Coreia do Norte diz que há 'perigo iminente de guerra nuclear' e anuncia
expansão de sua autodefesa
Em discurso na ONU, embaixador do país asiático diz
que o ano de 2023 foi registrado "como um ano extremamente perigoso"
e que Pyongyang não tem escolha a não ser "acelerar ainda mais a
construção das suas capacidades de autodefesa".
Nesta terça-feira (26), o enviado da Coreia do
Norte às Nações Unidas, Kim Song, acusou os Estados Unidos e a Coreia do Sul de
levarem a península coreana à beira da guerra nuclear, dizendo na Assembleia
Geral da ONU que, como resultado, seu país não tinha escolha, mas sim acelerar
ainda mais o desenvolvimento das suas capacidades de autodefesa.
"O ano de 2023 foi registado como um ano
extremamente perigoso. A península coreana está em uma situação crítica, com
perigo iminente de eclosão de uma guerra nuclear. Dadas as circunstâncias
prevalecentes, a RPDC [Coreia do Norte] é urgentemente obrigada a acelerar
ainda mais a construção das suas capacidades de autodefesa para se defender de
forma inexpugnável" disse Kim à assembleia nesta tarde, segundo a AP News.
Nos últimos 18 meses, a Coreia do Norte –
formalmente conhecida como República Popular Democrática da Coreia (RPDC) –
testou dezenas de mísseis balísticos, mas o governo de Kim Jong-Un afirma que
está a exercer o seu direito à autodefesa com os testes para assegurar sua
soberania e interesses de segurança contra ameaças militares.
"A RPDC permanece firme e inalterada na sua
determinação de defender firmemente a soberania nacional, os interesses de
segurança e o bem-estar do povo contra as ameaças hostis do exterior",
acrescentou Kim.
O embaixador norte-coreano também afirmou que
Washington estava tentando criar "a versão asiática da OTAN", a
aliança militar que inclui nações europeias e os Estados Unidos e o Canadá.
"Os Estados Unidos estão agora a passar para a
fase prática de concretizar a sua intenção sinistra de provocar uma guerra
nuclear", disse, acrescentando que a tentativa de Washington de criar uma
"OTAN asiática" estava efetivamente introduzindo uma "nova
estrutura da Guerra Fria no nordeste da Ásia".
Pyongyang tem estado sob sanções do Conselho de
Segurança da ONU devido aos seus programas nucleares e de mísseis desde 2006.
As medidas têm sido constantemente reforçadas ao longo dos anos.
Entretanto, nos últimos anos, o conselho tem estado
dividido sobre como lidar com o país asiático. A Rússia e a China, com poderes
de veto junto aos Estados Unidos, Reino Unido e França, disseram que mais
sanções não ajudarão e querem que tais medidas sejam flexibilizadas.
Ø Finlândia pisoteia status neutro e reputação ao se juntar ao projeto
antirrusso dos EUA, diz Lavrov
Nesta terça-feira (26), o ministro das Relações
Exteriores russo, Sergei Lavrov, chamou de "grosseiro" o comunicado
da ministra das Relações Exteriores finlandesa, Elina Valtonen, sobre as
sanções contra a Rússia, dizendo que Helsinque estava se tornando uma das
líderes da campanha ocidental contra a Rússia.
As sanções ocidentais "realmente prejudicam as
pessoas comuns" e os russos percebem que "há um preço a pagar por
travar uma guerra tão injusta", afirmou Elina Valtonen, na segunda-feira
(25), citada pelo jornal The Washington Post.
"Estou surpreso com a rapidez com que a
Finlândia pisoteou seu status neutro e sua reputação e se juntou ao projeto
antirrusso dos Estados Unidos [...]. A declaração [de Valtonen] é absolutamente
grosseira", disse Lavrov em uma coletiva de imprensa conjunta após uma
reunião com o ministro das Relações Exteriores tunisiano, Nabil Ammar.
"Gostaria de enfatizar mais uma vez que a
Finlândia está se movendo em um ritmo alucinante para a vanguarda da campanha
antirrussa e russofóbica do Ocidente", acrescentou o ministro russo.
