sábado, 23 de setembro de 2023

Como seria mundo de altas temperaturas? Educação e nutrição em baixa, preços e crime em alta, alerta NOAA

Os efeitos da crise climática são sentidos a todo instante. Acompanhando as notícias apenas das últimas semanas é possível listar enchentes mortais, como ocorreram no Sul do Brasil e também na Líbia, ou ainda ondas de calor que ameaçam a saúde pública e levantam preocupações sobre populações vulneráveis e serviços públicos.

A NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), órgão do governo americano que monitora oceanos e o clima, reuniu consequências não tão óbvias das ondas de calor, um fenômeno que, apesar dos esforços de descarbonização das indústrias e preservação do verde, deve se intensificar nos próximos anos.

Implicações de uma rotina de altas temperaturas devem ter efeitos no mundo do trabalho, na vida escolar, na logística do campo e nas compras no mercado da esquina, entre outros fatores do dia a dia. Veja a seguir cinco tópicos listados pela agência que servem como alerta para novas situações que se colocam no futuro próximo.

·         Pressão nas linhas de transmissão de energia

A necessidade de energia para alimentar sistemas de refrigeração, que vão desde aparelhos de ar condicionado à refrigeração de servidores de computador, depósitos do comércio de alimentos, laboratórios e hospitais, já vem mostrando um ponto crítico durante ondas de calor, como observado nos Estados Unidos e na Ásia. “Eventos extremos de calor sobrecarregam a rede elétrica e aumentam a chance de falha. A frequência destes apagões tem aumentado todos os anos, expondo pessoas aos perigos da exposição ao calor. Embora os pobres, as crianças e os idosos corram os maiores riscos, ninguém está completamente seguro sem a capacidade de manter a refrigeração”, aponta a NOAA.

·         Trigo mais ‘fraco’ e problemas de armazenamento de comida

Embora faça sentido que as colheitas possam sofrer durante eventos de calor extremo, a realidade do impacto do calor extremo sobre sistemas de produção alimentar é muito mais complexa, alerta a agência americana. Culturas como o trigo podem ter o crescimento prejudicado, reduzindo colheitas e também o valor nutritivo do cereal que vencer as altas temperaturas.

Fenômenos de calor também afetam também a pecuária, causando reduções na fertilidade dos animais, menor resiliência às doenças e na produção de bens como ovos e leite. A temperatura alta diminui ‘drasticamente’ a eficiência de como armazenamos e transportamos os alimentos, aponta a NOAA. Todas essas consequências combinadas resultam em aumentos de preços repassados ao consumidor, efeito já sentido mundialmente, pressionado também pela invasão russa à Ucrânia.

·         Educação prejudicada afeta rotina das famílias

Acompanhamento da NOAA nos Estados Unidos mostra que até 41% das escolas americanas podem não ter sistemas adequados de refrigeração ou ventilação, o que já causou cancelamentos no último verão do Hemisfério Norte, considerado o mais quente da história. As demissões antecipadas ou cancelamentos de aulas devido ao calor colocam mais pressão sobre a frequência e a produtividade de pais em seus trabalhos, e cria pressão também pela necessidade de mais creches. ‘Estas condições expõem as crianças a riscos de saúde relacionados com o calor, bem como a resultados mais baixos em testes’, afirma a agência.

·         Segurança dos trabalhadores

À medida que os eventos de calor extremo se tornam mais comuns, duram mais e são mais intensos, trabalhadores correm um risco maior de lesões relacionadas com a alta temperatura. Estas lesões, bem como a simples pausa do trabalho por motivos de segurança, não só conduzem a perdas de produtividade, mas também ao aumento dos custos transferidos para o consumidor, aponta a NOAA, citando estudo que projeta perdas mundiais de US$ 311 bilhões (R$ 1,5 trilhão) por ano nos serviços devido à exposição ao calor.

