terça-feira, 30 de julho de 2024

Fator Kamala Harris 'abala' a corrida presidencial e mexe com estruturas de Trump, segundo mídia

As pesquisas recentemente divulgadas, após algumas semanas caóticas na eleição presidencial de 2024, apontam que o cenário Donald Trump versus Kamala Harris não será tão fácil quanto se pensava.

Segundo o portal de notícias Politico, será "uma corrida hipercompetitiva".

A publicação sugere que a elevação da vice-presidente Kamala Harris a candidata "abalou a corrida e atenuou o ímpeto que o ex-presidente Donald Trump poderia ter visto saindo da convenção republicana e da tentativa de assassinato que a precedeu".

O veículo sugere que embora as pesquisas mostrassem Trump construindo uma liderança sobre o presidente Joe Biden após seu debate no mês passado, essa vantagem "praticamente evaporou contra Harris na nova rodada de pesquisas conduzidas desde que ela se tornou a quase certa indicada democrata".

Segundo o Politico, a nova pesquisa mostra o quanto o cenário mudou desde que Biden desistiu.

"Durante meses, a disputa parecia definida, e o modesto déficit de Biden indo para o debate ameaçava cair ainda mais. Isso agora mudou", escreve o veículo.

¨      "Não podemos ter ilusões com Kamala Harris", diz José Genoino

Em entrevista ao programa Bom Dia 247 na última sexta-feira, o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoino, compartilhou suas opiniões sobre a atual situação política nos Estados Unidos e o papel de Kamala Harris nas eleições presidenciais. Genoino enfatizou a importância de Kamala derrotar Donald Trump, mas alertou contra a criação de expectativas exageradas em relação à sua política.

"É importante que Kamala Harris derrote Trump, porque Trump representa a extrema-direita, mas não podemos ter ilusões", afirmou Genoino. Ele destacou que, apesar de Kamala ser uma escolha preferível em comparação com Trump, ela ainda representa "os grandes interesses imperialistas" e não promoverá nenhuma ruptura significativa em relação à política de dominação dos EUA. "Não será nenhuma ruptura em relação à política de dominação do Império. Estamos entrando no mundo multipolar e os EUA tentarão resistir de todas as maneiras."

Genoino também falou sobre a necessidade de o Brasil alinhar suas estratégias geopolíticas com os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em vez de depender dos Estados Unidos ou da Europa. "O Brasil deve fazer sua opção pelos BRICS e não esperar muito nem dos Estados Unidos nem da Europa. O Brasil deve se preparar para um maior tensionamento internacional." Ele concluiu ressaltando a importância da luta anti-imperialista na agenda da esquerda brasileira: "A esquerda deve colocar a luta antiimperialista no centro de sua estratégia."

As declarações de Genoino vêm em um momento em que Kamala Harris está ganhando terreno nas pesquisas eleitorais. De acordo com uma pesquisa Emerson College/The Hill divulgada na quinta-feira, Kamala está se saindo melhor do que o presidente Joe Biden nos estados cruciais que devem decidir a eleição de 5 de novembro. A pesquisa mostrou Trump liderando em quatro desses estados: Arizona (49% a 44%), Geórgia (48% a 46%), Michigan (46% a 45%) e Pensilvânia (48% a 46%), enquanto Trump e Kamala estão empatados em 47% em Wisconsin.

Kamala superou o desempenho de Biden em uma pesquisa anterior da Emerson em cada um desses cinco estados. Ela entrou na campanha esta semana após o presidente Joe Biden desistir da disputa no domingo e endossar sua vice-presidente. A pesquisa mais recente da Emerson com eleitores registrados foi realizada de 22 a 23 de julho e teve um intervalo de credibilidade para cada estado de mais ou menos 3,4%.

Além disso, uma pesquisa nacional divulgada pelo New York Times/Siena College também mostrou Kamala se saindo melhor do que Biden contra Trump, com Trump marcando 48% contra 46% de Kamala entre os eleitores registrados. A pesquisa nacional Reuters/Ipsos divulgada na terça-feira indicou uma vantagem de Kamala de 44% a 42% sobre Trump, uma diferença dentro da margem de erro de 3 pontos percentuais.

Embora essas pesquisas nacionais ofereçam uma visão importante do apoio dos norte-americanos aos candidatos, é nos estados competitivos que a balança do Colégio Eleitoral pode ser desequilibrada, decidindo assim o vencedor da eleição presidencial.

¨      “Kamala Harris não é um mal menor diante de Trump”, diz Rui Costa Pimenta

Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor do Brasil 247, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, criticou a vice-presidente dos Estados Unidos e candidata às eleições, Kamala Harris, e sua postura política. Pimenta destacou que “Kamala Harris apoia Israel da mesma maneira que Joe Biden” e que “sua política talvez seja até mais agressiva do que a de Donald Trump”.

Para Pimenta, a maioria do establishment estadunidense rejeita Trump, mas isso não torna Kamala Harris uma opção melhor. “Kamala Harris não é um mal menor diante de Trump”, afirmou. Ele argumentou que “a teoria do mal menor não é uma teoria marxista” e que “o grande problema não é o inimigo declarado, é o falso amigo, o falso amigo é muito mais perigoso”.

