terça-feira, 4 de junho de 2024

Acordo entre Índia e Rússia para compra de petróleo por rublos é mais um sinal da desdolarização

Nesta semana, foi relatado que a maior corporação privada da Índia, Reliance Industries, e a empresa de energia russa Rosneft assinaram um acordo de um ano para o fornecimento de até três milhões de barris de petróleo por mês que serão pagos em rublos russos, colocando mais um prego no caixão da hegemonia do dólar dos EUA.

As transações serão tratadas pelo banco da Índia HDFC e pelo Gazprombank da Rússia, fora do sistema de pagamento interbancário ocidental SWIFT e imune às sanções unilaterais ilegais impostas à Rússia pelo Ocidente.

Após o início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia, os países ocidentais reduziram muito suas compras de petróleo e gás russos em uma tentativa que visava destruir a economia russa e que, entretanto, fracassou.

"Desde que a guerra econômica existencial ocidental de sanções [contra a Rússia] começou em 2022, as importações da Índia de petróleo russo dispararam. Na verdade, as importações de petróleo russo pelo país subiram dez vezes apenas em 2023", explicou o especialista em segurança e relações internacionais Mark Sleboda em entrevista à Sputnik.

"Então eles estão comprando petróleo russo. Estão [conseguindo] um bom preço por ele, tornando seus produtos mais competitivos e a Europa não está obtendo esse petróleo barato e confiável."

A decisão de fazer transações em rublos em vez de rúpias indianas ou dólares americanos representa outro passo na desdolarização que tem se espalhado por todo o mundo.

Se os EUA continuarem nesse caminho, mais países seguirão o exemplo, prevê Sleboda. Quanto mais o Ocidente usa sanções e sistemas de pagamento como uma arma na política externa, "mais da economia mundial [afastar-se-á] para fora do seu alcance."

¨      Rússia trabalha para excluir sanções às exportações agroalimentares para a Ásia e África

As restrições ocidentais impedem que os produtos agrícolas russos cheguem aos outros continentes, "provocando o crescimento de riscos e ameaças relevantes", segundo o Ministério das Relações Exteriores russo.

As sanções seguem bloqueando o fornecimento de produtos agrícolas da Rússia, o que afeta negativamente os consumidores da Ásia, África e América Latina, contou na sexta-feira (31) o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, as consultas foram realizadas na sexta-feira (31) com a participação de Sergei Vershinin, vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, agências e empresas russas, mas também com uma delegação da ONU chefiada por Rebeca Grynspan, secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento.

As partes discutiram a situação da segurança alimentar global "com foco nas questões de normalização do acesso sem obstáculos dos produtos agrícolas russos aos mercados mundiais". Ambos os lados reafirmaram seu compromisso de garantir a implementação do memorando agroalimentar Rússia-ONU.

"Foi notado do lado russo que as sanções unilaterais ilegais continuam bloqueando o suprimento de produtos domésticos, o que tem um impacto negativo sobre os consumidores dos países da África, Ásia e América Latina, provocando o crescimento de riscos e ameaças relevantes", afirmou o ministério após consultas especializadas com os representantes das Nações Unidas.

Além disso, foram discutidas em detalhe questões de organização de suprimentos humanitários de grãos e fertilizantes russos para os países necessitados com o envolvimento da ONU.

¨      G7 e UE estão preparando sanções contra bancos que usam o SWIFT russo, diz mídia

Os países do G7 e da União Europeia estão discutindo a introdução de sanções contra bancos e instituições financeiras de países que utilizam o Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras (SPFS, na sigla em russo), alternativa ao SWIFT, criado pela Rússia.

"Há medidas que serão discutidas contra instituições financeiras em países que usam o sistema similar ao SWIFT para transmitir mensagens financeiras e contornar restrições ao Banco Central da Federação da Rússia", informou a Bloomberg, citando fontes.

As medidas restritivas estão sendo discutidas logo antes da reunião do G7 na Itália, que ocorrerá em junho. No entanto, os países ainda não chegaram a um consenso sobre as ações a tomar.

