terça-feira, 30 de abril de 2024

Dal Marcondes: A crise do verdadeiro ou falso

Recebi de um amigo um vídeo onde um narrador português acusa a Organização Mundial de Saúde (OMS) a incentivar a sexualização de crianças ainda na primeira infância. Em tom sensacionalista o narrador acusa a OMS de ensinar crianças a se masturbar através de uma grotesca encenação onde uma mulher conversa com uma menininha e a legenda dá a entender que ela está falando sobre masturbação. Acontece que o áudio original da mulher em questão é ininteligível.

O diálogo é em uma língua incompreensível, o que permitiu a completa adulteração do que está sendo dito. Essa é uma técnica grotesca, uma vez que boa parte das pessoas não tem a menor ideia do que realmente está sendo dito. Para a maioria tanto faz se a personagem está falando inglês, francês ou grego. Portanto a farsa ganha ares de veracidade.

A discussão sobre o uso de redes para a manipulação da sociedade é um dos temas mais importantes do nosso tempo. Desde que esse debate começou a sociedade, e não apenas a brasileira, foi lançada em um pântano de incertezas, com informações que se contradizem e se anulam. O debate político não trata mais de questões sociais ou econômicas, mas de narrativas morais e ideológicas. É o aborto, a liberação das armas, a criminalização da maconha, o fim das saidinhas dos presídios e coisas do tipo.

•        A crise do liberalismo e da mídia

Onde ficam as discussões sobre políticas de desenvolvimento, educação, habitação, mobilidade e outras questões de dia a dia das famílias e da sociedade em geral? O liberalismo, professado historicamente pela direita, defende pautas de liberdade econômica e pessoal, não legisla sobre o corpo ou sobre hábitos pessoais.

Tudo isso vem em meio, também, a uma crise de credibilidade do jornalismo profissional. A indústria do jornalismo se acomodou em uma zona de conforto até o início deste século e não se preparou para o enorme tubarão no aquário representado pelas plataformas digitais. Essas plataformas abocanharam uma enorme fatia das receitas publicitárias e os meios tradicionais, jornais e revistas, ficaram com uma receita marginal.

Essa crise financeira e de modelos de negócios fragilizou a presença dessas mídias tradicionais em diversos setores sociais. As plataformas, por sua vez, ampliaram fortemente a oferta de conteúdos grátis, mas sem a garantia de veracidade. Essas variáveis, e muitas outras, formaram a tempestade perfeita no cenário da comunicação social.

O futuro do processo civilizatório e da capacidade social em divergir sem produzir inimigos depende de um pacto de civilidade, com o reforço da capacidade do jornalismo profissional em incidir com informações checadas. Por outro lado, é necessário fornecer à sociedade meios de se proteger do sectarismo e da mentira.

Comecei este texto defendendo a necessidade de implementar educação sexual nas escolas, os dados sobre isso estão aí e contra fatos não há argumentos. No Brasil um a cada sete bebês que nascem é filho de mãe adolescente. Por dia, 1.043 adolescentes se tornam mãe no Brasil. E, por hora, são 44 bebês que nascem de mães adolescentes, sendo que dessas 44, duas tem idade entre 10 e 14 anos.

Para que possamos evoluir em nosso arranjo social precisamos de mais uma disciplina nas escolas de todos os níveis: educação midiática. É preciso ensinar as pessoas a checar as informações que recebem. A grande maioria das chamadas “fake news” espalhadas pelas redes não se sustenta com uma simples checagem nos instrumentos oferecidos pelas próprias plataformas.  No entanto grande parte desse conteúdo é compartilhado milhares e até milhões de vezes sem que as pessoas se deem ao trabalho de “dar um google”.

 

•        Redes Sociais e Fake News: como a combinação impacta a sociedade? Por Livia Guida Antonio

 

Você já deve ter ouvido falar em fake news. Esse fenômeno é potencializado pelo uso de redes sociais, meio em que elas podem ser acessadas e compartilhadas pelos usuários

Estima-se que 136 milhões de brasileiros são usuários do Whatsapp. O número representa mais de 60% da população brasileira. Trata-se do segundo país de todo o mundo com maior número de usuários do aplicativo.

