segunda-feira, 25 de março de 2024

Moisés Mendes: Mauro Cid, o perdedor, fracassa de novo como mandalete

Aconteceu o que até o estagiário do gabinete do golpe poderia prever. Mauro Cid caiu na armadilha de advogados e ex-chefes que tentaram usá-lo para confundir o cerco da Polícia Federal e de Alexandre de Moraes.

Cid está preso de novo, depois de espalhar gravações com acusações à PF e ataques ao ministro do Supremo. É um sujeito fragilizado e ainda sob o comando dos que o usaram como mandalete no Palácio do Planalto.

O que Mauro Cid poderia ganhar, ao dizer que sua delação havia sido manipulada pela Polícia Federal, porque os interrogadores o obrigaram a confirmar o que seria uma narrativa?

O que ele ganharia estendendo os ataques a Alexandre de Moraes, apontado como autoritário e fabricante de sentenças prontas?

Faltou alguém que o alertasse de que ele não ganharia nada. Que estava apenas fazendo o trabalho sujo de tentar embaralhar as investigações e colocar as informações das delações sob suspeita.

Mauro Cid se prestou de novo a fazer o que os outros mandam que faça. É o mesmo coronel que se submetia a todas ordens sujas de Bolsonaro e até ao comando de Michelle como pagador de continhas. Mauro Cid prova mais uma vez que é um bem mandado.

Não há como perceber como um desabafo, num cenário que em nada o favorece, a decisão de atacar a PF e Moraes. Não pode ter sido um impulso a produção de áudios com os ataques.

Mauro Cid procurou jornalistas amigos e cumpriu mais uma vez o que determina sua vocação como subserviente. Foi orientado a atrapalhar, para que PF e Supremo sejam olhados com desconfiança e seus chefes tentem escapar.

É da índole de Mauro Cid a subserviência, como está provado em suas trapalhadas com as muambas das arábias, a fraude dos cartões da vacina e a intermediação de conversas para a articulação do golpe.

O coronel talvez só não tenha fracassado na tarefa de bom pagador das contas da mulher do seu empregador. No resto, foi sempre um perdedor, que deixou rastros por onde passou.

Cid é um faz-tudo trapalhão que estava a caminho do generalato, o que conduz a muitas interrogações sobre a qualidade dos nossos altos oficiais.

O coronel volta para a solitária por descumprimento de medidas cautelares e por obstrução à Justiça. Mais uma vez, paga todos os custos por ter sido obediente.

Cid jogou para a torcida da extrema direita e tentou fazer média com seus superiores, levando a muamba da confusão para dentro do inquérito que investiga os golpistas.

Sua situação se complica, enquanto Moraes, o Ministério Público e a Polícia Federal se preparam para outras tentativas de invertidas dos que esperam que as sindicâncias tropecem em novas armadilhas.

 

       Qual 'verdade' a PF não quis saber, Mauro Cid? Por Aquiles Lins

 

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que expôs toda a trama do fracassado golpe de Estado de 8 de janeiro, fez graves acusações à atuação da Polícia Federal no acordo de delação premiada firmado com a corporação. Em áudio divulgado pela revista Veja, Cid diz que investigadores da PF estariam com a “narrativa pronta” no inquérito sobre os atos golpistas e “não queriam saber a verdade”. Seu acordo de colaboração premiada com a PF foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal em setembro de 2023.

“Eles (os policiais) queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu. Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo. Eles estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu? É isso que eles queriam”, disse o militar.

Qual seria essa verdade, Mauro Cid? Conte ao país o que teria sido diferente do que já se sabe sobre a organização e realização dos atos golpistas de 8 de janeiro. Qual é a ‘narrativa’ que você queria revelar e que não teria conseguido em razão da atuação da Polícia Federal? Há provas disto que você queria revelar para amparar sua narrativa?

Mauro Cid também fez acusações contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Com discurso semelhante ao de Bolsonaro, Cid acusou Moraes de já ter a “sentença pronta” e fazer o que quiser, pois ele “é a lei”. “Já tem a sentença dele pronta, acho que essa é a grande verdade. Ele já tem a sentença dele pronta. Só tá esperando passar um tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita e ele prende todo mundo", afirmou o tenente-coronel.

Mauro Cid esteve no centro da trama golpista, teve ciência e participou de várias ilegalidades para beneficiar o clã Bolsonaro. Ao acusar a autoridade policial, e o próprio STF, de forçá-lo a comentar fatos que não teriam acontecido, o militar bolsonarista equiparou a atuação dos investigadores ao modus operandi da Lava Jato. Uma embalagem perfeita para as redes sociais da extrema direita bolsonarista reforçarem o discurso de perseguição. As acusações de Mauro Cid acontecem logo após vir a público que o Exército já decidiu que não irá promovê-lo a coronel, em razão de sua conduta golpista. Pode advir daí uma parte da reclamação do militar.

O fato é que as instituições brasileiras como a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal não podem ser acusadas de cometer ilegalidades e violações de direitos fundamentais, sem que o autor seja interpelado a provar o que disse, e punido nos termos da lei. A democracia brasileira sobreviveu por pouco à tentativa de golpe de Estado pela extrema direita do qual Mauro Cid participou. Não há “narrativa” que modifique os atos de vandalismo e selvageria nas sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. É hora da responsabilização de todos os golpistas.

 

       Cid desmaia e precisa de socorristas após descobrir que foi preso novamente

 

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, passou por um momento dramático no Supremo Tribunal Federal (STF) após receber a notícia de sua nova prisão, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes nesta sexta-feira (22). Cid desmaiou logo após a determinação, o que provocou a intervenção imediata de socorristas para ajudá-lo a se recompor, de acordo com a jornalista Natuza Nery, da GloboNews.

