Jejum intermitente pode estar associado a
maior risco de morte, diz estudo
Um novo estudo mostrou
que pessoas adeptas um tipo de jejum intermitente tinham um risco 91% maior de
morte por doença cardiovascular. Os achados foram apresentados na Epidemiology
and Prevention | Lifestyle and Cardiometabolic Scientific Sessions 2024, da
American Heart Association, nesta segunda-feira (18).
O jejum intermitente é
uma estratégia baseada em consumir todas as refeições do dia dentro de uma
janela de horário e passar a maior parte do dia em jejum. O estudo em questão
analisou 20 mil adultos dos Estados Unidos e descobriu que as pessoas que limitavam
a sua alimentação a menos de 8 horas por dia (ou seja, comiam apenas nesse
período) tinham maior probabilidade de morrer de doenças cardiovasculares em
comparação com as pessoas que comiam em intervalos regulares (12 a 16 horas por
dia).
No jejum intermitente,
muitas pessoas seguem uma dieta alimentar com cronograma 16:8, onde comem todos
os alimentos em uma janela de 8 horas e fazem jejum pelas 16 horas restantes,
todos os dias. Alguns estudos anteriores mostraram que esse tipo de alimentação
poderia trazer benefícios para a saúde, como melhorar a pressão arterial,
reduzir a glicose no sangue e o colesterol.
“Restringir o tempo de
alimentação diária a um curto período, como 8 horas por dia, ganhou
popularidade nos últimos anos como uma forma de perder peso e melhorar a saúde
do coração”, disse o autor sênior do estudo, Victor Wenze Zhong, professor e
presidente do departamento de epidemiologia e bioestatística da Escola de
Medicina da Universidade Jiao Tong de Xangai, em Xangai, China.
“No entanto, os
efeitos a longo prazo para a saúde da alimentação com restrição de tempo,
incluindo o risco de morte por qualquer causa ou doença cardiovascular, são
desconhecidos”, completa.
• Como o estudo foi feito e quais
resultados foram encontrados?
Para o estudo, os
pesquisadores investigaram o potencial impacto na saúde a longo prazo de seguir
jejum intermitente com uma janela para refeições de 8 horas. Para isso, eles
revisaram informações sobre padrões alimentares para participantes das Pesquisas
Nacionais de Exame de Saúde e Nutrição (NHANES) anuais de 2003-2018, dos
Estados Unidos, e compararam com dados sobre pessoas que faleceram nos EUA
entre 2003 e 2019, disponíveis no banco de dados do Índice de Morte do CDC
(Centro Nacional de Controle e Prevenção de Doenças).
Os participantes do
estudo foram acompanhados por um período médio de 8 anos, com um período máximo
de 17 anos de acompanhamento. Os adultos tinham, pelo menos, 20 anos no momento
da inscrição na NHANES e preencheram dois questionários sobre a alimentação no
primeiro ano de inscrição. Aproximadamente metade dos participantes se
identificaram como homens e metade se identificaram como mulheres.
Entre os resultados da
análise, estão:
• Pessoas que seguiram uma dieta com
restrição para realizar refeições em menos de 8 horas do dia tiveram um risco
91% maior de morte devido a doenças cardiovasculares;
• O risco aumentado de morte
cardiovascular também foi observado em pessoas que vivem com doenças cardíacas
ou câncer;
• Em pessoas com doenças cardiovasculares,
uma alimentação feita em um período superior a 8 horas, mas inferior a 10 horas
diárias, também foi associada a um risco 66% maior de morte por doença cardíaca
ou AVC (acidente vascular cerebral);
• A alimentação com restrição de tempo não
reduziu o risco geral de morte por qualquer causa;
• Uma duração de alimentação superior a 16
horas por dia foi associada a um menor risco de mortalidade por câncer entre
pessoas com câncer.
“Ficamos surpresos ao
descobrir que as pessoas que seguiam um horário alimentar de 8 horas com
restrição de tempo tinham maior probabilidade de morrer de doenças
cardiovasculares. Embora esse tipo de dieta tenha sido popular devido aos seus
potenciais benefícios a curto prazo, a nossa investigação mostra claramente
que, em comparação com um intervalo de tempo de alimentação típico de 12-16
horas por dia, uma menor duração da alimentação não estava associada a uma vida
mais longa”, diz Zhong.
O autor do estudo
também acredita que as descobertas incentivam uma abordagem mais cautelosa e
personalizada em relação às recomendações alimentares, levando em consideração
o estado de saúde do paciente e as evidências científicas mais recentes.
• Estudo aponta apenas relação e não causa
No entanto, o
pesquisador ressalta que os resultados do estudo mostram apenas uma relação
entre jejum intermitente e morte por doença cardiovascular. “Embora o estudo
tenha identificado uma associação entre uma janela alimentar de 8 horas e morte
cardiovascular, isso não significa que a alimentação com restrição de tempo
tenha causado morte cardiovascular”, afirma.
