ASSASSINATO POLÍTICO: Caso Marielle está
encerrado para a PF
Com a entrega na
última quinta-feira (23) do relatório complementar da Polícia Federal ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal, a corporação dá as investigações acerca do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes como encerradas.
Em termos de
investigações, ainda faltariam ser colhidos os depoimentos do trio preso como
mandante do crime: os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, deputado federal e
conselheiro do TCE-RJ, e do delegado Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia
Civil. As oitivas foram determinadas por Moraes e os réus estão à disposição da
Justiça em três presídios federais diferentes.
A Procuradoria-Geral
da República já ofereceu uma denúncia em 9 de maio e agora caberá a Moraes
aceitá-la ou não. Ao que tudo indica, aceitará. Mas, por enquanto, segue aberto
o prazo para as manifestações das defesas, que ainda pedem acesso a informações
completas da denúncia e das investigações. Terminado esse período, Moraes deve
decidir sobre a denúncia.
Em caso positivo, os
irmãos Brazão e Barbosa finalmente serão ouvidos pelas autoridades e os
processos contra eles e outros réus se desenrolarão na Justiça. Em caso
negativo, o magistrado decide se arquiva o caso ou pede a produção de novas
provas.
Com base na denúncia
da PGR, a Polícia Federal prendeu o ex-assessor de Domingos Brazão, Robson
Calixto da Fonseca, conhecido como "o Peixe", e o policial militar
Ronald Alves de Paula, o Major Ronald, apontado como ex-chefe da milícia de
Muzema, que atua na zona oeste do Rio de Janeiro. Ambos foram denunciados pela
Procuradoria-Geral da República como participantes do atentado.
Na peça apresentada ao
STF, a PGR ainda detalha como o assassinato de Marielle Franco foi arquitetado
e aponta o Major Ronald como o responsável por vigiar a vereadora, mapear o seu
dia a dia e arquitetar o seu assassinato.
De acordo com a PGR,
Ronald, que monitorava as redes da vereadora, tomou conhecimento do evento que
ela participaria na Casa das Pretas, no dia 14 de março de 2018, que fica na
Rua dos Inválidos e telefonou para Edmilson "Macalé", que fazia a ponte
com Ronnie Lessa, o ex-policial que executou Marielle Franco, e repassou as
informações do Major.
Além disso, a PGR
afirma que o local de execução de Marielle Franco foi escolhido pelo delegado e
ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa. O objetivo é que o crime fosse
cometido longe da Câmara dos Vereadores para "evitar conotação política do
crime".
·
Revelações do
relatório complementar
Entre as revelações do
relatório complementar da PF está o caso do inspetor Renato Machado Ferreira, da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que pesquisou o pai da
vereadora no sistema interno da corporação em 21 de fevereiro de 2018, quase um
mês antes das execuções.
Em depoimento à PF
prestado em 9 de abril de 2018, logo após o crime, o inspetor Ferreira
confirmou a pesquisa, mas disse que não se lembrava o motivo ou o nome da
pessoa pesquisada. Ele falou à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que
estava responsável pelas investigações, e após prestar o depoimento, a
corporação não deu sequência ao inquérito e o agente não foi indiciado.
Naquela época,
Ferreira trabalhava na Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos em Pedra de
Guaratiba e já era apontado como suspeito de ter ligações com milícias. O
bairro em que trabalhava já estava no mapa da expansão imobiliária das
milícias. A CPI que tratou o tema na Assembleia Legislativa (Alerj) entregou um
relatório em 2008 que dizia que policiais da delegacia de Ferreira recebiam
propinas dos grupos criminosos.
Nesse contexto,
Marielle foi uma das principais opositoras do projeto que discutia questões de
zoneamento em Pedra de Guaratiba. A lei era de interesse dos grupos que
especulam na região, como os milicianos, e regularizaria uma série de terrenos
apropriados pelos criminosos. Foi aprovada em 2017.
Há ainda o caso
de Rodrigo Pimentel, ex-policial militar que integrou o Bope e ficou famoso por
escrever o livro ‘Elite da Tropa’, que serviu de base para o filme ‘Tropa de
Elite’. Ele também foi comentarista de segurança na Globo e agora está sendo
acusado pela Polícia Federal de ter atrapalhado as investigações do caso
Marielle Franco.
