segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Quem é o deputado investigado por chefiar grupo miliciano na Bahia

O deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha, é apontado pela Polícia Federal como suspeito de chefiar uma milícia em Feira de Santana, cidade a 100 km de Salvador.

A operação da PF foi deflagrada nesta quinta-feira (7) e, além do parlamentar, outras 14 pessoas são investigadas - entre elas, três policiais militares que seriam o responsáveis por formar o "braço armado" da milícia. O trio está na Coordenadoria de Custódia Provisória, à disposição da Justiça, conforme a corporação.

•        Conheça o deputado investigado:

👉 46 anos;

👉 Nascido na cidade de Milagres, a 245 km de Salvador;

👉 Morador de Feira de Santana há pelo menos 31 anos;

👉 Se intitula como empresário;

👉 Ganhou o apelido "Binho Galinha", porque já trabalhou em um abatedouro entregando aves;

👉Também já trabalhou como carroceiro e pintor;

👉 Tem imóveis na cidade de Feira de Santana e outros municípios vizinhos;

👉 Em 2022 foi eleito pela primeira vez como deputado estadual, pelo partido Patriota;

👉 Recebeu 49.834 votos e foi o segundo mais votado na cidade;

👉 No site da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), o estado civil dele aparece como solteiro.

👉 Após ser eleito, em 2023 o deputado se tornou vice-líder do bloco parlamentar dos partidos MDB/PSB/Patriota/PSC/Avante.

•        Entenda o caso

Além do deputado, outras 14 pessoas, incluindo PMs, são suspeitas de integrar o grupo criminoso — Foto: Ministério Público da Bahia

Binho e outras 14 investigados tiveram mais de R$ 200 milhões das contas bancárias bloqueadas nesta quinta-feira (7), quando foi deflagrada a operação da Polícia Federal em parceria com outros órgãos e instituições, incluindo o Ministério Público da Bahia (MP-BA).

Segundo a PF, o grupo é investigado por lavar dinheiro de jogo do bicho, agiotagem, receptação qualificada, desmanche de veículos e outros crimes.

•        Ao longo das investigações, ainda foram apontados que os suspeitos tinham:

👉 inconsistências fiscais;

👉 movimentação financeira incompatível;

👉 propriedade de bens móveis e imóveis não declarados;

👉 indícios de lavagem de dinheiro.

Além dos R$ 200 milhões, outros bens foram bloqueados e mandados de busca e apreensão foram expedidos - inclusive em fazendas e outros imóveis do deputado.

>> Confira:

👉 bloqueio de 26 propriedades urbanas e rurais;

👉 10 mandados de prisão expedidos;

👉 35 mandados de busca e apreensão expedidos;

👉 suspensão das atividades econômicas de seis empresas.

Em nota, o parlamentar informou que está à disposição da Justiça e que os fatos serão esclarecidos. Além disso, afirmou que as atividades legislativas seguirão sem alterações nos próximos dias. Confira íntegra abaixo:

"Tendo em vista as denúncias feitas pelo Ministério Público Estadual (MPE) e que a pedido da Justiça estão sendo apuradas, com ações no dia de hoje (07) pela Policia Federal, Receita Federal, e o próprio MPE em Feira de Santana e região, o deputado estadual Binho Galinha vem a público esclarecer que está a inteira disposição da Justiça da Bahia, e que tudo será esclarecido no momento próprio. Mantemos nossas atividades pessoais e legislativas sem alteração. Confio na Justiça e estou à disposição para dirimir dúvidas e contribuir quanto a transparência dos fatos. No mais dizer que nosso jurídico está tomando as devidas providências para junto a Justiça prestar os esclarecimentos."

 

       Filho e esposa de deputado investigado por chefiar grupo miliciano são presos na BA

 

A esposa e filho do deputado estadual Binho Galinha, investigado por suspeita de chefiar uma milícia ligada à agiotagem e outros crimes em Feira de Santana, foram presos na quinta-feira (7). As prisões ocorreram durante o cumprimento de mandados de prisão preventiva pela Polícia Federal e pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA).

A esposa do parlamentar foi identificada como Mayana Cerqueira da Silva, de 43 anos, e o filho como João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, de 18.

O parlamentar não foi preso, por causa do direito ao foro privilegiado. Ele informou que está à disposição da Justiça e que os fatos serão esclarecidos. Além disso, afirmou que as atividades legislativas seguirão sem alterações nos próximos dias

A esposa e o filho de Binho passaram por audiência de custódia em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Mayana teve prisão convertida para domiciliar, porque tem uma filha ainda criança. João Guilherme teve a preventiva mantida e foi encaminhado para o presídio em Salvador.

