sábado, 27 de abril de 2024

Segundo round: como o mundo está se preparando para o (provável) retorno de Trump?

O mundo aguarda para saber quem receberá as chaves do Salão Oval da Casa Branca em novembro deste ano. Para muitos, o retorno de Donald Trump à presidencia está cada vez mais próximo, e, com ele, uma série de expectativas vem se formando sobre o futuro da política externa estadunidense.

A próxima eleição presidencial nos Estados Unidos está sendo encarada como um verdadeiro ponto de viragem nas relações internacionais, capaz de trazer grandes consequências para a projeção do poder americano no mundo. Quanto a Trump, suas opiniões de política externa não mudaram muito desde que ele deixou o cargo de presidente, em 2021, mas o ambiente em que o mundo hoje se encontra sim. No mais, a primeira passagem de Trump pela presidência foi marcada por uma série de eventos importantes.

A título de exemplo, tivemos o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani, a retirada americana do tratado comercial do Transpacífico, a adoção da guerra comercial com a China, a visita de Trump à Coreia do Norte e a tentativa — ao menos inicial — de melhorar as relações com a Rússia por meio da diplomacia presidencial.

Contudo, hoje vivemos uma conjuntura internacional bastante diferente e consideravelmente mais perigosa do que no primeiro mandato de Trump. Dois grandes conflitos estão atualmente em andamento, entre o Ocidente e Rússia na Ucrânia e entre Israel e o Hamas em Gaza. Outros conflitos menores também persistem, desde o continente africano até a América Latina.

Enquanto isso, a ordem internacional e as organizações multilaterais como a ONU sofrem uma perda de legitimidade latente, o que aumenta ainda mais a pressão e os olhares sobre os próximos passos da política externa americana. Todavia, enquanto há guerras ocorrendo do lado de fora dos Estados Unidos, também há uma guerra acontecendo dentro do próprio país. Trata-se da guerra cultural entre os defensores dos valores tradicionais versus os defensores do progressismo, uma briga que vem corroendo cada vez mais o tecido social já bastante esgarçado dos Estados Unidos.

Nessa guerra doméstica, Biden e Trump representam posições diametralmente opostas, com o republicano apelando ao eleitorado mais conservador/religioso, enquanto o democrata aposta suas fichas em pautas políticas mais pluralistas e menos preocupadas com a tradição.

Em paralelo, em seus múltiplos comícios pelo país Trump tem zombado da condição senil na qual Biden se encontra, colocando em xeque a capacidade do atual presidente americano de conduzir os negócios na Casa Branca por mais um mandato.

Já do ponto de vista de política externa, Trump e Biden também possuem visões distintas quanto à estratégia internacional de inserção dos Estados Unidos. Trump é mais isolacionista, Biden mais intervencionista. Logo, diversas nações ao redor do mundo, sejam elas aliadas ou adversárias dos americanos, buscam preparar-se para o que pode acontecer em novembro, dado que o resultado das eleições servirá de bússola para o comportamento esperado da política externa estadunisense. Afinal, quando a Casa Branca passa por uma transição de administração, os efeitos sobre o sistema internacional são evidentes, dada a posição privilegiada dos Estados Unidos e seu poder de influencia em instituições como a ONU e os órgãos de Bretton Woods. Em muitas chancelarias, sobretudo no continente europeu, há um sentimento de ansiosa antecipação pelo resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos justamente por conta da dependência que a Europa hoje tem da Casa Branca. Se Trump vencer, os europeus novamente terão dificuldades no relacionamento com a liderança americana em questões-chave, como combate ao aquecimento global, financiamento da OTAN, ajuda militar à Ucrânia, conflito em Gaza e outros.

Há, no entanto, alguns líderes globais que certamente veriam com bons olhos o retorno de Trump à Casa Branca.

Dentre eles podemos citar o líder israelense, Benjamin Netanyahu; o premiê húngaro, Viktor Orbán; o mandatário indiano, Narendra Modi; e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman.

Com essas lideranças Trump encontra alguns pontos em comum, seja na questão da defesa de valores tradicionais, seja na retórica mais nacionalista e religiosa.

