terça-feira, 7 de novembro de 2023

Federação Árabe Palestina revela em 12 pontos o porquê "a Globo apoia genocídio"

Em uma longa sequência de publicações na rede X, antigo Twitter, neste sábado (4), a Federação Árabe Palestina do Brasil, a Fepal, reuniu XX pontos da cobertura da Rede Globo sobre o massacre do governo sionista de Israel em Gaza que leva à conclusão de que a emissora da família Marinho, que faz parte do pool neoliberal, "apoia o genocídio".

A publicação foi feita após a repercussão de mais uma fala criminosa de Jorge Pontual, comentarista da GloboNews, que defendeu o ataque de Israel contra ambulâncias que partiam do hospital de Al-Shifa, em Gaza, na sexta-feira (3).

O jornalista, sediado na sucursal de Nova York do Grupo Globo, afirmou que "atacar terroristas do Hamas é um direito que Israel tem. Se eles estavam em uma ambulância, infelizmente era isso que Israel tinha que fazer: alvejar esses seus inimigos".

1.       O caso foi o primeiro a ser citado na lista da Fepal, entidade que representa a diáspora palestina no Brasil, constituída por cerca de 60.000 imigrantes e refugiados e seus descendentes. "As falas vulgares de Pontual, como essa última, apenas escancaram o compromisso editorial da Globo com a agenda sionista", afirma a federação sobre o jornalista, que foi às redes pedir desculpas após repercussão negativa da declaração.

2.       Na sequência, a Fepal cita uma reportagem do Fantástico, que repercute a fala de um palestino "dizendo que 'todos sofrem COM O QUE ELE CHAMA de ocupação'". "Isso é muito grave. A ocupação militar ilegal, desde 1967, é um FATO, reconhecida pela ONU, não uma questão de opinião", diz a entidade palestina.

3.       Em seguida, a Fepal mostra uma nota eugenista no Jornal da Globo, em que a apresentadora Renata Lo Prete revela "a relação entre a taxa de natalidade de palestinos e o número de crianças mortas por 'Israel''. "Esse argumento é usado por sionistas para negar o genocídio e a limpeza étnica. 'Se houve limpeza étnica, por que a população cresceu?'", indaga a federação.

4.       No quarto exemplo, é mostrada a "naturalidade" com que se informa que há crianças palestinas presas por Israel, exibindo um vídeo da GloboNews. "Não informa que: são mais de 150, sofrem tortura física e psicológica, muitas não tem nem acusação protocolada".

5.       A Fepal cita na sequência "a escolha deliberada de não receber representantes da comunidade palestina no Brasil", enquanto "propagandistas do apartheid batem ponto na programação". Como exemplo, a federação mostra uma publicação na rede X do dia 8 de outubro, em que a entidade se coloca à disposição para levar à emissora a visão palestina do conflito.

6.       No sexto exemplo, a federação mostra que "a Globo faz o papel de assessoria de imprensa de Israel", mostrando como a emissora propagou a versão sionista para negar o ataque a um hospital que matou 417 pessoas em Gaza.

7.       Em seguida, a Federação exibe uma análise do comentarista Marcelo Lins, da GloboNews, sobre o Hamas em que o jornalista omite os ataques israelenses e a colonização de terras palestina ao longo da História.

8.       No oitavo caso, a Fepal resgata um outro comentário de Jorge Pontual em que o comentarista defende o extermínio dos palestinos.

9.       Em mais um ponto, a entidade palestina afirma que "a Globo “erra”, ou melhor, deixa escancarado o compromisso com a agenda sionista ao se autorizar chamar o Hamas de 'grupo terrorista'”, visto que não há convenção na ONU sobre o tema, posição adotada pelo governo brasileiro.

10.     Na décima posição, a federação lembra a "mea culpa" de Monica Waldvogel, também da GloboNews, "sobre a fake news espalhada pela própria sobre ligações entre o PT e o Hamas".

11.     A Fepal ainda afirma que a emissora da família Marinho prefere dar voz a "grupos evangélicos fundamentalistas", citando como exemplo "a turma do Valadão da Igreja Lagoinha' - ligada ao clã Bolsoanro -, "do que a representação palestina, para falar sobre a Palestina".

12.     Em novo exemplo, a federação palestina cita "o corte na edição do vídeo da ambulância bombardeada ontem por 'Israel' para corroborar com a narrativa de que não se poderia verificar informação sobre mortos e feridos".

"São inúmeros episódios que demonstram o compromisso da Globo com a agenda sionista o genocídio palestino. A Globo desinforma a sociedade brasileira sobre o que acontece na Palestina. Por que? Há concessão pública aqui. Isso se tornará objeto de estudo no campo da Comunicação", conclui a Fepal.