O advogado Rafael Esperidião, que atua na defesa de Mayana e João Guilherme, informou que vai ambos estão á disposição da Justiça para colaborar com o que for necessário. [Veja nota na íntegra ao final da matéria]

Ao todo, 15 pessoas foram denunciadas pelo MP-BA e são investigadas. Dez mandados de prisão preventiva foram expedidos e seis prisões concluídas - entre elas, a da esposa e do filho de Binho Galinha. Quatro pessoas estão foragidas.

Além dos familiares do suspeito, três policiais militares que formavam o "braço armado" da milícia estão entre os presos, mas não tiveram os nomes divulgados. Eles estão na Coordenadoria de Custódia Provisória

A produção da TV Bahia apurou a função que eles desempenhavam no grupo. Entenda:

👉 João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano: filho do deputado estadual. Ele era responsável por receber o dinheiro do crime desde quando ainda tinha menos de 18 anos. Ele repassou para o pai cerca de R$ 474 mil.

👉 Mayana Cerqueira da Silva: esposa do deputado estadual. As investigações apontaram movimentação financeira incompatível com os rendimentos declarados à Receita Federal e a maioria das transações feitas por ela envolvem os outros suspeitos.

👉 Jorge Vinícius de Souza Santana Piano: principal operador financeiro da organização criminosa e amigo de Binho Galinha. Conforme investigações, ele movimentou mais de R$ 39 milhões, o que não condiz com o que foi declarado à Receita Federal.

👉 Jackson Macedo Araújo Júnior: conforme investigações, ele movimentou quase R$ 4 milhões, o que não condiz com a condição econômica declarada à Receita Federal.

👉 Josenilson Souza da Conceição: bacharel em direito, o suspeito movimentou em suas contas pouco mais de R$ 1,7 milhão, o que não condiz com o que foi declarado à Receita Federal.

👉 Roque de Jesus Carvalho: movimentou mais de R$ 9 milhões entre janeiro de 2013 e março de 2023, o que não condiz com o que foi declarado à Receita Federal nestes 10 anos.

•        Investigações

As investigações apontaram que o grupo é suspeito por lavar dinheiro de jogo do bicho, agiotagem, receptação qualificada e desmanche de veículos. Em um dos imóveis inspecionados pela Polícia Federal, foram encontradas milhares de peças de carros.

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão e prisão, feitos na quinta-feira, diversos bens dos investigados foram bloqueados. Confira:

👉 bloqueio de R$ 200 milhões;

👉 bloqueio de 26 propriedades urbanas e rurais;

👉 10 mandados de prisão expedidos;

👉 35 mandados de busca e apreensão expedidos;

👉 suspensão das atividades econômicas de seis empresas.

>>>> Posicionamentos

•        Filho e esposa do deputado estadual

O advogado Rafael Esperidião emitiu a seguinte nota:

"A defesa que patrocina Mayana Cerqueira e João Guilherme Cerqueira , esclarece que a analisará tudo e o todo que foi anexado aos autos, assim que lhe for franqueada vista da íntegra da documentação. Ademais, é importante frisar que qualquer conclusão nesse momento será meramente especulativa e temerária. Ademais, os acusados se resguardam ao direito de se manifestar no momento processual adequado sobre o que for necessário à elucidação dos fatos e demonstração da verdade. Além disso, se colocam desde já a disposição da justiça, colaborando no que for necessário No mais, reservar-se ao direito de se manifestar apenas em momento oportuno nos autos do processo".

•        Polícia Militar

O g1 pediu um posicionamento da Polícia Militar, já que três investigados são PMs que trabalhavam com a cobrança das dívidas por agiotagem e jogo do bicho, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

•        Assembleia Legislativa da Bahia

A Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) informou que não sabia da operação da Polícia Federal e que não haverá nenhum tipo de sanção ao parlamentar enquanto durarem as investigações. Confira íntegra abaixo:

"A Assembleia Legislativa da Bahia não foi informada, muito menos citada, a respeito da Operação realizada pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (07/12). As investigações estritamente ocorrem no âmbito policial. Caso a ALBA seja notificada ou instada a se pronunciar, o fará de pronto. O Regimento Interno da Casa não prevê nenhum tipo de sanção a parlamentares durante o transcorrer de investigações".

 

Fonte: g1

 

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