sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

A nova escalada de tensão em Essequibo após Maduro ordenar 'ação defensiva'

O presidente da VenezuelaNicolás Maduro, disse nesta quinta-feira (28/12) que ordenou “a ativação de uma ação defensiva conjunta das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas” próxima à costa de Essequibo, região que o seu país disputa com a vizinha Guiana.

A notícia surge poucos dias depois de o governo britânico ter anunciado que enviará um navio de guerra para a Guiana, num gesto de apoio diplomático e militar à sua ex-colônia.

Num encontro com o alto comando militar transmitido pela televisão estatal, Maduro afirmou que o envio do navio britânico HMS Trent representa uma “ruptura” no espírito do acordo firmado com o presidente da Guiana, Irfan Ali, para não usar a força.

As divergências foram resolvidas temporariamente em uma reunião que os presidentes tiveram em São Vicente e Granadinas no dia 14 de dezembro.

Maduro disse que o envio do navio britânico “é praticamente uma ameaça militar de Londres contra o nosso país”.

O venezuelano acrescentou que ambas as partes concordaram em evitar a presença de “forças militares extra-regionais no Caribe” e concluiu que o navio britânico demonstra “uma violação dos acordos”.

Alguns dos comandantes militares venezuelanos que participaram da reunião televisionada com Maduro indicaram que há cerca de 5.600 militares prontos para a operação.

Já por parte da Guiana, o vice-presidente do país, Bharrat Jagdeo, negou na quinta-feira que a colaboração britânica faça parte de um plano de ofensiva contra a Venezuela.

"São medidas de rotina que estão planejadas há muito tempo, são parte da construção da capacidade de defesa. Não planejamos invadir a Venezuela, o presidente Maduro sabe disso", afirmou Jadgeo em entrevista coletiva.

·        O navio britânico

O Ministério da Defesa britânico confirmou no domingo (24/12) que o navio HMS Trent participará de exercícios conjuntos com a Guiana.

A Guiana, membro da Commonwealth (comunidade de 56 países com origens no Império Britânico), é o único país de língua inglesa na América do Sul.

O HMS Trent pode chegar a uma velocidade máxima de 25 nós (cerca de 45 km/h), com alcance de 5.500 milhas náuticas (cerca de 10.200 km).

O navio é armado com canhões com calibre de 30 mm e pode receber helicópteros do tipo Merlin, além de aeronaves não tripuladas.

O HMS Trent partiu de seu porto de origem em Gibraltar no início de dezembro e, durante o Natal, esteve atracado em Bridgetown, capital de Barbados.

Espera-se que o navio de guerra ancore na capital da Guiana, Georgetown, e realize visitas, atividades conjuntas e treinamento com a Marinha do país e de outros aliados.

O HMS Trent não pode atracar no porto porque este não é suficientemente profundo.

·        A disputa entre Venezuela e Guiana por Essequibo

A ação militar anunciada por Maduro é o mais recente episódio da disputa entre a Venezuela e a Guiana pela região de Essequibo, um território de cerca de 160 mil km² — a maior parte dele uma floresta impenetrável — que Caracas reivindica como seu desde que uma sentença internacional definiu em 1899 que a área pertencia ao Reino Unido, que na época possuía o que mais tarde se tornou a Guiana independente.

A disputa tem se arrastado com intensidade variável desde então e agravou-se nos últimos anos, depois de terem sido descobertas importantes fontes de petróleo e gás na área e de o governo guianês ter concedido licenças para exploração para a empresa americana ExxonMobil.

O assunto está nas mãos da Corte Internacional de Justiça, cuja autoridade sobre o caso a Venezuela não reconhece.

Em 4 de dezembro, o governo venezuelano realizou um referendo no qual a maioria dos eleitores foi a favor da incorporação de Essequibo como um novo Estado da República Bolivariana.

Na tentativa de reduzir a tensão, Maduro reuniu-se com o presidente guianês em 14 de dezembro.

No encontro, facilitado pela diplomacia brasileira, ambas partes concordaram em reduzir a tensão e afastaram o uso da força.

Mas a entrada em cena do governo britânico e o envio de um navio militar para a região provocaram a reação da Venezuela.

Quase simultaneamente com a aparição de Maduro na televisão, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela afirmou em comunicado que Caracas “reserva todas as ações, no âmbito da Constituição e do direito internacional, para defender a sua integridade marítima e territorial”.

 

Ø  Estado de Maine, nos EUA, veta Trump nas primárias locais

 

A autoridade eleitoral do estado do Maine, nos Estados Unidos, anunciou nesta quinta-feira (28) que o ex-presidente Donald Trump não aparecerá nas cédulas das primárias presidenciais republicanas de 2024. Em 19 de dezembro, houve uma decisão semelhante no estado de Colorado.

As medidas nos dois estados são relacionada ao ataque ao prédio do Congresso dos EUA, em 2021. O argumento jurídico é que Trump não pode servir como presidente por causa de um artigo da Constituição norte-americana que proíbe as pessoas de ocuparem cargos públicos se elas se envolveram em "insurreição ou rebelião" depois de fazer um juramento aos EUA. Essa cláusula foi usada poucas vezes depois da Guerra Civil nos EUA.

A secretária de Estado do Maine, Shenna Bellows, justificou sua decisão com a 14ª Emenda da Constituição --essa mesma que diz que uma pessoa que participou de uma insurreição não pode ocupar um cargo público.

A decisão pode ser contestada na Justiça do estado do Maine. No começo de 2024 deve haver uma decisão da Suprema Corte dos EUA sobre a possibilidade de Trump concorrer à presidência. Qualquer decisão da alta corte se aplicará a todos os estados, incluindo o Maine.

A campanha de Trump disse que vai apelar da decisão da corte, que foi de 4 a 3, para a Suprema Corte dos EUA.

Essa decisão do Maine é mais prejudicial a Trump do que a do Colorado. Nas eleições dos EUA, cada estado tem uma regra de como dividir seus delegados do colégio eleitoral (no país, as eleições são indiretas).

No Colorado, o candidato que vencer, mesmo por margem pequena, fica com todos os delegados do colégio eleitoral. Como o Colorado é um estado de perfil mais progressista, dificilmente um candidato republicano consegue vencer lá. No Maine, o candidato vencedor não leva todos os delegados, porque há uma divisão proporcional de acordo com a votação.

 

Fonte: BBC News Mundo/g1

 

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