No caso específico de Israel e seu conflito em Gaza, por exemplo, há de se esperar que Trump não só mantenha como aumente seu apoio às iniciativas do governo de Benjamin Netanyahu, dada a identificação do eleitorado americano evangélico para com Israel. Quanto à China, a tendência aponta para uma piora das relações entre Washinton e Pequim, dado que Trump possui uma visão bastante negativa sobre o aumento do poderio econômico e militar chinês no mundo. Quanto aos aliados americanos na Europa, esses podem esperar por um tratamento nada sentimental da parte de Trump, que vê os europeus como aproveitadores, o que não deixa de ser verdade em certo sentido. Não à toa, há alguns meses Trump chegou inclusive a dizer que a Rússia poderia fazer o que quisesse com a Europa, caso os membros europeus da OTAN não aumentassem a sua contribuição financeira para a Aliança Atlântica. Essa mesma Europa, no entanto, acostumou-se a deixar sua segurança nas mãos dos americanos desde o final da Segunda Guerra Mundial, o que colocou o continente numa posição de verdadeira vassalagem perante os Estados Unidos. Um retrato disso é o fato de que Washington é quem arca com a maior parte da ajuda militar e financeira à Ucrânia no âmbito da guerra do Ocidente contra a Rússia. Até por isso que, caso Trump vença as eleições, Zelensky se verá numa situação muito complicada, pois, ao não apresentar sucessos no front, será difícil justificar a continuidade da ajuda americana a Kiev. No limite, com Trump à frente na presidência, é possível dizer que Zelensky e a liderança ucraniana estarão mais perto de serem levados de volta à mesa de negociação para buscar uma saída pacífica para o conflito.

A Ucrânia, portanto, bem como o resto do mundo, se prepara para o resultado das eleições de novembro nos Estados Unidos. Afinal, Trump pode estar próximo de voltar ao ringue. E seu "segundo round" promete ser mais impactante do que o primeiro.

¨      Assessores de Trump discutem planos para punir países que se afastem do dólar dos EUA, diz mídia

Segundo a agência norte-americana Bloomberg, os assessores do ex-mandatário dos EUA avaliaram medidas de restrição para tais iniciativas, que recairiam principalmente sobre os membros do BRICS.

Os assessores econômicos do ex-presidente norte-americano Donald Trump (2017-2021) estão discutindo possíveis medidas para evitar que os países deixem de usar o dólar dos EUA para diminuir sua dependência da moeda, informou na sexta-feira (26) a agência norte-americana Bloomberg.

Entre as maneiras prováveis de influenciar os países que buscam realizar comércio bilateral em qualquer outra moeda que não seja o dólar estão punições como controles de exportação, taxas e tarifas de manipulação de moeda, disse a mídia, citando fontes ligadas ao assunto.

"Odeio quando os países deixam de usar o dólar", disse Trump em uma entrevista de 11 de março na emissora norte-americana CNBC, acrescentando que "eu não permitiria que os países deixassem de usar o dólar porque, quando perdermos esse padrão, será como perder uma guerra revolucionária", em referência às colônias inglesas norte-americanas, que em 1775 se rebelaram contra o Império Britânico. Elas conseguiram a independência em 1783 e formaram os Estados Unidos da América.

"Isso será um golpe para o nosso país", previu ele.

Tal plano poderia ser implementado se Donald Trump vencer Joe Biden na eleição presidencial dos EUA de novembro de 2023.

Em agosto de 2023, os países do BRICS se reuniram em uma cúpula e concordaram em se concentrar na desdolarização e estabelecer laços econômicos em suas moedas nacionais. Eles poderiam se tornar alvo de tais sanções, escreve a Bloomberg, citando assessores de Trump.

O BRICS é atualmente composto por dez países. Em 2011, a África do Sul se juntou aos membros originais, que integravam o BRIC, na época composto por Brasil, China, Índia e Rússia. Ele foi formado em 2006.

Em agosto de 2023, seis novos membros, incluindo a Argentina, foram convidados a entrar, mas a Argentina recusou. Os cinco novos membros – Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã, integraram plenamente o BRICS em 1º de janeiro de 2024. O agrupamento não é dirigido contra terceiros.

