domingo, 24 de setembro de 2023

Brics, futebol e investimentos: Arábia Saudita destaca otimismo em relação com o Brasil

A Arábia Saudita comemorou o 93º Dia Nacional do Reino e os 55 anos de relações diplomáticas com o Brasil. Para marcar a data especial, de 23 de setembro, um evento promovido pela embaixada árabe em Brasília contou com a presença de membros do governo brasileiro e personalidades.

O embaixador da Arábia Saudita no Brasil, Faisal Ghulam, revelou que tem expectativas otimistas para “as possibilidades que temos pela frente” na relação entre os dois países, durante discurso em Brasília.

 “Este ano, [o Dia Nacional do Reino] tem um outro significado, pois marca o 55º ano das relações diplomáticas entre o Reino e o Brasil, uma ocasião importante que nossos líderes destacaram em sua recente reunião durante o G20”, afirmou Ghulam. “Ao longo desses 55 anos, nossas relações diplomáticas floresceram, abrindo caminhos para numerosos marcos significativos.”

Os festejos aconteceram apenas um dia após o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, encontrar o príncipe Faisal Bin Farhan Al Saud, ministro de Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, em Nova York, à margem da Assembleia Geral da ONU, na quinta-feira (21).

Conforme informou o Itamaraty em publicação feita no X, anteriormente conhecido como Twitter, a reunião teve como objetivos tratar sobre a intensificação das relações bilaterais entre as nações nas áreas de comércio e investimentos.

·         Lula e MBS

O desejo de intensificar os investimentos no Brasil já havia sido indicado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante encontro com Mohammed bin Salman (MBS), príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, logo após o encerramento da 18ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo do G20, em Nova Delhi, na Índia.

De acordo com o Palácio do Planalto, na conversa entre os dois líderes, Lula deu as boas-vindas à Arábia Saudita como novo país-membro do Brics. O país árabe faz parte do grupo de seis novos integrantes oficializados no bloco de nações emergentes em agosto — juntamente com a Argentina, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã — durante a cúpula de Joanesburgo.

Os sauditas afirmam que pretendem investir principalmente na área de petróleo e gás e também nas fontes verdes, além de retomar uma agenda comercial que ficou parada nos últimos anos.

Na reunião, ficou acertado que uma delegação de empresários e autoridades sauditas deve visitar o Brasil em breve para conhecer a carteira de projetos do Novo PAC que estão abertos a investimentos estrangeiros. Essa agenda será discutida pelos ministérios das Relações Exteriores de ambos os países.

·         Comitiva saudita na Fiesp

Em 31 de julho, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckminrecebeu uma comitiva da Arábia Saudita durante um evento na Fiesp.

No evento, empresas brasileiras e os sauditas assinaram 26 acordos para comércio bilateral e investimentos. Khalid Al Falih se mostrou otimista em relação ao avanço da parceira entre os países.

“O Brasil e a Arábia Saudita, dois membros orgulhosos do G20 e produtores de energia, estão bem posicionados para serem parceiros estratégicos, sendo nós líderes econômicos de nossas respectivas regiões”, disse o saudita.

“Com nossos interesses estratégicos alinhados e os setores privados fortes, poderíamos nos tornar um dos cinco principais investidores na economia um do outro. Acredito que isso será possível”, completou.

Alckmin ressaltou a “complementariedade econômica” entre Brasil e Arábia Saudita para a segurança alimentar. Ele destacou, por exemplo, a parceria entre os países na área de fertilizantes.

Entre o “pacote” de acordos anunciados estão memorandos nas áreas de agronegócio e minérios, por exemplo.

·         Futebol como ponte entre os países

Durante seu discurso na celebração do aniversário da unificação da Arábia Saudita, o embaixador Faisal Ghulam lembrou o amistoso entre o Brasil e a seleção saudita em Jeddah, em 1978. Segundo Ghulam, a visita da seleção canarinho “deixou uma marca duradoura no coração dos entusiastas do futebol”.

A fala do embaixador vem na esteira de uma série de transferências de jogadores para a liga da Arábia Saudita, numa movimentação de mais de 188 milhões de euros (R$ 1 bilhão) em contratações na atual janela de transferências.

Os investimentos no futebol fazem parte de um grande projeto do governo para mudar a imagem do país, a “Visão 2030” — o que envolve não só o mundo dos esportes, mas também do entretenimento.

Marcos Motta, sócio da Bichara e Motta Advogados, escritório que representa a liga árabe no Brasil, tem acompanhado de perto o processo de investimentos no futebol e como isso está inserido dentro da Visão 2030.

“As contratações [para os clubes de futebol] fazem parte de um projeto bem mais ambicioso da Arábia Saudita. E começa com a reestruturação dos clubes de futebol“, contou Motta em entrevista ao programa CNN Esportes S/A.