As medidas estão sendo discutidas em conjunto com a União Europeia, disse a publicação.

No início de maio, a Bloomberg informou que a União Europeia, como parte de um novo pacote de sanções contra a Rússia, poderá proibir o uso do SPFS do Banco Central da Federação da Rússia.

Há alguns anos, o SWIFT era o principal sistema de processamento de pagamentos. Quase todas as transações bancárias no mundo passavam por ele. Contudo, em 2014, quando os países ocidentais ameaçaram pela primeira vez isolar a Rússia do sistema, os principais países do mundo começaram a criar alternativas.

Na Rússia, surgiu o Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras (SPFS). Na China, o Sistema de Pagamentos Interbancários Transfronteiriços (CIPS, na sigla em inglês). A Índia também possui seu próprio sistema de transferências.

Conforme afirmado anteriormente pela chefe do Banco Central da Federação da Rússia, Elvira Nabiullina, 160 participantes estrangeiros de 20 países já se conectaram ao sistema russo.

¨      Sanções anti-Rússia fortaleceram os laços com a China e minaram o Ocidente, diz analista francês

As sanções ocidentais contra a Rússia reforçaram os laços entre Moscou e Pequim, ao mesmo tempo que privaram a União Europeia (UE) de vantagens estratégicas e diminuíram sua autoridade sobre o mundo, afirma o cientista político francês Alexandre del Valle.

"O principal resultado da guerra econômica do Ocidente contra a Rússia foi o fortalecimento da parceria com a China e, em seguida, o alargamento do fosso entre o Ocidente e o resto do mundo", escreveu del Valle para a publicação Valeurs Actuelles.

"A nova convergência de interesses econômicos e políticos entre países não ocidentais, centrados na Rússia e na China, representará um sério desafio ao futuro domínio do Ocidente no sistema global."

Em seu texto, o cientista político detalha que os mercados emergentes já compensaram a maior parte das perdas comerciais entre a Rússia e o Ocidente, indicando uma reorientação significativa dos mercados globais.

Segundo o especialista, a "guerra econômica total" do Ocidente contra a Rússia "privou a União Europeia das suas vantagens geoeconômicas e estratégicas, bem como da sua autoridade perante todo o mundo não ocidental".

"O abandono do gás russo barato e mais ecológico em favor do gás do Catar e do Azerbaijão e do gás de xisto dos Estados Unidos minou a indústria europeia", disse, observando que a UE agora paga cinco vezes mais pelo gás do que os Estados Unidos.

"Moscou está aprofundando a cooperação com parceiros, como a China, que dão prioridade aos interesses econômicos nas suas relações com Moscou. A Europa é a única no mundo […] que sacrifica suas vantagens competitivas industriais."

Segundo Del Valle, ao tentar prejudicar a Rússia, a própria Europa caiu numa armadilha. A Rússia tomou a iniciativa no campo de batalha e está preparando uma ofensiva em grande escala em muitas frentes, enquanto Kiev enfrenta uma grave escassez de recursos e de pessoas.

Del Valle lembra ainda que o apoio da população ao presidente russo, Vladimir Putin, só se tornou mais forte e que o crescimento econômico da Federação da Rússia supera os indicadores europeus.

O especialista alerta que o afastamento de uma estratégia de maior integração global poderá eventualmente levar ao abandono do dólar como moeda de reserva.

"A Rússia e os seus parceiros, incluindo os países produtores de petróleo do golfo Pérsico, a Índia e os países da Ásia Central e do Cáucaso, sem esquecer a Turquia, estão cada vez mais realizando pagamentos sem dólares, enfraquecendo assim o monopólio americano."

Mesmo que ainda esteja longe, em última análise isso poderá levar à destruição gradual do atual sistema regulatório global, à "desdolarização", aponta Del Valle.

