segunda-feira, 1 de abril de 2024

Europa entrou na "era pré-guerra", diz premiê da Polônia

Ex-presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk afirma que “qualquer cenário é possível” diante da guerra na Ucrânia, e que UE reconheceu necessidade de uma defesa comum “independente e autossuficiente”.O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, alertou que há uma ameaça “real” de conflito na Europa e que o continente entrou em uma “era pré-guerra” pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, citando o conflito prolongado entre Moscou e Kiev após a invasão do território ucraniano pelos russos.

Nas últimas semanas, a Rússia intensificou seu bombardeio contra a Ucrânia, que faz fronteira com a Polônia, e um dos mísseis russos sobrevoou brevemente o espaço aéreo polonês, que é um país-membro da Otan e da União Europeia (UE).

“A guerra não é mais um conceito do passado. Ela é real e começou há mais de dois anos. O mais preocupante no momento é que literalmente qualquer cenário é possível. Não vemos uma situação como essa desde 1945”, disse Tusk em uma entrevista ao grupo de mídia europeu LENA na sexta-feira (29/03).

A Segunda Guerra Mundial terminou em 1945 com a rendição da Alemanha de Hitler e o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki pelos EUA.

“Sei que parece devastador, especialmente para a geração mais jovem, mas temos que nos acostumar com o fato de que uma nova era começou: a era pré-guerra. Não estou exagerando, isso está se tornando mais claro a cada dia.”

Tusk, que presidiu o Conselho Europeu de 2014 a 2019, fez o comentário um mês após o aniversário de dois anos da invasão da Ucrânia pela Rússia. A guerra interrompeu uma era de paz na Europa e levou as nações a aumentarem os gastos com defesa e a produção de armas.

Ele disse ainda que ninguém na Europa se sentiria seguro se Kiev perdesse a guerra. A Polônia vem sendo um dos países que mais apoia a Ucrânia desde o início do conflito.

·        Defesa comum

O primeiro-ministro polonês afirmou ter notado uma revolução na mentalidade europeia, pois segundo ele ninguém mais no bloco questionaria a necessidade de uma defesa comum “independente e autossuficiente”.

Ele citou como exemplo os dois maiores partidos da Alemanha, o Partido Social Democrata (SPD) e a União Democrata Cristã (CDU), que estão “competindo para ver qual deles é mais pró-ucraniano”.

“A União Europeia como uma unidade, como uma organização poderosa, deve estar mentalmente preparada para lutar pela segurança de nossas fronteiras e de nosso território”, disse.

A necessidade de uma Europa mais forte ficou ainda mais clara quando o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que está concorrendo às eleições de 2024, expressou abertamente opiniões céticas em relação à Otan.

“Nosso trabalho é nutrir as relações transatlânticas, independentemente de quem seja o presidente dos EUA”, disse Tusk na entrevista.

¨      Guerra é ameaça real e Europa não está preparada, diz premiê da Polônia

O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, fez um aviso contundente de que a Europa entrou numa "era pré-guerra" e afirmou que se a Ucrânia for derrotada pela Rússia, ninguém na Europa poderá se sentir seguro.

"Não quero assustar ninguém, mas a guerra já não é um conceito do passado", disse ele à imprensa europeia. "É real e começou há mais de dois anos."

Sua declaração vem após um recente lançamento de mísseis russos que tinham como alvo a Ucrânia.

A Polônia disse que aeronaves da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foram enviadas para proteger o seu espaço aéreo.

A Rússia intensificou os ataques à Ucrânia nas últimas semanas. A Força Aérea da Ucrânia disse ter abatido 58 drones e 26 mísseis e o primeiro-ministro Denys Shmyhal disse que a infraestrutura energética foi danificada em seis regiões no oeste, centro e leste do país.

Tusk, que foi presidente do Conselho Europeu, apontou que o presidente russo, Vladimir Putin, culpou a Ucrânia pelo ataque jihadista à casa de shows Crocus, em Moscou, sem qualquer prova e "evidentemente sente necessidade de justificar ataques cada vez mais violentos a alvos civis na Ucrânia".

Ele afirmou que a Rússia atacou Kiev com mísseis hipersônicos à luz do dia pela primeira vez no início desta semana. E fez um apelo direto aos líderes europeus para que façam mais esforço para reforçar as suas defesas.

Independentemente de Joe Biden ou Donald Trump vencerem as eleições presidenciais dos EUA em novembro, ele argumentou que a Europa se tornaria um parceiro mais atraente para os EUA se ela se tornasse mais autossuficiente militarmente.

Não se trata de a Europa alcançar a autonomia militar em relação aos EUA ou de criar "estruturas paralelas à Otan", disse ele.

