terça-feira, 30 de abril de 2024

Ucrânia se recusou a proibir o nazismo em negociações de paz com a Rússia, diz mídia

Após a escalada do conflito na Ucrânia em 2022, delegações de Moscou e Kiev se envolveram em rodadas de conversas de paz, como na Turquia em março de 2022. As tratativas, no entanto, falharam por determinação do ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, que instou Kiev a recusar a assinatura de quaisquer acordos.

Conforme noticiado pelo jornal alemão Welt Am Sonntag, a Rússia e a a Ucrânia estiveram mais perto do que nunca de concluir um tratado de paz em abril de 2022, mas o governo de Vladimir Zelensky rejeitou as exigências de Moscou, mais especificamente, os termos sobre o estatuto da língua russa e a rejeição oficial ao nazismo.

"Inúmeras vidas" poderiam ter sido poupadas se este acordo vantajoso tivesse sido concluído, afirmou o veículo. Desde o início da operação militar especial da Rússia, os militares da Ucrânia perderam quase 500 mil pessoas, afirmou o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, em 23 de abril.

Segundo o Welt, um membro da antiga equipe de negociação ucraniana, em retrospectiva o tratado era "o melhor acordo que poderíamos ter feito".

Os termos do acordo de paz entre Rússia e Ucrânia

No primeiro artigo do projeto de paz a Ucrânia se comprometeria com a "neutralidade permanente". Assim, Kiev abandonaria as ambições de adesão a uma aliança militar, incluindo a OTAN.

Os 13 subpontos seguintes do primeiro artigo descrevem a ampla definição de neutralidade, como a concordância em nunca "receber, produzir ou adquirir armas nucleares", não permitir armas ou tropas estrangeiras no seu solo e não fornecer a sua infraestrutura militar, incluindo aeroportos e portos marítimos, a qualquer outro país.

Além disso, em linha com o projeto, Kiev renunciaria à realização de exercícios militares com participação estrangeira e à participação em quaisquer conflitos militares. No entanto, a adesão de Kiev à UE não era explicitamente recusada.

Questões territoriais

No que diz respeito às questões territoriais, partes das regiões de Donetsk e Lugansk de Donbass permaneceriam sob controle russo, diz o tratado visto pelo Welt, e as "garantias de segurança" da Ucrânia não se estenderiam à Crimeia e ao porto de Sevastopol.

A dimensão futura das Forças Armadas ucranianas também foi uma questão não resolvida. De acordo com o "Apêndice 1", Moscou queria que Kiev reduzisse o tamanho do seu Exército para 85 mil pessoas, enquanto a Ucrânia insistia em manter uma força de 250 mil. Também houve divergências sobre a quantidade de equipamento militar que deveria permanecer no arsenal das Forças Armadas ucranianas.

A publicação observou era esperado que ambas as partes assinassem o acordo em abril de 2022. No entanto, depois de uma reunião promissora em Istambul, Moscou apresentou novas exigências com as quais Kiev não concordou, como o estabelecimento do russo como segunda língua oficial na Ucrânia, a abolição das sanções e que os processos judiciais nos tribunais internacionais fossem interrompidos.

Kiev também proibiria oficialmente o "fascismo, o nazismo e o nacionalismo agressivo", escreve o jornal.

Um dos objetivos declarados da operação militar especial da Rússia é a desnazificação da Ucrânia. Quanto à língua russa, no dia seguinte ao golpe inconstitucional patrocinado pelo Ocidente em 2014, as novas autoridades revogaram uma lei que lhe concedia estatuto oficial em regiões onde era nativa de pelo menos 10% da população. Isto foi recebido com protestos no leste do país, onde predominava a população de língua russa, especialmente no Donbass.

·        Sabotagem ocidental

Não é segredo que o Ocidente sabotou qualquer possível tratado de paz entre a Rússia e a Ucrânia.

No ano passado, o legislador ucraniano David Arakhamia, antigo negociador-chefe com a Rússia, afirmou numa entrevista a um canal de televisão ucraniano que o então primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, foi quem convenceu Kiev em 2022 a não negociar com Moscou e a continuar a lutar.

O legislador também afirmou que a Ucrânia rejeitou o acordo de cessar-fogo por contradizer a cláusula da constituição do país sobre as aspirações euro-atlânticas de Kiev.

Os esforços para alcançar um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia foram frustrados por Johnson a pedido dos Estados Unidos, disse o embaixador russo no Reino Unido, Andrei Kelin, em fevereiro, acrescentando:

"Ele [Johnson] bloqueou os esforços de paz com a bênção de Washington, obviamente, porque não poderia fazê-lo por conta própria. Ele chegou lá, e o documento, que já havia sido rubricado pelo chefe da delegação ucraniana, [David] Arakhamia foi jogada no lixo e a Ucrânia começou a lutar. Estas são as consequências do que o [ex] primeiro-ministro do Reino Unido fez", disse Kelin em uma entrevista à emissora turca TRT World.

