quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Por que o bolsonarista Filipe Martins voltará a ser investigado por símbolo "white power"

A investigação por crime de racismo cometido pelo bolsonarista Filipe Martins foi reaberta pelo desembargador Ney Bello. O então assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República do governo Jair Bolsonaro (PL) teria feito um gesto comum de supremacia branca em uma sessão do Senado Federal, em março de 2021.

O desembargador reformou a sentença de absolvição e considerou que há evidências de crime contra Martins: "O que temos são indícios. Fortes indícios, diria eu. Por serem fortes indícios, não é cabível a manutenção da absolvição sumária do apelado".  

O caso será investigado, sob pena de "o Judiciário ser leniente em sua atuação com a prática de condutas racistas". Em outubro de 2021, o juiz da 11ª Vara Criminal do Distrito Federal encerrou o processo por avaliar que o gesto denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) não configura crime e absolveu o réu.

O gesto de unir o dedo indicador ao polegar, enquanto estica os demais dedos da mão, forma as letras "WP", referente ao lema White Power ("Poder Branco", em tradução livre do inglês). O gesto é apropriado por grupos supremacistas brancos, sobretudo dos Estados Unidos.

A justificativa de Martins foi de que estava alinhando o paletó na ocasião, quando o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) identificou o gesto e alertou o presidente da bancada, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A perícia do Senado desmentiu a versão do bolsonarista.

"Em primeiro lugar, o apelado é professor e foi assessor do ex-Presidente da República. Portanto, trata-se de pessoa que entende de política e é conhecedor das suas simbologias específicas, incluindo aquelas que enaltecem torturadores, fascistas e racistas. E utiliza essa simbologia de forma reiterada", argumentou o desembargador.

Ney Bello ainda relembrou outros usos de simbologias preconceituosas por Filipe Martins:

  • Uso de lema católico no segundo turno das eleições de 218, quando o deputado Jair Bolsonaro foi eleito como presidente.

O apelado postou no Twitter: 'Esta´ decretada a nova Cruzada. Deus vult!'. A expressão 'Deus vult' representa o grito dado pelo Papa Urbano II quando do anu´ncio da Primeira das Cruzadas, em 1095. Ou seja, o apelado comparou a eleic¸a~o de um poli´tico brasileiro a um movimento de libertac¸a~o de Jerusale´m de supostos 'infie´is'.

  • Uso de lema de extrema direita: Filipe teria parabenizado o vereador Carlos Bolsonaro (PL) com a frase "ya hemos pasao" ("já passamos!", em tradução livre do inglês), utilizada pela ditadura do ditador Francisco Franco contra opositores.
  • Uso de lema nazista: Martins publicou a frase "Oderint dum metuant" ("Que odeiem, desde que temam", em tradução livre do latim) em suas redes sociais. Escrita pelo poeta romano Lúcio Ácio, a frase foi apropriada pelo grupo neonazista alemão Combat 18, na década de 1990.

 

Ø  Quem é Filipe Martins, extremista de direita

 

Conhecido extremista discípulo de Olavo de Carvalho que auxiliava Bolsonaro em assuntos internacionais e diplomáticos, embora não tivesse qualquer experiência ou expertise nessa área, limitando-se a reproduzir as quimeras do guru da extrema direita brasileira que vivia nos EUA.

Martins é um velho conhecido da administração ultrarreacionária de Bolsonaro. Metido a entendedor da política internacional, passou quatro anos entupindo as redes sociais com as bobajadas olavistas e a visão de mundo obtusa típica das alas mais extremistas do bolsonarismo. Ele ainda se tornou célebre por um gesto que fez no Senado Federal, ao lado do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que foi interpretado como um ato típico de supremacistas brancos.

Durante uma sessão no Senado em março de 2021, na qual seria ouvido o então chanceler Ernesto Araújo, seu “padrinho diplomático” no governo, Martins fez o chamado “WP” usando os dedos da mão direita. “WP” é uma referência a “white power”, ou “poder branco” em português, um ato bastante conhecido nos círculos neonazistas e de supremacistas dos EUA. Ele foi processado pela atitude, mas acabou inocentado em outubro daquele mesmo ano na Justiça.

 

·         Bolsonarista Brunini tumultua audiência pró-palestina e é calado: "assassino"

 

Alçado à Câmara Federal junto à escória fascista aliada à Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Abílio Brunini (PL-MT) foi calado aos gritos de "assassino" ao tumultuar a audiência pública convocada por João Daniel (PT-SE) para debater o genocídio contra palestinos em Gaza.

Após a intervenção de Ahmed Shehada, presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), que encerraria o ato realizado na Câmara na manhã desta terça-feira (7), o deputado bolsonarista pediu a palavra e começou a indagar: "quem administra Gaza?".