A Polônia gasta agora 4% da sua produção econômica em defesa e Tusk defendeu que todos os outros países europeus deveriam gastar 2% do PIB nessa área.

Desde que a Rússia lançou a sua guerra em grande escala na Ucrânia, as relações com o Ocidente atingiram o seu ponto mais baixo desde os piores dias da Guerra Fria, embora Putin tenha dito nesta semana que Moscou "não tinha intenções agressivas" em relação aos países da Otan.

A ideia de que o seu país atacaria a Polônia, os Estados Bálticos e a República Tcheca era "total absurdo", disse. No entanto, também alertou que se a Ucrânia utilizasse aviões de guerra F-16 ocidentais de aeródromos de outros países, eles se tornariam "alvos legítimos, onde quer que estivessem localizados".

·        Não é o primeiro alerta

Este não é o primeiro aviso de Tusk sobre uma era pré-guerra. Ele transmitiu aos líderes europeus de centro-direita uma mensagem semelhante no início deste mês.

No entanto, ele revelou que o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, pediu aos colegas líderes da União Europeia que parassem de usar a palavra "guerra" nas suas declarações no encontro, porque as pessoas não queriam se sentir ameaçadas.

Tusk disse ter respondido que na sua parte da Europa a guerra já não era uma ideia abstrata.

Apelando à ajuda militar urgente à Ucrânia, afirmou que os próximos dois anos de guerra decidiriam tudo: "Vivemos o momento mais crítico desde o fim da 2ª Guerra Mundial".

O mais preocupante agora, disse ele aos jornalistas de alguns dos maiores jornais europeus, era que "literalmente qualquer cenário é possível".

Ele se lembrou de uma foto na parede da casa de sua família na Polônia, que mostrava pessoas rindo na praia de Sopot, perto de Gdansk, onde ele nasceu, na costa sul do Báltico.

A imagem era de 31 de agosto de 1939, disse ele, e algumas horas depois e a 5 km de distância, a Segunda Guerra Mundial começou.

"Sei que parece devastador, especialmente para as pessoas da geração mais jovem, mas temos de nos habituar mentalmente à chegada de uma nova era. A era pré-guerra", alertou.

Apesar das suas observações assustadoras, Tusk mostrou-se mais otimista quanto ao que chamou de uma verdadeira revolução de mentalidade em toda a Europa.

Quando foi primeiro-ministro da Polônia pela primeira vez, de 2007 a 2014, disse que poucos outros líderes europeus, além da Polônia e dos Estados Bálticos, perceberam que a Rússia era uma ameaça potencial.

Tursk elogiou vários líderes europeus e destacou a importância da cooperação em segurança entre a Polônia, a França e a Alemanha – uma aliança conhecida como Triângulo de Weimar. E citou a Suécia e a Finlândia, outrora modelos de pacifismo e neutralidade, mas agora membros da Otan.

 

Ø  Jornalista americana reflete sobre perspectivas de sucesso dos EUA em uma 3ª Guerra Mundial

 

Depois de matar pelo menos 3,6 milhões de pessoas em sua chamada Guerra ao Terror, as Forças Armadas dos EUA estão se reagrupando para combater adversários capazes de criar resistência.

Em um artigo intitulado "Preparando-se para uma guerra na China, os fuzileiros navais estão reformulando como vão lutar", a jornalista Ellen Nakashima reflete despreocupadamente sobre a perspectiva de lutar contra um país de 1,4 bilhão de pessoas armado com armas nucleares. A notícia publicada no The Washington Post, detalha os esforços do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA para se adaptar ao que ela parece acreditar ser um conflito inevitável e desejável com a China.

"Os fuzileiros navais estão se esforçando para se adaptar a uma luta naval que poderia ocorrer em milhares de quilômetros de ilhas e linhas costeiras na Ásia", escreve Nakashima, admitindo que o serviço armado dedicou os últimos 20 anos a combater forças inferiores no Oriente Médio. "Em vez de lançar ataques anfíbios tradicionais [...] os grupos ágeis são destinados a capacitar uma força conjunta maior."

"Seu papel é coletar informações e dados de alvos e compartilhá-los rapidamente - bem como, ocasionalmente, afundar navios com mísseis de médio alcance", detalha o artigo, "para ajudar a Marinha e a Força Aérea do Pacífico a repelir uma agressão contra os Estados Unidos, aliados e parceiros como Taiwan, Japão e Filipinas."

O país que ela imagina lançar essa agressão não tem passado por conflitos armados desde 1979, enquanto os Estados Unidos mobilizaram suas forças militares quase 400 vezes durante sua curta história.