¨      Biden não combate a imigração porque quer mais votos, diz soldado da Guarda Nacional 

Em condição de anonimato, soldado diz à Sputnik que o governo de Joe Biden usa o fluxo de imigrantes que chega ao país pelo Texas para garantir mais votos de eleitores democratas.

O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, não está fazendo nenhum esforço para impedir o fluxo de imigrantes que tentam cruzar a fronteira dos EUA com o México porque quer obter mais votos nas eleições de 2024.

É o que afirmou à Sputnik, em condição de anonimato, um soldado da Guarda Nacional dos EUA, órgão responsável por patrulhar a fronteira no estado do Texas.

"O governo dos EUA não está fazendo nada para acabar com isso [imigração]. Eles querem isso porque basicamente querem mais eleitores democratas, para que nunca mais tenhamos um presidente republicano", disse o soldado, que serve na cidade texana de Eagle Pass.

Ele passou a criticar estados democratas como Nova York por sua abordagem à imigração, incluindo um programa que fornece às famílias dos imigrantes cartões de débito para alimentos e suprimentos para bebês.

"Eles estão dando a eles um cartão de débito e levando-os para onde quiserem. E o governo mexicano entregou um kit com uma lista de por onde atravessar [a fronteira]", afirmou.

O governador do Texas, Greg Abbott, está em um impasse com o governo federal em torno da questão da imigração, que ele afirma ter atingido patamares recordes nos últimos meses.

Em janeiro, Abbott chegou a colocar cercas de arame farpado na fronteira do Texas, desrespeitando o fato de que esse controle é uma atribuição federal. Posteriormente, as cercas foram retiradas por ordem judicial, mas Abbott garantiu o apoio de 26 governadores em sua empreitada contra a imigração.

Abbott prometeu desafiar os esforços federais que impedem o Texas de proteger a sua fronteira com o México. Separadamente, os republicanos querem que Biden utilize a ação executiva para lidar com a crise fronteiriça, em vez de tentar resolver a questão no Congresso, que está atualmente em um impasse devido a diferenças partidárias.

 

Ø  Rússia será a grande parceira da Bolívia na produção de lítio, diz senador boliviano

 

Chefe da comissão de relações exteriores do Senado boliviano diz que a Rússia tem vasta experiência na produção de lítio, e é confiável porque "sempre colaborou e não dominou, ao contrário de outros países".

A Bolívia precisa de tecnologias russas na produção de lítio e na descoberta de campos de gás, disse Felix Ahpi, chefe da comissão de relações internacionais do Senado boliviano, à Sputnik nesta sexta-feira (26).

A declaração do senador foi em referência à reunião entre o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e sua homóloga boliviana, Celinda Sosa Lunda, nesta sexta-feira, em Moscou. Em coletiva a jornalistas após a reunião, Lunda expressou esperança na rápida entrada de seu país no BRICS, e Lavrov declarou o apoio russo à demanda da Bolívia.

"A Rússia tem uma vasta experiência na produção de lítio e a Bolívia tem esse recurso em abundância. A Rússia será a nossa grande parceira na produção de lítio e na descoberta de novos campos de gás que ainda estão no solo", disse o senador ao comentar a reunião.

"Sempre tivemos relações amistosas com a Rússia, que remontam aos tempos da União Soviética. A Rússia sempre colaborou e não dominou, ao contrário de outros países, por isso o governo boliviano confiará na Rússia no desenvolvimento de projetos conjuntos", acrescentou Ahpi.

A holding internacional de mineração de urânio Rosatom Uranium One Group e a empresa estatal de lítio da Bolívia Yacimientos de Litio de Bolivia (YLB) assinaram um acordo em 2023 para a construção de um complexo industrial para a extração e produção de carbonato de lítio no departamento de Potosí, na Bolívia.

Os investimentos no projeto serão de cerca de US$ 600 milhões (cerca de R$ 3 bilhões). Está prevista a construção de um complexo industrial com capacidade de 25 mil toneladas de carbonato de lítio por ano, com possibilidade de aumento de capacidade com base nos resultados da exploração geológica.

Na ocasião, o diretor-geral da Rosatom, Aleksei Likhachev, disse que a estatal russa pretende atingir os níveis planejados de produção de lítio até 2027, ocupando até 4% do mercado mundial.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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