segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Variante do vírus da raiva é encontrada em morcegos no Brasil

Variantes do vírus da raiva foram encontradas em morcegos no Ceará por pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp). De acordo com informações da Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SP), o vírus é semelhante à presente em saguis-de-tufo-branco (Callithrix jacchus).

O resultado da pesquisa acende um alerta para a circulação do vírus, que é mortal para humanos. Os saguis geralmente são encontrados em áreas selvagens e urbanas no Brasil, chegando a serem capturados e mantidos como animais de estimação. Os resultados foram publicados na revista científica Journal of Medical Virology.

Outra descoberta que intrigou os pesquisadores foi a presença do vírus da raiva em espécies frutívoras e insetívoras dos mamíferos voadores.

Na pesquisa, foram analisadas 144 amostras de tecidos retirados dos cérebros de morcegos pertencentes a 15 espécies. O RNA foi extraído das amostras para análise dos vírus encontrados. Depois, as sequências genéticas da raiva foram comparadas com outras depositadas em bancos de dados públicos, informa a Fapesp.

O resultado mostrou que o primeiro conjunto de sequências era compatível com variantes encontradas em duas espécies de morcego do Sudeste em 2010, enquanto outro grupo tem relação evolutiva parecida com o vírus da raiva detectado em saguis-de-tufo-branco do Nordeste do Brasil.

Os bichos se tornaram a principal fonte de transmissão de raiva humana nas Américas após a intensificação da vacinação dos animais domésticos. Em 1991, o Ceará registrou o primeiro caso de morte por raiva associada a um sagui. Depois, outras 14 mortes foram registradas no estado.

 

       Raiva humana preocupa e, em dois anos, são sete casos

 

O Brasil registrou, somente até agora, dois casos de raiva humana, contra cinco em todo o ano passado. A preocupação com a doença ganhou força depois de um cão testar positivo para o vírus, em São Paulo, na semana passada. Foi a primeira infecção deste tipo verificada no estado desde 1997.

De acordo com as informações solicitadas pelo Correio ao Ministério da Saúde, nenhum dos pacientes que desenvolveu a doença sobreviveu. No entanto, a pasta afirma que o país está próximo de erradicar a raiva na população, em razão da campanha de vacinação nos estados e municípios.

Dos cinco casos confirmados no ano passado, quatro foram notificados em uma comunidade indígena no município de Bertópolis (MG), sendo dois casos de jovens entre 10 e 15 anos, e outros dois em crianças menores de 10 anos. Além disso, um caso ocorreu no Distrito Federal, de um adolescente, morador de Sobradinho.

As infecções apresentam crescimento, pois, em 2021, foi registrado apenas um caso e, em 2020, dois. No entanto, ainda estão longe dos índices das décadas anteriores. Em 1990, foram contabilizados 50 infecções. No mundo, até os dias atuais, são aproximadamente 70 mil registros, sendo que destes, cinco pessoas sobreviveram — entre elas dois brasileiros, que até hoje sofrem com graves sequelas.

•        Mortalidade

De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade de raiva humana no ano de 2022 foi de 0,00246/100 mil habitantes. Nenhum caso foi verificado em pessoas que fizeram uso de soro e vacina. O Brasil registra cerca de 650 mil atendimentos antirrábicos ao ano.

O governo recomenda que pessoas que tiveram algum tipo de exposição procure atendimento médico. "É muito importante orientar a população para qualquer contato com cão ou gato, morcegos ou mamíferos silvestres (cachorro do mato, saguis, etc.) que procure imediatamente o posto de saúde para avaliação quanto à necessidade de imunoprofilaxia", destaca o ministério.

Caso procure atendimento, é possível impedir o desenvolvimento da doença. O fármaco aplicado em cães e gatos protege por mais de um ano, mas a orientação é realizar a imunização anualmente. No caso dos seres humanos, a vacinação ocorre para profissionais que atuam em contato com animais (como veterinários) e pessoas que podem ter sido expostas.

 

Fonte: Correio Brazilense

 

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