Pesquisas futuras
poderão examinar os mecanismos biológicos por trás das associações entre uma
alimentação com restrição de tempo e resultados cardiovasculares adversos. Além
disso, também é necessário entender quais outros fatores poderiam estar relacionados
à morte por doença cardiovascular, como peso, estresse e outros fatores de
risco.
“Um desses detalhes
envolve a qualidade dos nutrientes das dietas típicas dos diferentes
subconjuntos de participantes [do estudo]. Sem esta informação, não pode ser
determinado se a densidade de nutrientes pode ser uma explicação alternativa às
descobertas que atualmente se concentram na janela de tempo para comer”, afirma
Christopher D. Gardner, professor de Medicina Rehnborg Farquhar da Universidade
de Stanford e presidente do comitê de redação da declaração científica do
evento em que o estudo foi apresentado.
Proteína animal ou vegetal: estudo sugere
qual é a melhor para o sono
Ter uma boa qualidade
de sono é fundamental para a saúde no geral. Estudos já mostraram que dormir
bem melhora o humor, a concentração, fortalece o sistema imunológico e previne
doenças cardiovasculares e metabólicas. Para ter uma boa noite de sono, o estilo
de vida e a alimentação exercem papéis fundamentais. Diante disso, um novo
estudo indica que o tipo de proteína consumida na alimentação pode influenciar
no sono.
O trabalho foi
publicado na revista científica The Journal of Clinical Nutrition no início de
março mostrou que as proteínas de origem vegetal podem ser mais benéficas para
o sono do que as proteínas de origem animal. Inclusive, os pesquisadores
descobriram que alimentos de origem animal podem, na realidade, piorar a
qualidade do sono.
Para o trabalho, os
pesquisadores analisaram os dados de 83.338 mulheres e 14.796 homens, que foram
recolhidos de três bases: o Nurse’s Health Study e o Nurse’s Health Study 2
(ambos com dados sobre mulheres), e o Health Professionals Follow-up Study (que
inclui apenas homens). Eles avaliaram os hábitos alimentares dos participantes
por meio de um questionário validado de frequência alimentar que incluiu mais
de 130 itens alimentares diferentes.
Nesse questionário, os
participantes tiveram que relatar o consumo de cada alimento em categorias
desde “nunca ou menos de uma vez por mês” até “mais de seis vezes por dia”.
Através das respostas, os pesquisadores calcularam a ingestão de diferentes
tipos de proteínas (total, animal, láctea e vegetal).
Além disso, os
participantes também preencheram o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh,
que avalia a duração do sono, a latência (tempo que leva até adormecer), a
eficiência (proporção entre tempo total na cama e tempo total de sono),
distúrbios do sono, qualidade e o uso de medicamentos para dormir.
• Quais foram os resultados do estudo?
De acordo com o
estudo, a ingestão total de proteínas não teve impacto na qualidade de sono. No
entanto, ao comparar as categorias de proteínas, os pesquisadores encontraram
diferenças: mulheres que consumiam maiores quantidades de proteínas vegetais
relataram uma melhor qualidade de sono, mas a mesma tendência não foi tão
evidente nos homens.
Os pesquisadores
também descobriram que o maior consumo de carne vermelha processada e de aves
estava associada a uma pior qualidade de sono, enquanto a carne vermelha não
processada afetou negativamente o sono apenas nas mulheres. O consumo de
proteína láctea foi associado a um melhor sono na coorte de participantes do
Nurse’s Health Study 2, mas a mesma associação não foi encontrada nas outras
coortes. O consumo de peixe não teve efeito na qualidade do sono.
• Além da alimentação, o que mais pode
ajudar a melhorar o sono?
De acordo com a ABS
(Associação Brasileira do Sono), cerca de 73 milhões de brasileiros enfrentam
dificuldades para ter uma boa noite de sono. A dificuldade para dormir está
associada a condições de saúde como hipertensão, diabetes, doenças
cardiovasculares, depressão, ansiedade, entre outras.
Para o clínico geral
Marcelo Bechara, é fundamental reduzir o tempo de exposição às telas para
melhorar a qualidade do sono. “O cotidiano influencia e, atualmente, o que mais
interfere são as telas: celulares, televisões, tablets e outros. O excesso de luz
durante a noite afeta o processo de criação de melatonina, hormônio do
relaxamento”, afirma.
O especialista explica
que outros hábitos também ajudam a melhorar a qualidade do sono. “Praticar
atividades físicas, boa dieta, meditar, ter pensamentos menos acelerados e uma
rotina controlada ajudam muito. Essas ações auxiliam na diminuição do excesso
de cortisol, o hormônio que nos desperta e também nos estressa”, orienta.
Fonte: CNN Brasil
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