Pimenta comentou sobre o histórico golpista do Partido Democrata dos EUA, ao qual Harris pertence. “Kamala Harris é do Partido Democrata, que organizou o golpe de estado em 2016”, disse, referindo-se ao golpe contra a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff. Segundo ele, “a usina que organiza os golpes de estado é dos democratas”.

¨      "O 'deep state' prefere quem eles possam controlar melhor – e no caso atual é Kamala", diz Pepe Escobar

Em uma entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o analista geopolítico Pepe Escobar destacou os perigos representados tanto por Donald Trump quanto por Kamala Harris para a humanidade. Escobar enfatizou a influência do "deep state" e sua preferência por figuras políticas que possam ser facilmente controladas. "Trump é um sionista. Isso já é extremamente perigoso", afirmou Escobar. Ele explicou que, embora Trump seja uma escolha preferida por sionistas, o "deep state" prefere Kamala Harris por ser mais controlável. "O deep state prefere quem eles possam controlar melhor. No estágio atual, é a Kamala Harris."

Pepe Escobar destacou a importância de verificar as fontes de financiamento das campanhas, mencionando que Kamala Harris arrecadou US$ 100 milhões em um único dia, com grande parte desse dinheiro vindo do Vale do Silício e dos fundos de hedge. Embora Trump tenha alguns aspectos menos catastróficos, como sua disposição de dialogar com a Rússia, o jornalista ressalta que Kamala Harris é extremamente despreparada para a liderança internacional. "Kamala Harris é despreparada. É uma pessoa infantil, sem capacidade de raciocínio. Tem zero de experiência internacional e não sabe como funciona o mundo."

Ele criticou a imagem construída de Kamala Harris, apontando que ela seria controlada pela máquina do Partido Democrata, com figuras como Nancy Pelosi e Hillary Clinton desempenhando papéis fundamentais. Escobar descreveu a situação geopolítica atual como uma luta intensa entre o sistema dolarizado e o novo mundo multipolar, liderado por Rússia e China. "A capital diplomática do mundo hoje é Beijing. Os dias de Zelensky estão contados. Ele pode ser jogado debaixo de um ônibus, como aconteceu com Biden." Ele destacou que, apesar do Império não ter capacidade para dominar o Hamas, o Hezbollah ou atacar o Irã, qualquer conflito envolvendo esses atores resultaria na entrada de Rússia e China.

"É uma pena que a desdolarização não caminhe tão rápido quanto deveria. A guerra entre o sistema dolarizado e o novo mundo será intensa", disse ele. "Geopolítica é a luta por mercados e recursos naturais", acrescentou. A análise de Pepe Escobar lança luz sobre a complexidade e os perigos do cenário político global atual, destacando a influência do "deep state" e os desafios que tanto Trump quanto Kamala Harris representam para os países do Sul Global.

¨      Apesar dos riscos com Kamala, é preciso evitar a volta de Trump à Casa Branca

Faz apenas uma semana que Joe Biden anunciou sua desistência da candidatura à reeleição para a Presidência dos Estados Unidos.

Para o Brasil, e o governo Lula, o tema se reveste de grande relevância.

O foco agora está sobre a provável candidata Kamala Harris, que sai de uma posição de coadjuvante no fundo do palco para o protagonismo na boca de cena.

Kamala terá que buscar sua própria voz, se isso é possível no vigiado espaço de liberdade de um candidato de qualquer partido estadunidense.

Não há que ter ilusões. A escolha será entre o ruim e o menos pior. Qualquer candidato nos Estados Unidos deve se apresentar como campeão da defesa dos interesses de uma potência imperialista e em busca de seu retorno ao domínio exclusivo sobre o planeta.

Nesse âmbito, não há uma distinção tão notável entre Kamala e seu adversário, Donald Trump.

Apesar disso, as poucas diferenças, porém, não são negligenciáveis dada a importância da potência norte-americana. E isso diz respeito de perto ao Brasil.

De olho nas doações do lobby sionista, Kamala classifica os manifestantes pelo fim do genocídio na "execráveis defensores do Hamas". Apesar disso, Kamala sinalizou ser uma candidata mais explicitamente defensora de um cessar-fogo imediato ao genocídio perpetrado pelos sionistas em Gaza.

Trata-se também de um gesto de características eleitorais pelo qual ela apela ao eleitor jovem, aquele que apoiou as ocupações em dezenas de universidades contra o massacre israelense. São eleitores que a provável candidata democrata precisa fazer comparecer às urnas para aumentar suas chances em novembro.

O confronto contra Trump tem evidente importância para o Brasil. Bolsonaro precisa da vitória do republicano. Espera que ela de alguma maneira contribua para diminuir as chances de sua prisão. Quem sabe ela ajude a reenergizar a desalentada base de apoio do ex-presidente.

