terça-feira, 4 de junho de 2024

Ministros de Israel ameaçam derrubar governo se cessar-fogo em Gaza for 'imprudente'

Os parceiros da coligação de direita do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, atacaram a proposta mediada pelos EUA, afirmando que é uma "rendição total" ao Hamas.

De acordo com o Financial Times (FT), os aliados israelenses de Netanyahu rejeitaram uma proposta de cessar-fogo mediada pelos EUA para pôr fim à guerra em Gaza como "rendição total" ao Hamas, ameaçando derrubar o governo israelense se a medida for aprovada.

Segundo a apuração, pretendendo dar fim ao conflito em Gaza, o presidente norte-americano Joe Biden apresentou uma proposta de cessar-fogo na sexta-feira (31) na qual os combates seriam interrompidos e os reféns israelenses seriam libertados. A proposta, no entanto, não agradou ao governo de coalizão de Netanyahu, que o instou a continuar a guerra até a "eliminação completa" do Hamas.

"É uma vitória para o terrorismo e um perigo para a segurança do Estado de Israel", disse o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, sobre a proposta de Biden em comunicado. "Concordar com tal acordo não é uma vitória total – mas uma derrota total", acrescentou ele, ameaçando "dissolver o governo".

Os EUA, juntamente com o Egito e o Catar, emitiram uma declaração conjunta no sábado (1º), apelando ao Hamas e a Israel para finalizarem os termos do acordo que "trará alívio imediato tanto ao sofrimento do povo de Gaza como aos reféns". Os três Estados tentaram durante meses negociar um acordo que poria fim aos combates em Gaza, mas as conversações estagnaram devido a divergências fundamentais entre as duas partes em conflito.

Segundo Biden, o acordo de três fases começaria com um "cessar-fogo total e completo" durante seis semanas, incluindo a retirada das forças israelenses de áreas "densamente povoadas" de Gaza, e o retorno de alguns reféns, em troca da libertação de alguns prisioneiros palestinos. Depois, a segunda fase envolveria a libertação de todos os reféns e uma "cessação permanente das hostilidades" combinada com uma retirada total das tropas israelenses de Gaza e a terceira fase envolveria a "reconstrução" do território.

Mas o gabinete de Netanyahu foi evasivo e apenas reafirmou seus compromissos anteriores de destruição do Hamas e com "a libertação de todos os reféns e a garantia de que Gaza não representa mais uma ameaça para Israel".

Em comunicado, o Hamas disse que "vê positivamente" o discurso de Biden e que está pronto para lidar "de forma construtiva com qualquer proposta que se baseie em um cessar-fogo permanente e na retirada total [das forças israelenses] da Faixa de Gaza, a reconstrução [de Gaza] e o regresso das pessoas deslocadas às suas casas, junto com a conclusão de um verdadeiro acordo de troca de prisioneiros", desde que Israel "anuncie claramente o compromisso com tal acordo".

O líder da oposição, Yair Lapid, rapidamente se ofereceu para conduzir as negociações de forma segura caso a coalizão governamental se recuse a permanecer até o fim das possíveis tratativas.

"O governo israelense não pode ignorar o significativo discurso do presidente Biden. Há um acordo sobre a mesa e ele precisa ser feito", escreveu Lapid no X.

Dezenas de milhares de israelenses convergiram para o centro de Tel Aviv na noite de sábado (1º) na manifestação semanal pela libertação dos reféns israelenses capturados pelo Hamas durante o ataque de 7 de outubro que desencadeou a guerra que já resultou na morte de quase 37.000 palestinos em Gaza.

¨      Israel busca 'governo diferente' para substituir o Hamas na Faixa de Gaza

Israel já trabalha para encontrar um substituto para o governo do movimento Hamas na Faixa de Gaza, segundo o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, adiantou neste domingo (2). O conflito no enclave já provocou mais de 36 mil mortes e dura quase sete meses.

"Estamos promovendo um governo alternativo ao Hamas, no qual isolaremos áreas, eliminaremos os membros do Hamas e traremos outras forças que permitam um governo diferente", declarou Gallant.

O ministro apontou "a ação militar, por um lado, e a capacidade de mudar o governo, por outro" como a chave para alcançar dois dos objetivos israelenses: "o desmantelamento do Hamas e seu poder militar, além do retorno dos reféns".

A declaração ocorre depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, sugeriu na última sexta-feira (31) um novo acordo em três fases para alcançar um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns.

A primeira etapa inclui um cessar-fogo completo, a retirada das tropas israelenses de todas as localidades de Gaza, a libertação de parte dos reféns mantidos pelo Hamas, incluindo feridos, idosos e mulheres, e ainda a libertação de palestinos detidos nas prisões.

A segunda fase envolve uma cessação indefinida das hostilidades em troca da libertação dos reféns restantes, e a terceira prevê o início da reconstrução da Faixa de Gaza.

O movimento já declarou que viu a iniciativa como positiva, enquanto o governo israelense mostrou-se ambíguo em relação ao anúncio.

·        Ministros ameaçam derrubar governo

Os parceiros da coligação de direita do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, atacaram a proposta mediada pelos EUA, afirmando que é uma "rendição total" ao Hamas.

De acordo com o Financial Times (FT), os aliados israelenses de Netanyahu rejeitaram a proposta de cessar-fogo mediada pelos EUA para pôr fim à guerra em Gaza como "rendição total" ao Hamas, ameaçando derrubar o governo israelense se a medida for aprovada.

