terça-feira, 7 de novembro de 2023

O que são os Oito Princípios Ibasho para garantir uma longevidade saudável

É verdade que Singapura ocupa uma área que equivale à metade da cidade de São Paulo e tem uma população de 5 milhões de pessoas, mas, mesmo assim, o projeto do governo para garantir mais anos saudáveis aos seus cidadãos é ambicioso: aumentar a expectativa de vida em três anos na próxima década e em cinco até 2050.

O piloto da ação se concentra no Distrito da Saúde de Queenstown, onde vivem perto de 100 mil pessoas, sendo que 22% acima dos 65 anos. No local, foi criada uma parceria que reúne a Universidade Nacional de Singapura, o sistema público de saúde e a autoridade de planejamento urbano, com a participação dos residentes. Todos os esforços são para estimular a adoção de um estilo de vida saudável, a convivência social e um senso de pertencimento e propósito.

Quem coordena a iniciativa é John Eu-Li Wong que, em seminário on-line realizado pela universidade, enfatizou que, entre os componentes do quadro de saúde de um indivíduo, 60% estão vinculados a fatores ambientais, comportamentais e sociais. A visão que o move é que as sociedades bem-sucedidas no século XXI devem gerar bem-estar, engajamento e produtividade, segurança, coesão e equidade:

“Populações longevas não são um problema para a sociedade; na verdade, o problema são as barreiras que impedem as pessoas de chegar à velhice com boa saúde para continuar a florescer e contribuir para a família e a sociedade”.

Ele afirma que é preciso criar um ecossistema que altere a trajetória de vida normal, tal como a conhecemos, para uma trajetória ótima, com foco em hábitos saudáveis: “isso começa antes da gestação, mas já podemos otimizar o quadro a partir da faixa entre os 30 e 40”. Os Oito Princípios Ibasho se aplicam a todas as idades, mas há uma ênfase especial para acolher quem passou dos 60. São eles:

1.       A sabedoria dos mais velhos: idosos são um ativo valioso para a sociedade.

2.       Rotina de encontros: são necessários lugares informais de convivência para alimentar os relacionamentos.

3.       Inclusão: todos os moradores participam da vida comunitária.

4.       Pertencimento: os membros da comunidade têm voz sobre a implementação das medidas.

5.       Intergeracionalidade: as gerações se envolvem juntas nas atividades.

6.       Legado cultural: cultura e tradição locais são respeitadas.

7.       Resiliência: as comunidades são ambiental, econômica e socialmente sustentáveis.

8.       Abraçar a imperfeição: o crescimento da comunidade é orgânico e aceita falhas e percalços com leveza.

Foram criados 37 indicadores nos cinco grandes domínios que vão reger as políticas públicas: bem-estar, engajamento e produtividade, segurança, coesão e equidade. Em bem-estar, por exemplo, entram saúde geral (expectativa de vida, capacidade funcional etc.), saúde mental e saúde geriátrica; em produtividade, além do nível de emprego, há a preocupação com o equilíbrio entre vida pessoal e profissional; a coesão mede a rede de suporte social dos cidadãos, como a quantidade de residentes que podem contar com pelo menos um membro da família. A equidade é a avaliada com base nos outros quatro domínios. Será um alento se der certo lá.

 

       Como envelhecer bem? Veja oito hábitos que podem prolongar a vida

 

Dados do Censo de 2022 divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Brasil está envelhecendo mais rápido. O país registrou, inclusive, o maior salto de envelhecimento entre dois censos desde 1940.

Em 2010, a cada 30,7 idosos (65 anos ou mais), o país tinha 100 jovens de até 14 anos. Agora, são 55 idosos para cada 100 jovens. Ou seja, a tendência é de ter cada vez menos jovens e cada vez mais idosos.

Com a expectativa de vida cada vez mais alta, fica a pergunta: como envelhecer bem?

Um estudo sobre longevidade realizado este ano pela Carle Illinois College of Medicine com mais de 700 mil veteranos dos Estados Unidos listou oito hábitos que podem colaborar para mais anos de vida — e quanto mais cedo eles forem incorporados ao dia a dia, melhor:

•        Não fumar

•        Praticar exercícios físicos — melhora a oxigenação dos órgãos, o humor, protege articulações e músculos, previne e ajuda a controlar doenças como diabetes, pressão alta e demência

•        Ter boas relações pessoais — evite o isolamento, converse com a família, convide vizinhos para o café, telefone para um amigo, procure atividades em grupo

•        Não ter episódios frequentes de abuso de álcool

•        Ter boas noites de sono — a quantidade recomendada de sono depende da faixa etária

•        Manter uma dieta saudável — use e abuse de frutas, legumes e verduras

•        Controlar o estresse

•        Não ter vício em medicamentos opioides

Segundo os pesquisadores, homens que adotam os oito hábitos aos 40 anos podem viver, em média, 24 anos a mais do que os homens sem nenhum dos hábitos. Já as mulheres terão 21 anos a mais de vida.

"Os resultados da nossa investigação sugerem que a adoção de um estilo de vida saudável é importante tanto para a saúde pública como para o bem-estar pessoal. Quanto mais cedo melhor, mas mesmo que você faça apenas uma pequena mudança aos 40, 50 ou 60 anos, ainda assim será benéfico", disse a pesquisadora Xuan-Mai T. Nguyen, especialista em ciências da saúde.

Pouca atividade física, uso de opioides e tabagismo foram os hábitos que mais impactaram na expectativa de vida. Esses fatores foram associados a um risco 30% a 45% maior de morte durante o período de estudo.

Estresse, consumo excessivo de álcool, dieta inadequada e má higiene do sono foram associados a um aumento de cerca de 20% no risco de morte. A falta de relações pessoas foi linkada a um aumento de 5%.

 

Fonte: g1

 

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