 

Ø  Jornalista da Band defendeu que Israel extermine palestinos – e infelizmente não é a única. Por João Filho

 

DESDE O DIA 7 DE OUTUBRO, mais de 8.500 já foram mortas em Gaza, sendo que quase metade são crianças. “Gaza se transformou em um cemitério para milhares de crianças. É um inferno na Terra”, declarou James Elder, porta-voz da Unicef. Além das bombas, a falta de água, de comida e de energia impõem uma tortura psicológica nas crianças sobreviventes, que carregarão o trauma para as futuras gerações.

O ex-diretor do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, Craig Mokhiber, deixou um recado claro ao se aposentar do cargo: o que acontece em Gaza é um genocídio. A ONU fracassou e está submetida aos interesses dos EUA e ao lobby de Israel. “Mais uma vez, estamos vendo um genocídio se desenrolar diante de nossos olhos, e a organização a que servimos parece impotente para impedi-lo (…) Nas últimas décadas, partes importantes da ONU se renderam ao poder dos EUA e ao medo do lobby de Israel, abandonando princípios e se afastando do próprio direito internacional”, afirmou.

Não há mais possível haver dúvidas de que o mundo está diante de um genocídio. O povo palestino está cercado e na mira de um plano de limpeza étnica comandado pelo governo de Israel, com o apoio da maior potência do mundo.

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Mas há quem apoie abertamente o extermínio do povo palestino. Nesta semana, veio à tona a demissão de Deborah Srour, uma jornalista brasileira, judia, que reside em Nova York. Ela era integrante do Hora Israelista, um programa de rádio do grupo Rede Bandeirantes que existe de 1946, que vinha sistematicamente propagando discurso de ódio contra o povo palestino. A demissão ocorreu após Deborah Srour cometer um sincericídio em que deixa claro o que muitos defensores do governo de extrema-direita de Israel pensam, mas não têm coragem de falar. Srour disse que todos os palestinos são “animais”, que “não há civis inocentes em Gaza” e que o exército isarelense deveria ser “mortífero” na resposta ao ataque do Hamas de 7 de outubro. “Se eles se comportam como animais, então Israel tem de lidar com eles como animais”, afirmou sem fazer qualquer distinção entre os terroristas e a população civil.

Comparar um povo com animais é desumaniza-lo e historicamente costuma servir de justificativa para exterminá-lo. Nazistas chamavam os judeus de “ratos” antes do Holocausto. Srour pregou abertamente o genocídio de um povo. Não abre exceção nem para as crianças. Trata-se literalmente de uma defesa aberta do extermínio étnico do povo palestino.

Essas não foram as primeiras barbaridades ditas no programa. Segundo relatos de ouvintes, os integrantes eram identificados com o bolsonarismo e os comentários racistas contra palestinos eram recorrentes, ainda que feitos de maneira menos explícita. Não é difícil imaginar o que Deborah Srour deve ter falado nos últimos 22 anos em que foi comentarista do programa. Nesse período, além do apartheid imposto pelo governo israelense, a população de Gaza sofreu uma série de massacres

Durante todo esse tempo, a Rede Bandeirantes não viu problema em dar voz a quem prega o ódio. Após a pregação do extermínio dos palestinos, a emissora nada fez e só foi demiti-la 15 dias depois, após a repercussão da denúncia feita pela Matinal. Ou seja, as afirmações não chocaram nem a direção da rádio, nem a patrocinadora do programa — a Federação Israelita do Rio Grande do Sul. 

Nesse meio tempo, Srour utilizou o espaço para reforçar a defesa da aniquilação dos palestinos: “Como qualquer pessoa normal, expressei minha opinião de que Israel deveria exterminá-los”. E repetiu para não deixar dúvidas: “Não há inocentes em Gaza”. Sobre as críticas às suas falas, Srour demonstrou não ter qualquer arrependimento e ainda desrespeitou a memória dos judeus exterminados pelos nazistas: “Sou mil porcento judia e sionista. Não sou uma judia daquelas que se dobra, que vai para o gueto calada ou como uma carneira para a câmara de gás”. 

Após a demissão e a decisão de tirar o programa da grade, a emissora foi criticada pela Federação Israelista gaúcha . Em nota, a patrocinadora do programa se disse  contra qualquer discurso de ódio, mas não critica diretamente Deborah Srour. O foco do texto é a crítica à “censura” da Band e a defesa daquela ladainha bolsonarista que confunde “liberdade de expressão” com liberdade para cometer crimes de ódio. 

