domingo, 27 de agosto de 2023

PF identifica em celular de Cid indícios de que militares financiaram tentativa de golpe de Estado

A Polícia Federal (PF) identificou em aparelhos celulares do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), indícios de que militares da ativa financiaram atos antidemocráticos e uma tentativa de um golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022.

As informações estão no relatório da PF que serviu de base para que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibisse Cid de se comunicar com Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Segundo os investigadores, na “análise parcial dos dados armazenados no aparelho telefônico” de Cid e de seu mulher, Gabriela Santiago Cid, foram identificadas “várias mensagens postadas em grupos e chats privados do aplicativo WhatsApp, em que os interlocutores, incluindo militares da ativa, incentivam a continuidade das manifestações antidemocráticas e a execução de um golpe de Estado após o pleito eleitoral de 2022, inclusive com financiamento aos atos ilícitos”.

De acordo com a PF, os elementos de prova colhidos até agora “ratificam a hipótese criminal relacionando a participação dos investigados na tentativa de execução de um golpe de Estado”, seja induzindo e instigando parcela da população ou por meio “de atos preparatórios e executórios propriamente ditos”.

A PF diz que Cid “reuniu documentos com o objetivo de obter o suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de Estado”.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, seguem os investigadores, “compilou estudos que tratam da atuação das Forças Armadas para Garantia dos Poderes Constitucionais e GLO”.

“Apesar de não terem obtido êxito na tentativa de golpe de Estado, a atuação dos investigados, possivelmente, foi um dos elementos que contribuíram para os atos criminosos ocorridos no dia 08 de janeiro de 2023”, diz o relatório da investigação.

Em sua decisão, Moraes afirma que a análise do celular de Cid também revelou indícios de que houve desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-presidente Jair Bolsonaro “ou agentes públicos a seu serviço” e “posterior ocultação da origem, localização e propriedade dos valores provenientes”.

O ministro diz ainda que, com o avanço das investigações, foram identificados “diferentes eixos de atuação” do que ele classifica como organização criminosa.

“Dentre eles, o uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens, por meio de desvio de bens de alto valor patrimonial recebidos de autoridades estrangeiras”.

 

Ø  PF diz que Mauro Cid enviou dinheiro aos EUA quando já estava preso; Bolsonaro nega crime de lavagem

 

Tenente-coronel foi preso no dia 3 de maio e movimentação bancária aconteceu no final de julho. Bolsonaro negou que 17 milhões de reais em PIX é lavagem de dinheiro e que foi doado por seus apoiadores.

A Polícia Federal descobriu que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, realizou uma transação no dia 25 de julho, quando já estava preso, no valor de US$ 34.391 (R$ 161.664) que saiu de uma conta no banco Wells Fargo Bank, dos EUA, para sua conta no Brasil, segundo a CNN.

Anteriormente, no dia 12 de janeiro, R$ 367.374,56 foram transferidos para uma conta que também pertence ao tenente-coronel nos Estados Unidos, no banco BB Americas.

A conversão, considerando a taxa de câmbio de R$ 5,21, resultou em US$ 70.500. A movimentação aconteceu quatro dias após os ataques de 8 de janeiro, relata a mídia.

Em investigações em diferentes inquéritos, o caso mais recente aponta que Cid integrou um esquema de venda de presentes de luxo, dados ao governo brasileiro quando Jair Bolsonaro era presidente da República.

·         Bolsonaro e PIX

Neste sábado (26), o ex-presidente, Jair Bolsonaro, disse que não há irregularidade nas doações via PIX feitas por seus apoiadores nos últimos meses.

"O PIX começou em junho. É um absurdo acusar de lavagem de dinheiro. Não existe nada errado. Vão ver. Um milhão de pessoas fizeram doações", disse Bolsonaro à CNN.

Segundo apuração feita pela mídia, a Polícia Federal vai cruzar dados para tentar identificar todos os doadores dos R$ 17 milhões que o ex-presidente recebeu via o método de transferência, uma vez que os investigadores querem saber se houve fraudes e suspeitam de lavagem de dinheiro.

A PF ainda pretende fazer uma colaboração com o Ministério Público para acessar o Sistema de Investigação de Movimentações Interbancárias (Simba).

Um relatório produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro do governo federal, aponta que o ex-presidente recebeu a quantia em sua conta pessoal nos primeiros seis meses deste ano.

 

Ø  Cúpula do Exército sabia da gravidade da crise na véspera do 8/1

 

A cúpula do Exército Brasileiro sabia por meios próprios da gravidade da crise em formação em Brasília no dia 7 de janeiro deste ano, véspera dos ataques golpistas contra as sedes dos três Poderes na capital federal.

Até aqui, era público que alertas haviam sido produzidos pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência), subordinada ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), como a Folha de S.Paulo revelou no dia seguinte à intentona de bolsonaristas contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Esses relatórios eram difundidos a diversos órgãos, inclusive o CIE (Centro de Inteligência do Exército). Mas a entidade militar produziu relatos próprios, que chegaram informalmente a integrantes de sua cúpula ao menos no sábado (7 de janeiro) anterior aos ataques.