Em fevereiro, o presidente russo Vladimir Putin afirmou numa entrevista ao jornalista americano Tucker Carlson que as negociações com a Ucrânia em 2022 estavam quase finalizadas.

No entanto, após a retirada das tropas russas de Kiev, o lado ucraniano desrespeitou todos os acordos e Zelensky chegou ao ponto de proibir as negociações com a Rússia através de um decreto legislativo.

Putin enfatizou em inúmeras ocasiões que Moscou nunca rejeitou as possibilidade de negociações, ao mesmo tempo que expressou incerteza sobre se o Ocidente quer uma resolução pacífica para o conflito ucraniano.

¨      Zelensky minimiza número de militares mortos para evitar interromper campanha de recrutamento

A declaração do presidente ucraniano Vladimir Zelensky sobre a contagem de mortes militares foi subestimada a fim de não assustar os cidadãos mobilizados em meio a problemas de recrutamento, informou o The Washington Post neste sábado (27), citando um legislador ucraniano que falou sob condição de anonimato.

De acordo com o The Washington Post, o anúncio de Zelensky em fevereiro de que 31.000 militares foram mortos desde 2022 minimizou enormemente o verdadeiro número de vítimas para evitar perturbar um esforço de recrutamento e mobilização já em dificuldades, disse o legislador, reconhecendo que há uma escassez de pessoal.

"Não creio que seja uma emergência neste momento. Precisamos de mais pessoas, mas precisamos de equilíbrio [...]. Vemos tantas mortes e tantos feridos. Se eles forem, [soldados] querem saber por quanto tempo vão permanecer lá", disse o legislador.

A Ucrânia provavelmente não pode considerar o lançamento de uma ofensiva este ano devido à grave escassez de soldados e à superioridade do poder de fogo russo, observou o jornal.

No dia 11 de abril, o parlamento ucraniano adotou um projeto de lei sobre uma nova mobilização, destinado a reforçar as forças ucranianas esgotadas por dois anos de conflito militar com a Rússia. No dia 16 de abril, Zelensky assinou a lei. O documento entra em vigor em 18 de maio.

O projeto de lei diz que todas as pessoas sujeitas ao serviço militar devem se apresentar às comissões de alistamento para esclarecer seus dados de registro no prazo de 60 dias após o anúncio da mobilização. A nova lei também obriga as pessoas sujeitas ao serviço militar a portar consigo as carteiras de identidade militar durante o período de mobilização e apresentá-las quando solicitadas por funcionários dos centros de alistamento militar, pela polícia e pelos guardas de fronteira.

A lei marcial foi introduzida na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. No dia seguinte, Zelensky assinou um decreto sobre a mobilização geral. Sob a lei marcial, homens com idades entre 18 e 60 anos estão proibidos de deixar a Ucrânia.

¨      Mídia ocidental admite caos no front ucraniano enquanto Rússia liberta facilmente outro povoado

A Rússia libertou grande parte do povoado de Ocheretino, localizado a noroeste de Avdeevka, na República Popular de Donetsk (RPD). De acordo com o site de notícias Business Insider, com sede em Nova York, as tropas russas conseguiram entrar no povoado sem oposição, em meio a um colapso organizacional das forças ucranianas.

Os soldados russos libertaram a maior parte do assentamento rural de Ocheretino em meio a relatos conflitantes que demonstram a confusão e a disfuncionalidade que se instalam cada vez mais nas Forças Armadas ucranianas. De acordo com a matéria do Business Insider, Nikolai Melnik, comandante da 47ª Brigada Mecanizada de Kiev, afirmou que o avanço da Rússia ocorreu devido a um erro cometido durante a rotação das tropas ucranianas no assentamento, deixando-o desprotegido.

A brigada de Melnik estava programada para ser substituída por outra, mas a 47ª recuou antes que sua substituta realmente chegasse. A lacuna na cobertura permitiu à Rússia entrar praticamente sem oposição, segundo o relato.

Se for verdade, este é o indicativo da estratégia da Rússia nos últimos meses, à medida que Moscou é capaz de esmagar lentamente as forças ucranianas, tirando partido dos erros e da fragilidade das linhas inimigas, à medida que o Exército mal equipado de Kiev se aproxima do colapso. Melnik afirmou que a sua brigada estava a um mês de servir durante um ano inteiro sem rotação, sublinhando a tensão enfrentada pelas forças devido à falta de pessoal.

Mas Vadim Cherny, chefe da brigada que devia substituir a 47ª, afirmou que o relato era falso, sugerindo que ainda há confusão sobre o que realmente aconteceu.

