terça-feira, 7 de novembro de 2023

Galeano: 'Quem deu a Israel o direito de negar todos os direitos?'

Este texto do escritor Eduardo Galeano parece ter sido escrito agora, embora infelizmente Galeano tenha morrido em 2015. É que tamanha é a atualidade, não apenas nas ideias, mas nos fatos, acontecimentos, que dá para dizer que o genocídio dos palestinos por Israel é não uma reação de agora, mas um projeto que não vem de hoje. Este texto é de 2012.

Para justificar-se, o terrorismo de estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe pretextos. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo seus autores quer acabar com os terroristas, acabará por multiplicá-los.

Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Nem sequer têm direito a eleger seus governantes. Quando votam em quem não devem votar são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma armadilha sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições em 2006. Algo parecido havia ocorrido em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e, desde então, viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.

São filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desajeitada pontaria sobre as terras que foram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à margem da loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está negando, há muitos anos, o direito à existência da Palestina.

Já resta pouca Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa. Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam a pilhagem, em legítima defesa.

Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel devorou outro pedaço da Palestina, e os almoços seguem. O apetite devorador se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram os palestinos à espreita.

Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que burla as leis internacionais, e é também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros.

·         Quem lhe deu esse direito, Israel?

Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está executando a matança de Gaza? O governo espanhol não conseguiu bombardear impunemente o País Basco para acabar com o ETA, nem o governo britânico pôde arrasar a Irlanda para liquidar o IRA. Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? Ou essa luz verde provém da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional de seus vassalos?

O exército israelense, o mais moderno e sofisticado mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos colaterais”, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”, três são crianças. E somam aos milhares os mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humano, que a indústria militar está ensaiando com êxito nesta operação de limpeza étnica.

E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Para cada cem palestinos mortos, um israelense. Gente perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos meios massivos de manipulação, que nos convidam a crer que uma vida israelense vale tanto quanto cem vidas palestinas. E esses meios também nos convidam a acreditar que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.

A chamada “comunidade internacional”, existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos adotam quando fazem teatro?

Diante da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial se ilumina uma vez mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.

Diante da tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E como sempre, os países europeus esfregam as mãos. A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama alguma que outra lágrima, enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caçada de judeus foi sempre um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinas, que também são semitas e que nunca foram, nem são, antissemitas. Eles estão pagando, com sangue constante e sonoro, uma conta alheia.

 

Ø  Hamas é pretexto justificador do Holocausto em Gaza. Por Jeferson Miola

 

O objetivo genuíno e essencial do regime sionista de apartheid não é o de acabar com o grupo Hamas, como alega o criminoso de guerra Benjamim Netanyahu, mas sim o de exterminar o povo palestino.

A satanização do Hamas serve à propaganda nazi-sionista para justificar a terrível devastação e limpeza étnica que Israel está executando na Faixa de Gaza.

O plano consiste em substituir inteiramente a demografia dos territórios palestinos por uma ocupação “limpa e pura”, livre dos “animais selvagens”, como proclamam os condutores da ofensiva genocida em Gaza. Não é uma mera coincidência: os nazistas se referiam aos judeus como “ratos que deveriam ser eliminados”.

A agressão terrorista e criminosa de Israel não foi desatada em reação aos ataques do Hamas de 7 de outubro, como querem fazer crer os sionistas, os EUA e a mídia mundial hegemônica.

O ódio, o racismo e a desumanização dos palestinos são a marca congênita do sionismo. Este sentimento vem de longe. Para o sionismo, a eliminação do povo palestino é pré-requisito para a concretização do Estado Judeu.

Na Carta do secretário britânico de Assuntos Estrangeiros Arthur James Balfour enviada há 106 anos [2/11/1917 – Declaração de Balfour] ao Barão Rothschild, líder da Federação Sionista da Grã-Bretanha, a Inglaterra assegurou aos sionistas o compromisso com o estabelecimento do “Lar Nacional para o Povo Judeu”.

E este “Lar Judeu” prometido pela potência européia não seria criado em algum lugar do extenso território europeu, mas na Palestina – nação exposta à usurpação, à violação e à colonização.

A Declaração de Balfour, de mais de um século atrás, foi uma senha das atrocidades, martírios e provações pelas quais padece o povo palestino até hoje, inapelavelmente condenado ao confinamento em campos de concentração para seu banimento final.

