domingo, 28 de janeiro de 2024

Emparedado, Flávio Bolsonaro confessa na GloboNews que seu pai mantinha 'Abin paralela'

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) concedeu uma entrevista à GloboNews, na quinta-feira (25), com o objetivo de defender seu pai, Jair Bolsonaro, diante das acusações de que havia em seu governo um sistema particular de arapongagem dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que vem sendo chamada de "Abin Paralela". O filho do ex-presidente, entretanto, acabou confessando a existência da estrutura ilegal.

Autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal deflagrou, na parte da manhã, a Operação Vigilância Aproximada, que teve como alvo principal o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin durante o governo Bolsonaro. O antigo chefe da arapongagem do ex-presidente, no despacho, é apontado diretamente por Moraes como responsável pela instrumentalização do órgão público de espionagem para fins pessoais de interesse da família do ex-presidente, como acobertar supostos crimes de aliados e espionar e perseguir opositores.

Ao ser questionado sobre o assunto pela jornalista Andreia Sadi, Flávio Bolsonaro tentou negar, mas na prática confirmou que seu pai consultava membros de uma estrutura paralela no governo por, supostamente, não "confiar" na Abin.

"O presidente Bolsonaro disse na reunião ministerial, e não era para ser público, que o sistema de informações 'particular' dele funciona. Então, senador, ele tinha interesse, sim nessas informações. Ele falou isso na reunião ministerial", disse a jornalista, se referindo à fatídica reunião ministerial de 22 de abril de 2020, cujo conteúdo se tornou público após autorização do STF em meio a investigações sobre suposta interferência de Bolsonaro na PF.

Flávio Bolsonaro, então, se enrola e acaba confirmando a existência da "Abin paralela".

"Ele não confiava nas informações que tinha lá. A gente tem que ter o mínimo de razoabilidade. Não sei quem ele consultava, mas certamente não era a Abin. Ele não tinha 100% de confiança do que vinha da Abin".

•        "Abin paralela" na mira da PF: entenda

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (25), a Operação Vigilância Aproximada, que investiga a formação de uma organização criminosa responsável por estabelecer uma "estrutura paralela" dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O objetivo desse grupo era monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial.

O principal alvo da operação é o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que ocupou o cargo durante o governo Jair Bolsonaro.

No total, a Polícia Federal cumpriu 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, incluindo a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais. As diligências ocorrem em Brasília/DF (18), Juiz de Fora/MG (1), São João Del Rei/MG (1) e Rio de Janeiro/RJ (1).

Esta operação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em 20/10/2023. As provas obtidas na época indicam que o grupo criminoso estabeleceu uma estrutura paralela na Abin, utilizando ferramentas e serviços da agência para ações ilícitas. Isso inclui a produção de informações com fins políticos e midiáticos, visando benefícios pessoais e até mesmo interferência em investigações da Polícia Federal.

Os investigados podem responder, conforme suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, informáticas ou telemáticas sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados por lei.

•        Bolsonaro e a "Abin paralela"

Na tarde desta quinta-feira (25), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, tornou pública sua decisão que autorizou a Polícia Federal a realizar a Operação Vigilância Aproximada, que teve como alvo principal o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O antigo chefe da arapongagem do ex-presidente, no despacho, é apontado diretamente por Moraes como responsável pela instrumentalização do órgão público de espionagem para fins pessoais de interesse da família do ex-presidente de extrema direita.

“Os policiais federais destacados, sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram das ferramentas e serviços da ABIN para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal, como por exemplo, para tentar fazer prova a favor de Renan Bolsonaro, filho do então Presidente Jair Bolsonaro”, diz a decisão do ministro do STF.

Moraes prossegue, no documento, afirmando que as investigações apontaram que a Abin teve participação ilegal em episódios nos quais foi utilizada para defender interesses do clã, citando num primeiro momento um episódio envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), auxiliando na produção de relatórios que seriam utilizados para defender o primogênito do ex-presidente de acusações criminais.

“A utilização da ABIN para fins ilícitos é, novamente, apontada pela Polícia Federal e confirmada na investigação quando demonstra a preparação de relatórios para defesa do senador Flávio Bolsonaro, sob responsabilidade de Marcelo Bormevet, que ocupava o posto de chefe do Centro de Inteligência Nacional – CIN, como bem destacado pela Procuradoria-Geral da República”, diz o despacho.

Segundo os responsáveis da PF pela investigação, outros inúmeros casos teriam recebido interferência da Abin, sempre atuando de forma a defender os interesses dos familiares de Jair Bolsonaro. Entre as acusações estão episódios como o monitoramento do então governador do Ceará, Camilo Santana (PT), ataque às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro e interferências na investigação de um caso criminal envolvendo Jair Renan Bolsonaro, além do já mencionado relatório de defesa para uso de Flávio Bolsonaro.

 

       Abin espionou personal de Jair Renan para incriminá-lo no lugar do filho de Bolsonaro

 

O escândalo de aparelhamento e uso criminoso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que voltou ao noticiário nesta quinta (25), após a deflagração da Operação Vigilância Permanente pela Polícia Federal, com autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF, não para de trazer à tona casos inacreditáveis de ilegalidades cometidas pelo antigo clã presidencial. Agora, quem aparece na cena da trama de arapongagem é um personal trainer e sócio de Jair Renan, filho mais novo do antigo mandatário de extrema direita.

Jair Renan e Allan Lucena foram sócios e abriram um escritório dentro das dependências do Estádio Mané Garrincha, em Brasília. O local passou a ser frequentado por empresários e outros endinheirados, que estariam “interessados” em investir no “negócio” do filho do então presidente. No entanto, essas pessoas, na verdade, queriam um acesso facilitado para reuniões com integrantes do governo da época e a suspeita da PF era de que o “04” estava praticando tráfico de influência. Ou seja, viabilizando seus negócios ao custo de possibilitar o acesso desses empresários aos contatos na administração federal de seu pai. O inquérito acabou arquivado em agosto de 2022.

Agora, com as revelações da Operação Vigilância Permanente, as autoridades teriam descoberto que a Abin teve papel central num esquema ilegal que atrapalhou as investigações e tirou Jair Renan da “cena do crime” nesse episódio. Tudo teria ocorrido por meio de um monitoramento e espionagem de Lucena, seu sócio, que estava sendo sorrateiramente incriminado no caso para inocentar o filho de Jair Bolsonaro.

A perseguição a Lucena teria sido flagrada pela Polícia Militar do Distrito Federal, que em certa ocasião foi chamada para verificar a presença de um homem que estaria de campana no estacionamento de um local frequentado pelo personal trainer. Ao abordá-lo, os PMs descobriram que se tratava do agente da PF Luiz Felipe Barros Felix, a serviço da Abin.

Felix teve que prestar depoimento à Polícia Federal por sua conduta, e lá esclareceu que ficou incumbido por um auxiliar direto de Alexandre Ramagem, hoje deputado, mas à época chefe da Abin, de monitorar o “alvo” para saber se ele estava fazendo uso de um carro elétrico de R$ 90 mil “doado” por um investidor a Lucena e Jair Renan. Esse empresário conseguiu uma reunião, pouco tempo depois, com o então ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

No fim, o objetivo de atrapalhar as investigações e livrar Jair Renan teria dado certo, diz a Polícia Federal no inquérito atual que investiga Ramagem, uma vez que, diante da situação em que se meteu, Lucena teria devolvido o veículo “doado” a ele e ao sócio “célebre”.

O agente que fez a arapongagem em questão, 13 dias depois de ser descoberto na campana, foi desligado da Abin. Um relatório interno da PF que apurou a conduta dele revelou que “não há qualquer justificativa plausível” para tal missão de monitoramento e que “a referida diligência, por lógica, atrapalhou as investigações em andamento posto que mudou o estado de ânimo do investigado”.

•        Abin atual informava Ramagem sobre investigação da qual é alvo, diz TV

O governo Lula pode estar com um problemão com uma descoberta feita Polícia Federal nesta quinta-feira (25), após a realização da Operação Vigilância Permanente, que teve como alvo principal o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Pelo menos é o que diz a GloboNews, que informa que a atual administração do órgão de inteligência seguia passando informações sobre as investigações contra Ramagem para o próprio deputado.

Segundo reportagem do canal a cabo de notícias, os agentes federais encontraram no gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados um relatório da Abin, produzido há pouco tempo, o informando sobre os passos realizados pela PF, com autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF, no que diz respeito ao inquérito em que ele é investigado.

“Houve uma busca e apreensão no gabinete do deputado Ramagem e a polícia encontrou, como a Isabela Camargo trouxe, além de celulares e laptops em nome dele, um relatório da Abin que informava a ele os passos sobre essa investigação. Ou seja, segundo a Polícia Federal, a Abin do governo Lula informava ao Ramagem, principal assessor de Bolsonaro na questão de inteligência, como estava a atual investigação. Então esse, para mim, Sadi, é o ponto mais importante dessa operação de hoje, porque coloca a atual administração da Abin no centro da crise... O que é que nós tínhamos até então? Na primeira fase da operação, era o número três da Abin que havia sido afastado, o Paulo Maurício [Fortunato], e hoje a Polícia Federal coloca tanto o número dois, que é o [Alessandro] Moretti, um delegado de Polícia Federal, e também o Luiz Fernando [Corrêa] no centro dessa crise, e aí precisa apurar quem produziu esse relatório, com qual objetivo e por que que estava nas mãos de um investigado. O Ramagem é o principal investigado, como é que ele era abastecido pela Abin do governo Lula sobre as investigações contra ele? Isso é um total absurdo que ainda não está esclarecido”, disse o jornalista Octavio Guedes, na atração ‘Estúdio i’.

•        Moraes imputa ‘Abin paralela’ diretamente a Bolsonaro

Na tarde desta quinta-feira (25), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, tornou pública sua decisão que autorizou a Polícia Federal a realizar a Operação Vigilância Aproximada, que teve como alvo principal o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O antigo chefe da arapongagem do ex-presidente, no despacho, é apontado diretamente por Moraes como responsável pela instrumentalização do órgão público de espionagem para fins pessoais de interesse da família do ex-presidente de extrema direita.

“Os policiais federais destacados, sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram das ferramentas e serviços da ABIN para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal, como por exemplo, para tentar fazer prova a favor de Renan Bolsonaro, filho do então Presidente Jair Bolsonaro”, diz a decisão do ministro do STF.

Moraes prossegue, no documento, afirmando que as investigações apontaram que a Abin teve participação ilegal em episódios nos quais foi utilizada para defender interesses do clã, citando num primeiro momento um episódio envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), auxiliando na produção de relatórios que seriam utilizados para defender o primogênito do ex-presidente de acusações criminais.

“A utilização da ABIN para fins ilícitos é, novamente, apontada pela Polícia Federal e confirmada na investigação quando demonstra a preparação de relatórios para defesa do senador Flávio Bolsonaro, sob responsabilidade de Marcelo Bormevet, que ocupava o posto de chefe do Centro de Inteligência Nacional – CIN, como bem destacado pela Procuradoria-Geral da República”, diz o despacho.

 

       Quem são os subordinados de Ramagem na Abin paralela afastados das suas funções

 

No bojo das investigações sobre a Abin paralela de Bolsonaro, que espionou 30 mil cidadãos brasileiros críticos ao governo de então com o software israelense FirstMile, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o afastamento de sete agentes da Polícia Federale servidores da agência subordinados a Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Os policiais seriam encarregados de monitorar os alvos e produzir relatórios que favorecessem narrativas mentirosas com o objetivo de perseguir esses críticos e favorecer o ex-presidente e seus aliados.

Alvo da operação Vigilância Aproximada nesta quinta-feira (25), Ramagem seria a figura de liderança do grupo. O afastamento se dará até o final das investigações.

De acordo com a coluna Na Mira, do portal Metrópoles, a PF afirma que Ramagem havia dividido a Abin paralela em dois grupos. O primeiro, chamado de “Alta-Gestão”, era composto por delegados federais que estavam cedidos à Abin e teria como atribuição de fazer a gestão do software FirstMile. O próprio Ramagem e delegado Carlos Afonso Gonçalves seriam dessa diretoria.

Gonçalves é delegado da PF desde 2003, especialista em operações aéreas e piloto de helicóptero. Já atuou como diretor do Departamento de Inteligência Estratégica da Abin e, depois, secretário de Planejamento e Gestão do órgão. É um dos que foi afastado do cargo pelo STF enquanto rolam as investigações.

O outro grupo, dos “Subordinados”, tinha policiais federais cedidos à Abin e executava as tarefas determinadas pelos diretores. É daí que vieram os outros 6 agentes afastados. O grupo está proibido de acessar quaisquer dependências da PF, manter contato com qualquer um dos investigados e tiveram o acesso bloqueado aos sistemas digitais correspondentes. Veja quem são a seguir.

•        Marcelo Araújo Bormevet é servidor e secretário de Planejamento e Festão da Abin, cargo que já esteve nas mãos de Gonçalves;

•        Felipe Arlotta Freitas é policial federal e trabalhou na coordenação do Centro de Inteligência Nacional (Cin), a Abin de Bolsonaro;

•        Carlos Magno de Deus Rodrigues, também policial federal, foi coordenador-geral de Credenciamento de Segurança e Análise de Integridade Corporativa;

•        Henrique César Prado Zordan, outro policial federal, trabalhou no gabinete de Ramagem, o diretor-geral da Abin;

•        Alexandre Ramalho, também é policial federal e também trabalhou no gabinete de Ramagem;

•        Luiz Felipe Barros Felix, policial federal, também trabalhou no gabinete de Ramagem.

Para além desta breve ficha, com suas funções oficiais no órgão, a PF diz que é possível que os agentes exercessem atividades não oficiais. Já teria em curso, inclusive, procedimentos internos na corporação apurando as suspeitas. Nesse sentido, a investigação também aponta que o grupo seria responsável por realizar operações de contrainteligência para dificultar operações da PF que investigavam o clã Bolsonaro e seus aliados mais próximos. É citado um plano para favorecer Jair Renan, o filho ‘04’ do ex-presidente inelegível.

•        Centro Nacional de Inteligência (Cin)

As atuais revelações partem de documentos obtidos no âmbito da Operação Última Milha e apontam que agentes lotados no Centro de Inteligência Nacional (Cin) utilizaram o software First Mile para espionar a população. O curioso é que o Cin foi criado em julho de 2020 justamente com um decreto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), funcionando como uma nova estrutura dentro da Abin que era, à época, chefiada por Ramagem.

O novo setor da Abin foi criado com a desculpa de assessorar os órgãos competentes da Abin que realizam “atividades e políticas de segurança pública e à identificação de ameaças decorrentes da atividade criminosa”. Ao que parece, 30 mil professores, pesquisadores, juristas e jornalistas críticos a Bolsonaro eram considerados como ameaças.

O Cin, povoado por servidores e agentes próximos a Ramagem e ao clã Bolsonaro, chegou a ser chamado na imprensa de “Abin paralela”. Deixou de existir após a ascensão do novo Governo Lula e o advento da Operação Última Milha.

De acordo com Ramagem, que por meio de nota se defendeu das acusações negando irregularidades, era o Departamento de Operações da Abin que tinha permissão para operar o sistema FirstMile. A declaração contradiz os documentos obtidos pela PF que mostram o uso do sistema por pessoas ligadas à Cin.

 

Fonte: Fórum

 

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