A principal das contratações dessa temporada foi a do craque e maior artilheiro da seleção brasileira Neymar, que terá salário de 160 milhões de euros (R$ 861 milhões, na cotação atual) por ano para jogar no Al-Hilal.

 

Ø  Brasil exerce papel importante na ONU 'levando países do Mercosul a ter mais voz', diz pesquisador

 

Após a intervenção do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, na Assembleia Geral das Nações Unidas, o pesquisador Fábio Borges conversou com Sputnik sobre as características da política externa brasileira no complexo cenário global.

Como é tradição, o presidente brasileiro iniciou a semana de alto nível da Assembleia Geral da ONU. Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro chefe de Estado a intervir no encontro que se estenderá até 25 de setembro.

A respeito, isso é muito simbólico, sobretudo depois de um período de muito isolamento do Brasil, "com discursos desastrosos de Bolsonaro no sistema multilateral", indicou o pesquisador. Portanto, "com Lula, o Brasil retorna ao sistema internacional", acrescentou.

Com relação a suas posições, "o presidente foi muito equilibrado, com um fio condutor que tem sido muito adequado: o tema da desigualdade e seus diversos aspectos", disse Borges.

Por um lado, "há a desigualdade social, com muitas pessoas no planeta passando fome, com muita exclusão e precarização laboral", apontou.

Por outro lado, "destaca-se a desigualdade entre países, sobre a qual o presidente brasileiro propôs a defesa do multilateralismo e a necessidade de reforma da ONU", explicou.

·         Importância de reforçar o Mercosul

Neste contexto, "o Brasil pode desempenhar um papel muito importante levando os países do Mercosul a ter mais voz nos organismos internacionais, para o que é preciso abrir um consenso e uma coordenação entre nossos países", assinalou o especialista.

Dado um cenário internacional tão difícil e instável, "torna-se cada vez mais necessário ter uma coordenação entre os países da região", disse Borges. Por isso, "com sua liderança, o Brasil pode articular interesses conjuntos", concluiu o pesquisador brasileiro.

<><> Brasil e Rússia discutem Conselho de Segurança da ONU

Os chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, e da Rússia, Sergey Lavrov, se reuniram em Nova York (EUA), na 5ª feira (21.set.2023), na sede das Organizações das Nações Unidas. Conforme o Itamaraty, um dos temas tratados foi a necessidade de uma reforma do Conselho de Segurança da ONU. A Rússia é integrante permanente do órgão, com poder de veto.

O assunto esteve presente no discurso de abertura da 78ª sessão da Assembleia Geral da ONU, feito pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última 3ª feira (19.set). Segundo ele, o conselho vem “perdendo progressivamente sua credibilidade” e deve passar por mudanças –entre elas, a entrada de mais integrantes permanentes.

Em publicação no X (antigo Twitter), o Itamaraty disse que os 2 ministros conversaram sobre “os próximos passos do processo” de reforma do Conselho de Segurança da ONU. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, esse processo “vem recebendo renovado impulso a partir das manifestações da grande maioria dos chefes de Estado e de governo”.

Sem dar detalhes, o Itamaraty afirmou que Vieira e Lavrov “trataram também do atual estágio da guerra na Ucrânia”.

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que “as partes reafirmaram sua determinação mútua em continuar a fortalecer as relações de parceria estratégica russo-brasileira”.

Conforme o governo russo, “os ministros trocaram opiniões sobre questões internacionais atuais e concordaram em fortalecer ainda mais a cooperação russo-brasileira na ONU, no Conselho de Segurança da ONU, no Brics e em outras plataformas multilaterais, bem como em manter contatos estreitos entre seus departamentos de política externa”.

G4 PEDE REFORMA DO CONSELHO

Também na 5ª feira (21.set), Mauro Vieira se reuniu com os chanceleres de Alemanha, Japão e Índia – Annalena Baerbock, Yoko Kamikawa e Sanjay Verma, respectivamente. O grupo, chamado de G4, emitiu um comunicado conjunto (PDF – 389 kB) em que diz que, quanto mais a reformulação do Conselho de Segurança da ONU demorar, mais a eficácia do órgão “será questionada”.

A reforma do Conselho, conforme o texto, é necessária “para enfrentar, de forma eficaz e oportuna, os desafios globais contemporâneos”. Por isso, é “urgente” aumentar a quantidade de integrantes tanto permanentes quanto rotativos –em especial, com a entrada de países em desenvolvimento.

Reconhecendo a injustiça histórica existente na representação no Conselho de Segurança, sublinharam a importância de aumentar a participação de grupos e regiões sub-representados e não representados, como África e a América Latina e o Caribe”, afirma o comunicado.