O texto menciona apenas “coletividades não-judaicas existentes na Palestina”, mas não cita nominalmente os árabes e os próprios palestinos que habitavam aquele território há mais de mil anos.

 “Mas o que é um ‘Estado Judeu?”, pergunta o intelectual trotskista Daniel Bensaïd no prefácio do livro Abril em Jenin.

É “um Estado étnico-teocrático fundado sobre o direito do sangue e sobre a recusa do direito de chão para os palestinos; um Estado condenado à fuga para a frente […] a uma espiral mortífera que leva ao impasse não somente o povo palestino, mas o próprio judeu”, conclui Bensaïd.

A expansão permanente da colonização territorial e o morticínio palestino programado –que seletivamente assassina de modo majoritário crianças e mulheres– se amparam na justificação da existência de um Estado Judeu erguido sobre o signo da violência, do racismo, do nazismo e do apartheid.

Ano após ano nos últimos 75 anos, Israel se distancia da resolução da ONU de 1948 e torna cada vez mais distante a possibilidade de coexistência de dois Estados soberanos para dois povos.

Até hoje Israel desobedeceu a todas as resoluções das Nações Unidas. E, impunemente, com a cumplicidade dos EUA, segue avançando o regime sionista e genocida de apartheid até alcançar a “solução final”.

O Hamas é mero pretexto justificador do Holocausto em Gaza.

 

Ø  Congressista dos EUA acusa Biden de apoiar o 'genocídio' na Faixa de Gaza

 

Rashida Tlaib, a primeira integrante palestino-americana da Câmara dos Representantes dos EUA, prevê que Biden sofra consequências em 2024 se não apoiar um cessar-fogo.

A primeira mulher palestino-americana no Congresso dos EUA acusou o presidente Joe Biden de apoiar um "genocídio" dos palestinos e alertou sobre as repercussões nas eleições do próximo ano.

"Joe Biden apoiou o genocídio do povo palestino", disse Rashida Tlaib, uma congressista democrata do Michigan, em um vídeo publicado no X (antigo Twiitter), mostrando imagens de mortos e feridos em bombardeios em Gaza, manifestações pró-palestinas nos Estados Unidos, Biden declarando apoio a Israel e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu agradecendo ao presidente dos EUA.

A congressista repetiu assim seus apelos para que Biden apoie um cessar-fogo nas hostilidades entre Israel e Hamas, que começaram em 7 de outubro.

"O povo americano não vai se esquecer. Biden, apoie o cessar-fogo agora ou não conte conosco em 2024", afirmou Tlaib.

A Casa Branca reiterou sua posição sobre uma pausa temporária nos combates.

"Como vocês já nos ouviram dizer, apoiamos pausas humanitárias nos combates para que a ajuda humanitária que salva vidas seja recebida e distribuída aos necessitados em Gaza, e para que os reféns sejam libertados", disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

"O que não apoiamos são os pedidos para que Israel pare de se defender dos terroristas do Hamas, que é o que seria um cessar-fogo permanente", sublinhou ele.

 

Ø  África do Sul pede que Israel 'cumpra suas obrigações internacionais' e proteja civis em Gaza

 

O Ministério das Relações Exteriores da África do Sul solicitou, neste sábado (4), que Israel "cumpra suas obrigações internacionais e garanta a proteção dos civis" durante o conflito entre o governo e o Hamas.

Via comunicado, o governo pede que a nação israelense respeite o direito internacional humanitário.

"A África do Sul apela mais uma vez a Israel para que cumpra as suas obrigações ao abrigo do direito internacional e proteja os civis, conforme exigido pelas Convenções de Genebra e pelo Direito Internacional Humanitário. Não são apenas os cidadãos estrangeiros que devem ser autorizados a sair livremente da Faixa de Gaza em tempo hábil, mas é um crime de guerra Israel atacar diretamente civis palestinos em hospitais, ambulâncias, escolas, apartamentos e em seus carros particulares", apela o ministério em comunicado.

O ministério também observou que a comunidade internacional deveria condenar as ameaças israelenses de realizar ataques aos hospitais al-Shifa e Al-Quds na Faixa de Gaza.

Grupo militar islâmico afirmou que, no intervalo de 7 de outubro até o momento, ataques aéreos israelenses vitimaram 60 reféns na Faixa de Gaza.

Novos ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza mataram mais de 60 reféns dentro de um intervalo de quase quatro semanas, informou nesse sábado (4), em declaração, o braço militar do Hamas.