De acordo com o
documento dos federais, Pimentel teria dado entrevistas à imprensa criticando o
direcionamento das investigações e apontando supostos erros cometidos pelas
autoridades, o que embaralharia a opinião pública e traria desgastes para o
andamento dos trabalhos policiais. A PF diz que ele tomava tal conduta por
orientação da família Brazão.
Outra questão
investigada pela PF é a relação próxima entre Pimentel e o ex-chefe da Polícia
Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, também preso sob acusação de ser
outro mandante do assassinato. Rivaldo era um policial profundamente envolvido
com as milícias do Rio e era figura presente em regiões dominadas por esses
criminosos na capital fluminense e na região metropolitana.
Rodrigo Pimentel se
manifestou nesta sexta-feira (24) à rádio BandNews FM e afirmou que criticar
uma investigação não é algo ilegal ou criminoso. Ele falou ainda que teria sido
o primeiro comentarista do setor de segurança a citar que os irmãos Brazão deveriam
ser investigados, negando qualquer contato com a família de políticos. Em
relação a Rivaldo Barbosa, o ex-PM do BOPE disse que há mais de 15 anos que já
indicou os serviços de segurança da empresa do delegado a algumas pessoas, mas
que jamais manteve relação comercial com ele.
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PF encontra delação
sigilosa contra Brazão em HD do ex-deputado
Denunciado pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) como um dos mandantes do assassinato da
vereadora Marielle Franco (PSOL), Domingos Brazão tinha em seu poder, em um HD
externo, arquivos de delações premiadas contra ele.
O material, que inclui
uma colaboração que continua sob sigilo, foi encontrado pela Polícia Federal
(PF) na casa do ex-deputado.
A informação está no
documento complementar relacionado às investigações, entregue ao ministro
Alexandre de Moraes, relator do processo no STF.
A PF identificou,
inclusive, “atos tendentes à criação de obstáculos à investigação ou à
incolumidade de investigadores e terceiros”, de acordo com reportagem de
Johanns Eller, no blog de Malu Gaspar, em O Globo.
O disco rígido foi
apreendido durante a operação em que Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas
do Estado do Rio (TCE-RJ) e ex-deputado, foi preso preventivamente.
O HD continha termos
de declaração de delações sigilosas do ex-presidente do TCE, Jonas Lopes Filho,
e de seu filho, Jonas Lopes Neto. Ambos implicaram Brazão em um esquema de
corrupção que levou à Operação Quinto do Ouro, desdobramento da Lava Jato no
Rio de Janeiro. A colaboração foi fundamental para colocar o ex-deputado na
cadeia em 2017.
O ex-dirigente do TCE
disse, na delação, que seis dos sete conselheiros, incluindo ele mesmo,
recebiam propinas de empreiteiras e companhias de ônibus na gestão de Sérgio
Cabral (MDB). Os integrantes do tribunal, em troca, ignoravam a prática de
irregularidades em obras e serviços prestados no estado do Rio.
A colaboração
mostrava, também, que Brazão ameaçou matar quem o delatasse no esquema antes de
Jonas Lopes assinar o acordo junto ao Ministério Público Federal (MPF).
·
“Se ele fizer isso,
ele morre”
No depoimento, Brazão
interrompe conversa em que seus colegas manifestavam preocupação com rumores de
que o conselheiro José Maurício Nolasco pensava em acertar uma delação
premiada. O ex-deputado afirmou que mataria Nolasco e seus parentes se isso
acontecesse.
“Se ele fizer isso,
ele morre. Eu começo por um neto, depois um filho, faço ele sofrer muito, e por
último ele morre”, ameaçou o ex-deputado.
Domingos Brazão ficou
afastado do TCE, entre 2017 e 2022, e retomou a função em março de 2023, após
decisões do STF e do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). Apesar de ter sido
preso em março no caso Marielle, ele segue no cargo.
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Inspetor da Polícia
Civil pesquisou pai da vereadora 1 mês antes do crime
A Polícia Federal enviou um relatório complementar acerca do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes ao Supremo Tribunal.
O documento revelou, entre outras novas informações, que o inspetor Renato
Machado Ferreira, da Polícia Civil do Rio de Janeiro, pesquisou o pai da vereadora no sistema interno da corporação
em 21 de fevereiro de 2018, quase um mês antes das execuções.