Aliás, para a surpresa de ninguém, Deborah Srour é uma bolsonarista de quatro costados. Em texto publicado em seu blog após a demissão, a jornalista afirmar que os diretores da emissora “foram atrás da propaganda esquerdopata, completamente falida moralmente, que escolheu apoiar a chacina cometida por um grupo terrorista do que expressar sua solidariedade com Israel.” Em outro momento, Srour defende as teorias conspiratórias que fazem a cabeça dos bolsonaristas: “a democracia intoxicou a modernidade com liberdade — liberdade em relação à família, liberdade em relação ao gênero, liberdade em relação à valores e agora liberdade da moralidade. A democracia está aos poucos assassinando a claridade moral.”

A jornalista usa o Twitter para defender a extrema direita do Brasil e do mundo. Segundo ela, “Donald Trump foi o melhor presidente que os EUA já tiveram”. Durante as eleições de 2018, Srour ajudou a espalhar nas redes a mentira de que as urnas eletrônicas brasileiras “foram programadas na Venezuela”. Ela também defendeu a publicação de uma fake news em favor de Bolsonaro um dia antes da eleição de 2022, porque, segundo ela, “faz bem para o fígado”:

A cartela do bingo bolsonarista está completa. 

Deborah Srour pode ser acusada de muitas coisas, menos de ser hipócrita. A jornalista fala exatamente o que pensa, diferente da maioria dos jornalistas que estão espalhados pela grande imprensa comercial defendendo igualmente, ainda que de maneira velada, o massacre perpetrado pelo governo de Israel. 

Não pega bem defender diretamente o apartheid, a limpeza étnica e o assassinato de milhares de crianças. Mas é possível pregar tudo isso de maneira indireta, sem comprometer os empregos. Defender as ações terroristas de Benjamin Netanyahu em Gaza, mas ao mesmo lamentar as mortes de inocentes e tratá-las como mero efeito colateral, é hipócrita. Não faz sentido lógico defender de maneira absoluta as ações terroristas e depois lamentar suas consequências. A única diferença entre Deborah Sour e outros jornalistas é a hipocrisia. E é justamente a hipocrisia que garante o emprego. 

 

       Jorge Pontual é o homem-bomba da Globo. Por Moisés Mendes

 

A Globo desqualifica todas as informações que venham de Gaza sobre a matança de crianças, sempre com a mesma desculpa de que os dados não podem ser “verificados de forma independente”.

É o padrão Globo: se a informação vem de Gaza, mesmo que com as imagens de gente morrendo, não há como saber quem e quantos Israel está matando.

E assim se repete o bombardeio diário da Globo, em várias frentes, em todos os seus telejornais, sempre com as versões de Netanyahu, Biden e seus aliados. Jorge Pontual, o comentarista que apoiou ataques a ambulâncias e depois disse estar arrependido, é apenas o complemento radical dessas posições.

A Globo criou as condições para que Pontual fosse o seu homem-bomba. Desde o começo dos ataques, o jornalista defendeu os bombardeios e condenou as propostas de cessar-fogo. E agora, na sexta-feira, implodiu-se ao vivo, com crachá, e tudo ao dizer na GloboNews:

"Israel já tinha avisado que se tivesse gente do Hamas nessas ambulâncias, atacaria. E não deu outra. Se eles estavam na ambulância, infelizmente era isso que Israel tinha que fazer. Alvejar esses seus inimigos. Agora, era uma ambulância, e morreram pessoas que estavam perto e que não eram do Hamas. Isso é um exemplo de como é complicada essa situação".

No sábado, saiu-se com esta numa rede social:

"Minha intenção foi a de dar a versão de Israel. Admito que não fui feliz, pois a muitos pareceu um endosso. Isso seria impossível, ninguém tem informações seguras sobre o que lá se passa. Os palestinos de Gaza vivem uma tragédia, com muitas perdas civis, que lamento profundamente. Peço desculpas por não ter deixado isso claro".

Pontual sabe que homens-bombas não pedem desculpas. Mas usou um truque manjado dessa antiga direita que virou extrema direita inclusive no jornalismo. Até a família Bolsonaro já recorreu à tática dos falsos arrependimentos.

O que ele fez cumpre um roteiro básico. Joga para a galera que apoia o massacre, fideliza audiência, fica bem com as hienas e com a casa que o emprega e depois se desculpa. Mas o bombardeio já foi feito.

Por isso o pedido de desculpas é inútil como tentativa de reparação da própria imagem e dos danos provocados. A inutilidade está na primeira frase: "Minha intenção foi a de dar a versão de Israel”.

