quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Reduzir o consumo de carne pode melhorar saúde do coração, diz pesquisa

Um novo estudo sugere que reduzir o consumo de carne pode diminuir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. As descobertas foram feitas em comparação com a dieta “onívora” — baseada tanto no consumo de alimentos de origem vegetal, quanto nos de origem animal.

A pesquisa, publicada no BMC Nutrition neste mês, contou com 94 participantes entre 25 e 45 anos, que foram classificados entre veganos, flexitarianos e onívoros de acordo com o consumo de carne de cada um. Os pesquisadores usaram questionários para avaliar os hábitos alimentares dos voluntários dentro de um ano antes do estudo.

As pessoas que consumiam menos de 50 gramas de carne por dia foram classificados como flexitarianos, enquanto os que consumiam 170 gramas ou mais diariamente eram classificados como onívoros. Quem não consumia nenhum produto de origem animal foi categorizado como vegano.

Em seguida, os pesquisadores coletaram amostras de sangue dos participantes para avaliar biomarcadores de doenças cardiovasculares. Além disso, a pressão arterial, o IMC (índice de massa corporal) e a rigidez das artérias também foram medidas durante o estudo.

Os resultados do estudo sugeriram que os flexitarianos e os veganos apresentavam uma melhor saúde cardiovascular em comparação com os onívoros, pois tinham níveis mais baixos de colesterol total e colesterol ruim (LDL). Os veganos também apresentaram níveis mais baixos de insulina em jejum do que os flexitarianos e onívoros.

Além disso, aqueles que consumiam pouco ou nenhum produto de origem animal tinham pontuações menores de síndrome metabólica e fatores de risco cardiovascular, como níveis de glicose no sangue, pressão arterial, níveis de colesterol e peso corporal. A rigidez arterial, que está associada a doenças cardiovasculares, também foi menor nos flexitarianos.

Para somar, os pesquisadores descobriram que os onívoros também consumiam mais doces, álcool e produtos lácteos que os veganos e flexitarianos, o que pode aumentar mais ainda o risco de doenças cardiovasculares.

Esse não é o primeiro estudo a mostrar que o consumo de carne pode estar relacionado a doenças cardiovasculares. Um outro trabalho, publicado na Nature Metabolism também neste mês, mostrou que ter 22% das calorias ingeridas diariamente sendo compostas por proteínas pode aumentar o risco de aterosclerose, condição caracterizada pelo acúmulo de placas de gordura e colesterol na parede das artérias.

Apesar das descobertas, mais estudos são necessários para confirmar os achados e excluir outras variáveis que podem influenciar nos resultados.

 

Ø  Morar perto de bares e restaurantes fast-food pode ser ruim para o coração

 

Morar perto de estabelecimentos como pubs, bares e restaurantes fast-food pode ser ruim para a saúde do coração. É o que indica uma nova pesquisa publicada nesta terça-feira (27), no periódico Circulation: Heart Failure, da Associação Americana do Coração.

estudo sugere que a maior proximidade com esses estabelecimentos pode estar associada a um risco aumentado de desenvolver insuficiência cardíaca. Para Lu Qi, autor sênior da pesquisa, isso pode estar relacionado ao fato de pubs, bares e restaurantes venderem alimentos e bebidas não saudáveis e que têm sido atrelados a doenças cardiovasculares.

A insuficiência cardíaca é uma condição caracterizada pela dificuldade do coração em bombear sangue suficiente para suprir as necessidades do corpo. Os sintomas podem incluir falta de ar durante a atividade física ou ao se deitar, tosse, inchaço dos pés e tornozelos, fadiga, fraqueza, pulso irregular ou rápido e dificuldade para dormir.

Entre os principais fatores de risco para a insuficiência cardíaca estão a hipertensãodiabetes e consumo de álcool, além de condições anteriores, como ataque cardíaco, doença arterial coronariana, cardiopatias e arritmia.

·        Como o estudo foi feito?

Para realizar o estudo, os pesquisadores utilizaram dados disponíveis no UK Biobank (base com informações de mais de 500 mil adultos do Reino Unido, com idades entre 37 e 73 anos). A partir disso, mediram a exposição dos inscritos no banco a três tipos de estabelecimentos alimentícios: pubs, bares e restaurantes ou cafeterias fast-food.

A exposição foi determinada pela proximidade com esses lugares — viver dentro de um raio de 1 quilômetro deles ou à distância de 15 minutos andando — e pela densidade — número de estabelecimentos de comida pronta para consumo dentro do limite de 1 quilômetro.

Durante o período de acompanhamento de 12 anos, o estudo documentou quase 13 mil casos de insuficiência cardíaca, registrados através de dados eletrônicos nacionais relacionados à saúde.

De acordo com o estudo, a maior proximidade e a densidade de pubs, bares e restaurantes fast-food estavam associados a um risco elevado de insuficiência cardíaca. Os resultados mostraram que:

  • Os participantes na maior densidade de pontos de venda de alimentos prontos para consumo tiveram um risco 16% maior de insuficiência cardíaca em comparação com quem não tinham esses estabelecimentos perto de suas casas;
  • Aqueles nas áreas com maior densidade de pubs e bares tinham um risco 14% maior de insuficiência cardíaca, enquanto os que estavam nas áreas de densidade maior de lojas fast-food tinham um risco 12% maior;
  • Os participantes que viviam mais próximos de pubs e bares (menos de 500 metros) tinham um risco 13% maior de insuficiência cardíaca e os que viviam próximo de lanchonetes, 10% maior.
  • O risco de insuficiência cardíaca foi maior entre os participantes sem diploma universitário e entre adultos em áreas urbanas sem acesso a academias e a outras instalações de atividade física.

“Estudos anteriores sugeriram que a exposição a ambientes com alimentos prontos para consumo está associada a riscos de outros distúrbios, como diabetes tipo 2 e obesidade, o que também pode aumentar o risco de insuficiência cardíaca”, afirma Qi, em comunicado à imprensa.

Para os autores, as descobertas indicam a necessidade de melhorar o acesso a estabelecimentos que comercializam alimentos mais saudáveis e a instalações fitness nas áreas urbanas. Além disso, para os investigadores, são necessárias políticas para ajudar na melhor educação de adultos, o que poderia reduzir o risco de insuficiência cardíaca associada a fast-food.

Embora a pesquisa tenha utilizado uma amostra grande, ela pode não representar a população em geral porque a maioria dos participantes eram brancos, mais velhos e viviam no Reino Unido. Além disso, o estudo não descartou outros fatores no ambiente alimentar que possam estar associados a insuficiência cardíaca e não incluiu dados de insegurança nutricional. Por isso, mais estudos são necessários para confirmar as descobertas e incluir comunidades etnicamente diversas.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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