segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Sesta faz bem a cérebro e coração, mas só na dose certa

Aquele cochilo depois do almoço, normalmente no início da tarde, pode ser mesmo uma ótima ideia. Pesquisadores identificaram uma relação causal moderada entre a sesta e uma desaceleração do processo de encolhimento cerebral típico do envelhecimento.

O estudo publicado na revista Sleep Health constatou que um cochilo regular é bom para o cérebro no longo prazo, pois um volume total maior do órgão reduz o risco de demência e outras doenças.

Para o estudo, pesquisadores da Universidade da República do Uruguai e da University College London analisaram os dados de 378.932 indivíduos entre 40 e 69 anos do estudo de longo prazo UK Biobank. Segundo a pesquisa, existe até mesmo uma predisposição genética para a tendência a tirar um cochilo.

De acordo com os especialistas em sono do Hospital Geral de Massachusetts, Estados Unidos, há três tipos de indivíduos para os quais o cochilo é particularmente importante: quem acorda muito cedo; quem sofre de distúrbios do sono; e quem geneticamente precisa dormir mais.

•        Cochilo aumenta a capacidade cognitiva?

Não está claro, entretanto, se os cochilos melhoram as capacidades mentais. Especialistas em sono de Michigan, EUA, por exemplo, não detectaram nenhum benefício para as aptidões cognitivas. No Uruguai, os cientistas tampouco encontraram indicações de melhora do tempo de reação ou de processamento visual.

Por sua vez, uma pesquisa chinesa concluiu que um cochilo ao meio-dia melhora as capacidades cognitivas dos idosos. Embora sejam malvistas em muitos países ocidentais, as sestas são muito comuns na China, no Japão e na Espanha.

"Na China, a hora do cochilo é integrada à programação pós-almoço de muitos adultos no trabalho e de estudantes na escola", inforna Xiaopeng Ji, da Universidade de Delaware.

•        Pressão alta e derrame?

Entretanto, outro estudo chinês, baseado em dados coletados no Reino Unido, indicou que cochilos frequentes ou regulares estariam associados a um risco 12% maior de desenvolver pressão alta e 24% maior de derrame, em comparação com quem nunca tira uma sesta.

Muitos dos participantes, porém, eram homens (que geralmente cuidam menos da saúde), além de terem baixos níveis de escolaridade e renda, fumarem e beberem álcool diariamente, e sofrerem de insônia ou terem hábitos antes noturnos.

A pressão alta ou a obesidade também podem causar fadiga acima da média. Os cochilos também costuma estar associados à obesidade, mas não são necessariamente culpados pela má saúde. O pesquisador Michael Grandner, da Universidade do Arizona, lembra que muitas vezes quem cochila é quem não consegue dormir à noite: "O sono noturno ruim implica uma saúde pior, e um cochilo não basta para compensar."

•        A sesta perfeita

De acordo com um estudo suíço, só cochilos ocasionais são bons para a saúde do coração. Ou seja: uma ou duas vezes por semana, não todos os dias. "Uma sesta ocasional, e não diária, reduz significativamente os riscos cardiovasculares", explica Hans-Joachim Trappe, diretor da Clínica II da Universidade do Ruhr, em Bochum, Alemanha.

Cochilos esporádicos, portanto, são bons para o cérebro e o coração. Entre 20 e 30 minutos bastam para evitar que o dorminhoco caia em sono profundo e depois se sinta mais cansado do que antes do cochilo.

 

       Estudo revela melhor temperatura para uma boa noite de sono

 

Existe uma temperatura ideal para uma boa noite de sono? Um grupo de pesquisadores recrutou 50 voluntários com mais de 60 anos, todos residentes em Boston, nos Estados Unidos, para tentar responder a essa pergunta.

A conclusão foi de que a melhor temperatura para dormir é de 20 °C a 25 °C, de acordo com um estudo publicado na revista Science of Total Environment.

"O sono tende a ser mais fácil e, muitas vezes, mais profundo e reparador em um ambiente mais fresco", escreveu Amir Baniassadi, o principal autor da pesquisa, em um comunicado publicado pela Universidade de Harvard e pela ONG Hebrew SeniorLife.

"Isso não é arbitrário, está enraizado em nossa biologia. Naturalmente, nossa temperatura corporal cai à noite, o que ajuda a iniciar e a manter o sono. Quando o ambiente onde dormimos é muito quente, ele pode interferir na queda da temperatura e interromper o sono", destaca o pesquisador.

•        Importância de dormir bem para a saúde

Estudos anteriores já mencionavam a importância de uma noite bem dormida para a saúde e a qualidade de vida. A falta de sono, as interrupções e, neste caso, também a temperatura podem prejudicar a qualidade do descanso.

"Os distúrbios do sono podem levar a problemas de memória, aumento do risco de quedas e redução da capacidade de realizar atividades diárias. Também podem afetar nosso humor e a sensação geral de bem-estar", acrescentou Baniassadi.

•        Redução de até 10% na qualidade do sono

Por meio de monitores portáteis de sono e sensores ambientais, os cientistas detectaram que, na faixa de temperatura entre 25 °C e 30 °C, os participantes tiveram uma queda de até 10% na eficiência do sono – porcentagem que, segundo o estudo, não deve ser subestimada.

"Nossas conclusões indicam que o sono é mais eficiente e restaurador quando a temperatura ambiente noturna varia entre 20 °C e 25 °C, com uma queda clinicamente relevante de 5% a 10% na eficiência do sono quando a temperatura aumenta de 25 °C para 30 °C", afirmaram os pesquisadores.

•        Mudança climática e aumento das temperaturas

Devido ao estudo, os especialistas também fizeram um alerta para melhores estruturas em asilos e residências privadas devido ao aumento das temperaturas provocado pelas mudanças climáticas.

"Esses resultados destacam o potencial de melhora da qualidade do sono em adultos mais velhos por meio da otimização térmica dos ambientes domésticos e enfatizam a importância de ajustes personalizados de temperatura com base nas necessidades e circunstâncias individuais", ressaltaram os cientistas.

"Além disso, nosso estudo destaca o possível impacto da mudança climática na qualidade do sono de adultos mais velhos, especialmente aqueles de nível socioeconômico mais baixo, e apoia o aumento de sua capacidade de adaptação diante de um clima que está mudando", concluíram.

 

Fonte: Deutsche Welle

 

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