O que parece bom à primeira vista pode, na realidade, ser bem preocupante. Como se tem acompanhado, muitas dessas plataformas sociais podem ser abundantes nascentes de desinformação.

Durante o período eleitoral no Brasil, por exemplo, pôde-se constatar o volume gigantesco de notícias falsas que saturam as redes sociais. Esses dados são confirmados pelo TSE ao noticiar que recebeu mais de 500 alertas diários de fake news no segundo turno das eleições de 2022.

A propagação de desinformação não atrapalha somente o cenário político, mas também o social sendo combustível de uma verdadeira “máquina de ódio”1. É sobre o impacto social das notícias falsas que a Politize! vai tratar neste texto.

•        Como uma Fake News viraliza através das redes sociais?

Quem usa alguma rede social consome conteúdos e segue pessoas, que lhes geram identificação.

As pessoas estão inseridas em bolhas, construídas com as escolhas que esses usuários fazem online, considerando o que inspira e em quem confiam.

É a confiança e a semelhança de ideais que faz as pessoas acreditarem no que outras que ocupam a mesma bolha dizem e, muitas vezes, compartilhar esses pensamentos uma verdade incontestável.

As fake news podem ser uma notícia completamente falsa, uma meia verdade ou uma situação fora de contexto. Em todas essas possibilidades há sempre algo em comum: ela vai falar o que as pessoas que ocupam uma determinada bolha querem ouvir ou temem ouvir. Assim, fica muito mais fácil sua disseminação. Basta superlotar as redes sociais com a versão dos fatos que deseja proliferar para que ela se torne “verdade” e silencie, inclusive, as narrativas reais.

Na era digital a onda de desinformação, muitas vezes, é impulsionada por robôs. Recursos de marketing das próprias plataformas também podem ser usados. É o caso do uso de algoritmos para evidenciar determinados conteúdos. Desse modo, essa onda atinge seu público alvo que vai compartilhar naturalmente a notícia justamente por conter elementos de algo que ele já acredita ou teme.

Em 2019 o instituto Ideia Big Data realizou pesquisa com 1660 entrevistados. Como resultado apontou que, no Brasil, 52% das pessoas confiam em notícias enviadas pela família através das mídias sociais e 43% confiam nas enviadas por amigos. Forma-se uma cadeia de pessoas que se identificam aumentando o compartilhamento de conteúdos sem sequer fazer uma checagem básica em fontes confiáveis.

A avalanche de desinformação gera consequências individuais podendo arranhar a reputação de indivíduos e até mesmo colocar suas vidas em risco. Além disso, observamos um impacto em larga escala na vida em sociedade.

•        Fake News e o impacto social

A especulação de boatos sempre foi praxe no âmbito político, especialmente dentro de debates de espectros distintos como meio de enfraquecer o oponente. Ocorre que com o avanço das formas de comunicação, a popularização da internet e o surgimento das mídias sociais, proliferar as fake news tornou-se muito mais acessível.

Alcançar as massas com a desinformação acirra a polarização, escancara as desigualdades e interesses e alimenta uma “máquina de ódio”. A influência impacta a democracia, estremece a sociedade, podendo vulnerabilizar por exemplo, a saúde, a educação e as mulheres.

•        Fake News x Saúde

Paralela à pandemia de covid-19, ocorria também uma pandemia de fake news. Uma enxurrada de notícias falsas que precisavam recorrentemente serem desmentidas para convencer a população a tomar os cuidados necessários e aderirem à campanha de vacinação.

Pelas redes sociais circulavam falsas notícias de que “a máscara era responsável por acumular o vírus”, “tratamento precoce com cloroquina era eficaz“, “a vacina implantaria um chip”. Desinformação, muitas vezes, endossada por membros do poder público e profissionais da saúde.

