sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Bolsonaro e Valdemar confirmam ex-chefe da Abin como pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro

Menos de duas semanas após a Polícia Federal (PF) deflagrar uma operação para apurar crimes de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão Jair Bolsonaro, o ex-presidente confirmou o nome do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da agência de inteligência, como pré-candidato à Prefeitura do Rio.

A sinalização de apoio foi feita durante o 1º Congresso Harpia Brasil, em Goiânia (GO), no dia 27 de outubro. “Ramagem, a princípio, é o nosso candidato no Rio de Janeiro”, afirmou Bolsonaro.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, confirmou ao Estadão nesta quarta-feira, 1º, a escolha de Ramagem para a disputa. De acordo com Valdemar, Ramagem foi o nome escolhido pelo ex-chefe do Executivo com o apoio do governador do Estado, Cláudio Castro (PL).

A decisão do presidente do PL é anunciada no dia seguinte em que, por 5 votos a 2, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerou que Bolsonaro e Walter Braga Netto – nome mais cotado para disputa da capital fluminense – cometeram abuso de poder político e econômico e conduta vedada nas comemorações do Bicentenário da Independência durante a campanha eleitoral de 2022.

Com a decisão, Braga Netto fica de fora do próximo pleito municipal e abre caminho para que Ramagem, que conta com o apoio dos filhos de Bolsonaro, assuma a pré-candidatura.

A Operação Última Milha deflagrada no dia 20 deste mês colocou Ramagem no centro das atenções do escândalo de monitoramento de políticos, jornalistas, advogados, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e adversários do governo do ex-chefe do Executivo.

Aliado fiel do clã Bolsonaro, Ramagem esteve à frente da Abin durante o período em que os servidores presos teriam utilizado a estrutura estatal para localizar os alvos da espionagem, entre julho de 2019 e abril de 2022. A operação prendeu dois servidores da agência que teria usado indevidamente o sistema de geolocalização de celulares do órgão para coerção.

Pressionado pela operação da PF, Ramagem disse que as diligências só foram possíveis graças ao “início de trabalhos de austeridade” promovidos durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em nota publicada nas redes sociais, Ramagem afirmou que o objeto da operação, a ferramenta de monitoramento FirstMile, foi adquirido em 2018, antes do governo Bolsonaro, mas que ao assumir a gestão da Abin determinou uma auditoria interna e encaminhou o contrato do sistema de espionagem para a corregedoria interna da agência. Ele não nega a ação dos servidores.

A Coluna do Estadão já havia mostrado que investigação sobre espionagem ilegal na Abin não derrubou a intenção do PL de lançar a candidatura de Ramagem à Prefeitura do Rio. A cúpula do partido de Jair Bolsonaro avaliou que não há nada que o desabone para a disputa. Ao contrário disso, a aposta é que o escândalo na Agência Brasileira de Inteligência pode até impulsionar o nome dele.

•        Quem é Alexandre Ramagem, aliado de Jair Bolsonaro que comandava a Abin

Quando a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorou ilegalmente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), políticos, jornalistas e advogados – de acordo com a investigação da Polícia Federal (PF) – ela era coordenada por Alexandre Ramagem Rodrigues, aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Deputado federal eleito pelo PL em 2022, é ex-delegado da Polícia Federal (PF), função que desempenhou até o começo do mandato de Bolsonaro, em 2019. O vínculo com a família do ex-chefe do Executivo se firmou ainda na campanha de 2018, quando Ramagem foi designado para chefiar a segurança pessoal de Bolsonaro depois da facada que ele levou em Juiz de Fora (MG).

Ramagem coordenava a Abin no período que servidores monitoraram ilegalmente, segundo a PF, ministros, políticos, jornalistas e advogados Foto: Agência Senado

No começo de 2019, Ramagem foi nomeado superintendente da PF do Ceará, mas abandonou a carreira policial para ingressar na política. Ele passou um breve período como assessor da Presidência e foi escolhido para chefiar a Abin em junho daquele ano. Na cerimônia de posse, o discurso de Bolsonaro chamou a atenção pelo tom de proximidade entre eles.

 “Grande parte do destino da nossa nação e das decisões que eu venha a tomar partirão das mãos dele (Ramagem) e de todos que estão aqui, estamos no mesmo barco e juntos vamos construir um novo Brasil”, disse o então presidente na ocasião. Bolsonaro também tentou nomear o ex-delegado como chefe da Polícia Federal, mas foi impedido por uma decisão do Supremo.

O elo não é apenas político. Ramagem se tornou amigo pessoal da família – ele passou a virada de 2020 com o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), o “02″, responsável pela rede de comunicação agressiva e disseminação de notícias falsas chamada de “gabinete do ódio”. Como mostrou o Estadão, hoje Ramagem contrata com verba do seu gabinete de deputado uma empresa de comunicação chefiada por ex-integrantes do grupo.

Na primeira eleição que concorreu, em 2022, foi eleito para a Câmara, com 59.170 votos. Ele declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de R$ 428 mil, composto de uma moto de performance e um carro de luxo. Como deputado, ele recebe R$ 41 mil por mês, mais R$ 6,7 mil de auxílio moradia. A soma total desses rendimentos ultrapassa os R$ 48 mil – quase 37 vezes o salário mínimo.

Na Câmara, ele é um dos vice-líderes do PL e é titular da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e do Conselho de Ética.

•        Ramagem fala como pré-candidato a prefeito: "A serviço de Bolsonaro"

Alexandre Ramagem, favorito para representar o bolsonarismo na corrida eleitoral para a prefeitura do Rio de Janeiro em 2024, deu início a uma intensa "força-tarefa" visando enfrentar o atual prefeito Eduardo Paes.

A abertura do caminho para a candidatura de Ramagem ocorreu após o Tribunal Superior Eleitoral declarar o general Walter Braga Netto inelegível na última terça-feira (31).

Para se preparar para a corrida eleitoral, Ramagem intensificará seus estudos sobre as finanças municipais e buscará se aproximar das lideranças bolsonaristas para ganhar visibilidade junto ao eleitorado carioca.

Estão previstas agendas públicas ao lado de deputados e vereadores alinhados ao governo, bem como assistência técnica do partido para que o candidato compreenda profundamente os desafios e responsabilidades inerentes ao cargo de prefeito da cidade.

Ramagem já teve encontros com figuras-chave do PL, como o próprio Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, e recebeu garantias de apoio na campanha. Isso inclui a participação direta do presidente Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no processo eleitoral.

"Estou a serviço do Bolsonaro para qualquer desafio. O escolhido por ele para a prefeitura do Rio será apoiado por todo o partido e precisa estar à altura do cargo, tem que se preparar. Estarei nessa empreitada em qualquer papel, sempre ao lado dele e do Valdemar. É claro que seria uma honra ser escolhido pelo Bolsonaro," declarou Ramagem em uma entrevista ao jornal O Globo.

Ramagem tem influência na política do Rio de Janeiro, tanto que foi o responsável por escrever o plano de governo na área de segurança pública de Bolsonaro.

Ele é visto como uma figura capaz de atrair o eleitorado bolsonarista, tendo também o apoio do governador Cláudio Castro, e enfrentar Eduardo Paes, favorito a vencer a eleição de 2024 e seguir no cargo de prefeito.

•        Após presidente do PL confirmar Ramagem para o Rio, Flávio Bolsonaro diz que martelo não está batido

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou, nesta quinta-feira (2), que ainda não está definido quem será o candidato do PL à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2024.

 “O martelo não está batido”, disse o parlamentar e filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A afirmação chega depois de o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, ter garantido que o deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) seria o candidato da legenda no ano que vem.

O presidente do PL disse ainda que o nome teria sido escolhido oficialmente pelo próprio Jair Bolsonaro.

Já Flávio Bolsonaro afirmou que o PL tem bons nomes para as eleições municipais do Rio e citou, além de Ramagem, o senador Carlos Portinho e o deputado federal Luiz Lima.

“São perfis diferentes de pré-candidatos, a forma como será tomada a decisão, tudo bem conversado e alinhado, é tão importante quanto o nome em si”, completou.

O nome de Ramagem ganhou força nesta semana depois de o general Braga Netto, então mais cotado pelo PL para concorrer à prefeitura da cidade, ter sido declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Braga Netto foi condenado por abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação durante a comemoração do 7 de setembro de 2022, assim como o ex-presidente Bolsonaro.

Por outro lado, segundo fontes, o presidente do PL teria lançado o nome de Ramagem como oficial já nesta quarta-feira para testar sua rejeição.

Isso porque, nos últimos dias, o agora deputado federal, que chefiou a Agência Brasileira de Investigação (Abin), se viu em meio a uma investigação de que a agência teria monitorado centenas de adversários políticos de Bolsonaro, jornalistas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

 

       Aliados de Paes veem cenário mais fácil para a reeleição no Rio sem Braga Netto no páreo

 

Aliados do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), veem o cenário mais fácil para reeleição do chefe do Executivo fluminense na disputa de 2024 sem o ex-ministro Walter Braga Netto (PL) no páreo.