A prisão de Cid foi anunciada após ele prestar um novo depoimento que durou cerca de uma hora. Ele foi convocado a se explicar após a revista Veja divulgar áudios nos quais ele criticava o ministro Moraes e a atuação da Polícia Federal. O depoimento foi conduzido pelo desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes, e contou com a presença de representantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) e de sua defesa.

A prisão de Cid foi decretada por descumprimento de medidas judiciais e por obstrução de justiça, conforme afirmado pelo STF. Logo após ser comunicado de sua prisão, ele foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exames.

O ex-ajudante de ordens afirmou ter sido pressionado pela Polícia Federal a fornecer informações sobre eventos dos quais não tinha conhecimento ou que não aconteceram. Além disso, acusou a Procuradoria-Geral da República e Alexandre de Moraes de terem uma "narrativa pronta" e estarem aguardando o momento certo para "prender todo mundo".

Mauro Cid havia feito um acordo de colaboração premiada após ser preso no âmbito do inquérito que investiga fraudes em certificados de vacinação contra a COVID-19, além de cooperar em investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado no governo Bolsonaro.

 

       Correia: 'Mauro Cid apresentou versões diferentes e armou contra a investigação da trama golpista'

 

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) publicou nesta sexta-feira (22) uma mensagem apontando que o tenente-coronel Mauro Cid apresentou versões diferentes quando resolveu comentar sobre a investigação da trama golpista.

De acordo com o parlamentar, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) afirmou em áudio que policiais federais estavam pressionando o militar a relatar sobre fatos que não aconteceram, mas, em depoimento à PF, Cid negou ter sido alvo de coação.

"Mauro Cid acaba de ser preso. Armou contra a investigação e caiu no próprio buraco que abriu. Diferente do áudio, na PF ele confirmou o teor da delação premiada disse que não houve coação. #SemAnistia para Cid, seu capitão e todos os outros golpistas", escreveu o parlamentar na rede social X.

Ex-auxiliar de Bolsonaro, Mauro Cid é peça fundamental para que investigadores consigam mais detalhes de três esquemas ilegais envolvendo o ex-mandatário e seus aliados - tentativa de golpe, propagação de fake news, e venda de joias que deveriam pertencer ao Estado brasileiro.

 

       Gleisi: 'enquanto Bolsonaro ficou milionário com pix, Mauro Cid foi mais um abandonado pelo inelegível'

 

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), sinalizou nesta sexta-feira (22) que um indício dos crimes cometidos pelo governo bolsonarista foi o distanciamento de Jair Bolsonaro (PL) do seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, preso novamente por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) após acusações de obstruir as investigações da Polícia Federal sobre a trama golpista.

"Mauro Cid foi preso novamente por descumprir medidas cautelares e obstrução de Justiça. A essa altura do campeonato o ex-ajudante de ordens tentou fazer jogo duplo, mas só esqueceu que teve celulares, computadores e documentos apreendidos com as provas dos crimes que ele e seu chefe cometeram. Como ele bem disse nos áudios, enquanto Bolsonaro ficou milionário com pix, Cid foi mais um abandonado pelo inelegível", escreveu a parlamentar na rede social X.

Em gravação, o tenente-coronel reclamou das dificuldades com a Justiça. Inicialmente, ele sugeriu que foi pressionado pela PF a dizer coisas que não aconteceram. Depois, em depoimento à corporação, ele disse ter feito somente um desabafo. Cid afirmou também que Bolsonaro "ficou milionário".

O coronel já havia dito que Bolsonaro consultou militares para saber formas de se aplicar um golpe no Brasil. O ex-mandatário está inelegível por ter questionado, sem provas, a segurança do sistema eleitoral brasileiro contra fraudes, durante uma reunião com embaixadores em Brasília (DF) no ano de 2022.

 

       “O próximo é Bolsonaro”, diz Lindbergh Farias sobre prisão de Mauro Cid

 

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) comemorou a prisão do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, nesta sexta-feira (22). A prisão preventiva foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após vazamento de áudios.“O próximo é Bolsonaro! Grande dia”, escreveu o parlamentar em sua conta no X.

A decisão ocorre após o vazamento de áudios em que Cid faz ataques à Polícia Federal e ao ministro Moraes. Nas gravações divulgadas pela revista Veja, Cid acusa o magistrado e agentes da PF de estarem com a "narrativa pronta" nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.

Cid foi preso pela primeira vez em maio de 2023, nas investigações sobre a falsificação de cartões de vacinação de Bolsonaro. Em setembro, após seis meses de detenção, o ex-auxiliar fechou um acordo de delação premiada, e foi solto.

 

       Aliados de Bolsonaro procuram STF para negar relação com áudios de Cid

 

Aliados de Jair Bolsonaro procuraram ministros do STF para negar relação com o vazamento dos áudios em que Mauro Cid critica a Polícia Federal e Alexandre de Moraes.

Segundo apurou a coluna, ao menos um influente ministro do Supremo foi procurado por auxiliares de Bolsonaro ao longo desta sexta-feira (22/3), para falar sobre o assunto.

O movimento foi deflagrado após integrantes da PF levantarem, nos bastidores, suspeitas de que o entorno de Bolsonaro poderia ter vazado os áudios para tentar desacreditar a colaboração premiada de Cid.

Oficialmente, a PF também acionou o Supremo para esclarecer o que o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, classificou como “graves acusações” feitas pelo ex-ajudante de ordens..

Com base no pedido da corporação, Cid prestou novo depoimento ao juiz-instrutor do gabinete de Moraes na tarde desta sexta, de onde acabou saindo preso.

 

Fonte: Brasil 247/Metrópoles

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário