quarta-feira, 24 de julho de 2024

Alergias de inverno: veja principais riscos e saiba diferenciar de outras doenças

Com a chegada do inverno, aumentam os casos de alergias respiratórias e infecções, complicando a vida de muitas pessoas. Asma, rinite e dermatite atópica são algumas das doenças alérgicas que tendem a piorar devido ao frio e ao ar seco.

Além disso, a permanência em ambientes fechados eleva a exposição a alérgenos como ácaros e pelos de animais domésticos.

A gripe e o resfriado também são comuns nesta época, mas saber diferenciá-los é essencial. “A gripe, causada pelo vírus Influenza, é mais severa, com febre alta e dores musculares intensas. Já o resfriado, geralmente causado por rinovírus, apresenta sintomas mais leves, como coriza e congestão nasal”, explica Sabrina Soares, infectologista do Hospital Badim (RJ).

As infecções bacterianas se distinguem pela intensidade e duração dos sintomas, além da coloração das secreções, que tendem a ser mais espessas e coloridas. Veja a seguir outras condições que são bem comuns nesta época do ano.

•        Asma, rinite e dermatite atópica

No inverno, as alergias respiratórias, como asma e rinite, se intensificam devido às condições atmosféricas e à maior exposição a alérgenos domiciliares.

“O ar seco e frio estimula as vias aéreas, agravando as condições de quem já sofre com essas doenças”, diz Maria Elisa Bertocco, alergista do Serviço de Alergia e Imunologia do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).

Além dela, a dermatite atópica, uma alergia cutânea, também piora na estação devido aos banhos mais quentes e roupas inadequadamente higienizadas. “A pele seca e irritada também é um problema, levando ao aumento das dermatites”, acrescenta o especialista. Portanto, é essencial manter a pele hidratada e evitar fatores que possam desencadear crises alérgicas.

•        Diferenciando infecções virais e bacterianas

A distinção entre infecções virais e bacterianas é crucial para um tratamento eficaz. Soares esclarece que infecções bacterianas geralmente apresentam uma piora mais acentuada do estado geral, com febre alta e sintomas prolongados.

“Geralmente, as infecções bacterianas seguem as virais, necessitando de diagnóstico preciso através de testes de detecção de vírus e exames de sangue”, completa Marcello Bossois, alergista e imunologista e coordenador do Brasil Sem Alergia.

As infecções virais podem abrir caminho para doenças bacterianas, especialmente em grupos vulneráveis como crianças e idosos. “Infecções virais, ao produzirem muito muco, facilitam a entrada de bactérias, podendo evoluir para pneumonias bacterianas”, explica Bossois.

Para tratar as doenças virais, repouso, hidratação e medicamentos sintomáticos são fundamentais. Antivirais podem ser úteis no caso da gripe, se administrados precocemente.

As infecções bacterianas requerem antibióticos, mas sempre sob orientação médica. “A prevenção é crucial, especialmente através da vacinação contra a gripe e a Covid-19, além de evitar aglomerações e manter os ambientes ventilados”, destaca Bossois.

•        Prevenção

Para prevenir doenças respiratórias no inverno, a vacinação contra gripe e Covid-19 é fundamental, principalmente para grupos de risco.

“Manter ambientes arejados, evitar aglomerações e usar máscaras são medidas essenciais para reduzir a transmissão de vírus”, reforça Soares. Além disso, é importante hidratar a pele adequadamente e evitar banhos muito quentes para prevenir a piora da dermatite atópica.

É preciso ter atenção aos sinais de infecção bacteriana, como secreções amareladas ou esverdeadas, que indicam a necessidade de intervenção médica. “Diagnóstico precoce e tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações graves”, alerta o alergista e imunologista.

Por fim, procurar assistência médica ao perceber sintomas persistentes ou severos é crucial para um acompanhamento adequado e eficaz.

•        As “Ites” do inverno

No inverno, diversas doenças terminadas em “ite” se tornam mais comuns. “Bronquite, sinusite, bronquiolite, faringite, entre outras, são inflamações que podem ter origem alérgica ou infecciosa”, diz Bertocco.

A sinusite, por exemplo, pode ser causada por vírus, bactérias ou fungos, e sua diferenciação é fundamental para o tratamento adequado.

“Bronquiolite, especificamente, é causada pelo vírus sincicial respiratório, afetando principalmente crianças e idosos”, acrescenta Bossois.

•        Impacto das doenças alérgicas no inverno

As alergias respiratórias no inverno não apenas causam desconforto imediato, mas também podem desencadear complicações mais sérias.

“A rinite alérgica, se não tratada, pode evoluir para sinusite crônica, levando a problemas como gotejamento pós-nasal e agravamento da asma”, alerta Bossois. Além disso, a dermatite atópica pode se agravar com a pele seca, aumentando a vulnerabilidade a infecções secundárias.

Para minimizar esses riscos, é essencial manter uma boa rotina de cuidados com a saúde. “Além de evitar fatores desencadeantes, é importante seguir as recomendações médicas e não se automedicar”, reforça Soares.

A hidratação constante, tanto da pele quanto do organismo, e a manutenção de um ambiente limpo e arejado são medidas simples, mas eficazes para controlar as alergias de inverno.

•        Cuidados com crianças e idosos

Grupos vulneráveis, como crianças e idosos, merecem atenção redobrada. “As crianças são mais suscetíveis a infecções como bronquiolite, que pode levar ao desenvolvimento de asma”, explica Bossois.

“Já os idosos, com o sistema imunológico mais frágil, estão em maior risco de complicações graves de gripes e infecções bacterianas.”

Portanto, é crucial manter a vacinação em dia e adotar hábitos saudáveis. “Ambientes ventilados, alimentação balanceada e evitar exposição a aglomerações são cuidados essenciais para proteger esses grupos”, conclui Bertocco.

•        Conheça as diferenças entre alergia, intolerância e sensibilidade alimentar

Alimentos são essenciais para a saúde por serem fonte de nutrição para o nosso corpo, porém alguns deles podem se tornar vilões para muitas pessoas. Isso porque alergias, intolerâncias e sensibilidades alimentares podem causar desconfortos e até mesmo riscos à saúde. Mas, afinal, quais as diferenças entre essas reações?

“A diferença está no mecanismo causal e nos riscos, sendo a alergia alimentar a única que pode se relacionar a quadros graves”, sintetiza Leonardo Medeiros, alergista e imunologista, chefe do Serviço de Alergia e Imunologia do Hospital São Vicente de Paulo, no Rio.

Abaixo explicamos cada uma dessas complicações alimentares.

<><> Alergia alimentar

A alergia alimentar é um “erro” do sistema imunológico, que identifica um alimento como uma ameaça e, para se defender, libera substâncias químicas, causando os sintomas alérgicos como coceira, inchaço, náuseas, vômitos, diarreia e, em casos graves, até mesmo choque anafilático.

Os alimentos que costumam causar mais casos de alergia são leite, ovos, soja, trigo, amendoim, castanhas, peixes e crustáceos.

Os sintomas geralmente surgem em minutos ou até duas horas após a pessoa ingerir o alimento.

“O diagnóstico é feito por exames laboratoriais, testes cutâneo-alérgicos ou teste de provocação com o alimento. E o tratamento mais indicado é exclusão do alimento da dieta daquele paciente”, acrescenta Medeiros.

<><> Intolerância alimentar

Já a intolerância alimentar é um problema digestivo, onde o corpo não possui enzimas ou proteínas específicas para processar determinados alimentos.

Um exemplo clássico é a intolerância à lactose, onde a deficiência da enzima lactase impede a digestão do açúcar do leite, causando gases, inchaço, diarreia e dor abdominal. Outros exemplos incluem intolerância ao glúten e à frutose.

Os sintomas da intolerância geralmente são menos graves e mais tardios do que os da alergia, podendo levar horas para serem sentidos.

O diagnóstico pode ser feito por testes específicos, como o teste de intolerância à lactose.

“O tratamento é a exclusão do alimento da dieta ou o paciente pode optar por produtos sem o componente relacionado à intolerância, como os derivados lácteos sem lactose, além da reposição da enzima lactase”, explica Medeiros.

<><> Sensibilidade alimentar

A sensibilidade alimentar, por sua vez, envolve uma reação individualizada do organismo a um determinado alimento, podendo gerar sintomas diversos como fadiga, dores de cabeça e problemas de pele.

Diferentemente da alergia e da intolerância, os testes tradicionais nem sempre identificam a sensibilidade alimentar. O diagnóstico muitas vezes se baseia em observação clínica, registro alimentar detalhado e testes de eliminação, onde o alimento suspeito é retirado da dieta por um período e os sintomas são monitorados.

“Sensibilização alimentar significa que um indivíduo tem algum anticorpo contra um alimento, o que necessariamente não indica alergia alimentar, a menos que apresente sintomas”, explica Marisa Rosimeire Ribeiro, médica preceptora do Ambulatório de Alergia e Imunologia Clínica do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe).

“É muito comum encontrarmos pacientes com exames mostrando sensibilização a alimentos e que consomem esses alimentos sem sintoma algum. É importante saber quando pedir exames, o que esperar e como interpretá-los adequadamente para não rotular os pacientes e indicar dietas restritivas sem embasamento, uma vez que a exclusão total de algum alimento pode predispor alergia quando esse alimento é reintroduzido”, completa.

Na dúvida se o paciente é apenas sensibilizado ou alérgico a determinado alimento, os profissionais indicam a exclusão por um período limitado (2 semanas, por exemplo) e supervisionar a reintrodução para observar se a pessoa apresentará sintomas específicos.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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