UE que participaram de uma reunião de responsáveis comerciais na quarta-feira (24) apoiaram a sua posição e nenhum ficou ao lado de Budapeste e Bratislava, segundo diplomatas disseram à apuração.

O ministro das Relações Exteriores húngaro, Peter Szijjarto, disse na segunda-feira (22) que a Hungria e a Eslováquia pediram para a Comissão Europeia iniciar consultas com a Ucrânia depois de o país ter interrompido o trânsito de petróleo através do oleoduto Druzhba. Szijjarto também disse que a Hungria não aprovaria a atribuição de € 6,5 bilhões (cerca de R$ 39,9 bilhões) para armas enviadas à Ucrânia através do Mecanismo Europeu para a Paz até que a questão fosse resolvida.

O acordo comercial da Ucrânia contém alegadamente uma cláusula que prevê a possibilidade de suspensão do trânsito de petróleo. Um diplomata da EU, citado pela apuração, afirmou que a interrupção no fornecimento de petróleo russo teria um "enorme impacto" na nação da Europa Central.

Na semana passada, Szijjarto disse que a Ucrânia interrompeu o trânsito do petróleo da empresa petrolífera russa Lukoil. O Ministério da Economia eslovaco confirmou que o país já não recebia petróleo da gigante petrolífera russa, que foi sancionada pela Ucrânia. A refinaria Slovnaft da Eslováquia importa petróleo russo de outro fornecedor, mas o país está discutindo a situação atual com a Ucrânia.

<<> Com déficit de eletricidade, ucranianos usam baterias de carros Tesla para abastecimento

Em uma pequena garagem nos arredores de Kiev, um grupo de mecânicos se debruçava sobre a carcaça de um velho Tesla destruído, retirando suas peças. Mas, em vez de tentar consertar o carro, os homens estavam ocupados extraindo sua bateria, esperando usá-la para abastecer empresas e residências locais, relata o Financial Times.

O trabalho desses mecânicos — que pode transformar um único Tesla descartado em uma dúzia de sistemas de baterias residenciais — é uma das inúmeras maneiras pelas quais as empresas ucranianas estão respondendo aos apagões regulares que o país enfrenta desde que a Rússia lançou uma série de ataques à sua rede elétrica no início deste ano.

As empresas, ressalta a mídia, foram forçadas a se adaptar. Em Kiev, geradores a diesel estacionados do lado de fora de lojas e cafés entram em ação assim que a energia acaba, e muitas famílias na capital conectam seus aparelhos a sistemas de bateria recarregável em casa.

O ucraniano Aleksandr Bentsa percebeu que tinha uma solução potencial em mãos. Durante anos, o empresário vinha comprando Teslas batidos em leilões de seguros nos EUA e importando-os para a Ucrânia, onde seus mecânicos restauravam e revendiam os carros.

Quando os apagões mais severos começaram na primavera europeia, ele entendeu que havia um novo uso para seu ofício. Bentsa encontrou eletricistas capazes de fazer o trabalho perigoso de esculpir baterias Tesla recuperadas em múltiplos sistemas recarregáveis.

"Um Tesla antigo, incluindo o custo de entrega, custará quase US$ 10 mil [R$ 56,4 mil]. E você pode transformar isso em 12 baterias e também vender as peças", disse o ucraniano que batizou sua marca de Ukrainian Autonomous Systems.

Cada sistema assim produzido tem uma capacidade de 5 quilowatts-hora, o suficiente para fazer funcionar as luzes e equipamentos elétricos — mas não o aquecimento elétrico que consome muita energia — em um apartamento normal de Kiev por dez horas.

Alguns ele vende sem margem para o Exército, mas a maioria de seus clientes são civis, escreve a mídia. A demanda foi de quase zero para as alturas nos últimos dois meses, e Bentsa espera que ela aumente conforme o inverno se aproxima.

"O que vemos agora é apenas um pedacinho do pedacinho. O que veremos no inverno será um problema muito grande", disse.

O pai de Bentsa foi um passo além do filho e conectou toda a sua casa nos subúrbios de Kiev diretamente a um Tesla estacionado no quintal. É um carro com capacidade de bateria de 100 kwh. "Você pode manter uma casa inteira funcionando com isso por uma semana", disse Bentsa.

Antes do começo da operação, a Ucrânia podia produzir cerca de 55 gigawatts de eletricidade. Essa capacidade agora caiu abaixo de 20 GW, diz o Financial Times.

Moscou começou a bombardear com mais intensidade a rede elétrica da Ucrânia após seguidos ataques ucranianos a refinarias russas.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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