quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Moisés Mendes: Bolsonaro, agora influencer milionário, precisa socorrer Mauro Cid e os manés do 8 de janeiro

Gleisi Hoffmann disse que Bolsonaro anda por aí, reunindo-se com seguidores em botecos e atacando Lula, porque lhe falta serviço. Mas Bolsonaro pode se dedicar ao ócio e gastar energia apenas nas desavenças com Valdemar Costa Neto.

Inelegível, agora ele é influencer. O maior fenômeno do PIX dispõe do que nenhum político tem hoje no Brasil. São R$ 17 milhões no banco desde julho, fora os acréscimos dos juros. São pelo menos mais R$ 800 mil.

Poucos empresários têm, em conta com liquidez imediata, R$ 17 milhões. Bolsonaro se diverte porque tem dinheiro para pagar advogado, recomprar milhares de relógios das arábias e até para fazer doações a manés que estiveram presos e já foram ou serão condenados.

Esse seria, numa situação normal, o dilema moral de Bolsonaro, um sujeito que juntou mais de R$ 17 milhões em PIX, enquanto a turba que invadiu Brasília não tem como pagar advogado e psicólogo.

Bolsonaro empurrou milhares de manés para o desatino e depois recolheu doações até de gente que recebe Bolsa Família. Manés com tornozeleira podem ter ajudado Bolsonaro a ficar rico.

Então, quando Gleisi diz que ele deve procurar serviço, está apenas repetindo uma frase antiga e hoje sem sentido para a extrema direita.

O fascismo não está preocupado com a ociosidade cansativa de Bolsonaro. Ninguém dirá: vai carregar lenha, Bolsonaro.

Mesmo sem poder disputar eleição, ele continua sendo modelo para pelo menos um terço dos brasileiros, até porque agora faz parte da elite endinheirada.

Como milionário, precisa ser forçado pelo seu entorno a ajudar os envolvidos no golpe tabajara de 8 de janeiro. É a hora de se mostrar benemerente.

Bolsonaro também precisa socorrer Mauro Cid, o coronel que estava a caminho de ser general e acabou se envolvendo com joias, vacinas e golpes, como recruta da família.

Cid está pedindo PIX para pagar advogado, porque teria uma dívida de R$ 600 mil. Bolsonaro, Carla Zambelli e Deltan Dallagnol arrecadaram muito dinheiro com o PIX.

Mas ela e eles também são influencers. Mauro Cid é apenas um ex-ajudante de ordens que pagava as contas de Michelle e foi abandonado pelos que o induziram a ser o leva-e-traz do esquema que conduziria ao golpe.

Não se tem notícia de que os apelos pela vaquinha de Mauro Cid tenham dado certo. Não há nada sobre a cifra que teria sido arrecadada.

Bolsonaro precisa saber do que Cid necessita e se informar sobre as demandas de pessoas de idade às vésperas de cumprir penas de até 17 anos de cadeia.

O sujeito que diz se resignar ao comando de Valdemar, por se considerar seu “marido”, tem circulado com a desenvoltura de um milionário, para quem dinheiro deixou de ser problema.

Mas, se desprezar a situação de quem se mobilizou por ele como líder daquele 8 de janeiro, a conta será cobrada mais adiante. Bolsonaro precisa enfiar a mão no bolso.

Mauro Cid merece de Bolsonaro o dinheiro de que precisa para sair do sufoco. O coronel não pode ser abandonado pela família que o manteve no Planalto como se fosse um serviçal sempre disponível.

 

Ø  Domingos Brazão: os elos entre Flávio Bolsonaro e o suposto mandante do assassinato de Marielle

 

Os passaportes diplomáticos dados por Jair Bolsonaro  (PL) à esposa e ao filho do deputado federal Chiquinho Brazão (União) é apenas um dos laços que ligam as duas famílias, que têm laços históricos com a milícia que atua na região de Rio das Pedras, na zona Oeste do Rio de Janeiro.

Apontado por Ronnie Lessa como mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, Domingos Brazão atuou em dobradinha com Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a quem tinha como uma espécie de pupilo.

"Vossa excelência é um deputado jovem e, mesmo assim, percebe-se, não somente pelas suas afirmações de hoje, mas pela sua postura em plenário, que vossa excelência procura preservar o que há de melhor, a maior instituição, que é a família. Infelizmente, há aqueles que apostam no contrário. Vejo parlamentares apresentarem projetos que visam liberar casamento de homem com homem, mulher com mulher e outras coisas. V.Exa., embora sendo jovem, ainda mantém essa postura firme, que, com certeza, é fruto da educação de seus pais, uma questão de criação", disse Brazão dirigindo-se a Flávio Bolsonaro na sessão de 4 de março de 2006 da Alerj.