Em depoimento à PF
prestado em 9 de abril de 2018, logo após o crime, o inspetor Ferreira
confirmou a pesquisa, mas disse que não se lembrava o motivo ou o nome da
pessoa pesquisada. Ele falou à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que
estava responsável pelas investigações, e após prestar o depoimento a
corporação não deu sequência ao inquérito e o agente não foi indiciado.
Naquela época Ferreira
trabalhava na Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos em Pedra de Guaratiba e
já era apontado como suspeito de ter ligações com milícias. O bairro em que
trabalhava já estava no mapa da expansão imobiliária das milícias. A CPI que
tratou o tema na Assembleia Legislativa (Alerj) entregou um relatório em 2008
que dizia que policiais da delegacia de Ferreira recebiam propinas dos grupos
criminosos.
Nesse contexto,
Marielle foi uma das principais opositoras do projeto que discutia questões de
zoneamento em Pedra de Guaratiba. A lei era de interesse dos grupos que
especulam na região, como os milicianos, e regularizaria uma série de terrenos
apropriados pelos criminosos. Foi aprovada em 2017.
Para a
Procuradoria-Geral da República, a atuação de Marielle contra os interesses
milicianos teria sido o principal combustível para o planejamento da sua morte
pelos criminosos. Os irmãos Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ, e Chiquinho
Brazão, deputado federal, e o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiava a Polícia
Civil à época do crime, foram presos como mandantes.
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Ex-PM famoso do BOPE,
comentarista da Globo, é acusado de atrapalhar caso Marielle
O ex-policial militar
do Rio de Janeiro, que integrou o BOPE, Rodrigo Pimentel, famoso por ter
escrito o livro ‘Elite da Tropa’, que serviu de base para o filme ‘Tropa de
Elite’, e que também foi comentarista de segurança da TV Globo, está sendo
acusado pela Polícia Federal de ter atrapalhado as investigações do caso
Marielle Franco. As informações constam num relatório da PF sobre o assassinato
da vereadora carioca e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018.
De acordo com o
documento dos federais, Pimentel teria dado entrevistas à imprensa criticando o
direcionamento das investigações e apontando supostos erros cometidos pelas
autoridades, o que embaralharia a opinião pública e traria desgastes para o
andamento dos trabalhos policiais. A PF diz que ele tomava tal conduta por
orientação da família Brazão, da qual fazem parte o deputado federal Chiquinho
Brazão e o conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão, que são irmãos, presos sob
acusação de terem ordenado o crime contra a parlamentar municipal.
A família Brazão,
aliás, mantinha um grupo muito ativo nas redes sociais para incentivar e
fiscalizar de perto a propagação em larga escala de informações falsas que
tinham por objetivo direcionar as investigações para outro lado, bem distante
de Chiquinho e Domingos. Num desses conteúdos, relata a PF, utilizando-se de um
print, um homem identificado como Kaio felicita Pimental por uma entrevista
desse tipo, ao que o ex-PM agradece e responde “ajude a turma”.
Outra questão
investigada pela PF é a relação próxima entre Pimentel e o ex-chefe da Polícia
Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, também preso sob acusação de ser
outro mandante do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Rivaldo era
um policial profundamente envolvido com as milícias do Rio e era figura
presente em regiões dominadas por esses criminosos na capital fluminense e na
região metropolitana.
Rodrigo Pimentel se manifestou nesta sexta-feira (24) à rádio BandNews FM e afirmou que criticar uma investigação não é algo ilegal
ou criminoso. Ele falou ainda que teria sido o primeiro comentarista do setor
de segurança a citar que os irmãos Brazão deveriam ser investigados, negando
qualquer contato com a família de políticos. Em relação a Rivaldo Barbosa, o
ex-PM do BOPE disse que há mais de 15 anos, que já indicou os serviços de
segurança da empresa do delegado a algumas pessoas, mas que jamais manteve
relação comercial com ele.
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Saiba quanto o
mandante do assassinato de Marielle enriqueceu com a política
Domingos Brazão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de
Janeiro apontado por Ronnie Lessa e pela Polícia Federal como um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco, gozou de significativo enriquecimento desde 1996, quando entrou para a política como vereador
carioca. É o que aponta o relatório final da PF sobre a sua participação no
crime de 14 de março de 2018.