"Desde 7 de outubro, os ataques sionistas em Gaza mataram mais de 60 reféns inimigos. Após as operações de busca, os corpos de 23 deles permanecem sob os escombros e parece que não seremos capazes de recuperá-los devido à continuação horrível agressão contra Gaza", disse o grupo palestino em comunicado.

O aviso oficial acontece logo após o premiê israelense Benjamin Netanyahu, em declaração, afirmar que Israel não concordaria com nenhum tipo de cessar-fogo.

Netanyahu declarou ainda o contrário: o país vai continuar os ataques "com todo o seu poder" para eliminar o Hamas e disse que "rejeita uma trégua temporária que não inclua a devolução de nossos reféns".

Conforme Israel, são pelo menos 220 pessoas, muitas em situação debilitada de saúde. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, pediu uma pausa humanitária em Gaza, principalmente para a retirada dos civis. Ao todo, o território conta com cerca de 2,3 milhões de pessoas.

 

Ø  Ministro alemão sugere eliminar o Hamas e diz que grupo declara guerra 'ao mundo civilizado'

 

O vice-chanceler e ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, disse nesse sábado (4), que o ataque do movimento palestino Hamas a Israel foi uma declaração de guerra ao "mundo civilizado" e que o próprio movimento deve ser destruído.

''Basicamente, o Hamas deve ser destruído porque destruiu o processo de paz no Oriente Médio'', disse Habeck, citado pelo portal de notícias alemão Welt.

"Eles [o Hamas] não estão lutando para que o povo palestino tenha o seu próprio Estado. Eles estão lutando por uma guerra. Eles querem começar uma guerra e destruir Israel, o que, claro, não vai acontecer, mas trará um sofrimento insuportável para sua própria população", disse Habeck.

Habeck observou que 'os palestinos têm o direito de criar o seu próprio Estado, portanto a criação de dois Estados é a solução política correta para o conflito. No entanto, tal decisão não é do interesse do Hamas', acrescentou o ministro.

''Esta não é uma proposta política, é uma declaração de guerra ao mundo civilizado'', disse ele.

 

Ø  Presidente do Irã: EUA 'incentivam assassinatos e ações brutais contra o povo palestino' por Israel

 

Segundo Ebrahim Raisi, Tel Aviv e Washington não têm qualquer interesse em minimizar as baixas civis na Faixa de Gaza, algo que qualificou de genocídio e infanticídio.

As ações contraditórias dos EUA e seu veto às resoluções do Conselho de Segurança da ONU deram autorização a Israel para matar mais palestinos, contradizendo suas alegações de que busca um cessar-fogo na Faixa de Gaza, declarou nesta segunda-feira (6) Ebrahim Raisi, presidente do Irã.

A declaração foi dada durante uma entrevista coletiva com Mohammad al-Sudani, primeiro-ministro do Iraque, em Teerã.

"Infelizmente as armas, a inteligência e a ajuda financeira dos americanos ao regime sionista [Israel] incentivam assassinatos e ações brutais contra o povo palestino", lamentou ele, citado pela agência iraniana Tasnim.

Raisi descreveu os ataques de Israel como um crime contra a humanidade e um exemplo de genocídio e infanticídio, realizado com o apoio dos EUA e de vários países europeus.

"Ambos os países sublinham claramente que os ataques do regime sionista a Gaza devem ser interrompidos o mais rápido possível, e que o povo deve receber alívio com o levantamento do bloqueio", disse ele.

Para o presidente iraniano, Israel "entrou em colapso e os americanos querem manter esse regime de pé. A estimativa do mundo inteiro é que a nação palestina venceu, e matar crianças e mulheres e destruir as casas das pessoas não é considerado uma vitória para o regime sionista; em outras palavras, os crimes contra a humanidade e o genocídio não podem compensar o fracasso vergonhoso do regime sionista".

"A República Islâmica do Irã está pronta para cooperar com qualquer ação a nível de países islâmicos, países regionais e no cenário internacional para impedir a continuação dos crimes do regime sionista e do corpo governante americano, […] [que está levando ao] assassinato do povo inocente, oprimido e poderoso de Gaza", afirmou.

Desde o início da guerra, no mês passado, na Faixa de Gaza foram mortas 9,7 mil pessoas e mais 24,8 mil ficaram feridas. Israel reportou mais de 1,4 mil mortos, entre soldados e civis, nos ataques lançados pelo Hamas.

 

Fonte: Fórum/Brasil 247/Sputnik Brasil

 

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