O impacto de tanta fake news não poderia ser outro senão desastroso. O constante desestímulo ao uso de máscara, isolamento social e à vacinação fizeram com que países como Brasil e Estados Unidos se tornassem epicentro da pandemia. Alavancou o número de casos e impulsionou a mortalidade.

O Programa Nacional de Imunização do Brasil é uma referência internacional em distribuição de vacinas e realização de campanhas de conscientização. Sua avançada estratégia de vacinação é capaz de oferecer à população de forma ampla e gratuita um rol diversificado de imunizantes. Entretanto, a avalanche de desinformação vem ameaçando o PNI pela queda na taxa de cobertura de vacinas.

Nos últimos anos o Brasil não conseguiu se manter na taxa de vacinação recomendada pela OMS que é acima de 90%. Em entrevista ao G1, o médico-infectologista cooperado da Unimed-BH Adelino de Melo Freire Jr lembra que:

“A redução dessa taxa abre possibilidades de reintrodução de doenças que já haviam sido erradicadas no país, como é o caso do sarampo que, recentemente, voltou a circular em algumas regiões”.

•        Fake News x Educação

De acordo com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, uma informação falsa tem 70% mais chances de ser espalhada do que uma notícia verdadeira.

Com o acesso à internet por meio dos celulares, crianças e adolescentes têm amplo acesso às fake news sendo propensas à sua disseminação. O papel das escolas para auxiliar esses alunos a desenvolver senso crítico e questionar as notícias que chegam até eles é crucial para o combate da desinformação na educação.

O Ministério da Educação (MEC) precisou desmentir notícias que apontavam, por exemplo, cancelamento do Enem e mudanças nos horários e nas datas das provas. Além disso, especialistas em educação alertam sobre a influência das fake news na realização do exame já que podem induzir o estudante ao erro. Na elaboração da redação, por exemplo, influenciando-o a escrever citações e fatos que não condizem com a realidade.

Até mesmo os crescentes ataques violentos a escolas no Brasil tornaram-se alvo da criação e impulsionamento de boatos que aterrorizaram a comunidade escolar. Através de um alto número de compartilhamento pelas redes sociais, falsas ameaças de massacres em escolas por todo o país amedrontam alunos, pais e professores colocando em xeque a segurança escolar.

A onda de fake news modificou a rotina de muitas unidades educacionais que abonam faltas de alunos e/ou proíbem acessos de pessoas que não estudam ou trabalham no espaço, promovendo, inclusive, reuniões com pais de forma remota. As falsas ameaças prejudicam, inclusive, a investigação de ameaças reais à comunidade escolar.

•        Fake News x Mulheres

Dentre as inúmeras vítimas que a indústria de fake news pode fazer observa-se a reincidência de mulheres como alvo. Sejam atacadas em suas profissões, principalmente se atuarem na política ou imprensa; sofrendo com montagens de suas fotos ou até mesmo com a promoção de uma distorção da realidade do papel da mulher na sociedade como feito pelos redpill.2

Em 2019, durante uma audiência pública na Comissão de Defesa da Mulher da Câmara dos Deputados, especialistas informaram que os brasileiros são os que mais acreditam em fake news e, as brasileiras, são as principais vítimas da disseminação de informações e notícias falsas nas redes sociais.

Toda essa manobra, de se criar e compartilhar fake news nas quais as mulheres são vítimas, endossa o machismo e ratifica a misoginia já tão enraizados no nosso modelo de organização social. Isso porque o gênero, por si só, é historicamente descredibilizado. Através dos exemplos a seguir, será possível perceber com maior clareza a correlação entre as notícias falsas e o sexismo:

•        Na profissão

No jornalismo pode-se citar o caso de Patrícia Campos Mello. A jornalista foi uma das responsáveis por uma reportagem na Folha de S. Paulo que denunciou empresários patrocinadores de campanhas que atacavam um partido político às vésperas das eleições de 2018. As recorrentes notícias falsas e violências ensejaram a publicação de seu livro “A máquina do ódio: notas de uma repórter sobre fake news e violência digital.”