O período em que mais
enriqueceu vai de 2002 a 2010, quando se consolidou como deputado estadual na
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a Alerj. Nesse intervalo, seu
patrimônio que era avaliado em R$ 209 mil cresce 2300%, até chegar na cifra dos
R$ 5 milhões – os dados foram revelados pelo jornal O Globo. Os valores não
estão corrigidos pela inflação, o que pode conferir números ainda mais altos ao
montante.
Brazão foi eleito
vereador do Rio em 1996 e seu mandato durou entre 1997 e 1999. Entre 1999 e
2015 foi deputado estadual pelo RJ para, logo em seguida, conseguir o cargo de
conselheiro do TCE-RJ.
Entre 2006 e 2010, seu
crescimento patrimonial esteve na ordem de 300%. No primeiro ano desse
intervalo ele comprou 4 lotes de terra e dois apartamentos em locais
diferentes. O imóvel mais caro foi um apartamento na Barra da Tijuca que custou
R$ 196 mil.
Quatro anos depois,
ele declarou três terrenos, uma casa e um apartamento. Este último, também na
Barra da Tijuca e avaliado em R$ 2 milhões, era o mais valioso entre os seus
bens no ano de 2010. A PF usa essas informações para informar que a família Brazão
é um típico caso em que a evolução patrimonial de um indivíduo ou família
coincide com sua atuação política.
A vida financeira de
Brazão foi totalmente descrita no relatório. E há algumas histórias bastante
curiosas que podem ligá-lo a outros crimes.
Em 1993 ele já tinha
aberto Sangue Bom Autopeças Ltda. Naquele ano mudou o contrato social da firma,
que deixou de ser uma oficina mecânica para tornar-se uma loja de veículos
novos, seminovos e sinistrados. Um mês depois de ser encerrada, em abril de 2005,
e novamente em novembro do mesmo ano, houve denúncias de que havia um desmanche
de carros roubados no endereço que a empresa funcionava. Dois anos depois ele
foi multado em R$ 130 mil pela Receita Federal.
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Quem é Domingos Brazão
Brazão é desses
políticos que completam a cartela do bingo, com acusações de corrupção, fraude,
improbidade administrativa, compra de votos e até homicídio.
A ex-Procuradora Geral
da República Raquel Dodge o acusou formalmente de participação no assassinato
de Marielle afirmando que "Domingos Brazão arquitetou o crime de homicídio
contra a vereadora Marielle Franco". Agora está definitivamente apontado
como mandante do crime através da delação premiada de Ronnie Lessa, o executor.
Sua defesa diz que ele é inocente.
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Líder do clã Brazão
Segundo investigações
da Polícia Civil e do próprio Ministério Público do Rio, a família Brazão é um
importante grupo político do Rio de Janeiro. O clã é suspeito de ligações com a
milícia de Rio das Pedras e também com o Escritório do Crime.
Além do líder,
Domingos, o clã é composto pelo deputado estadual Manoel Inácio Brazão, mais
conhecido como Pedro Brazão, e Chiquinho, colega de Marielle na Câmara na época
do assassinato.
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Passaportes
diplomáticos recebidos de Jair
João Vitor Moraes
Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, filho e esposa do deputado federal
Chiquinho Brazão (Avante-RJ), receberam do Itamaraty, durante o governo do
então presidente Jair Bolsonaro (PL), o passaporte diplomático em 9 de julho de
2019.
Segundo matéria do
Brasil de Fato da época, o parlamentar, que também possui o documento, é irmão
de Domingos Inácio Brazão, apontado por Elcio de Queiroz e confirmado por
Ronnie Lessa, como mandante do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e
seu motorista, Anderson Gomes.
Domingos era, na
época, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ),
foi acusado de obstruir as investigações sobre o assassinato de
Marielle, ocorrido em março de 2018, e suspeito de ser num dos mandantes do
crime.
Os integrantes da
família Brazão estão em uma lista com os 1694 passaportes diplomáticos emitidos
pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) até 15 de agosto daquele ano. O Brasil
de Fato teve acesso à distribuição dos passaportes por meio da Lei de Acesso
à Informação.
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Elos com Flávio
Bolsonaro
Os passaportes
diplomáticos dados por Jair Bolsonaro (PL) à esposa e ao filho do
deputado federal Chiquinho Brazão (União) é apenas um dos laços que ligam as
duas famílias, que têm laços históricos com a milícia que atua na região de Rio
das Pedras, na zona Oeste do Rio de Janeiro.
