Desvendando o IMC ideal: a idade é um fator
importante?
Manter um peso
saudável é crucial para reduzir o risco de doenças cardiovasculares,
especialmente para pessoas com diabetes tipo 2 que estão mais predispostas a
essas comorbidades. Porém, não está claro se a faixa ideal do índice de massa
corporal (IMC) para pacientes do distúrbio metabólico varia conforme a idade.
Um estudo apresentado ontem no Congresso Europeu sobre Obesidade, em Veneza,
sugere que sim.
A pesquisa, baseada em
dados de 22.847 moradores do Reino Unido, descobriu que, até os 65 anos, um
índice de massa corporal (IMC) entre 23-25kg/m² protege contra morte por
infarto, acidente vascular cerebral e doença renal crônica. Porém, no caso dos
mais velhos, estar levemente acima dessa faixa oferece maior proteção.
O estudo é
observacional, ou seja, não estabelece uma relação de causa e efeito. Porém, os
autores do artigo, publicado na revista The British Medical Journal, têm
algumas hipóteses para explicar a vantagem do sobrepeso, no caso de adultos
acima de 65 anos.
·
Mecanismos
"Os possíveis
mecanismos biológicos que explicam esse paradoxo nos idosos podem estar
associados a uma menor taxa de perda de massa óssea, o que reduz os efeitos de
quedas e episódios de trauma", esclarece Shaoyong Xu, do Hospital Central
de Xiangyang, na China, e principal autor do estudo. O médico, contudo,
ressalta que o efeito de proteção foi observado apenas para idoso com IMC entre
26-28kg/m², considerado ligeiramente acima do ideal. "Nossas descobertas
sugerem que, para indivíduos mais velhos que estão moderadamente acima do peso,
mas não obesos, manter, em vez de perder peso, pode ser uma forma mais prática
de reduzir o risco de morrer de doença cardiovascular", diz.
Para a pesquisa, a
equipe do Hospital Central de Xiangyang investigou as diferenças etárias na
associação entre o IMC e o risco de morte cardiovascular na base de dados de
saúde UK Biobank, a maior do mundo. Os dados referem-se ao período de 2006 e
2010, e incluem pacientes com doenças cardíacas prévias.
A idade média de todos
os participantes foi de 59 anos e cerca de 59% eram mulheres. A saúde
cardiovascular foi monitorizada, por meio de registos de saúde interligados,
durante quase 13 anos, durante os quais 891 participantes morreram de
enfermidades do tipo. Os pesquisadores analisaram dados em duas faixas etárias
– idosos (acima de 65 anos) e pessoas de meia-idade (65 anos ou menos) – e
avaliaram a relação entre variáveis como IMC, circunferência da cintura e
relação cintura-altura e o risco de mortalidade.
·
Corte
O ponto de corte ideal
do IMC também foi calculado em diferentes faixas etárias. Os resultados foram
ajustados para fatores de risco cardiometabólicos tradicionais e outros fatores
associados a desfechos cardiovasculares adversos, incluindo idade, sexo, histórico
de tabagismo, consumo de álcool e nível de exercício físico.
As análises
descobriram que no grupo de meia-idade, ter um IMC na faixa de sobrepeso (25
kg/m² a 29,9 kg/m²) estava associado a um risco 13% maior de morrer de doença
cardiovascular. Porém, no caso dos idosos, estar ligeiramente acima do peso
teve relação com uma probabilidade 18% menor, comparado àqueles com índice de
massa corporal normal (menos de 25kg/m²).
Segundo os autores, o
IMC ideal para proteger adultos de meia-idade da mortalidade por doenças
cardiovasculares é 24kg/m². Já entre os idosos, foi calculado em 27 kg/m².
"Consequentemente, planos de tratamento personalizados podem ser
desenvolvidos em ambientes clínicos, adaptando recomendações para diferentes
faixas etárias", diz o artigo.
Os pesquisadores
também encontraram uma relação entre a circunferência da cintura e o risco de
morte cardiovascular. Quanto maior a medida, mais alta a probabilidade de óbito
por condições como infarto e AVC. A tendência foi a mesma tanto entre os participantes
de meia-idade quanto os idosos. "É importante ressaltar que demonstramos
que o IMC ideal para pessoas com diabetes tipo 2 varia de acordo com a idade,
independentemente dos fatores de risco cardiometabólicos tradicionais",
afirma Shaoyong Xu. Ele afirma que, no futuro, medidas de obesidade central,
como a circunferência da cintura, sevem ser utilizadas para reduzir, ainda
mais, a mortalidade.
·
Classificação
O parâmetro da
Organização Mundial da Saúde para a obesidade é determinado pelo Índice de
Massa Corporal (IMC) que é calculado dividindo-se o peso (em kg) pelo quadrado
da altura (em metros). O resultado revela se o peso está dentro da faixa ideal,
abaixo ou acima do desejado.
Menor que 18,5 -
Abaixo do peso
Entre 18,5 e 24,9 -
Peso normal
Entre 25 e 29,9 -
Sobrepeso (acima do peso desejado)
Igual ou acima de 30 –
Obesidade
·
Adoçantes não aumentam
a fome
Substituir o açúcar
por adoçantes artificiais e naturais nos alimentos não deixa as pessoas com
mais fome, além de ajudar a reduzir os níveis de açúcar no sangue. É o que
mostra um estudo publicado na revista The Lancet.
O ensaio controlado
descobriu que o consumo de alimentos contendo adoçantes produziu uma redução
semelhante nas sensações de apetite e nas respostas hormonais relacionadas à
fome, comparado aos alimentos açucarados. Os autores também encontraram
benefícios, como a redução do açúcar no sangue, particularmente importante em
pessoas em risco de desenvolver diabetes tipo 2.
O uso de adoçantes no
lugar do açúcar nos alimentos pode ser controverso devido a relatos
conflitantes sobre seu potencial para aumentar o apetite. Estudos anteriores
foram realizados, mas não forneceram evidências robustas, sustentam os autores
da Universidade de Leeds, no Reino Unido. "A redução do consumo de
açúcar tornou-se um alvo chave de saúde pública na luta para reduzir a carga
crescente de doenças metabólicas relacionadas à obesidade, como o diabetes tipo
2", comenta a autora principal, Catherine Gibbons, professora associada da
Escola de Psicologia da Universidade de Leeds.
Perfil
nutricional
Segundo Gibbons,
a simples restrição do açúcar dos alimentos sem substituição pode impactar
negativamente o seu sabor ou aumentar o desejo por doces, resultando em
dificuldades em aderir a uma dieta com baixo teor de açúcar. "A
substituição de açúcares por adoçantes e intensificadores de doçura em produtos
alimentícios é uma das estratégias dietéticas e de fabricação de alimentos mais
amplamente utilizadas para reduzir a ingestão de açúcar e melhorar o perfil
nutricional de alimentos e bebidas comerciais", diz.
O estudo, que é o
primeiro do gênero, analisou os efeitos do consumo de
biscoitos açucarados ou dois tipos de adoçantes alimentares: o
substituto natural Stevia ou o adoçante artificial Neotame em 53 homens e
mulheres com excesso de peso ou obesidade. Não houve diferenças no apetite
ou nas respostas endócrinas em comparação com o açúcar, mas os níveis de
insulina medidos duas horas após a ingestão foram reduzidos nos voluntários do
segundo grupo.
Fonte: Correio
Braziliense
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