Na noite desta terça-feira (31), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou o general da reserva inelegível por oito anos, impedindo, portanto, que ele seja o candidato de Jair Bolsonaro no pleito municipal fluminense.

Diante desse cenário, interlocutores do ex-presidente disseram à CNN que o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) ganha força para ser o candidato do PL à Prefeitura do Rio.

A avaliação de pessoas próximas a Paes é que Braga Netto teria mais viabilidade na corrida municipal por ter “expressa relação” com a segurança pública e com o voto bolsonarista.

O general da reserva comandou a intervenção federal na segurança pública do Rio, em 2018. Hoje, o Estado volta a enfrentar uma crise na área e, segundo aliados do prefeito, a “farda” e o passado do ex-ministro de Bolsonaro poderiam ter impacto nos eleitores fluminenses —apesar de a imagem de “general competente” de Braga Netto tenha mudado na gestão de Bolsonaro.

Os interlocutores de Paes também entendem que, diferentemente de Braga Netto, Ramagem ainda precisa ser apresentado ao morador do Rio de Janeiro, mas apontam as investigações da Polícia Federal que apuram o uso irregular de um sistema de monitoramento de pessoas pela Agência Brasileira da Investigação (Abin) como um possível “telhado de vidro” para o deputado. Ramagem era o chefe do órgão no período que está sendo investigado.

 

       Michelle já teria se decidido sobre ser candidata a senadora pelo Paraná

 

Michelle Bolsonaro já teria tomado uma decisão sobre a possibilidade que vem sendo aventada de que ela se candidate ao Senado pelo Paraná para a vaga que deve ser aberta com a provável cassação de Sergio Moro, cujo processo está avançando no Tribunal Regional Eleitoral paranaense (TRE-PR).

Apesar da ex-primeira-dama não ter domicílio eleitoral no Paraná e nenhum tipo de vínculo com a unidade da federação, caciques do PL e seu marido, Jair Bolsonaro, estariam animados com uma possível candidatura. O nome de Michelle, inclusive, já consta em uma pesquisa de intenção de votos sobre o pleito caso Moro, de fato, perca o mandato.

Em conversas com integrantes de seu partido, entretanto, Michelle Bolsonaro já teria afirmado que não deseja concorrer ao cargo, segundo informações obtidas pela jornalista Bela Megale, do jornal O Globo. Seus correligionários, contudo, avaliam que a ex-primeira-dama tem demonstrado "animação" com sua visibilidade política como presidente do PL Mulher e que, por isso, ela poderia mudar de ideia no futuro.

•        Nome de Michelle já consta em pesquisa

O Instituto Paraná Pesquisas divulgou uma análise de intenção de votos para a vaga do senador Sergio Moro (União Brasil), que está prestes a ser cassado do seu cargo.

O que surpreende na pesquisa é a presença de Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que chegou a ser cotada como sucessora do bolsonarismo na corrida presidencial de 2026.

O problema é que Michelle Bolsonaro sequer tem domicílio eleitoral no Paraná, o que pode tornar a corrida impossível. A presença dela no Senado, porém, poderia protegê-la de processos judiciais, garantindo foro privilegiado à ex-primeira-dama.

A cassação de Sergio Moro sequer foi confirmada - e Michelle sequer tem domicílio paranaense -, mas as pesquisas do Paraná Pesquisas já apontam para uma possível vitória da presidenta do PL mulher na corrida.

Michele Bolsonaro venceria a corrida em todos os cenários em que foi inserido. No primeiro,  ganharia com 35%, contra 24% de Alvaro Dias, 16% de Gleisi e 7% de Rosangela Moro.

No segundo cenário, sem Rosangela, vence com 39%. No terceiro, sem Alvaro Dias e Rosangela, vence com 44,3% das intenções de voto.

As pesquisas sem Michelle mostram Alvaro Dias (29%) e Rosangela Moro (17%) e Gleisi com 16%.

A pesquisa foi feita com 1556 eleitores em 72 municípios durante os dias 19 a 23 de outubro de 2023. Segundo o Paraná Pesquisas, o nível de confiança é de 95% para uma margem estimada de erro de aproximadamente 2,5 pontos percentuais.

 

Fonte: Agencia Estado/iG/CNN Brasil/Fórum

 

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