·         Crime

‘Embora autoridades saibam há décadas que os dias quentes registam um aumento da criminalidade, a nova realidade sob a crise climática é que um mundo mais quente poderia ser mais violento’, alerta a agência americana. Bairros mais pobres devem ser mais afetados tanto pelo calor quanto pela criminalidade, devido à falta de segurança e estrutura urbanística, como praças e lagos, além do poder aquisitivo baixo e a menor presença de eletrodomésticos como freezers e ar condicionado.

‘Tomados em conjunto, estes efeitos dominó de consequências representam novas realidades para a pessoa que vive num mundo em aquecimento. À medida que começamos a traçar mais ligações entre estas consequências, descobrimos que a possibilidade de viver num mundo menos consistente e menos previsível é muito mais real’, finaliza a NOAA.

 

Ø  Mundo mantém reservas de água, mas estresse hídrico avança, afirma Banco Mundial

 

Chegar à beira de um riacho e beber água limpa é talvez um dos grandes luxos do planeta. Águas superficiais, como a de rios e cachoeiras, compõem apenas 0,3% de toda a água potável disponível na Terra. Para acessar o restante das reservas disponíveis, é preciso trabalho duro.

Em uma revisão sobre o andamento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em 2023, metas definidas no Pacto Global da ONU para a evolução das nações até 2030, o Banco Mundial destaca o mapa de estresse hídrico no mundo, e faz alguns alertas ao analisar o ODS 6, que diz respeito à água potável e saneamento.

Apesar de, em médio, o mundo ainda operar em relativo conforto hídrico, o aumento do consumo nos últimos 60 anos revela uma tendência que merece acompanhamento cuidadoso, afirma a instituição. Isso porque a população do mundo não está diminuindo e os efeitos da crise climática tendem a prejudicar o ciclo das águas.

Usando uma escala de 0 a 100%, onde até 25% o impacto é insignificante, e 100% ou acima disso é considerado crítico, o planeta hoje está em confortáveis 18%. Porém, como o Banco Mundial alerta, este número mascara realidades preocupantes. Da década de 1960 até 2020, 67% dos países do mundo tiveram aumento de consumo de água.

No caso do Brasil, o volume de água disponível por habitante encolheu mais que a metade neste período, de 106 metros cúbicos para 40 metros cúbicos nos dias atuais. Isso não significa uma diminuição da água disponível, mas que o país, hoje mais populoso, desenvolvido e com maior área de agricultura, usa muito mais água.

O Brasil não sofre o que se pode classificar de estresse hídrico, com índice geral de 1%. A região com pior índice é o Nordeste, onde o nível de estresse fica entre 25% e 50%, considerado baixo.

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Na América do Sul, à primeira vista não há estresse hídrico. Contudo há bacias hidrográficas altamente pressionadas pelo consumo, como ocorre no Norte do Chile, região desértica com intensa atividade mineradora e de agricultura. A situação é similar no nordeste argentino, alerta o estudo.

Olhando o mapa mundial de estresse hídrico, as zonas críticas, onde há mais consumo do que água renovável disponível, o que provoca interferência humana nos aquíferos, estão no Norte da África e Oriente Médio, segundo o Banco Mundial.

A enorme maioria (97,5 %) da água da Terra é salgada. Apenas 2,5 % da água disponível no planeta é doce, porém 69% deste recurso está preso em geleiras. A água subterrânea dos aquíferos constitui a maior parte restante do precioso líquido e esta é a principal fonte de abastecimento em muitos países, muitas vezes demandando perfuração.

Segundo as Nações Unidas, uma pessoa precisa de 50 a 100 litros de água por dia para atender às necessidades básicas de consumo, cozinha e higiene, a Organização de Alimentos e Agricultura (FAO), agência da ONU dedicada à alimentação, estima que “entre 2 mil e 5 mil litros de água são necessários para produzir as necessidades diárias de comida para uma pessoa.

 

Fonte: Um só Planeta

 

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