sábado, 23 de março de 2024

Jejum intermitente pode estar associado a maior risco de morte, diz estudo

Um novo estudo mostrou que pessoas adeptas um tipo de jejum intermitente tinham um risco 91% maior de morte por doença cardiovascular. Os achados foram apresentados na Epidemiology and Prevention | Lifestyle and Cardiometabolic Scientific Sessions 2024, da American Heart Association, nesta segunda-feira (18).

O jejum intermitente é uma estratégia baseada em consumir todas as refeições do dia dentro de uma janela de horário e passar a maior parte do dia em jejum. O estudo em questão analisou 20 mil adultos dos Estados Unidos e descobriu que as pessoas que limitavam a sua alimentação a menos de 8 horas por dia (ou seja, comiam apenas nesse período) tinham maior probabilidade de morrer de doenças cardiovasculares em comparação com as pessoas que comiam em intervalos regulares (12 a 16 horas por dia).

No jejum intermitente, muitas pessoas seguem uma dieta alimentar com cronograma 16:8, onde comem todos os alimentos em uma janela de 8 horas e fazem jejum pelas 16 horas restantes, todos os dias. Alguns estudos anteriores mostraram que esse tipo de alimentação poderia trazer benefícios para a saúde, como melhorar a pressão arterial, reduzir a glicose no sangue e o colesterol.

“Restringir o tempo de alimentação diária a um curto período, como 8 horas por dia, ganhou popularidade nos últimos anos como uma forma de perder peso e melhorar a saúde do coração”, disse o autor sênior do estudo, Victor Wenze Zhong, professor e presidente do departamento de epidemiologia e bioestatística da Escola de Medicina da Universidade Jiao Tong de Xangai, em Xangai, China.

“No entanto, os efeitos a longo prazo para a saúde da alimentação com restrição de tempo, incluindo o risco de morte por qualquer causa ou doença cardiovascular, são desconhecidos”, completa.

•        Como o estudo foi feito e quais resultados foram encontrados?

Para o estudo, os pesquisadores investigaram o potencial impacto na saúde a longo prazo de seguir jejum intermitente com uma janela para refeições de 8 horas. Para isso, eles revisaram informações sobre padrões alimentares para participantes das Pesquisas Nacionais de Exame de Saúde e Nutrição (NHANES) anuais de 2003-2018, dos Estados Unidos, e compararam com dados sobre pessoas que faleceram nos EUA entre 2003 e 2019, disponíveis no banco de dados do Índice de Morte do CDC (Centro Nacional de Controle e Prevenção de Doenças).

Os participantes do estudo foram acompanhados por um período médio de 8 anos, com um período máximo de 17 anos de acompanhamento. Os adultos tinham, pelo menos, 20 anos no momento da inscrição na NHANES e preencheram dois questionários sobre a alimentação no primeiro ano de inscrição. Aproximadamente metade dos participantes se identificaram como homens e metade se identificaram como mulheres.

Entre os resultados da análise, estão:

•        Pessoas que seguiram uma dieta com restrição para realizar refeições em menos de 8 horas do dia tiveram um risco 91% maior de morte devido a doenças cardiovasculares;

•        O risco aumentado de morte cardiovascular também foi observado em pessoas que vivem com doenças cardíacas ou câncer;

•        Em pessoas com doenças cardiovasculares, uma alimentação feita em um período superior a 8 horas, mas inferior a 10 horas diárias, também foi associada a um risco 66% maior de morte por doença cardíaca ou AVC (acidente vascular cerebral);

•        A alimentação com restrição de tempo não reduziu o risco geral de morte por qualquer causa;

•        Uma duração de alimentação superior a 16 horas por dia foi associada a um menor risco de mortalidade por câncer entre pessoas com câncer.

“Ficamos surpresos ao descobrir que as pessoas que seguiam um horário alimentar de 8 horas com restrição de tempo tinham maior probabilidade de morrer de doenças cardiovasculares. Embora esse tipo de dieta tenha sido popular devido aos seus potenciais benefícios a curto prazo, a nossa investigação mostra claramente que, em comparação com um intervalo de tempo de alimentação típico de 12-16 horas por dia, uma menor duração da alimentação não estava associada a uma vida mais longa”, diz Zhong.

O autor do estudo também acredita que as descobertas incentivam uma abordagem mais cautelosa e personalizada em relação às recomendações alimentares, levando em consideração o estado de saúde do paciente e as evidências científicas mais recentes.

•        Estudo aponta apenas relação e não causa

No entanto, o pesquisador ressalta que os resultados do estudo mostram apenas uma relação entre jejum intermitente e morte por doença cardiovascular. “Embora o estudo tenha identificado uma associação entre uma janela alimentar de 8 horas e morte cardiovascular, isso não significa que a alimentação com restrição de tempo tenha causado morte cardiovascular”, afirma.