Mas a relação de
parceria vem desde os tempos de Alerj, quando Domingos e Flávio Bolsonaro
formaram elos entre si. Domingos Brazão atuou em dobradinha com Flávio
Bolsonaro (PL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a quem
tinha como uma espécie de pupilo.
"Vossa
excelência é um deputado jovem e, mesmo assim, percebe-se, não somente pelas
suas afirmações de hoje, mas pela sua postura em plenário, que vossa excelência
procura preservar o que há de melhor, a maior instituição, que é a família.
Infelizmente, há aqueles que apostam no contrário. Vejo parlamentares
apresentarem projetos que visam liberar casamento de homem com homem, mulher
com mulher e outras coisas. V.Exa., embora sendo jovem, ainda mantém essa
postura firme, que, com certeza, é fruto da educação de seus pais, uma questão
de criação", disse Brazão dirigindo-se a Flávio Bolsonaro na sessão de 4
de março de 2006 da Alerj.
O elogio ocorreu após
o filho de Bolsonaro elogiar o projeto de Brazão para conceder o título de
cidadão ao pastor Sebastião Ferreira, da Primeira Igreja Batista de Vila da
Penha, que morreu em 2017.
A dobradinha entre
Brazão e Flávio Bolsonaro se deu em diversas propostas na Alerj. Em 2014,
Brazão foi o relator do projeto de Flávio para criar o programa Escola Sem
Partido no sistema de ensino fluminense. No mesmo ano, os dois atuaram juntos
na Comissão de Constituição e Justiça da casa.
·
Milícia e escritório
do crime
Além das pautas de
costumes, Flávio Bolsonaro e Domingos Brazão faziam dobradinha na defesa das
milícias do Rio de Janeiro. Em 2006, quando Marcelo Freixo criou a CPI das
Milícias, somente os dois se posicionaram contra.
Delator de Brazão,
Ronnie Lessa morava a cerca de 100 metros da residência do clã Bolsonaro no
condomínio Vivendas da Barra. Em "A República das Milícias", o
escritor Bruno Paes Manso diz que Lessa era "um matador avulso, mas
mantinha contatos com o Escritório do Crime e com milicianos de Muzema, ligados
ao capitão Adriano".
No livro, o jornalista
ainda fala da relação de Lessa "com figurões, como Rogério de Andrade e
Domingos Brazão"
"Capitão
Adriano", a que se referia, é Adriano da Nóbrega, que comandava o
Escritório do Crime e empregou a mãe, Raimunda Veras Magalhães, e a ex-esposa,
Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, no gabinete de Flávio Bolsonaro na
Alerj. Segundo MP-RJ, as duas faziam parte do esquema de "rachadinha"
no gabinete.
Morto em 2020, o
miliciano foi apresentado ao clã Bolsonaro por Fabrício Queiroz, que também tem
ligações com a milícia de Rio das Pedras.
Durante as
investigações sobre a morte de Marielle, o Ministério Público do Rio de Janeiro
(MP-RJ) apreendeu uma agenda com a esposa de Queiroz, Márcia Oliveira de
Aguiar.
Na agenda-guia, que
deveria ser usada por Márcia para ajudar a família caso Queiroz você detido, há
um coronel identificado como amigo de Queiroz e "braço direito do Bração
(sic)", uma possível referência a Domingos Brazão.
Na caderneta ainda
haviam nomes de pessoas ligados ao clã Bolsonaro e também a Adriano da
Nóbrega.
Outro elo entre Flávio
e Brazão, que faziam parte da bancada da "segurança pública" na
Alerj, é ex-assistente de câmera Luciano Silva de Souza.
Souza foi colocado em
2019 pelo padrinho, Domingos Brazão, o cargo de subdiretor da TV Alerj, o mais
alto da hierarquia do departamento, e ficou responsável por gerir um contrato
de cerca de R$ 800 mil mensais (quase R$ 10 milhões anuais) com uma empresa
terceirizada, a Digilab.
No curriculo, Souza
listou atuações em recentes campanhas eleitorais do PSL, como de Flávio
Bolsonaro ao Senado.
Fonte: Fórum
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