O elogio ocorreu após o filho de Bolsonaro elogiar o projeto de Brazão para conceder o título de cidadão ao pastor Sebastião Ferreira, da Primeira Igreja Batista de Vila da Penha, que morreu em 2017.

A dobradinha entre Brazão e Flávio Bolsonaro se deu em diversas propostas na Alerj. Em 2014, Brazão foi o relator do projeto de Flávio para criar o programa Escola Sem Partido no sistema de ensino fluminense. No mesmo ano, os dois atuaram juntos na Comissão de Constituição e Justiça da casa.

·        Milícia e escritório do crime

Além das pautas de costumes, Flávio Bolsonaro e Domingos Brazão faziam dobradinha na defesa das milícias do Rio de Janeiro. Em 2006, quando Marcelo Freixo criou a CPI das Milícias, somente os dois se posicionaram contra.

Delator de Brazão, Ronnie Lessa morava a cerca de 100 metros da residência do clã Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra. Em "A República das Milícias", o escritor Bruno Paes Manso diz que Lessa era "um matador avulso, mas mantinha contatos com o Escritório do Crime e com milicianos de Muzema, ligados ao capitão Adriano".

No livro, o jornalista ainda fala da relação de Lessa "com figurões, como Rogério de Andrade e Domingos Brazão"

"Capitão Adriano", a que se refera, é Adriano da Nóbrega, que comandava o Escritório do Crime e empregou a mãe, Raimunda Veras Magalhães, e a ex-esposa, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj. Segundo MP-RJ, as duas faziam parte do esquema de "rachadinha" no gabinete.

Morto em 2020, o miliciano foi apresentado ao clã Bolsonaro por Fabrício Queiroz, que também tem ligações com a milícia de Rio das Pedras.

Durante as investigações sobre a morte de Marielle, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) apreendeu uma agenda com a esposa de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar.

Na agenda-guia, que deveria ser usada por Márcia para ajudar a família caso Queiroz você detido, há um coronel identificado como amigo de Queiroz e "braço direito do Bração (sic)", uma possível referência a Domingos Brazão.

Na caderneta ainda haviam nomes de pessoas ligados ao clã Bolsonaro e também a Adriano da Nóbrega. 

Outro elo entre Flávio e Brazão, que faziam parte da bancada da "segurança pública" na Alerj, é ex-assistente de câmera Luciano Silva de Souza.

Souza foi colocado em 2019 pelo padrinho, Domingos Brazão, o cargo de subdiretor da TV Alerj, o mais alto da hierarquia do departamento, e ficou responsável por gerir um contrato de cerca de R$ 800 mil mensais (quase R$ 10 milhões anuais) com uma empresa terceirizada, a Digilab. 

No curriculo, Souza listou atuações em recentes campanhas eleitorais do PSL, como de Flávio Bolsonaro ao Senado.

 

Ø  Jordy agitou golpe e assessor frequentava GSI e acampamento do QG

 

O deputado federal bolsonarista Carlos Jordy (PL-RJ), um dos alvos da 24ª etapa da Operação Lesa Pátria, desencadeada pela PF, no auge do golpismo instalado no governo anterior, agitava extremistas e permitia que um de seus principais assessores fosse à sede do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), dirigido à época pelo general Augusto Heleno e localizado dentro do Palácio do Planalto. O órgão foi peça central na gestação e operação da tentativa frustrada de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023.

Frequentador do acampamento instalado na frente do Quartel-General do Exército, em Brasília, Tacimar Hoendel, secretário parlamentar de Jordy e seu principal assessor, teve sua presença confirmada no ajuntamento da extrema direita que congregava criminosos de todo o país para tentar impedir a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Hoendel postou ameaças claras à democracia brasileira nas redes e já era conhecido da PF e do inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal e investiga os atos de banditismo dos bolsonaristas na capital da República.

“Se for preciso a gente acampa, mas o l@drãO [sic] não sobe a rampa”, publicou Hoendel nas redes sociais, uma hora depois de sair do GSI, acompanhado de um sujeito identificado como “Cabo Ivan Araújo”, que seria policial militar no Rio de Janeiro. De novembro a dezembro de 2022, o secretário parlamentar de Jordy era figura conhecida a confraternizar com golpistas no acampamento ilegal instalado na área militar do Comando do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), em Brasília.