Pesquisas futuras poderão examinar os mecanismos biológicos por trás das associações entre uma alimentação com restrição de tempo e resultados cardiovasculares adversos. Além disso, também é necessário entender quais outros fatores poderiam estar relacionados à morte por doença cardiovascular, como peso, estresse e outros fatores de risco.

“Um desses detalhes envolve a qualidade dos nutrientes das dietas típicas dos diferentes subconjuntos de participantes [do estudo]. Sem esta informação, não pode ser determinado se a densidade de nutrientes pode ser uma explicação alternativa às descobertas que atualmente se concentram na janela de tempo para comer”, afirma Christopher D. Gardner, professor de Medicina Rehnborg Farquhar da Universidade de Stanford e presidente do comitê de redação da declaração científica do evento em que o estudo foi apresentado.

 

       Proteína animal ou vegetal: estudo sugere qual é a melhor para o sono

 

Ter uma boa qualidade de sono é fundamental para a saúde no geral. Estudos já mostraram que dormir bem melhora o humor, a concentração, fortalece o sistema imunológico e previne doenças cardiovasculares e metabólicas. Para ter uma boa noite de sono, o estilo de vida e a alimentação exercem papéis fundamentais. Diante disso, um novo estudo indica que o tipo de proteína consumida na alimentação pode influenciar no sono.

O trabalho foi publicado na revista científica The Journal of Clinical Nutrition no início de março mostrou que as proteínas de origem vegetal podem ser mais benéficas para o sono do que as proteínas de origem animal. Inclusive, os pesquisadores descobriram que alimentos de origem animal podem, na realidade, piorar a qualidade do sono.

Para o trabalho, os pesquisadores analisaram os dados de 83.338 mulheres e 14.796 homens, que foram recolhidos de três bases: o Nurse’s Health Study e o Nurse’s Health Study 2 (ambos com dados sobre mulheres), e o Health Professionals Follow-up Study (que inclui apenas homens). Eles avaliaram os hábitos alimentares dos participantes por meio de um questionário validado de frequência alimentar que incluiu mais de 130 itens alimentares diferentes.

Nesse questionário, os participantes tiveram que relatar o consumo de cada alimento em categorias desde “nunca ou menos de uma vez por mês” até “mais de seis vezes por dia”. Através das respostas, os pesquisadores calcularam a ingestão de diferentes tipos de proteínas (total, animal, láctea e vegetal).

Além disso, os participantes também preencheram o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh, que avalia a duração do sono, a latência (tempo que leva até adormecer), a eficiência (proporção entre tempo total na cama e tempo total de sono), distúrbios do sono, qualidade e o uso de medicamentos para dormir.

•        Quais foram os resultados do estudo?

De acordo com o estudo, a ingestão total de proteínas não teve impacto na qualidade de sono. No entanto, ao comparar as categorias de proteínas, os pesquisadores encontraram diferenças: mulheres que consumiam maiores quantidades de proteínas vegetais relataram uma melhor qualidade de sono, mas a mesma tendência não foi tão evidente nos homens.

Os pesquisadores também descobriram que o maior consumo de carne vermelha processada e de aves estava associada a uma pior qualidade de sono, enquanto a carne vermelha não processada afetou negativamente o sono apenas nas mulheres. O consumo de proteína láctea foi associado a um melhor sono na coorte de participantes do Nurse’s Health Study 2, mas a mesma associação não foi encontrada nas outras coortes. O consumo de peixe não teve efeito na qualidade do sono.

•        Além da alimentação, o que mais pode ajudar a melhorar o sono?

De acordo com a ABS (Associação Brasileira do Sono), cerca de 73 milhões de brasileiros enfrentam dificuldades para ter uma boa noite de sono. A dificuldade para dormir está associada a condições de saúde como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, depressão, ansiedade, entre outras.

Para o clínico geral Marcelo Bechara, é fundamental reduzir o tempo de exposição às telas para melhorar a qualidade do sono. “O cotidiano influencia e, atualmente, o que mais interfere são as telas: celulares, televisões, tablets e outros. O excesso de luz durante a noite afeta o processo de criação de melatonina, hormônio do relaxamento”, afirma.

O especialista explica que outros hábitos também ajudam a melhorar a qualidade do sono. “Praticar atividades físicas, boa dieta, meditar, ter pensamentos menos acelerados e uma rotina controlada ajudam muito. Essas ações auxiliam na diminuição do excesso de cortisol, o hormônio que nos desperta e também nos estressa”, orienta.

 

Fonte: CNN Brasil

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário