Emparedado, Flávio Bolsonaro confessa na
GloboNews que seu pai mantinha 'Abin paralela'
O senador Flávio
Bolsonaro (PL-RJ) concedeu uma entrevista à GloboNews, na quinta-feira (25),
com o objetivo de defender seu pai, Jair Bolsonaro, diante das acusações de que
havia em seu governo um sistema particular de arapongagem dentro da Agência
Brasileira de Inteligência (Abin), que vem sendo chamada de "Abin
Paralela". O filho do ex-presidente, entretanto, acabou confessando a
existência da estrutura ilegal.
Autorizada pelo
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia
Federal deflagrou, na parte da manhã, a Operação Vigilância Aproximada, que
teve como alvo principal o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ),
ex-diretor da Abin durante o governo Bolsonaro. O antigo chefe da arapongagem
do ex-presidente, no despacho, é apontado diretamente por Moraes como
responsável pela instrumentalização do órgão público de espionagem para fins
pessoais de interesse da família do ex-presidente, como acobertar supostos
crimes de aliados e espionar e perseguir opositores.
Ao ser questionado
sobre o assunto pela jornalista Andreia Sadi, Flávio Bolsonaro tentou negar,
mas na prática confirmou que seu pai consultava membros de uma estrutura
paralela no governo por, supostamente, não "confiar" na Abin.
"O presidente
Bolsonaro disse na reunião ministerial, e não era para ser público, que o
sistema de informações 'particular' dele funciona. Então, senador, ele tinha
interesse, sim nessas informações. Ele falou isso na reunião ministerial",
disse a jornalista, se referindo à fatídica reunião ministerial de 22 de abril
de 2020, cujo conteúdo se tornou público após autorização do STF em meio a
investigações sobre suposta interferência de Bolsonaro na PF.
Flávio Bolsonaro,
então, se enrola e acaba confirmando a existência da "Abin paralela".
"Ele não confiava
nas informações que tinha lá. A gente tem que ter o mínimo de razoabilidade.
Não sei quem ele consultava, mas certamente não era a Abin. Ele não tinha 100%
de confiança do que vinha da Abin".
• "Abin paralela" na mira da PF:
entenda
A Polícia Federal
deflagrou, na manhã desta quinta-feira (25), a Operação Vigilância Aproximada,
que investiga a formação de uma organização criminosa responsável por
estabelecer uma "estrutura paralela" dentro da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin). O objetivo desse grupo era monitorar ilegalmente
autoridades públicas e outras pessoas, utilizando ferramentas de geolocalização
de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial.
O principal alvo da
operação é o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem
(PL-RJ), que ocupou o cargo durante o governo Jair Bolsonaro.
No total, a Polícia
Federal cumpriu 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares
diversas da prisão, incluindo a suspensão imediata do exercício das funções
públicas de sete policiais federais. As diligências ocorrem em Brasília/DF
(18), Juiz de Fora/MG (1), São João Del Rei/MG (1) e Rio de Janeiro/RJ (1).
Esta operação é uma
continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em
20/10/2023. As provas obtidas na época indicam que o grupo criminoso
estabeleceu uma estrutura paralela na Abin, utilizando ferramentas e serviços
da agência para ações ilícitas. Isso inclui a produção de informações com fins
políticos e midiáticos, visando benefícios pessoais e até mesmo interferência
em investigações da Polícia Federal.
Os investigados podem
responder, conforme suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de
dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de
comunicações telefônicas, informáticas ou telemáticas sem autorização judicial
ou com objetivos não autorizados por lei.
• Bolsonaro e a "Abin paralela"
Na tarde desta
quinta-feira (25), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal,
tornou pública sua decisão que autorizou a Polícia Federal a realizar a
Operação Vigilância Aproximada, que teve como alvo principal o deputado federal
Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência
(Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O antigo chefe da arapongagem
do ex-presidente, no despacho, é apontado diretamente por Moraes como
responsável pela instrumentalização do órgão público de espionagem para fins
pessoais de interesse da família do ex-presidente de extrema direita.
“Os policiais federais
destacados, sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram das ferramentas e
serviços da ABIN para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir
em diversas investigações da Polícia Federal, como por exemplo, para tentar
fazer prova a favor de Renan Bolsonaro, filho do então Presidente Jair
Bolsonaro”, diz a decisão do ministro do STF.
Moraes prossegue, no
documento, afirmando que as investigações apontaram que a Abin teve
participação ilegal em episódios nos quais foi utilizada para defender
interesses do clã, citando num primeiro momento um episódio envolvendo o
senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), auxiliando na produção de relatórios que
seriam utilizados para defender o primogênito do ex-presidente de acusações
criminais.
“A utilização da ABIN
para fins ilícitos é, novamente, apontada pela Polícia Federal e confirmada na
investigação quando demonstra a preparação de relatórios para defesa do senador
Flávio Bolsonaro, sob responsabilidade de Marcelo Bormevet, que ocupava o posto
de chefe do Centro de Inteligência Nacional – CIN, como bem destacado pela
Procuradoria-Geral da República”, diz o despacho.
Segundo os
responsáveis da PF pela investigação, outros inúmeros casos teriam recebido
interferência da Abin, sempre atuando de forma a defender os interesses dos
familiares de Jair Bolsonaro. Entre as acusações estão episódios como o
monitoramento do então governador do Ceará, Camilo Santana (PT), ataque às
urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro e interferências na
investigação de um caso criminal envolvendo Jair Renan Bolsonaro, além do já
mencionado relatório de defesa para uso de Flávio Bolsonaro.
Abin espionou personal de Jair Renan para
incriminá-lo no lugar do filho de Bolsonaro
O escândalo de
aparelhamento e uso criminoso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que voltou ao noticiário nesta quinta
(25), após a deflagração da Operação Vigilância Permanente pela Polícia
Federal, com autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF, não para de
trazer à tona casos inacreditáveis de ilegalidades cometidas pelo antigo clã
presidencial. Agora, quem aparece na cena da trama de arapongagem é um personal
trainer e sócio de Jair Renan, filho mais novo do antigo mandatário de extrema
direita.
Jair Renan e Allan
Lucena foram sócios e abriram um escritório dentro das dependências do Estádio
Mané Garrincha, em Brasília. O local passou a ser frequentado por empresários e
outros endinheirados, que estariam “interessados” em investir no “negócio” do
filho do então presidente. No entanto, essas pessoas, na verdade, queriam um
acesso facilitado para reuniões com integrantes do governo da época e a
suspeita da PF era de que o “04” estava praticando tráfico de influência. Ou
seja, viabilizando seus negócios ao custo de possibilitar o acesso desses
empresários aos contatos na administração federal de seu pai. O inquérito
acabou arquivado em agosto de 2022.
Agora, com as
revelações da Operação Vigilância Permanente, as autoridades teriam descoberto
que a Abin teve papel central num esquema ilegal que atrapalhou as
investigações e tirou Jair Renan da “cena do crime” nesse episódio. Tudo teria
ocorrido por meio de um monitoramento e espionagem de Lucena, seu sócio, que
estava sendo sorrateiramente incriminado no caso para inocentar o filho de Jair
Bolsonaro.
A perseguição a Lucena
teria sido flagrada pela Polícia Militar do Distrito Federal, que em certa
ocasião foi chamada para verificar a presença de um homem que estaria de
campana no estacionamento de um local frequentado pelo personal trainer. Ao
abordá-lo, os PMs descobriram que se tratava do agente da PF Luiz Felipe Barros
Felix, a serviço da Abin.
Felix teve que prestar
depoimento à Polícia Federal por sua conduta, e lá esclareceu que ficou
incumbido por um auxiliar direto de Alexandre Ramagem, hoje deputado, mas à
época chefe da Abin, de monitorar o “alvo” para saber se ele estava fazendo uso
de um carro elétrico de R$ 90 mil “doado” por um investidor a Lucena e Jair
Renan. Esse empresário conseguiu uma reunião, pouco tempo depois, com o então
ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
No fim, o objetivo de
atrapalhar as investigações e livrar Jair Renan teria dado certo, diz a Polícia
Federal no inquérito atual que investiga Ramagem, uma vez que, diante da
situação em que se meteu, Lucena teria devolvido o veículo “doado” a ele e ao sócio
“célebre”.
O agente que fez a
arapongagem em questão, 13 dias depois de ser descoberto na campana, foi
desligado da Abin. Um relatório interno da PF que apurou a conduta dele revelou
que “não há qualquer justificativa plausível” para tal missão de monitoramento
e que “a referida diligência, por lógica, atrapalhou as investigações em
andamento posto que mudou o estado de ânimo do investigado”.
• Abin atual informava Ramagem sobre
investigação da qual é alvo, diz TV
O governo Lula pode
estar com um problemão com uma descoberta feita Polícia Federal nesta
quinta-feira (25), após a realização da Operação Vigilância Permanente, que
teve como alvo principal o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ),
ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de
Jair Bolsonaro (PL). Pelo menos é o que diz a GloboNews, que informa que a
atual administração do órgão de inteligência seguia passando informações sobre
as investigações contra Ramagem para o próprio deputado.
Segundo reportagem do
canal a cabo de notícias, os agentes federais encontraram no gabinete do
parlamentar na Câmara dos Deputados um relatório da Abin, produzido há pouco
tempo, o informando sobre os passos realizados pela PF, com autorização do
ministro Alexandre de Moraes, do STF, no que diz respeito ao inquérito em que
ele é investigado.
“Houve uma busca e
apreensão no gabinete do deputado Ramagem e a polícia encontrou, como a Isabela
Camargo trouxe, além de celulares e laptops em nome dele, um relatório da Abin
que informava a ele os passos sobre essa investigação. Ou seja, segundo a Polícia
Federal, a Abin do governo Lula informava ao Ramagem, principal assessor de
Bolsonaro na questão de inteligência, como estava a atual investigação. Então
esse, para mim, Sadi, é o ponto mais importante dessa operação de hoje, porque
coloca a atual administração da Abin no centro da crise... O que é que nós
tínhamos até então? Na primeira fase da operação, era o número três da Abin que
havia sido afastado, o Paulo Maurício [Fortunato], e hoje a Polícia Federal
coloca tanto o número dois, que é o [Alessandro] Moretti, um delegado de
Polícia Federal, e também o Luiz Fernando [Corrêa] no centro dessa crise, e aí
precisa apurar quem produziu esse relatório, com qual objetivo e por que que
estava nas mãos de um investigado. O Ramagem é o principal investigado, como é
que ele era abastecido pela Abin do governo Lula sobre as investigações contra
ele? Isso é um total absurdo que ainda não está esclarecido”, disse o
jornalista Octavio Guedes, na atração ‘Estúdio i’.
• Moraes imputa ‘Abin paralela’
diretamente a Bolsonaro
Na tarde desta
quinta-feira (25), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal,
tornou pública sua decisão que autorizou a Polícia Federal a realizar a
Operação Vigilância Aproximada, que teve como alvo principal o deputado federal
Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência
(Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O antigo chefe da arapongagem
do ex-presidente, no despacho, é apontado diretamente por Moraes como
responsável pela instrumentalização do órgão público de espionagem para fins
pessoais de interesse da família do ex-presidente de extrema direita.
“Os policiais federais
destacados, sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram das ferramentas e
serviços da ABIN para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir
em diversas investigações da Polícia Federal, como por exemplo, para tentar
fazer prova a favor de Renan Bolsonaro, filho do então Presidente Jair
Bolsonaro”, diz a decisão do ministro do STF.
Moraes prossegue, no
documento, afirmando que as investigações apontaram que a Abin teve
participação ilegal em episódios nos quais foi utilizada para defender
interesses do clã, citando num primeiro momento um episódio envolvendo o
senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), auxiliando na produção de relatórios que
seriam utilizados para defender o primogênito do ex-presidente de acusações
criminais.
“A utilização da ABIN
para fins ilícitos é, novamente, apontada pela Polícia Federal e confirmada na
investigação quando demonstra a preparação de relatórios para defesa do senador
Flávio Bolsonaro, sob responsabilidade de Marcelo Bormevet, que ocupava o posto
de chefe do Centro de Inteligência Nacional – CIN, como bem destacado pela
Procuradoria-Geral da República”, diz o despacho.
Quem são os subordinados de Ramagem na
Abin paralela afastados das suas funções
No bojo das
investigações sobre a Abin paralela de Bolsonaro, que espionou 30 mil cidadãos
brasileiros críticos ao governo de então com o software israelense FirstMile, o
Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o afastamento de sete agentes da
Polícia Federale servidores da agência subordinados a Alexandre Ramagem,
ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Os policiais
seriam encarregados de monitorar os alvos e produzir relatórios que
favorecessem narrativas mentirosas com o objetivo de perseguir esses críticos e
favorecer o ex-presidente e seus aliados.
Alvo da operação
Vigilância Aproximada nesta quinta-feira (25), Ramagem seria a figura de
liderança do grupo. O afastamento se dará até o final das investigações.
De acordo com a coluna
Na Mira, do portal Metrópoles, a PF afirma que Ramagem havia dividido a Abin
paralela em dois grupos. O primeiro, chamado de “Alta-Gestão”, era composto por
delegados federais que estavam cedidos à Abin e teria como atribuição de fazer
a gestão do software FirstMile. O próprio Ramagem e delegado Carlos Afonso
Gonçalves seriam dessa diretoria.
Gonçalves é delegado
da PF desde 2003, especialista em operações aéreas e piloto de helicóptero. Já
atuou como diretor do Departamento de Inteligência Estratégica da Abin e,
depois, secretário de Planejamento e Gestão do órgão. É um dos que foi afastado
do cargo pelo STF enquanto rolam as investigações.
O outro grupo, dos
“Subordinados”, tinha policiais federais cedidos à Abin e executava as tarefas
determinadas pelos diretores. É daí que vieram os outros 6 agentes afastados. O
grupo está proibido de acessar quaisquer dependências da PF, manter contato com
qualquer um dos investigados e tiveram o acesso bloqueado aos sistemas digitais
correspondentes. Veja quem são a seguir.
• Marcelo Araújo Bormevet é servidor e
secretário de Planejamento e Festão da Abin, cargo que já esteve nas mãos de
Gonçalves;
• Felipe Arlotta Freitas é policial
federal e trabalhou na coordenação do Centro de Inteligência Nacional (Cin), a
Abin de Bolsonaro;
• Carlos Magno de Deus Rodrigues, também
policial federal, foi coordenador-geral de Credenciamento de Segurança e
Análise de Integridade Corporativa;
• Henrique César Prado Zordan, outro
policial federal, trabalhou no gabinete de Ramagem, o diretor-geral da Abin;
• Alexandre Ramalho, também é policial
federal e também trabalhou no gabinete de Ramagem;
• Luiz Felipe Barros Felix, policial
federal, também trabalhou no gabinete de Ramagem.
Para além desta breve
ficha, com suas funções oficiais no órgão, a PF diz que é possível que os
agentes exercessem atividades não oficiais. Já teria em curso, inclusive,
procedimentos internos na corporação apurando as suspeitas. Nesse sentido, a
investigação também aponta que o grupo seria responsável por realizar operações
de contrainteligência para dificultar operações da PF que investigavam o clã
Bolsonaro e seus aliados mais próximos. É citado um plano para favorecer Jair
Renan, o filho ‘04’ do ex-presidente inelegível.
• Centro Nacional de Inteligência (Cin)
As atuais revelações
partem de documentos obtidos no âmbito da Operação Última Milha e apontam que
agentes lotados no Centro de Inteligência Nacional (Cin) utilizaram o software
First Mile para espionar a população. O curioso é que o Cin foi criado em julho
de 2020 justamente com um decreto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL),
funcionando como uma nova estrutura dentro da Abin que era, à época, chefiada
por Ramagem.
O novo setor da Abin
foi criado com a desculpa de assessorar os órgãos competentes da Abin que
realizam “atividades e políticas de segurança pública e à identificação de
ameaças decorrentes da atividade criminosa”. Ao que parece, 30 mil professores,
pesquisadores, juristas e jornalistas críticos a Bolsonaro eram considerados
como ameaças.
O Cin, povoado por
servidores e agentes próximos a Ramagem e ao clã Bolsonaro, chegou a ser
chamado na imprensa de “Abin paralela”. Deixou de existir após a ascensão do
novo Governo Lula e o advento da Operação Última Milha.
De acordo com Ramagem,
que por meio de nota se defendeu das acusações negando irregularidades, era o
Departamento de Operações da Abin que tinha permissão para operar o sistema
FirstMile. A declaração contradiz os documentos obtidos pela PF que mostram o
uso do sistema por pessoas ligadas à Cin.
Fonte: Fórum
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