O analista também destacou a imoralidade das sanções, que são "percebidas por muitos países não ocidentais como uma contradição óbvia das regras de direito e da moralidade consideradas sagradas para a Europa".

"Os países em desenvolvimento (China, Índia, Brasil e outros) ou a Ásia Central consideram essas sanções, que continuam aumentando (o 14º pacote está em desenvolvimento) e que não tiveram impacto na guerra, como minando os direitos de propriedade."

"Por isso eles deviam ser cautelosos com a possibilidade de que um número de países se recuse cada vez mais a aprofundar a cooperação com a Europa no futuro", acredita o cientista político.

¨      Aumento de presença dos EUA no Pacífico força outras nações a 'escolher um lado', diz general chinês

Os EUA estão aumentando a sua presença militar na região do Pacífico, em uma tentativa de vincular os vizinhos de Pequim à máquina de guerra norte-americana, disse um importante general chinês.

O ministro da Defesa chinês, Dong Jun, já havia conversado com o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, nas margens do Diálogo de Shangri-La, em Singapura, sobre as pressões militares na Ásia-Pacífico. Agora, foi a vez do tenente-general Jing Jianfeng, vice-chefe do Departamento de Estado-Maior Conjunto da Comissão Militar Central da China, dar o alerta.

"O verdadeiro motivo é convergir vários pequenos círculos em um grande círculo que é uma versão Ásia-Pacífico da Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN], para manter a hegemonia norte-americana", disse Jianfeng em comunicado na cúpula de segurança em Singapura.

"Os EUA estão reforçando a sua presença militar para forçar outros países a escolherem um lado e avançando na expansão da OTAN para leste", disse Jing, acrescentando que tais manobras criam o caos e "ligam os países regionais à máquina de guerra norte-americana".

Ele também chamou os EUA "do maior desafio à paz e estabilidade regionais".

Jing disse que a estratégia de Washington no Indo-Pacífico visa "trazer a divisão, provocar o confronto e minar a estabilidade".

O discurso de Jing veio em resposta à declaração do secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, de que a guerra com a China não era iminente nem inevitável. Jing acusou os EUA de procurarem uma aliança semelhante à OTAN na Ásia.

Os EUA procuraram recentemente aprofundar a cooperação com todos os possíveis aliados na região Ásia-Pacífico para apoiar os seus próprios interesses e conter a China. Junto com a Austrália e o Reino Unido, os Estados Unidos formaram a aliança político-militar AUKUS — sob a qual estão expandindo sua frota de submarinos com propulsão nuclear.

¨      EUA voltam a ameaçar China com sanções contra empresas e bancos chineses por apoio à Rússia

Os Estados Unidos e outras nações poderiam tomar medidas contra empresas e instituições financeiras chinesas devido ao apoio de Pequim à Rússia, disse uma importante autoridade norte-americana nesta sexta-feira (31).

Em dezembro, a administração Biden intensificou as advertências sobre o apoio de Pequim a Moscou e emitiu uma ordem executiva que ameaçava medidas punitivas contra instituições financeiras que ajudassem a Rússia a contornar as sanções ocidentais.

"Acho que estamos principalmente focados nas empresas chinesas que têm estado envolvidas de forma sistemática no apoio à Rússia. Também analisamos atentamente as instituições financeiras", disse o vice-secretário de Estado dos EUA, Kurt Campbell, quando questionado se a liderança chinesa e os bancos poderiam ser visados, segundo a Reuters.

No início desta semana, Campbell disse que havia "uma necessidade urgente" de os países europeus e da OTAN enviarem uma mensagem coletiva de preocupação à China.

"Haverá medidas que serão tomadas, não apenas pelos Estados Unidos, mas por outros países, sinalizando o nosso profundo descontentamento com o que a China está tentando fazer em sua relação com a Rússia no campo de batalha na Ucrânia", acrescentou o vice-secretário de Estado norte-americano.

Anteriormente, Pequim classificou as sanções já impostas pelos EUA e pela União Europeia como "ilegais", conforme noticiado.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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