terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Propaganda contra Rússia e China não funciona na África, avalia especialista

Após receber uma visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, o ministro de Relações Exteriores da Nigéria, Yusuf Tuggar, declarou que o país quer se unir ao BRICS. Para o jornalista e cientista político nigeriano Is'haq Modibbo Kawu, a declaração reforçou o desejo da nação africana de se manter independente na arena internacional.

Em entrevista à Sputnik, Kawu, que chefiou a Comissão Nacional de Radiodifusão da Nigéria, discutiu o papel que o Ocidente vem desempenhando na África para impedir que o continente se aproxime das potências emergentes mundiais, como Rússia, China e Índia.

Segundo Kawu, a ideia de aderir ao BRICS é muito popular no país, e os esforços dos Estados Unidos, como a visita de Blinken, não influenciarão nessa decisão.

"Os nigerianos querem fazer parte do nova ordem mundial. Essa nova ordem será multipolar e permitirá o desenvolvimento das economias dos países tanto do mundo em desenvolvimento como do mundo desenvolvido", avaliou.

O especialista sublinhou que fazer parte da nova ordem mundial é "crítico" para o país, já que no passado a Nigéria rumou caminhos que lhe foram impostos pela ordem mundial neoliberal, o que afetou negativamente o desenvolvimento do país. "Se não fizermos parte desta nova ordem multipolar, teremos problemas. É por isso que é muito importante que a Nigéria faça parte do BRICS."

O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, recentemente acusou "alguns países" de utilizar o progresso tecnológico para reprimir nações que têm valores diferentes. O líder ugandense se referia aos EUA e à suspensão dos benefícios econômicos oferecidos pela Lei de Crescimento e Oportunidades para a África, que beneficiava países como Níger, Uganda e a República Centro Africana.

"Essa ideia de sancionar continuamente os países já não vai funcionar", destacou Kawu.

"Vão surgir oportunidades para as pessoas fazerem escolhas diferentes em termos de parceiros de desenvolvimento, em termos de agendas de desenvolvimento, em termos de relações no sistema internacional. E isso é algo claro para as pessoas em diferentes partes do continente africano."

O cientista político afirmou ainda que a geração mais jovem está "farta de um continente sustentado pelos legados do colonialismo e neocolonialismo" e querem ver o crescimento de suas pátrias.

Nesse sentido, países como Brasil, Índia, China, Rússia e Irã, apesar das sanções ocidentais, "estão se unindo para fornecer uma nova plataforma de desenvolvimento para o mundo". "A África quer fazer parte dessa nova ordem mundial", destacou.

"Queremos fazer parte de um mundo de progresso, um mundo onde possamos ter este enorme talento de jovens africanos altamente qualificados, fazer parte de um processo de desenvolvimento que utilize os recursos da África para trabalhar para África", disse à Sputnik.

Para Kawu, essa questão está no cerne do declínio da influência do Ocidente na África: centenas de anos de escravidão, colonialismo e a atual exploração dos recursos naturais.

"Temos a memória de uma relação que não funcionou para nós. Uma relação que nos manteve subdesenvolvido. Este é o pano de fundo, a base pela qual o mundo ocidental já não é tão popular na África."

Os países do BRICS, pelo contrário, não exploraram a África, e têm ajudado os países africanos no seu desenvolvimento. Além disso, a União Soviética participou nas lutas de libertação do continente. É por isso que, na opinião de Kawu, "toda propaganda contra a Rússia, contra a China, nunca ressoou no povo africano".

·        Wang Yi diz a conselheiro de Biden que maior risco para relação China-EUA é independência de Taiwan

Entre sexta-feira (26) e sábado (27), o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, manteve uma "comunicação estratégica franca, substantiva e frutífera" com o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, segundo a chancelaria chinesa.

As duas autoridades se encontraram na capital tailandesa, Bangkok, e concordaram em lidar adequadamente com questões importantes e sensíveis nas relações sino-americanas, disse o Ministério das Relações Exteriores chinês.

De 26 a 27 de janeiro, o chanceler Wang Yi teve diálogos francos, substantivos e produtivos com o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, em Bangkok.

A questão sobre Taiwan foi abordada, com o ministro enfatizando a Sullivan que a "independência de Taiwan" representava o maior risco para os laços EUA-China. Ao mesmo tempo, sublinhou que a ilha é um assunto interno chinês e que sua recente eleição "não pode mudar o fato básico de que Taiwan faz parte da China".

"O maior risco para a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan é a 'independência de Taiwan' e o maior desafio para as relações China-EUA é também a 'independência de Taiwan'", disse Wang.

A pasta chinesa também divulgou que os presidentes Xi Jinping e Joe Biden "manterão contato regular para fornecer orientação estratégica para as relações bilaterais e fazer bom uso dos atuais canais de comunicação estratégica".

Em São Francisco, durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), Xi e Biden concordaram em abrir uma linha direta presidencial, retomar as comunicações entre militares e trabalhar para reduzir a produção de fentanil, mas permaneceram em desacordo sobre Taiwan.

A Casa Branca, em um comunicado citado pela Reuters, disse que tanto Wang como Sullivan reconheceram o progresso recente na retomada da comunicação entre militares e a importância de manter esses canais. O conselheiro de Biden também "ressaltou a importância de manter a paz e a estabilidade através do estreito de Taiwan", disse o comunicado.

Washington acrescentou na nota que "Sullivan enfatizou que embora os Estados Unidos e a China estejam em competição, ambos os países precisam evitar entrar em conflito ou confronto".

A China e os EUA tiveram um início difícil em 2023, mas reuniram-se com mais frequência na segunda metade do ano para tentar estabilizar os laços antes das eleições taiwanesas e de uma campanha eleitoral potencialmente cáustica nos EUA em 2024.