Lavrov também chamou Valtonen de "diplomata
inexperiente" ao falar sobre os motivos da imposição das sanções
ocidentais, acrescentando que a ministra das Relações Exteriores da Finlândia
"queria que o povo russo se levantasse contra seu próprio governo".
A Finlândia e a Suécia, após o início da operação
militar da Rússia na Ucrânia em fevereiro de 2022, solicitaram adesão à
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em maio de 2022. A Finlândia
tornou-se o 31º membro da OTAN em 4 de abril de 2023. O pedido da Suécia ainda
não foi aprovado pela Hungria e pela Turquia.
Ø Tanques Abrams chegam à Ucrânia, mas não será muito tarde para mudar a
situação no front?
Os oficiais ucranianos acreditam que a entrega dos
tanques americanos Abrams não consegue mudar a situação na linha de frente,
escreve o jornal The Wall Street Journal.
Inicialmente, os Estados Unidos não estavam
dispostos a fornecer Abrams para a Ucrânia. A administração Biden alegou que os
tanques não ajudariam muito a Ucrânia, pois eram difíceis de manter e operar, e
levaria meses para comprar, relatou a mídia americana.
Ontem (25), o presidente ucraniano anunciou que o
primeiro lote de tanques Abrams fabricados nos Estados Unidos chegou à Ucrânia.
Agora, de acordo com a publicação do jornal,
"embora a chegada dos tanques americanos seja bem-vinda, as autoridades
ucranianas reconhecem que, quatro meses após a ofensiva, é improvável que os
veículos alterem significativamente a forma da guerra".
Mas como observa outro jornal, The New York Times,
"provavelmente, oito a dez tanques foram entregues à Ucrânia".
Assim, segundo a mídia, esses tanques não aparecerão
imediatamente no campo de batalha, podendo levar algum tempo para isso
acontecer, já que as tropas ucranianas primeiro precisam fornecer os elementos
de suporte necessários para os veículos blindados.
Os tanques Abrams recém-chegados deverão se juntar aos
equipamentos militares usados por Kiev na sua contraofensiva, que começou há
quase quatro meses e não tem demonstrado resultados significativos, como
destacado recentemente por Vladimir Putin, presidente da Rússia.
Em declarações publicadas na sexta-feira (22) no
portal War Zone, Kirill Budanov, chefe da inteligência militar da Ucrânia,
disse que os tanques Abrams "devem ser usados para operações muito
específicas e bem preparadas, porque se forem usados na linha de frente e
simplesmente em combates de armas combinadas, eles não viverão muito tempo no
campo de batalha".
·
Abrams vai ser o 'potente dissuasor' da Ucrânia,
apesar da avaliação morna de Kiev, diz Pentágono
O Pentágono afirmou que os tanques Abrams se
tornariam o "potente dissuasor" de Kiev e permitiriam que a Ucrânia
fosse mais eficaz no campo de batalha, apesar das avaliações menos
entusiásticas da liderança ucraniana.
Na semana passada (22), o chefe do serviço de
inteligência militar da Ucrânia, Kiril Budanov, disse que os tanques Abrams não
durariam muito na linha de frente durante uma batalha comum de armas
combinadas.
"A mera presença de tanques Abrams serve como
um poderoso dissuasor. Ao ter esses tanques em seu arsenal, o Exército
ucraniano pode desencorajar de forma mais eficaz ações agressivas", disse
o porta-voz do Pentágono, Charlie Dietz, citado por uma agência de notícias
norte-americana na segunda-feira (25).
O Departamento de Defesa dos EUA acrescentou que a
entrega destes tanques era evidente como "um compromisso tangível com a
defesa e estabilidade da Ucrânia".
Na segunda-feira, a Casa Branca confirmou que o
primeiro lote de tanques Abrams chegou à Ucrânia. No total, a administração dos
EUA prometeu dar a Kiev 31 tanques Abrams.
Nesta terça-feira (26), o Kremlin disse que os tanques
norte-americanos recém-chegados "irão queimar", tal como os tanques
Leopard alemães fizeram anteriormente.