Num vídeo registrado no 2º andar do Palácio do Planalto, onde está localizado o GSI, no fim de 2022, Hoendel aparece em tom claramente ameaçador e golpista se dirigindo à bolha bolsonarista. “Infelizmente não posso falar as coisas que passam pela minha cabeça, senão vou acabar sendo preso. Mas vocês podem ter certeza: bandido nenhum vai subir essa rampa”, diz o assessor do deputado que foi alvo de mandados de busca e apreensão hoje.

Jordy, por sua vez, foi um dos participantes de uma “sessão” inequivocamente golpista convocada para ser realizada dentro do Senado Federal, em 30 de novembro de 2022, na qual inúmeros parlamentares bradaram por várias horas as maluquices criminosas do bolsonarismo bufo, clamando pela não diplomação de Lula, o vencedor legítimo da eleição. Inúmeros participantes desse ato passaram, após o 8 de janeiro, a serem investigados por participação na bandalheira que devastou as sedes dos Três Poderes em Brasília no começo do ano seguinte.

·        Carlos Jordy se vitimiza e reclama de "ditadura"

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o deputado bolsonarista Carlos Jordy (PL-RJ) se vitimizou e reclamou de "estarmos vivendo uma Ditadura" após receber um bom dia de agentes da Polícia Federal, que cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do parlamentar em Niterói, no interior do Rio.

"Esse mandado de busca e apreensão, que foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, isso aí é a verdadeira constatação de que estamos vivendo uma ditadura", disse o deputado, um defensor contumaz da Ditadura Militar no Brasil.

Com fala mansa, diferentemente dos arroubos de ódio que tem quando ataca Lula, o bolsonarista reclama de ter sido acordado com "fuzil na cara" e nega que tenha incitado os atos golpistas de 8 de janeiro, alvo da 24ª fase da operação Lesa Pátria.

"Eu, em momento algum, no 8 de janeiro eu incitei, falei para as pessoas que aquilo era correto. Pelo contrário, em momento algum eu estive nos quartéis generais quando estava acontecendo todos aqueles acampamentos. Nunca apoiei nem um tipo de ato anterior ou depois do 8 de janeiro, embora as pessoas tivessem seus direito de fazer suas manifestações contra o governo eleito", disse Jordy, medindo as palavras. 

Em certo momento, o bolsonarista chegou a se exaltar ao dizer que a operação Lesa Pátria "é uma piada", mas rapidamente volta a falar mansamente e alegar "perseguição" do governo.

 

Ø  Visita da PF a Carlos Jordy pelo 8/1 é sinal de que a hora de Bolsonaro está chegando. Por Aquiles Lins

 

A quinta-feira 18 de janeiro amanheceu com a 24ª fase da Operação Lesa Pátria, que agora investiga mentores intelectuais e responsáveis por planejar, financiar e incentivar os atos golpistas praticados por eleitores de Jair Bolsonaro em 8 de janeiro de 2023. São 10 mandados de busca e apreensão emitidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos alvos é o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), um dos mais radicais da extrema-direita bolsonarista. 

Segundo a PF, Jordy é investigado por crimes de abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado, associação criminosa e incitação ao crime. A suspeita é de que o parlamentar tenha desempenhado papel na coordenação de atos antidemocráticos no Rio e do bloqueio de rodovias. Carlos Jordy também teria orientado os golpistas para os ataques de 8 de janeiro em Brasília.

Embora do círculo mais próximo de Jair Bolsonaro, sabe-se que Carlos Jordy não é o único implicado nos atos golpistas de 8 de Janeiro. Esta constatação tem levado pânico a bolsonaristas que sabem o que fizeram no verão passado. Segundo informação da CNN, a expectativa entre os bolsonaristas é de que este possa ter sido apenas o primeiro passo de uma série de ações que podem atingir outros políticos nas próximas semanas. 

Se se confirmar esta expectativa, é um bom sinal de que a responsabilização pelo malfadado golpe de estado, que vandalizou as sedes dos Três Poderes, esteja saindo do “baixo clero”, ou seja, os bolsonaristas que executaram a quebradeira, e subindo para o andar de cima, onde estão os que articularam a organização, o financiamento, a logística e a promoção dos atos terroristas. 

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E, claramente, isso chegará até Jair Bolsonaro, o líder maior da intentona golpista. O ex-presidente da extrema-direita, que fugiu para os Estados Unidos antes de terminar seu mandato, bem como o seu clã, têm razões de sobra para não conseguir dormir esta noite. A prisão de Bolsonaro já é tratada com naturalidade nos círculos da PF, com base no que já se descobriu a partir da delação do seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid. Bolsonaro é o mentor do 8 de Janeiro e este episódio deplorável da nossa democracia não será devidamente superado sem que ele seja responsabilizado.

 

Fonte: Brasil 247/Fórum

 

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