Os ministros sublinharam que o futuro das estruturas de governança internacional depende de sua capacidade de adaptação e de permanecerem adequadas à sua finalidade. Quanto mais demorar a reforma do Conselho de Segurança da ONU, mais sua eficácia será questionada”, completa.

 

Ø  “Último ditador da Europa” convida Lula para discutir paz na Ucrânia

 

Conhecido como “o último ditador da Europa”, Lukashenko controla o país com mão de ferro desde 1994, prendendo e torturando opositores. Ele também é acusado de ter fraudado várias eleições e um referendo para mudar a constituição.

O convite de Lukashenko foi transmitido pelo seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Aleinik, ao chanceler brasileiro Mauro Vieira, durante reunião bilateral na sexta-feira em Nova York, às margens da Assembleia Geral da ONU.

Uma nota do Ministério das Relações Exteriores de Belarus afirma que os dois chanceleres concordaram com a necessidade de se encontrar uma solução diplomática entre Rússia e Ucrânia.

A CNN apurou que Belarus considera que o Brasil pode ter, sim, um papel muito importante em tais negociações.

O presidente Lula tem proposto a criação de um grupo de países sem relação direta com a guerra para mediar e propor soluções para o conflito.

Lula fez menção ao chamado “grupo da paz” durante reunião bilateral nesta semana com o próprio presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também em Nova York.

O critério proposto por Lula para a formação do grupo, no entanto, excluiria Belarus, já que o país foi usado como plataforma para a invasão da Ucrânia pelas tropas russas, em fevereiro de 2022.

Em junho deste ano, a Rússia enviou armas nucleares para o país e Lukashenko chegou a dizer que as usaria caso fosse atacado por forças ucranianas. As armas nucleares estacionadas em território de Belarus, no entanto, permanecem sob controle dos militares russos.

Além de tudo isso, o regime de Minsk foi um dos poucos a votar contra as resoluções da ONU que condenaram a invasão da Ucrânia –ao lado de outras ditaduras como Síria, Nicarágua e Coreia do Norte, e da própria Rússia.

Na semana passada, Lukashenko se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, e propôs a criação de uma aliança estratégica dos dois países com a Coreia do Norte.

Na reunião em Nova York, Mauro Vieira e Sergei Aleinik também conversaram sobre o aumento das relações comerciais entre as duas nações.

O Brasil registrou um déficit na balança comercial com o país europeu de US$ 366 milhões em 2022. Belarus é um dos grandes fornecedores de adubos e fertilizantes químicos para o agronegócio brasileiro.

Lukashenko já visitou o Brasil, em março de 2010, quando foi recebido por Lula no Rio de Janeiro.

·         Encontro em Nova York

O perfil do Itamaraty na rede social X – antigo Twitter – traz uma postagem na noite de sexta-feira (22) com foto do encontro do ministro Mauro Vieira, em Nova York, com o ministro de Negócios Estrangeiros de Belarus, Sergey Aleinik.

Segundo o post, na reunião, as autoridades trataram da Guerra na Ucrânia, com objetivo de “intercambiar visões sobre perspectivas e caminhos para restabelecer a paz na região”, e da “dinamização das relações econômicas bilaterais”.

 

Ø  Zelensky se aborrece com a Índia por não ter sido convidado para a reunião do G20, afirma mídia

 

O presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, teria ficado chateado com a Índia por não ter recebido um convite para a última cúpula do G20, ainda que Kiev não seja membro desta organização, conta a Bloomberg, citando uma pessoa que esteve com o ucraniano recentemente.

Embora esta tenha sido uma decisão dos anfitriões indianos, segundo a fonte consultada, Zelensky interpretou-a como um sinal de que o apoio do presidente dos EUA, Joe Biden, diminuiu, e isso agravou as suas preocupações sobre como a campanha eleitoral das eleições presidenciais dos EUA de 2024 poderia interromper o fornecimento de ajuda financeira e armamentista norte-americana.

Da mesma forma, ele estava preocupado com a diminuição do apoio de outros países aliados e foi "contundente" com suas críticas aos países que "não estavam entregando armas rápido o suficiente", declarou a fonte.

Antes da reunião, o chefe do MRE indiano, Subrahmanyam Jaishankar, justificou a decisão do seu país argumentando que o G20 não tem de lidar com a resolução do conflito russo-ucraniano. "O G20 deve fazer aquilo para o qual foi criado e é essa a razão da decisão que tomamos", declarou.

Por sua vez, Muktesh Pardeshi, secretário especial da presidência indiana do G20, explicou que a Ucrânia não constava na lista de países convidados para o evento.

"O G20 é um fórum econômico e não um fórum para discussões geopolíticas", enfatizou o embaixador. A cúpula pode discutir as consequências econômicas do conflito, mas não as formas de resolvê-lo, acrescentou.

 

Fonte: CNN Brasil/Sputnik Brasil/Poder 360

 

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