A reunião desses dois dias foi o mais recente encontro silencioso entre Wang e Sullivan. O último aconteceu em maio do ano passado. A ideia, segundo a Reuters, é manter esses encontros longe da mídia para tentar diminuir a temperatura entre as duas potências.

·        China sentenciou a prisão empresário do Reino Unido por 'fornecer inteligência ilegal', relata mídia

Um cidadão britânico perdeu há meses uma apelação, após ser detido por acusações de espionagem. Ian Stones trabalhou durante décadas em operações de empresas ocidentais na China.

A China disse na sexta-feira (26) que condenou um cidadão britânico em 2022 a cinco anos de prisão por "fornecer inteligência ilegal", informou na quinta-feira (25) o jornal norte-americano The Wall Street Journal (WSJ).

O empresário britânico Ian Stones, segundo as fontes da mídia, havia desaparecido em 2018 após décadas de trabalho na China, onde, segundo dados publicamente revelados, trabalhou para as operações na China de grandes empresas multinacionais europeias e norte-americanas, incluindo BP, Pfizer Pharmaceuticals e General Motors.

"Ele também foi consultor sênior na China do Conference Board, uma empresa de pesquisa de negócios sediada em Nova York, onde foi fundamental no desenvolvimento de relacionamentos com agências como o Escritório Nacional de Estatísticas da China e o Banco Central da China, de acordo com sua biografia no portal do Conference Board", cita o WSJ.

Questionado na sexta-feira (26) sobre a notícia, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, comentou que um tribunal de Pequim "condenou em primeira instância o réu britânico [...] a cinco anos de prisão pelo crime de obtenção ilegal de inteligência para atores estrangeiros" em 2022.

Após uma apelação, referiu, o julgamento foi confirmado em setembro de 2023.

Wang disse que o "tribunal julgou o caso estritamente de acordo com a lei", e que Pequim "garantiu totalmente os vários direitos legítimos" do prisioneiro e assegurou que os funcionários do Reino Unido o visitassem e assistissem ao seu julgamento.

"A China é um país governado pelo Estado de direito", disse Wang.

"Os órgãos judiciais promovem estritamente o tratamento de casos de acordo com a lei, salvaguardando os direitos e interesses legítimos de cidadãos chineses e estrangeiros", acrescentou.

 

Ø  Em reunião em Pyongyang, China e Coreia do Norte concordam em fortalecer 'interesses em comum'

 

A Coreia do Norte e a China concordaram em fortalecer a cooperação tática e defender interesses comuns em encontro de autoridades diplomáticas de ambos os países, disse a agência de notícias oficial do Norte, KCNA.

As medidas aconteceram durante a reunião da ministra das Relações Exteriores norte-coreana, Choe Son Hui, com o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Sun Weidong, na sexta-feira (26), de acordo com a mídia.

Pequim afirmou que os dois países se comprometeram a fortalecer as comunicações estratégicas "em todos os níveis" e reafirmaram a "postura inabalável" sobre o aprofundamento dos laços, enquanto Sun se reunia com o seu homólogo norte-coreano, Pak Myong Ho, em Pyongyang.

Em 26 de janeiro de 2024, o vice-chanceler chinês Sun Weidong manteve consultas com o vice-chanceler da Coreia do Norte, Pak Myong Ho, em Pyongyang, e fez uma visita de cortesia a chanceler Choe Son Hui

Sun chegou quinta-feira (25) à capital norte-coreana, passando pela cidade de Sinuiju, na fronteira dos dois países.

Dias antes, Choe Son Hui se encontrou com o presidente Vladimir Putin e o chanceler russo Sergei Lavrov em Moscou, no que caracterizou a última troca entre o Norte, China e Rússia, ao mesmo tempo que o confronto com os Estados Unidos e a Coreia do Sul se intensifica.

A Coreia do Norte melhorou dramaticamente os seus laços com os dois membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e aliados tradicionais, que se posicionaram ao lado de Pyongyang à medida que este acelera o desenvolvimento de uma série de armas tácticas e estratégicas.

Pequim e Moscou, recusam-se desde 2017 a juntar-se à imposição de mais sanções contra a Coreia do Norte, apoiando a posição do governo de Kim Jong-un de que está o país está exercendo seu direito à autodefesa.

 

Ø  'Como uma máquina de guerra': China critica OTAN em meio a um maciço exercício militar

 

Um porta-voz do Ministério da Defesa da China, ao ser perguntado sobre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), criticou fortemente o bloco militar ocidental.

"É justo dizer que a OTAN é como uma máquina de guerra ambulante, onde quer que vá haverá instabilidade", disse o representante chinês Wu Qian sobre a aliança militar liderada pelos EUA.

"Instamos a OTAN a parar de inventar mentiras e cessar qualquer movimento perigoso que possa perturbar a Ásia-Pacífico, e ter uma visão objetiva e racional do crescimento da China e do Exército da China", acrescentou o porta-voz.

A observação dura veio em resposta a perguntas sobre o bloco durante uma coletiva de imprensa regular. A OTAN iniciou seu exercício Steadfast Defender 2024 na quarta-feira (24), reunindo 90 mil militares de países-membros e da Suécia para participar de exercícios durante o próximo semestre. Os EUA apontam que o exercício é o maior da aliança desde o período da Guerra Fria.

"Como uma organização militar regional, a OTAN lançou e lutou em muitas guerras em todo o mundo desde a sua criação", disse Wu sobre o bloco, que desempenhou um papel fundamental nas guerras na Líbia, Afeganistão e ex-Iugoslávia.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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