As tropas ucranianas têm sofrido grandes problemas na coesão e na disciplina, com divisões inteiras se recusando a aceitar ordens do recém-nomeado comandante-chefe, Aleksandr Syrsky. O anterior comandante das Forças Armadas, Valery Zaluzhny, era visto de forma mais favorável pelos militares do país, mas Zaluzhny foi substituído por ser visto como uma ameaça política ao presidente ucraniano Vladimir Zelensky.

Zaluzhny foi supostamente designado embaixador do país no Reino Unido, embora o paradeiro atual do ex-comandante permaneça um mistério.

O colapso das Forças Armadas de Kiev foi demonstrado de forma dramática em fevereiro, quando as tropas ucranianas em Avdeevka fugiram subitamente em massa de suas posições sob pressão russa. Ocorreu uma desintegração completa do comando militar quando as tropas abandonaram espontaneamente as suas posições, permitindo à Rússia libertar a cidade-chave.

Relatos recentes sugerem relações particularmente turbulentas entre contingentes extremistas dentro do Exército ucraniano, muitos dos quais alegadamente rejeitam a liderança do novo comandante-chefe, Aleksandr Syrsky. Recentemente, a 67ª Brigada Mecanizada da Ucrânia foi desmembrada pelo Ministério da Defesa do país, no meio de disputas entre comandantes neonazistas enquanto tentavam controlar a cidade de Chasov Yar.

Existe uma presença significativa da extrema-direita nas Forças Armadas da Ucrânia, com o Batalhão neonazista Azov (proibido na Rússia como organização terrorista) sendo talvez o agrupamento mais notório. Fotografias de soldados ucranianos ostentando tatuagens nazistas surgiram repetidamente online, causando constrangimento significativo para o país e suas tropas.

Acredita-se que as forças russas pretendem chegar a Chasov Yar para desfrutar de uma posição de comando em meio aos centros operacionais ucranianos na região, em seu caminho para libertar completamente a República Popular de Donetsk.

¨      Rússia alerta que apreensão de bens congelados seria um golpe para o sistema econômico ocidental

Confiscar bens russos seria um prego no caixão de todo o sistema econômico ocidental, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

"Se isso acontecer, se for criado um precedente tão perigoso, será um prego muito forte no futuro caixão de todo o sistema econômico ocidental de coordenadas", disse Peskov em uma entrevista ao jornalista russo Pavel Zarubin.

O porta-voz do Kremlin também afirmou que os investidores estrangeiros e países de todo o mundo vão reconsiderar investir o seu dinheiro no Ocidente se este for adiante com a apreensão de ativos, sancionada pelo Congresso dos EUA esta semana.

"É claro que os investidores estrangeiros, os Estados estrangeiros que mantêm as suas reservas em ativos destes países, de agora em diante pensarão dez vezes antes de investir o seu dinheiro", disse Peskov. "A confiabilidade desaparece da noite para o dia, devido a uma decisão impensada. Ela só é restaurada [depois] de décadas, ou até mais."

O porta-voz afirmou que em breve se saberá sobre a resposta da Rússia no caso de o Ocidente confiscar bens russos, mas observou que também há propriedades ocidentais na Rússia.

"É prematuro falar sobre isto", disse Peskov. "É claro que há dinheiro ocidental aqui. Temos dinheiro ocidental de várias estruturas. Agora não é hora de especificar."

No entanto, sublinhou que, no caso de apreensão de ativos russos congelados no Ocidente, a Rússia tomaria medidas legais e outros passos.

"É claro que tais decisões terão perspectivas judiciais muito amplas. E, claro, a Rússia utilizará essas perspectivas judiciais e defenderá incessantemente os seus interesses neste campo", disse Peskov.

·        'Pânico está aumentando em Kiev'

Comentando o conflito na Ucrânia, Peskov disse que o pânico está crescendo em Kiev à medida que as forças russas continuam a avançar.

"No front do lado ucraniano, o pânico está crescendo", disse o porta-voz, acrescentando que é importante que a Rússia não interrompa a operação militar especial.

Amigos e parentes dos combatentes na operação compartilham notícias sobre o baixo moral do Exército ucraniano, acrescentou.

"Esta é uma informação em primeira mão. O pânico está crescendo do outro lado. Agora é muito importante para nós manter esta dinâmica. É muito importante não parar e continuar no caminho da implementação", disse Peskov.

Ao mesmo tempo, os "inimigos" certamente vão testar a Rússia "quanto à fraqueza" e o que mais importa é nunca demonstrá-la, acrescentou Peskov.

A Rússia lançou sua operação militar especial na Ucrânia em fevereiro de 2022. O presidente russo, Vladimir Putin, disse que o objetivo da operação era proteger as pessoas que foram submetidas ao "genocídio" de Kiev durante oito anos, acrescentando que Moscou ficou sem outra escolha senão responder aos riscos de segurança criados.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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