Tudo o que se sabe sobre a KP.2, nova
variante da Covid
Há uma nova variante
do coronavírus circulando. A KP.2, membro das chamadas variantes FliRT,
apelidadas por causa de suas mutações, tornou-se a cepa dominante do
coronavírus nos Estados Unidos, de acordo com os Centros de Controle e
Prevenção de Doenças dos EUA. Essas variantes FliRT têm certas mutações em
comum, mas ainda fazem parte da família Ômicron do coronavírus.
No período de 28 de
abril a 11 de maio, quase 30% dos novos casos nos Estados Unidos foram causados
pela KP.2, um aumento em relação a menos de 16% no período de duas semanas
anteriores.
O que as pessoas devem
saber sobre essa nova variante? Quais são os sintomas da infecção? As vacinas
ainda funcionam contra a nova cepa? O teste caseiro ainda é confiável? Quanto
tempo as pessoas devem isolar-se se contraírem a KP.2? Quem deve tomar tratamentos
antivirais se contraírem esse tipo de Covid-19? E qual é a orientação para
indivíduos imunocomprometidos — eles devem voltar a usar máscaras?
Para nos guiar nessas
questões, conversamos com a especialista em bem-estar da CNN, Dra. Leana Wen.
Wen é médica de emergência e professora clínica associada na Universidade
George Washington. Ela serviu anteriormente como comissária de saúde de
Baltimore.
• O que as pessoas devem saber sobre essa
nova variante, KP.2?
Dr. Leana Wen: Desde o
início da Covid-19, temos discutido novas variantes. A cepa original do vírus
foi substituída pela variante Alpha. Depois tivemos Beta, depois Delta e depois
Ômicron.
KP.2 faz parte da
família Ômicron. Parece estar substituindo JN.1 e subvariantes similares, que
anteriormente eram as variantes dominantes nos Estados Unidos.
Sempre que há uma nova
variante, há três perguntas principais a serem feitas: Ela é mais contagiosa?
Causa uma doença mais grave? E as vacinas e tratamentos existentes funcionam
contra ela?
Uma razão pela qual
uma nova cepa substitui as anteriormente dominantes é que ela é tão contagiosa
quanto ou mais. Isso significa que a KP.2 pode se espalhar muito facilmente,
algo que temos visto ao longo da Covid-19: que o coronavírus é extremamente contagioso
e, portanto, difícil de evitar.
A boa notícia é que a
KP.2 não parece causar uma doença mais grave. De fato, as hospitalizações
associadas à Covid-19 estão em níveis historicamente baixos. E não há razão
para acreditar que as vacinas e tratamentos existentes deixariam de funcionar
contra ela.
• Quais são os sintomas de infecção com a
KP.2?
Wen: A maioria das
pessoas que contraem o coronavírus nunca saberá qual variante está causando
seus sintomas. Os sintomas da infecção por Covid-19 incluem coriza, dor de
garganta, dor de cabeça, febres, tosse e dores no corpo. Algumas pessoas podem
apresentar sintomas mais graves, como falta de ar. A Covid-19 também pode
agravar condições subjacentes, como insuficiência cardíaca.
Nenhum desses sintomas
é específico da KP.2, que até agora não foi relatada como associada a sintomas
únicos que a distingam de outras infecções por coronavírus. É importante
lembrar que, em muitos indivíduos, os sintomas da Covid-19 podem ser difíceis de
diferenciar de outras infecções virais, como a gripe ou o resfriado comum.
• O teste caseiro ainda é confiável?
Wen: Testes rápidos de
antígeno caseiros são um método fácil e conveniente para rastrear a Covid-19,
embora não sejam tão confiáveis ou precisos quanto os testes laboratoriais de
PCR (reação em cadeia da polimerase). Não há indicação de que os testes caseiros
sejam menos eficazes em detectar essa nova variante em comparação com as
variantes anteriores.
