sexta-feira, 28 de junho de 2024

Após ser ofendida por Marçal, Tabata rebate: “Não sou ex-coach messiânica nem estelionatária”

A disputa para a Prefeitura de São Paulo ganhou um novo capítulo de embates nas redes com uma discussão entre os pré-canditados Tabata Amaral (PSB) e Pablo Marçal (Pros). Nessa segunda-feira (24/6), Marçal publicou um vídeo fazendo ofensas pessoais a Tabata, a criticando por ser solteira e não ter filhos. Os comentários foram rebatidos com indignação pela deputada federal, que disse, entre outras coisas, não ser uma ex-coach messiânica e nem estelionatária.

Segundo Marçal, Tabata não teria qualificação para ser prefeita da cidade porque, apesar de “ter um bom garoto que ela namora” — em referência ao relacionamento da deputada com o prefeito de Recife, João Campos (PSB) — “ela não sabe o problema de um casamento. Não sabe o problema do que que é ter um filho”.

Em resposta, Tabata repudiou o caráter machista da crítica de Marçal — que, segundo ela, deixa de debater propostas concretas para a cidade. “A gente que é mulher está sempre devendo, né? Ou é jovem, ou é velha, ou tem filho demais, ou nunca teve filho”, pontua Tabata.

No vídeo de Marçal, comentários de cunho pessoal são repetidos somente para a outra pré-candidata mulher à prefeitura, Maria Helena (Novo), que é aliada do influencer. Para ele, Helena seria uma “boa mulher”, já que “ela é guerreira, está amamentando, por isso que ela é brava”.

Os demais políticos mencionados por Marçal — Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSol), José Luiz Datena (PSDB), Kim Kataguiri (União) e Ricardo Salles (PL) — não receberam nenhuma menção ao fato de estarem ou não em um relacionamento ou terem filhos.

•           Resposta de Tabata Amaral

Além de rebater as críticas, Tabata Amaral aproveitou o vídeo de resposta para destacar polêmicas envolvendo Pablo Marçal. A deputada lembrou que o pré-candidato foi condenado, em 2010, por participar de uma quadrilha que desviou dinheiro de bancos. Na época, investigações do Ministério Público Federal (MPF) apontaram que ele era ligado diretamente a um bando que invadia sistemas bancários.

A deputada também fez menção à expedição liderada por Marçal no Pico do Marins, na Serra da Mantiqueira, em 2022. Um grupo de 32 pessoas, que subiu ao local sem o devido preparo, precisou ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros.

Por fim, Tabata lembrou a morte de Bruno Teixeira, de 26 anos, em setembro de 2023. O jovem morreu após participar de uma maratona clandestina organizada por pessoas ligadas a Pablo Marçal.

“Mas o que interessa para São Paulo são outras coisas que eu nunca fiz: eu nunca fui condenada por fazer parte de uma quadrilha de roubo de banco. Nunca gastei tempo e dinheiro do Corpo de Bombeiros com a minha irresponsabilidade. Eu nunca fiz um funcionário correr até a morte por parada cardíaca em uma brincadeira sem sentido. Eu não sou ex-coach messiânica, expedicionária fracassada, nem estelionatária“, disse Tabata em seu vídeo.

RELEMBRE O CASO:

<><> “Coach messiânico” integrou quadrilha que desviou dinheiro de bancos

O “coach messiânico” Pablo Marçal (foto em destaque), de 34 anos, já foi condenado, em 2010, por participar de uma quadrilha que desviou dinheiro de bancos.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Marçal era ligado diretamente a dois homens acusados de chefiar o bando. Ele captava e-mails que seriam infectados com programas invasores e consertava os computadores usados pelos criminosos. O Metrópoles teve acesso a detalhes da investigação.

O hoje influencer, porém, teve a pena extinta, em 2018, por prescrição retroativa, uma vez que se passaram mais anos do que a sentença em trânsito em julgado.

Com mais de 2 milhões de seguidores no Instagram, Pablo Marçal virou notícia na semana passada, após conduzir 32 pessoas ao topo do Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira, em São Paulo. O grupo precisou ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros.

O tenente Pedro Aihara, do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, indignou-se com a atitude do coach que liderava as pessoas na aventura, considerada perigosa.

“Um ‘coach’ irresponsável, fanfarrão, coloca 60 pessoas para subir o Pico dos Marins debaixo de chuva. Sem conhecimento técnico, sem suporte adequado, sem estrutura, porque, segundo ele, ‘é tudo emocional’”, exclamou o tenente.

A atuação de Pablo Marçal na quadrilha teria ocorrido em meados de 2005. Na época, ele tinha apenas 18 anos e morava em Goiânia, sua cidade natal.