Em seguida, Brunini começou a repetir a ladainha dos bajuladores fascistas do governo sionista de Israel de que todos que estavam ali eram "aliados do Hamas", sem ir além disso.

A ação do bolsonarista irritou os debatedores e ouvintes, que iniciaram o coro "Palestina livre". Indignado, Ualid Rabah, presidente da Federação Palestina no Brasil (Fepal), chamou Brunini de "assassino".

Em meio ao tumulto, o deputado João Daniel agradeceu rapidamente aos palestrantes e encerrou a audiência pública.

 

·         Grupo de WhatsApp bolsonarista: a nova caverna de Platão? Por Francisco Fernandes Ladeira

 

Em seu livro Diálogos, Platão apresenta o chamado “mito da caverna” como uma maneira de ilustrar a ignorância humana frente à existência. Nessa narrativa, um grupo de seres humanos vivia acorrentado em uma caverna, sendo as sombras das pessoas que transitavam pelo entorno as únicas impressões que obtinham sobre o mundo exterior. Desse modo, acreditavam que as sombras que observavam eram a própria “realidade”.

Certa vez, um desses indivíduos conseguiu sair da caverna. Ao retornar, informou aos demais que a realidade exterior era bastante diferente do que pensavam. No entanto, ele foi desacreditado por seus companheiros, que seguiram ingenuamente apegados às suas verdades sensitivas.

Mais de dois milênios após a alegoria platônica, os grupos de WhatsApp bolsonaristas se tornaram espécies de cavernas de Platão contemporâneas. Lá também seus membros possuem suas próprias verdades convenientes. O apego à ignorância e o receio de rever convicções são os mesmos de outrora. A diferença é que, atualmente, as antigas sombras são conhecidas como fake news.

Lembrando o pensamento de Nietzsche, os membros de grupos de WhatsApp bolsonaristas estão mais preocupados em “crer” na verdade do que propriamente com a “legitimidade” da verdade. Desde que uma determinada informação seja condizente às suas ideias, automaticamente será compartilhada nas redes sociais, independentemente de sua veracidade (isso é o que menos importa!). As correntes que prendiam os membros da caverna na alegoria platônica foram substituídas pelos smartphones.

Portanto, a Terra é plana. Nazismo é de esquerda. Não houve ditadura militar no Brasil. A Teoria da Evolução é “cientificismo”. “Ideologia de gênero” é ensinada em sala de aula por professores adeptos do “marxismo cultural”. A Rede Globo é “comunista”, pois faz críticas ao comportamento do “mito”. Há plantações extensivas de maconha em universidades públicas. Vacinas são ineficazes. Ciência já não é mais questão de “evidência”, mas “opinião”. O novo coronavírus foi criado pelos chineses para dominar o mundo (se é que a pandemia da Covid-19 realmente existiu).

Mas o principal alvo da alteridade negativa da “caverna bolsonarista” é o Partido dos Trabalhadores (PT), em especial Lula. Aliás, nesse universo paralelo, o presidente morreu e foi trocado por um sósia. Seu filho é dono da Friboi e anda em uma Ferrari dourada. Nas escolas, os governos petistas distribuíram kit gays e obrigaram a adoção de banheiros unissex. Também vão fechar igrejas. Evidentemente, como em todo governo “comunista”, o PT vai confiscar as posses das pessoas.

Bolsonaro, em contrapartida, é perseguido pelo sistema globalista, criou o Pix, é responsável pela tecnologia 5G brasileira, fez a transposição do Rio São Francisco, foi impedido de governar pelo Supremo Tribunal Federal e já saiu na capa da Revista Time, como personalidade do ano. Além disso, se aguardarmos setenta e duas horas, a “verdade” virá à tona e o “mito” retornará para a presidência. Basta acreditar!

Por outro lado, o indivíduo que questionar as postagens publicadas no WhatsApp, ou propor uma análise minimamente crítica e reflexiva sobre os fatos, não é apenas desacreditado (como foi o exemplo da caverna platônica). Ele é excluído do grupo, achincalhado nas redes sociais, caluniado, e, não raro, poderá ser alvo de violência física. Logo, será “rotulado” como “comunista” e “esquerdopata”.

Infelizmente, a evolução dos meios de comunicação, responsável pela difusão de conhecimentos em larga escala, também trouxe, como efeito colateral, a possibilidade de formação de novas bolhas ideológicas de extrema direita que permanecem presas a preconceitos e falsificações históricas e científicas. Os grilhões da ignorância insistem em nos rodear: seja na Grécia Antiga, seja no Brasil deste início de século XXI, em que indivíduos cantam o hino nacional e rezam para um pneu.

Platão ficaria surpreso com tamanho culto à estupidez.

 

Fonte: Fórum

 

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