"É uma vitória para o terrorismo e um perigo para a segurança do Estado de Israel", disse o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, sobre a proposta de Biden em comunicado. "Concordar com tal acordo não é uma vitória total – mas uma derrota total", acrescentou ele, ameaçando "dissolver o governo".

¨      Maldivas anuncia que proibirá a entrada de israelenses no país devido à guerra em Gaza

O governo das Maldivas anunciou neste domingo (2) que proibirá a entrada de israelenses no arquipélago do Oceano Índico, que é uma nação predominantemente muçulmana, devido à guerra em Gaza, informou a rádio pública israelense Kan.

O gabinete do presidente maldivo, Mohamed Muizu, informou que o governo decidiu alterar as leis para impedir que titulares de passaportes israelenses entrem no país e estabelecer um subcomitê para supervisionar o processo.

Muizu ainda nomeará um enviado especial para avaliar as necessidades palestinas e lançar uma campanha de arrecadação de fundos.

Quase 11 mil israelenses visitaram as Maldivas no ano passado, representando 0,6% do turismo no país. Israel não tem vínculos diplomáticos com o arquipélago conhecido por seus atóis.

Em dezembro, Israel emitiu um aviso aos israelenses para que não visitassem as Maldivas, citando um crescente sentimento anti-israelense durante a guerra com o Hamas, incluindo comentários de seus políticos e funcionários públicos.

·        Pressão internacional contra Israel

Cada vez mais países pressionam Israel a interromper os ataques contra Gaza, onde mais de 36 mil palestinos já morreram desde o início do conflito, em 7 de outubro. O país ainda enfrenta um processo na Corte Internacional de Justiça (CIJ) por genocídio contra a população local.

No final de dezembro do ano passado, a África do Sul, com base na Convenção sobre o Crime de Genocídio, apresentou uma ação judicial contra Israel, instando a corte a tomar medidas contra as autoridades israelenses. As primeiras audiências foram realizadas nos dias 11 e 12 de janeiro.

Em 26 de janeiro, a CIJ ordenou a Israel que tomasse todas as medidas necessárias para prevenir o genocídio no enclave palestino e que prestasse urgentemente assistência humanitária à Faixa de Gaza.

A África do Sul recorreu novamente ao tribunal na sequência da decisão de Israel de expandir a sua operação militar em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

Em abril, a CIJ também ordenou a Israel que tomasse medidas para garantir que a ajuda humanitária chegasse sem impedimentos à Faixa de Gaza e ordenou que cessasse imediatamente a operação militar em Rafah.

¨      Chile apoia denúncia da África do Sul contra Israel por genocídio na Corte Internacional de Justiça

O Chile apoiará a denúncia que a África do Sul apresentou contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ) pelo genocídio que o Exército israelense estará cometendo contra o povo palestino na Faixa de Gaza, anunciou o presidente Gabriel Boric.

"Nunca deixaremos de ficar indignados com as ações indiscriminadas e absolutamente desproporcionais contra civis inocentes, especialmente mulheres e crianças palestinas, que o Exército israelense está a levar a cabo", disse Boric ao apresentar seu terceiro relatório anual das ações de seu governo.

"Já são mais de 35 mil mortos, uma situação humana catastrófica e a infraestrutura em Gaza está praticamente devastada", acrescentou o presidente chileno diante de centenas de participantes na sede do Congresso chileno.

O presidente garantiu que os atos cometidos pelo Exército israelense no enclave "exigem uma resposta firme permanente da comunidade internacional".

"Por esta razão, além do apoio humanitário que prestamos à Palestina, convocando o nosso embaixador em Israel para consultas e apresentando, juntamente com o México, um encaminhamento da situação na Palestina ao Tribunal Penal Internacional, decidi que o Chile fará parte e apoiará o caso que a África do Sul apresentou contra Israel perante a Corte Internacional de Justiça em Haia, no âmbito da convenção da ONU sobre genocídio", afirmou Boric.

Boric disse que ordenou às equipes do Ministério das Relações Exteriores que preparassem um documento com os argumentos do Chile sobre o assunto.

Nele, o chefe do executivo chileno condenou também os ataques do Hamas, que qualificou como terroristas e exigiu a libertação dos reféns israelenses.

"Que fique bem claro que não aceito escolher entre barbaridades", disse o presidente chileno.

No final de dezembro do ano passado, a África do Sul, com base na Convenção sobre o Crime de Genocídio, apresentou uma ação judicial contra Israel, instando a corte a tomar medidas contra as autoridades israelenses. As primeiras audiências foram realizadas nos dias 11 e 12 de janeiro.

Em 26 de janeiro, a CIJ ordenou a Israel que tomasse todas as medidas necessárias para prevenir o genocídio no enclave palestino e que prestasse urgentemente assistência humanitária à Faixa de Gaza.

A África do Sul recorreu novamente ao tribunal na sequência da decisão de Israel de expandir a sua operação militar em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

O representante da delegação sul-africana e embaixador do país nos Países Baixos, Vusimuzi Madonsela, acusou Tel Aviv em 20 de fevereiro de aplicar uma forma extrema de apartheid nos territórios palestinos, semelhante ao que a África do Sul sofreu.

Em abril, a CIJ também ordenou a Israel que tomasse medidas para garantir que a ajuda humanitária chegasse sem impedimentos à Faixa de Gaza e, na semana passada, ordenou que cessasse imediatamente a sua operação militar em Rafah.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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