"Os novos regimentos são concebidos como parte de uma estratégia mais ampla para sincronizar as operações de soldados, marinheiros, fuzileiros navais e aviadores dos EUA e, por sua vez, com os militares aliados e parceiros no Pacífico", acrescenta o artigo. "Seu foco será um trecho crucial do território que vai do Japão à Indonésia, conhecido como a primeira cadeia de ilhas. A China vê essa região, que abrange uma área de cerca de metade do tamanho dos Estados Unidos, como [uma zona] de sua esfera de influência."

A lógica da autora sugere que a China precisa entender que suas águas costeiras não são sua própria preocupação, mas dos Estados Unidos.

"A China não só tem o maior Exército, Marinha e Força Aérea da região, mas também a vantagem de jogar em casa", escreve Nakashima, aparentemente confiando que os Estados Unidos poderão atacar a China sem sofrer retaliação em suas próprias áreas costeiras. "Taiwan, um parceiro próximo dos EUA, está mais diretamente na mira."

¨      Presidente da Assembleia Nacional Francesa diz que 'tudo é possível' em assistência a Kiev

Ao defender as últimas declarações de Macron sobre o possível envio de tropas do país, a presidente da Assembleia Nacional da França, Yaël Braun-Pivet, afirmou que "tudo é possível" com relação ao envio de ajuda para a Ucrânia.

"No seu comunicado, o presidente da república disse que não exclui nada a priori. Na posição que a França demonstrou, demonstra e continuará a demonstrar até o final da guerra, até a vitória final, nada está excluído, tudo continua sendo possível. Não vou interpretar as palavras do presidente adicionalmente, essa posição é bastante compreensível", disse Braun-Pivet, conforme citado pelo canal de televisão ucraniano "Nós Ucrânia" em seu canal no Telegram.

O presidente russo Vladimir Putin, ao comentar sobre a operação militar especial, afirmou que "a vitória será nossa" e que a paz virá quando a Rússia alcançar seus objetivos na Ucrânia. O porta-voz do presidente, Dmitry Peskov, afirmou que nos Estados Unidos sabem que a Ucrânia não conseguirá vencer o conflito armado com a Rússia.

Em fevereiro, Macron disse que a União Europeia concordou em criar uma "nona coalizão para ataques profundos", fornecendo mísseis de médio e longo alcance para a Ucrânia. O presidente francês também afirmou que a França fará tudo para que a Rússia "não vença esta guerra".

Segundo Emmanuel Macron, os líderes ocidentais discutiram a possibilidade de enviar tropas para a Ucrânia, mas ainda não chegaram a um consenso. Em uma reunião com líderes da oposição no início de março, Macron afirmou novamente que a França "não tem limites nem linhas vermelhas" no que diz respeito à ajuda à Ucrânia.

As palavras de Macron foram duramente criticadas por alguns parceiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), incluindo a Alemanha, além de forças políticas na própria França. Os líderes de todos os partidos políticos acusaram o presidente de arrastar Paris para o conflito, de imprudência, e também o criticaram por não ter consultado o parlamento sobre essas questões.

Mais tarde, Moscou afirmou que estava ciente das palavras de Macron sobre a discussão na Europa com relação ao envio de tropas para a Ucrânia, além da posição francesa contra o país. Conforme o governo, vários países participantes do evento de Paris sobre a Ucrânia mantêm "uma avaliação bastante sóbria dos perigos potenciais de tal ação e do perigo potencial de serem diretamente arrastados para um conflito quente", o que "absolutamente não está no interesse desses países, eles devem estar cientes disso".

A Rússia considera que o envio de armas para a Ucrânia dificulta a resolução do conflito, além de envolver diretamente os países da OTAN no conflito. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, já declarou que qualquer carga que contenha armas para a Ucrânia se tornará alvo legítimo para a Rússia.

Lavrov ainda afirmou que EUA e OTAN estão diretamente envolvidos no conflito, não apenas fornecendo equipamentos, mas também treinando militares no Reino Unido, Alemanha, Itália e outros países. Moscou afirmou que o bombeamento da Ucrânia com armas pelo Ocidente não contribui para as negociações e terá um efeito negativo.

A Rússia iniciou uma operação militar especial na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. O presidente russo Vladimir Putin explicou o objetivo da ação é "proteger as pessoas que têm sido alvo de abusos e genocídio pelo regime de Kiev durante oito anos".

Putin pontuou que a operação especial é uma medida necessária, já que a Rússia "não teve chance alguma de agir de outra forma, os riscos na área de segurança tornaram impossível reagir de outra maneira". Segundo o presidente, a Rússia tentou durante 30 anos chegar a um acordo com a OTAN sobre os princípios de segurança na Europa, mas foi confrontada ou com cinismo, mentiras, além de tentativas de pressão e chantagem, enquanto a aliança continua a expandir-se implacavelmente em direção às fronteiras da Rússia.

 

Fonte: AFP/BBC News Mundo/Sputnik Brasil

 

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