Recomendo que as
pessoas façam um teste caseiro se tiverem sintomas e puderem ser elegíveis para
tratamento antiviral. Se alguém estiver muito preocupado que possa ter
Covid-19, pode fazer vários testes caseiros em dias diferentes e considerar
fazer um teste de PCR também.
• As vacinas existentes funcionam contra a
KP.2? E a vacina que deve ser lançada no outono?
Wen: As vacinas
existentes ainda devem ter atividade contra a KP.2. O CDC emitiu orientações
recomendando uma segunda dose da vacina lançada no outono de 2023 para aqueles
com 65 anos ou mais.*
Espera-se que os
funcionários federais de saúde recomendem uma versão reformulada da vacina
contra a Covid-19 no outono. As novas vacinas deverão ser diferentes das
atuais, pois as vacinas mais recentes irão direcionar as variantes previstas
para estarem em circulação no outono e inverno. Se os funcionários de saúde
preverem que a KP.2 estará entre essas variantes, as vacinas de outono
provavelmente serão ainda mais eficazes contra a KP.2.
• Quanto tempo as pessoas devem se isolar
se contraírem Covid-19?
Wen: No início deste
ano, o CDC eliminou a exigência de isolamento de cinco dias. Agora, a agência
recomenda que as pessoas diagnosticadas com Covid-19 fiquem em casa até estarem
sem febre por pelo menos 24 horas e seus sintomas estiverem melhorando. Nos
cinco dias seguintes, ainda devem tentar tomar precauções adicionais, como usar
máscara e limitar o contato próximo com outras pessoas.
• Quem deve tomar tratamentos antivirais
se contrair Covid-19?
Wen: Pessoas com alto
risco de desenvolver doença grave por Covid-19 devem considerar tratamentos
antivirais. Essa categoria de alto risco inclui indivíduos mais velhos, pessoas
imunocomprometidas e aquelas com condições médicas subjacentes graves.
Existem dois
medicamentos orais disponíveis e também uma injeção de um terceiro antiviral.
Recomendo que todos perguntem ao seu profissional de saúde se devem tomar um
tratamento antiviral se contraírem o coronavírus, e, se sim, qual deles e como
acessá-lo.
• Entenda como o sistema imunológico atua
além da defesa do corpo
Popularmente, o
sistema imunológico é conhecido por sua atuação na defesa do organismo contra
vírus e bactérias causadoras de doenças como gripe, resfriado, Covid-19, entre
outras. No entanto, manter a imunidade fortalecida é importante para a saúde de
todo o corpo, com benefícios que vão além do combate aos microrganismos
causadores de infecções.
É o que reforça um
estudo publicado no fim do ano passado na BMJ Nutrition, Prevention &
Health, elaborado a pedido do negócio de Consumer Health, da Bayer. Nele, um
grupo internacional de especialistas revisou as evidências científicas já
existentes sobre o papel do sistema imunológico na manutenção da saúde, além de
entender o papel da nutrição nas funções imunitárias.
De acordo com a
pesquisa, o sistema imunológico funciona não apenas como defesa contra doenças
sazonais, mas, também, como um agente ativo na manutenção da saúde geral do
organismo, durante todo o ano.
“Por muito tempo, foi
implantado na cabeça das pessoas que o sistema imunológico luta apenas contra a
gripe ou alguma outra infecção. Porém, a partir desse estudo, conseguimos
entender que grande parte do funcionamento da imunidade acontece quando estamos
saudáveis, e nós precisamos da manutenção do sistema imunológico para ele
continuar cumprindo com essas funções como um todo”, explica Augusto Vieira,
Líder Médico da divisão de Consumer Health da Bayer Brasil, à CNN.
• O papel do sistema imunológico no
organismo como um todo
Além de nos proteger
contra infecções, o sistema imunológico ajuda a manter a homeostase, que é a
estabilidade das funções do organismo como um todo. Esse equilíbrio é
fundamental para a saúde cerebral, cognitiva, metabólica, reprodutiva,
muscular, óssea e, até mesmo, cardiovascular.