Na política tem-se, por exemplo, o homicídio da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco falsamente atribuído a uma execução pelo Comando Vermelho aludindo que Marielle teria descumprido promessas feitas à organização criminosa.

À ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foi imputada uma inexistente condenação por tráfico de drogas através da manipulação de um áudio do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Já no Congresso Nacional recente pesquisa realizada pela Universidade Federal Fluminense concluiu que a deputada federal eleita pelo Rio de Janeiro, Talíria Petrone, é a parlamentar mais atacada nas redes sociais e vítima de uma sucessão de fake news.

As fake news com alvo nas mulheres são amplamente divulgadas, atreladas ao machismo e incitam o ódio e a violência de gênero. Como consequência, produz vítimas que podem sofrer agressões físicas e verbais, além de provocar distúrbios psíquicos e/ou mortes.

•        As Fake News sobre o “PL das Fake News” (PL 2630)

A viralização de desinformação por meio das mídias sociais não é um problema somente no Brasil. Pode-se acompanhar ao redor do mundo falsas notícias que impactam na política e no cotidiano das pessoas. Muitos países apostam na regulação das redes sociais como caminho de combate e controle da proliferação de fake news.

Uma pesquisa realizada pela Atlas Intel em 2023 aponta que quase 80% dos brasileiros entendem que deva existir uma lei para estabelecer regras claras para o funcionamento das redes sociais no país. 94% dos entrevistados pela pesquisa acreditam que o ambiente das redes não é seguro para jovens.

No Brasil a última lei promulgada para regular as mídias data de 1962, bem antes da concepção da internet como a conhecemos hoje.

Atualmente o Projeto de Lei 2630, também conhecido como “PL das fake news”, tramita no Congresso Nacional para promover a regulamentação dos novos meios de comunicação. Ocorre que até mesmo esse projeto vem sendo alvo de desinformação em larga escala.

A Agência Lupa, uma plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática, fez uma checagem de “6 mentiras sobre o ‘PL das Fake News’ publicadas no Telegram”. Algumas delas foram:

>>> 1. “Manifestações religiosas na internet serão censuradas e podem virar crime”

Efetivamente, o parágrafo único do artigo 1º do projeto isenta conteúdos religiosos das vedações e restrições impostas pela proposta. Além disso, um novo trecho foi acrescentado na última versão, no artigo 3º, que afirma que a aplicação da lei deve observar “a exposição plena dos seus dogmas e livros sagrados”, reforçando a proteção das crenças religiosas.

>>> 2. “Críticas ao governo serão tratadas como crime de ódio e retiradas do ar”

O texto do PL não faz menção a “crime de ódio”. O artigo 11 do projeto prevê que as plataformas devem atuar ativamente para remover conteúdos que se enquadrem nos seguintes crimes: contra o Estado Democrático de Direito; atos de terrorismo e preparatórios de terrorismo; induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação; contra crianças e adolescentes e de incitação à prática de crimes contra crianças e adolescentes; racismo; violência contra a mulher; infração sanitária.

Sabe-se que popularização da internet e o amplo acesso às redes sociais contribuem para a disseminação de notícias, sejam verdadeiras ou falsas, contudo a falta de checagem das fontes e procedência das informações pode gerar graves impactos sociais em áreas de extrema importância, como saúde e educação, além de endossarem preconceitos, como o machismo.

 

•        Três compromissos em defesa da internet livre, colaborativa e diversa. Por João Peschanski

 

O Brasil está no centro das negociações globais sobre a governança digital. Organiza neste mês, em São Paulo, o NETmundial+10, um encontro internacional para a construção coletiva das prioridades sobre a internet, e atua na discussão sobre o Pacto Digital Global, uma iniciativa das Nações Unidas para promover um ambiente digital seguro e inclusivo. A ONU publicou no início de abril uma primeira versão desse pacto, estabelecendo uma série de princípios e compromissos para uma agenda comum internacional sobre a internet. A formalização do Pacto Digital Global deve acontecer em setembro deste ano, e pode ser o marco que influenciará na elaboração e revisão de marcos regulatórios nacionais e regionais.