A contraofensiva ucraniana começou no dia 4 de
junho. Três meses depois, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que a
contraofensiva ucraniana falhou, com a Ucrânia sofrendo cerca de 71.000 baixas.
Vários responsáveis ocidentais também admitiram que a contraofensiva ucraniana
não tinha tido sucesso até agora.
Ø Erdogan relaciona adesão da Suécia à OTAN à entrega de caças F-16 pelos
EUA: 'Cumprir promessa'
A pressão de Ancara para a entrega dos caças ganhou
novo impulso após líder no Senado norte-americano, contrário à ideia, ter sido
afastado do cargo por escândalo de corrupção.
Discursando a repórteres hoje (26) ao voltar do
Azerbaijão, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que o ministro
das Relações Exteriores, Hakan Fidan, e o secretário de Estado dos EUA, Antony
Blinken, discutiram a candidatura de Estocolmo na semana passada, em Nova York.
"Se eles [os EUA] cumprirem as suas promessas,
o nosso parlamento também cumprirá a sua própria promessa. O parlamento turco
terá a palavra final sobre a adesão da Suécia à OTAN", afirmou o líder
segundo a Bloomberg.
Ancara quer uma resolução rápida para os F-16 de
Washington, onde os legisladores norte-americanos liderados pelo senador
democrata de Nova Jersey, Bob Menendez, bloquearam até agora o progresso nas
negociações.
Entretanto, as acusações de corrupção contra o
senador na semana passada criaram uma vantagem que a Turquia quer aproveitar,
disse Erdogan, segundo a mídia. Menendez deixou temporariamente o cargo de
presidente do Comitê de Relações Exteriores por conta das acusações.
A Suécia quer aderir à OTAN e apresentou um pedido
no início de 2022, junto à vizinha Finlândia, que foi acolhida na aliança em
abril. Todos os Estados-membros têm de chegar a acordo sobre os recém-chegados,
mas a Turquia é a principal resistência ao lado da Hungria, para adesão.
Além dos caças, recentes queimas do Alcorão em
território sueco também são um obstáculo para adesão de Estocolmo, com Ancara
sugerindo que o país escandinavo tem que proibir a ação em seu país para se
tornar membro da Aliança Atlântica, conforme indicou o próprio Erdogan em
meados de agosto.
Ø EUA querem substituir papel da Rússia no Sul do Cáucaso, diz analista
A visita de dois grandes nomes da política externa
dos EUA, Samantha Power e Yuri Kim, à Armênia demonstra o objetivo dos
norte-americanos de aumentar sua influência na região, afirmou o analista
Konstantin Tasits à Sputnik.
Na última segunda-feira (25), a chefe da Agência
dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Samantha Power, e o
secretário de Estado adjunto dos EUA para Assuntos Europeus e Eurasiáticos,
Yuri Kim, desembarcaram em Yerevan para expressar a disponibilidade dos Estados
Unidos na solução da crise de Nagorno-Karabakh.
A prontidão dos EUA foi formalizada através de uma
carta entregue ao Gabinete de Ministros Armênio.
"Os Estados Unidos continuarão a apoiar a
Arménia nos seus esforços para fortalecer a democracia do país e estabelecer a
estabilidade na sua região. Continuaremos também a reforçar a nossa cooperação
na diversificação energética, estabilidade e segurança, como evidenciado pelos
nossos recentes exercícios militares", disse o documento.
Para Konstantin Tasits, especialista na região do
Cáucaso do Sul, a visita e a carta apontam para uma tentativa dos EUA de
substituir o papel da Rússia na região.
"Um dos principais objetivos da visita é
apoiar Pashinyan [Nikol Pashinyan, primeiro-ministro da Armênia], porque parte
da sociedade armênia o culpa pelo que aconteceu em Nagorno-Karabakh."
·
Pashiyan enfrenta protestos por acordo de paz
O acordo de paz, firmado pela Armênia e pelo
Azerbaijão sobre a região de Nagorno-Karabakh, foi alvo de críticas e protestos
por cidadãos armênios nos últimos dias. Muitos pedem pela renúncia do
primeiro-ministro.