De acordo com os
autores do estudo, “o sistema imunológico pode ser pensado como um sistema de
gestão de informação, que recolhe, interpreta, comunica e armazena
continuamente dados, e põe em ação eventos para manter ou restaurar a
homeostase”. Consequentemente, ele desempenha um papel na redução do risco de
doenças crônicas comuns ao envelhecimento, por exemplo.
“Existem condições
que, às vezes, não consideramos que tenham a ver com o sistema imunológico. É o
caso, por exemplo, do diabetes“, afirma Vieira. “Hoje sabemos que parte do
desenvolvimento do diabetes tem relação com características genéticas, parte
com o que a pessoa faz ao longo da vida e existe, também, uma relação com o
sistema imune”, completa.
O especialista explica
que uma das características do diabetes é a inflamação dos vasos sanguíneos,
cenário que pode ser reduzido através do maior aporte de vitaminas e sais
minerais. “Esses nutrientes ajudam a diminuir a inflamação, que também é
regulada pelo sistema imunológico. Então, a imunidade não atua somente contra
infecções, mas, também, contra essas doenças crônicas”, afirma.
Outra ação importante
do sistema imunológico, quando está funcionando em equilíbrio, é a redução dos
processos oxidativos, causados pela ação de radicais livres no organismo. Essas
moléculas, quando estão em abundância no organismo, podem intoxicar células
saudáveis. Isso, à longo prazo, pode levar ao desenvolvimento de doenças
crônicas e ao declínio cognitivo associado ao Parkinson e ao Alzheimer.
“Em grande parte dos
processos oxidativos, quando a cronicidade deles é relevante, o impacto não é
visto somente na função do órgão, mas, também, na sua estrutura. Por isso,
quando vemos um paciente com Alzheimer já latente e fazemos uma ressonância em
seu cérebro, vemos um órgão anatomicamente diferente”, explica Vieira.
Quando o sistema
imunológico não está funcionando como deveria, ele não consegue combater esses
processos oxidativos que, com o passar dos anos e com o envelhecimento, pode
prejudicar a função e a estrutura dos órgãos. “Por isso, temos que pensar no
fortalecimento da imunidade para o longo ou longuíssimo prazo”, ressalta.
O especialista cita,
ainda, a relação entre o sistema imunológico e a saúde óssea e articular.
“Parte da produção de colágeno, proteína presente nos ossos, articulações e
tendões, quem faz é o sistema imune”, diz Vieira.
• Como fortalecer o sistema imunológico?
A pesquisa também
ressalta que hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e adequada,
ajudam a fortalecer o sistema imunológico e a manter o bom funcionamento do
organismo como um todo.
“Uma dieta pobre está
associada a deficiências imunológicas e, consequentemente, ao aumento do risco
de contrair uma série de doenças – inclusive doenças crônicas não
transmissíveis”, afirma Vieira.
Por isso, a dica é
investir em alimentos ricos em vitaminas e minerais necessários para a
regulação do sistema imunológico, como vitamina C, vitamina D, magnésio,
molibdênio e ferro. “A própria vitamina C nos ajuda a absorver outros
nutrientes, como o ferro, que, quando está em abundância no organismo, previne
a anemia”, exemplifica o especialista.
Por isso, o médico
ressalta que é essencial buscar o autocuidado nutricional. A orientação de um
profissional de nutrição ou nutrologia é importante para indicar uma
alimentação equilibrada e adequada às necessidades individuais, bem como o uso
de suplementos alimentares para ajudar a preencher lacunas quando a dieta é
insuficiente.
Além da alimentação, o
estudo também aponta para outros fatores essenciais para o fortalecimento do
sistema imunológico: a prática regular de exercícios físicos, controle do peso
corporal, resiliência mental, além de uma boa qualidade e quantidade de sono.
De acordo com os
autores do estudo, todos esses fatores, quando combinados, resultam em um
sistema imunológico robusto e rápido na defesa do organismo contra o ataque de
vírus, bactérias e fungos, além de fortalecer a atuação da imunidade nas outras
áreas e funções do organismo.
Fonte: CNN Brasil
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