As medidas regulatórias sobre a internet estão normalmente centradas nas chamadas plataformas comerciais, associadas a diversas formas de desinformação e violação de direitos humanos. Supostamente em nome da liberdade de expressão, essas plataformas permitem práticas que são acusadas de desrespeitar a lei e desestabilizar a ordem social. No entanto, a internet é um ambiente diverso, e ignorar essa diversidade pode resultar em normas inadequadas, com consequências indesejáveis para projetos digitais livres e de interesse público. Esses projetos incluem repositórios científicos, culturais e cartográficos, ambientes de compartilhamento de códigos, além da enciclopédia digital multilíngue Wikipédia, um dos dez sites mais acessados do mundo e o único que não tem finalidade comercial nessa lista.

A Wikipédia e os outros projetos da Wikimedia garantem acesso gratuito a informações neutras e bem fundamentadas sobre ciência, cultura, história e outros temas de relevância educacional. As informações são adicionadas, organizadas e editadas por uma comunidade descentralizada de pessoas voluntárias, que se envolvem em debates abertos para chegar a um consenso em torno de decisões de conteúdo e políticas. Essas pessoas lidam com a maioria dos problemas diários de conteúdo nos projetos da Wikimedia, como vandalismo ou edições que não atendem aos padrões de confiabilidade e neutralidade da Wikipédia. A governança e a moderação de conteúdo colaborativas, fundamentadas na contribuição de boa-fé, permitiram que esse projeto descentralizado se tornasse um modelo de liberdade de expressão online e um bastião social na luta contra a desinformação.

À medida que as regulamentações para ambientes digitais evoluem, precisamos garantir que promovam uma internet onde projetos de interesse público possam prosperar. Com base na experiência de mais de vinte anos da Wikipédia no desenvolvimento de sistemas abertos para a criação e o compartilhamento de conteúdos educacionais e fontes de informação livres, propomos três compromissos principais em defesa da internet livre, colaborativa e diversa, ainda não suficientemente contemplados no texto preliminar do Pacto Digital Global.

Primeiro, é preciso haver um compromisso com a proteção e o empoderamento de comunidades para a gestão colaborativa de projetos digitais de interesse público. Projetos globais para o conhecimento livre e aberto, como a Wikipédia, não deveriam ser uma exceção na internet e, por isso, a comunidade internacional deve assegurar um ambiente regulatório em que comunidades possam construir e gerir seus projetos de interesse público e no qual novos espaços de troca cultural e educacional possam emergir.

Segundo, é preciso haver um compromisso com a proteção e promoção de bens públicos digitais dos quais todas as pessoas possam se beneficiar. Ambientes digitais livres dependem da consolidação do domínio público e da difusão de conteúdos abertos sob licença livre. Esses ambientes devem ser multilíngues, para que as pessoas possam aprender em sua própria língua, e fundamentar-se em práticas culturais éticas, com respeito às diferenças de visão de mundo sobre a digitalização de saberes.

Terceiro, é preciso haver um compromisso com uma inteligência artificial do bem. A tecnologia deve estar a serviço dos direitos humanos, não ameaçá-los. A IA pode contribuir significativamente para o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, por exemplo ao auxiliar as pessoas na busca e verificação de conhecimento. No entanto, é crucial que tais ferramentas sejam desenvolvidas em conformidade com padrões internacionais de direitos humanos, garantindo, assim, a participação por meio de processos transparentes e abertos, controlados pelas comunidades que elas buscam atender.

Com base nesses três compromissos e em defesa de uma visão positiva para o futuro da internet, a Wikimedia lança este mês uma carta-aberta à comunidade internacional e em especial aos cofacilitadores do Pacto Digital Global. Nossas recomendações pretendem fortalecer uma visão global da internet que combata a desinformação, proteja os direitos humanos e viabilize a missão de empoderar todas as pessoas para acessar, desenvolver e difundir o conhecimento para todo o mundo.

 

Fonte: Envolverde/Poitize/Le Monde

 

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