Mesmo os mais fiéis ouvintes de Pontual não são tão estúpidos. A versão de Israel sobre as ambulâncias todo mundo conhece. O que o comentarista fez foi dar a sua opinião, que reforça a versão de Israel.

A segunda parte piora a coisa. Pontual diz que errou por não ter informações seguras sobre “o que lá se passa”. Lá, longe dos escritórios da Globo em Nova York, onde ele está, a informação segura é esta: Israel mata crianças.

E o encerramento da nota é um desastre, ao pedir desculpas por “não ter deixado isso claro”. Tudo está claro. Claro demais, em meio aos destroços da cobertura da Globo. Pontual é uma criação da Globo, a sua criatura escolhida para o sacrifício.

Não há nada fora da curva no que ele diz desde o começo dos ataques. Há coerência com o que vem sendo feito diariamente em todos os jornais da corporação.

Pontual sabe que os melhores correspondentes de guerra da Globo em Gaza, que nos contam tudo o que lá se passa, são Shahed al-Banna, de 18 anos, e Rasan Rabe, ambos brasileiros de origem palestina.

Eles falam todos dias do horror, enquanto são impedidos de sair de Gaza pelas represálias de Israel ao governo Lula. Em seus primeiros relatos, há quase um mês, Shahed avisou: “Não podemos mais ficar aqui, os israelenses vão atacar todos os lugares”.

E estão atacando todos os lugares, hospitais, escolas, casas, todos os dias, enquanto Shahed e Rasan não conseguem fugir para o Egito. No mesmo relato, Shahed disse, falando para a Globo em que Pontual trabalha: “Eu não quero morrer”.

Shahed disse que não queria morrer no dia 13 de outubro. No dia seguinte, Pontual defendeu na GloboNews que Israel não poderia parar os bombardeios à Gaza, “porque pedir cessar fogo agora é ajudar o Hamas”.

Pontual pediu que Israel jogasse bombas sobre Gaza, onde Shahed conta o seu drama e dos que estão por perto, fazendo o trabalho que um colega de Pontual não consegue fazer. Shahed trabalha de graça para a Globo sobre o que lá se passa, e Pontual pede que Israel bombardeie Gaza.

Dizer que é cruel é não dizer quase nada. Pontual ajudou a Globo a se implodir na cobertura que afunda a organização no pior pântano da sua história, com o sangue de milhares de crianças.

Pontual não é o cão que foge da coleira, ele dá sentido à cobertura da Globo na sua ação extremada de ativista pró-genocídio. Não há nada fora do controle. Pontual está no controle absoluto da cobertura suicida da Globo sobre a matança em Gaza.

 

Ø  Jornalista da “GloboNews” se desculpa após defender ataque de Israel

 

O jornalista Jorge Pontual, da GloboNews, publicou neste sábado (4.nov.2023) um pedido de desculpas em seu perfil no Instagram depois de ter sido criticado pelo ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) por declarações sobre a guerra entre Israel e Hamas.

Na publicação, o jornalista disse que foi infeliz em seu comentário. “Minha intenção foi a de dar a versão de Israel. Admito que não fui feliz, pois a muitos pareceu um endosso. Isso seria impossível”, escreveu.

Também afirmou lamentar “profundamente” pelo “aparente” apoio a Israel. “Peço desculpas por não ter deixado isso claro”. Leia a íntegra do posicionamento completo ao fim da reportagem.

Mais cedo, Paulo Pimenta havia publicado em seu perfil no X (ex-Twitter) uma crítica sobre as declarações do jornalista. Ele afirmou que o analista da emissora tem tido uma “postura manipuladora e covarde sobre a guerra no Oriente Médio”.

“É inaceitável. É vergonhoso. É assustador. Comentarista da GloboNews, Jorge Pontual vem se notabilizando por uma postura manipuladora e covarde sobre a guerra no Oriente Médio. Uma coisa é condenar os atos terroristas, a morte e os sequestros de civis israelenses, outra é justificar a barbáries, o genocídio e a morte indiscriminada de milhares de crianças e inocentes palestinos”, escreveu Pimenta.

·         Eis a íntegra do posicionamento de Jorge Pontual: 

“Ao comentar o ataque a uma ambulância na Faixa de Gaza, minha intenção foi a de dar a versão de Israel. Admito que não fui feliz, pois a muitos pareceu um endosso. Isso seria impossível, ninguém tem informações seguras sobre o que lá se passa. De certo, apenas um fato: os palestinos de Gaza vivem uma tragédia, com muitas perdas civis, que lamento profundamente. Peço desculpas por não ter deixado isso claro”.

 

Fonte: Fórum/The Intercept/Brasil 247/Poder 360

 

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