A falta de apoio do governo de Joe Biden à campanha de Bolsonaro para desacreditar o processo eleitoral brasileiro foi relevante. Da mesma forma, o rápido reconhecimento da eleição de Lula em 2022 sinalizou que Washington não embarcaria na aventura golpista que Bolsonaro fazia fermentar.

Sem o beneplácito dos Estados Unidos, chefes militares encontraram boa desculpa para não apoiar o golpe, erodindo assim suas chances de sucesso.

O pleito estadunidense tem impactos globais que não podem ser negligenciados apesar, ou por causa, da decadência da hegemonia do império. Trump parece mais disposto a se concentrar nos críticos temas internos dos Estados Unidos e se afastar, ou encerrar como promete, conflitos como o da Ucrânia, por exemplo. Parece menos disposto a usar a Otan para submeter a Europa e ser o instrumento de uma guerra mundial contra russos e mesmo chineses. Trump é mais plutocrata, racista e machista, além de mentiroso compulsivo.

Para o Brasil e o governo Lula, o advento de uma candidata com mais chances de impedir o retorno de Trump e da extrema-direita, com todas os senões que se possam fazer ao histórico intervencionista do Partido Democrata, se apresenta como providencial.

O sistema de tensões e os pontos de equilíbrio da disputa política deslocaram-se para a direita nas últimas décadas. Reconhecer essa mudança do tabuleiro é forçoso na hora da tomada de decisões sobre o que fazer e que alianças são necessárias em cada momento – para evitar o mal maior.

¨      Kamala pressiona Netanyahu a aliviar o sofrimento em Gaza

No encontro que teve na quinta-feira(25), A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, pressionou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu a ajudar a alcançar um acordo de cessar-fogo em Gaza que alivie o sofrimento dos civis palestinos.  Ela adotou um tom mais duro do que o presidente Joe Biden.

"É hora de esta guerra acabar", disse Harris em uma declaração televisionada após ter conversas cara a cara com Netanyahu.

Harris, a provável candidata presidencial democrata após Biden desistir da corrida eleitoral no domingo, não mediu palavras sobre a crise humanitária que aflige Gaza após nove meses de guerra entre Israel e militantes do Hamas.

"Não podemos nos permitir ficar insensíveis ao sofrimento, e eu não vou me calar", disse ela.

As declarações de Harris foram afiadas e sérias em tom e levantaram a questão de se ela seria mais agressiva em lidar com Netanyahu se eleita presidente em 5 de novembro. No entanto, analistas não esperam uma mudança significativa na política dos EUA em relação a Israel, o aliado mais próximo de Washington no Oriente Médio.

O conflito em Gaza dividiu o Partido Democrata e provocou meses de protestos em eventos de Biden. Uma queda no apoio entre os árabes americanos pode prejudicar as chances dos democratas em Michigan, um dos poucos estados que provavelmente decidirão a eleição de 5 de novembro.

Em um aceno a essas preocupações, Harris instou os americanos a ajudar a "encorajar esforços para entender a complexidade, a nuance e a história da região".

¨      UE prepara estratégia comercial de 'punição e recompensa' para lidar com Trump caso ele vença

O comissário de comércio da União Europeia (UE), Valdis Dombrovskis, expressou anteriormente a esperança de que Bruxelas e Washington evitariam uma repetição do "confronto" passado relacionado à guerra tarifária entre eles durante o mandato de Donald Trump em 2018.

A União Europeia (UE) está elaborando um plano comercial de duas etapas para enfrentar Donald Trump caso ele ganhe um segundo mandato como presidente dos EUA, informou o Financial Times (FT).

"Temos que mostrar que somos um parceiro dos EUA, não um problema. Buscaremos acordos, mas estamos prontos para nos defender se for o caso. Não seremos guiados pelo medo", disse uma fonte sob condição de anonimato da UE ao FT.

Se Trump prevalecer na eleição de novembro, os negociadores da UE estão planejando abordar imediatamente sua equipe para discutir produtos dos EUA que a UE poderia comprar em maiores quantidades.

Um possível colapso das negociações e a subsequente imposição de tarifas mais altas por Trump podem levar o departamento de comércio da Comissão Europeia a elaborar listas de importações dos EUA para "tarifas retaliatórias de 50% ou mais", de acordo com a fonte.

Ainda segundo a apuração, as autoridades da UE "veem a abordagem da 'punição e recompensa' como a melhor resposta" à promessa anterior de Trump de impor uma tarifa de pelo menos 10% sobre todos os US$ 3 trilhões (cerca de R$ 16,9 trilhões) em importações dos EUA no caso de sua vitória em 5 de novembro.

O comissário de comércio da UE, Valdis Dombrovskis, enfatizou a importância do bloco e dos EUA trabalharem juntos no comércio, mas acrescentou que Bruxelas "defendeu nossos interesses com tarifas e estamos prontos para defender nossos interesses novamente, se necessário".

O então presidente dos EUA, Trump, iniciou a guerra tarifária de seu país com a UE em março de 2018, quando anunciou uma taxa de 25% sobre o aço importado e uma tarifa de 10% sobre o alumínio, o que levou o bloco a retaliar com taxas no valor de cerca de US$ 3 trilhões.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Brasil 247

 

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