O processo que tramita na Justiça Federal tem como base investigações da Polícia Federal (PF) que resultaram na Operação Pegasus, deflagrada em 2005. Na ocasião, o grupo foi descrito como a “maior quadrilha de piratas da internet brasileira” pelo jornal Folha de S.Paulo.

De acordo com os investigadores, a quadrilha causou “prejuízos relevantes” à Caixa Econômica Federal, ao Banco do Brasil (BB) e a outras instituições financeiras.

A organização operava de diversas formas, com a criação de sites falsos de bancos; a emissão de mensagens ameaçadoras e que anunciavam suposta inadimplência da vítima com o Serasa; ou, ainda, com o chamado Cavalo de Troia, programa que captura informações nos computadores infectados.

“Existia uma estrutura amplamente organizada, contando com o envolvimento de diversas pessoas, que exerciam funções determinadas, pois uns eram responsáveis pela criação e pelo aperfeiçoamento do programa de computador utilizado nas fraudes, outros contatavam pessoas que pudessem ceder suas contas bancárias para as transferências, além daqueles que faziam os saques”, relatam os investigadores.

Para o MPF, Pablo era o encarregado de capturar listas de e-mails para o pastor Danilo de Oliveira, um dos líderes do bando. Em seguida, esses endereços eram infectados com programas invasores, com o objetivo de obter dados e senhas dos correntistas lesados.

Com o dinheiro furtado, os líderes da organização criminosa bancaram até mesmo uma Nissan Frontier e uma Montana.

Dezessete anos depois, Pablo ostenta carros luxuosos, como uma Ferrari 458 Itália vermelha – comprada por R$ 991,8 mil em um leilão de carros recuperados de um grupo criminoso – e jatinhos. O influencer se diz uma das pessoas mais ricas do Brasil.

Ele vende cursos e promete, com discursos religiosos e frases de motivação, “destravar códigos da prosperidade e do governo da alma”.

•           Pena extinta

Em março do ano passado, em live transmitida pelas redes sociais, o coach falou sobre o processo que respondeu na Justiça. Ele nega participação na quadrilha e afirma que “apenas arrumava os computadores”.

“Eu não tinha emprego, com 18 anos de idade, consertava computadores e me envolvi com um cara da igreja. […] Eu consertava os computadores e eles ficavam rodando. Acordei um dia e tinha alguém me levando de forma coercitiva”, disse Pablo na transmissão motivacional.

“Todas as pessoas que estavam nessa situação foram condenadas e cumpriram pena. Eu fui o único que teve extinção da punibilidade”, prosseguiu o influencer.

Pablo foi condenado, em 2010, pela prática do crime de furto qualificado a 2 anos e 6 meses de reclusão. A pena dele foi extinta, no entanto, por prescrição retroativa. Isso não significa que a Justiça entendeu que ele não estaria envolvido com a quadrilha. 

“Considerando que a pena imposta ao apelante não é superior a 4 anos de reclusão, tem-se que tal pena regula-se pelo prazo prescricional de 8. Contudo, conforme reconhecido pela sentença, o acusado Pablo Henrique, nascido em 18/04/1987, era menor de 21 anos à época dos fatos. A prescrição quanto a ele é, portanto, reduzida à metade. Regular-se, pois, pelo prazo prescricional de quatro anos”, diz a sentença.

“Observando que transcorreram mais de quatro anos entre a publicação da sentença penal condenatória no e-DJF1 em 5 de maio de 2010 e a presente data, faz-se mister o reconhecimento, de ofício, da extinção da punibilidade pela ocorrência da prescrição retroativa da pretensão punitiva do Estado”, complementa.

Em depoimento à época da denúncia, Pablo também negou a autoria dos crimes. Ele admitiu que prestava serviços de manutenção nos computadores do pastor, além de lhe fornecer listas de e-mails, “mas tudo sem consciência da atividade ilícita” desenvolvida pelo grupo.

A negativa, contudo, foi confrontada pelo MPF. “As próprias declarações de Pablo na polícia são discrepantes com a tese de inocência defendida, principalmente quando comenta a participação de Paco, na parte que este teria acesso a ‘todas as contas bancárias que seriam fraudadas por Danilo e Nenê’”, argumenta o órgão.

Além disso, o técnico de computador teria participado de um almoço, em uma churrascaria, para tratar da compra de um programa invasor. “Não é crível a negativa de Pablo de não saber que tipo de conversa foi travada entre os presentes”, assegura o MPF.

•           Outro lado

Pablo foi procurado por meio de suas redes sociais e pela equipe que aplica um de seus cursos, mas não retomou contato.

A advogada dele, Danielle Premoli, pronunciou-se: “Na época dos fatos, o meu cliente trabalhava consertando computadores para um pastor e foi colocado indevidamente nesse processo que desenrolou por vários anos”. “Com relação ao crime, o meu cliente foi o único que teve extinta a sua punibilidade”, prosseguiu.