Nesse sentido, a visita dos diplomatas americanos
vem como um reforço político a Pashiyan, aponta Tasits. "Outro objetivo é
apresentar os Estados Unidos como uma espécie de fiador, um país que dá apoio à
Armênia."
Semyon Bagdasarov, cientista político e diretor do
Centro de Estudos do Oriente Médio e Ásia Central também vê na aproximação
americana um respaldo ao governo de Pashinyan.
"O fato de essas autoridades americanas terem
trazido uma carta de Biden para Pashinyan foi feito deliberadamente para
mostrar o apoio dos EUA a este homem no contexto de comícios antigovernamentais
em Yerevan."
·
EUA querem minar presença russa na Armênia
Mais do que apoiar o governo atual, Tasists
destacou que o principal objetivo dos EUA é garantir a redução da presença
russa na região da Transcaucásia.
"A posição dos Estados Unidos é garantir
rapidamente o acordo de paz com o Azerbaijão. Deste modo não serão necessárias
garantias externas adicionais de segurança. Isso significa, provavelmente, o
fim da participação do país na OTSC [Organização do Tratado de Segurança
Coletiva] e das bases militares russas", explicou Tasits.
Bagdasarov, vê na reaproximação dos EUA com a
Armênia neste momento um reforço do ponto de vista americano de "sentir-se
mestre" do país transcaucásio.
"Não é à toa que a embaixada dos EUA lá é a
maior do mundo em termos de território e, em termos de número de pessoal, fica
em segundo lugar no mundo. Eles há muito se sentem como mestres lá, e
Pashinyan, quando veio ao poder em 2018, já era uma marionete.”
Bagdasarov, contudo, vê na presença americana uma
tentativa de invalidar o acordo de paz e estimular ainda mais o conflito.
"A administração do presidente Biden parece estar estimulando Pashinyan.
Suspeito que haverá uma tentativa de denunciar o acordo de paz sobre a presença
de forças de paz russas na base aérea de Erebuni", disse Bagdasarov.
Nagorno-Karabakh é uma região na Transcaucásia. A
esmagadora maioria da população é armênia.
Em 1923, a região recebeu o status de região
autônoma dentro da República Socialista Soviética do Azerbaijão. Em 1988,
começou em Nagorno-Karabakh um movimento de reunificação com a Armênia. Em 2 de
setembro de 1991, o Azerbaijão proclamou a sua independência, e o nome da
região autônoma mudou para República de Nagorno-Karabakh. De 1992 a 1994, o
Azerbaijão tentou assumir o controle da autoproclamada república. Nessa ação
militar de grande escala morreram cerca de 30 mil pessoas.
Em 1994, as partes concordaram em estabelecer um
cessar-fogo, mas o status do território nunca foi determinado. No final de
setembro de 2020, os combates recomeçaram em Nagorno-Karabakh. Na noite de 10
de novembro, o Azerbaijão e a Armênia, com o apoio de Moscou, chegaram a um
acordo para cessar completamente as hostilidades, permanecendo nas posições
ocupadas, trocar prisioneiros e os corpos dos mortos. Na região foram
implantadas forças de paz russas, inclusive no corredor de Lachin.
No ano passado, Yerevan e Baku, com a mediação de
Rússia, EUA e União Europeia, iniciaram discussões sobre um futuro acordo de
paz. No final de maio deste ano, o premiê armênio, Nikol Pashinyan, disse que
seu país estava pronto para reconhecer a soberania do Azerbaijão nas fronteiras
soviéticas, ou seja, junto com Nagorno-Karabakh. Em setembro, o presidente
russo, Vladimir Putin, chamou a atenção para o fato de que a liderança armênia,
em essência, havia reconhecido a soberania do Azerbaijão sobre
Nagorno-Karabakh. O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, disse que Baku e
Yerevan podem assinar um acordo de paz antes do final do ano, a menos que a
Armênia mude sua posição.
Fonte: Sputnik Brasil
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