 

•           MP aciona polícia e apura se Pablo Marçal descumpriu ordem judicial

O Ministério Público de São Paulo pediu à Polícia Civil a cópia de um boletim de ocorrência registrado contra Pablo Marçal. O movimento ocorre após a coluna revelar que o empresário é alvo de denúncia por supostamente ter colocado em risco a integridade física de participantes do reality show “A casa digital”, promovido por Marçal em abril deste ano.

A promotora Renata Galhardo alegou à Justiça já haver determinação para “impor a Pablo Henrique Costa Marçal a medida cautelar de proibição de realizar qualquer atividade externa precipuamente na natureza (seja em montanhas, picos, rios, lagos, mares, ou em locais correlatos), por si ou por interposta pessoa, sem prévia e expressa autorização da Polícia Militar (aqui considerando a corporação em si, Corpo de Bombeiros e Polícia Ambiental), Prefeitura Municipal e Defesa Civil da localidade visada, sob o pretexto de sua atividade de coach ou em programas motivacionais”.

A restrição judicial ocorreu após o episódio de Pablo Marçal na montanha, em janeiro de 2022, quando ele conduziu 32 pessoas ao topo do Pico do Marins (SP), na Serra da Mantiqueira. Todos precisaram ser resgatados pelo Corpo de Bombeiros. O empresário é pré-candidato a prefeito de São Paulo e aparece em terceiro lugar nas principais pesquisas de intenção de voto.

“Destarte, para regular instrução dos autos e, demais disso, verificar eventual descumprimento das cautelares impostas nos presentes autos, requeiro expedição de ofício à Delegacia de Polícia de Serra Negra para o envio do Boletim de Ocorrência no HI5925-3/2024”, solicitou a promotora.

“No mesmo ínterim, requeiro intimação do averiguado Pablo Marçal, por seus advogados via DJE, para caso queira se manifestar sobre eventual descumprimento da cautelar imposta nestes autos, se o caso e ad cautelam, apresentando as devidas justificativas, em homenagem ao contraditório”, concluiu o MP na manifestação à Justiça.

 

•           André Valadão: Câmara de SP vai dar título para pastor que usa Deus para odiar gays

É mais um capítulo inacreditável, mas é verdade. A Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou nesta quarta-feira (26) o título de cidadão paulistano para o pastor bolsonarista André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha. A honraria foi proposta pelo vereador Rinaldi Digilio (União), que também é pastor. Ele é o mesmo que tentou alugar por R$ 100 mil o Theatro Municipal de São Paulo no início do ano, para homenagear a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, mas foi impedido pela prefeitura.

Valadão coleciona polêmicas. No ano passado, virou notícia ao afirmar que Deus mataria homossexuais, se pudesse. “Agora, é hora de tomar as cordas de volta e falar ‘não, reseta’, aí Deus fala ‘não posso mais, já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse, eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas já prometi pra mim mesmo que não posso, então agora tá com vocês.’”

Em outra ocasião, o pastor postou que "Deus odeia o orgulho", ao fazer convocação para um culto em sua igreja. A palavra "orgulho" na postagem aparecia pintada com as cores do arco-íris, símbolo da comunidade LGBTQIA+.

•           Filhos na faculdade

Na terça-feira (18), Valadão publicou nas redes um vídeo em que incentiva seus fiéis a não mandarem seus filhos para a faculdade. Segundo ele, as instituições de ensino superior podem “acabar com a vida” dos estudantes.

“Não manda o seu filho para a faculdade. Vai vender picolé na garagem. ‘Ah, mas eu não criei meu filho para isso’. Você criou para quê? Para ele ir para o inferno? Criou sua filha para virar uma vagabunda, rodada, ou para ser uma mulher santa, digna, de família e cheia de Deus?”, disse sob aplausos. “Aí ela tem um diploma e é rodada, é doida”, emendou.

Dias depois, ele apareceu com os próprios filhos passeando na Universidade de Harvard, uma das mais conceituadas do mundo, nos Estados Unidos.

•           Perdão para estuprador

Já nesta semana, Valadão respondeu de maneira surpreendente em seu stories do Instagram, ao ser perguntado “o que diria como pastor pra um estuprador que se arrependeu?”

Ele não vacilou e disse que “não há malignidade, perversidade, que o amor de Deus não seja maior”.

“Eu diria pra ele que a grandeza da misericórdia de Jesus, a grandeza do amor de Jesus é infinitamente maior”, disse ele. “Que não há uma malignidade, não há uma perversidade nesse mundo que o amor de Deus não seja maior que aquilo ou aquela realidade. Jesus morreu por todos e aquele que genuinamente se arrepende pode receber a salvação”, encerrou.

 

Fonte: Metrópoles/Fórum

 

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