A reportagem teve acesso a algumas dessas mensagens, que foram enviadas por WhatsApp e não por meio de informes oficiais --daí o CIE ter respondido à CPI do 8/1 que não tinha relatórios sobre o que ocorria no acampamento à frente do Quartel-General do Exército, um dos focos da confusão.

Aqueles que as receberam confirmam que houve hesitação em agir, em parte porque pela ordem estabelecida era o GSI o responsável em solicitar reforço de tropas ao CMP (Comando Militar do Planalto). Como a Folha de S.Paulo mostrou em janeiro, isso não aconteceu.

De todo modo, houve uma prontidão extraoficial decretada, disseram pessoas presentes à crise. Não deu muito certo: se durante as manifestações golpistas do 15 de novembro, após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Lula, havia 110 soldados no Planalto, os 36 mobilizados no dia 8 de janeiro só chegaram à sede do Executivo quando a baderna já estava instalada --Congresso e Supremo, também atacados, não eram suas atribuições.

O resto são os problemas conhecidos: não houve trabalho em parceria com as forças de segurança distritais e houve a ordem esdrúxula de permitir que os manifestantes de volta da Esplanada dos Ministérios voltassem ao acampamento junto ao QG, onde foram blindados por uma noite com apoio de dois carros de combate.

Lula foi informado de que a proteção era necessária para evitar conflitos, mas o fato é que, se os bolsonaristas não tivessem tido refúgio, poderiam ter sido presos --ao fim, na manhã e tarde seguintes, 1.406 estavam detidos.

O IPM (Inquérito Policial Militar) do Exército sobre o caso concluiu que houve um apagão generalizado, com o GSI emergindo como o principal culpado pela falta de coordenação entre forças diversas para proteger o Palácio do Planalto e garantir a segurança em Brasília.

Essa apuração não encontrou crimes militares na conduta dos agentes públicos, e foi remetida ao Supremo Tribunal Federal a pedido do ministro Alexandre de Moraes, que toca os inquéritos relativos ao golpismo bolsonarista. Lá poderão ser tipificadas, eventualmente, outras transgressões.

Nas mensagens do CIE, que podem ou não ter em sua origem os relatórios da Abin, é descrito o já conhecido roteiro do 8 de janeiro. Havia uma agitação moderada no acampamento em frente ao QG do Exército, mas os reais reforços golpistas para a "festa da Selma", senha informal do ataque, vieram em forma de ônibus bancados por empresários bolsonaristas de diversos estados.

A reportagem questionou o Exército sobre as mensagens e os encaminhamentos subsequentes, mas não houve comentários. Numa delas, é citado em tom de dúvida que a Polícia Militar do Distrito Federal havia garantido que todos os transportes estavam sendo vistoriados e que a situação era calma.

Com efeito, há quase duas semanas a cúpula da PM distrital foi presa, acusada de agir de forma proativa na maior ação coordenada contra a democracia brasileira desde o golpe de 1964. Isso não tira o foco sobre a atuação de fardados do Exército e de outras Forças, em menor medida, até pela identificação que a simbiose de quatro anos com Bolsonaro proporcionou.

Oficiais-generais que estiveram no centro da crise se queixam dessa versão. Segundo eles, o Alto-Comando do Exército, grupo de usualmente 16 generais de quatro estrelas, em momento algum discutiu adesão aos intuitos golpistas do entorno do então presidente e, depois, no 8/1.

Havia, concordam, pressão forte na base militar por algum tipo de ação contra Lula. É notório que havia vários integrantes do Alto-Comando com simpatias às elocubrações golpistas, particularmente acerca de dúvidas sobre as urnas eletrônicas. Mas, segundo a versão de integrantes do grupo, isso foi barrado pela posição majoritária do colegiado.

À frente do legalismo estavam dois generais curiosamente vistos como bolsonaristas: Valério Stumpf e Richard Nunes. Além deles, Tomás Ribeiro Paiva, que viria a tornar-se o comandante da Força após a insatisfação de Lula com a resposta do Exército ao 8/1.

Com efeito, esses três oficiais foram alvo de uma campanha difamatória no fim do ano passado, promovida pelo influente comentarista Paulo Figueiredo, neto do último general-presidente da ditadura de 1964, João Figueiredo. Ele fez postagens e comentários chamando os generais de melancia, gíria para quem é verde por fora (cor da farda do Exército) e vermelho por dentro (supostamente comunista).

Voltando ao eventos de janeiro, esses mesmos integrantes do Alto-Comando concordam que a resposta foi insuficiente e que a Força está pagando por isso, o que naturalmente só piorou pelo histórico de adesão a Bolsonaro e às revelações de episódios escandalosos como o das joias vendidas nos EUA pelo então ajudante de ordens do presidente, Mauro Cid, com ajuda de seu pai, o respeitado general de quatro estrelas da reserva homônimo.

O ministro José Múcio (Defesa) tem feito uma ofensiva para tentar blindar generais na crise, conversando com integrantes da CPI, do Supremo Tribunal Federal e do governo. Até aqui, a Polícia Federal tem ao menos 13 militares da ativa na mira, entre eles 2 generais.

Múcio tem tido dificuldade para acessar a lista de militares investigados até aqui no episódio do 8/1, o mais agudo em termos institucionais para as Forças. Mas seus aliados listam medidas internas que foram tomadas desde então.

Houve quatro IPMs. Um, o do CMP que está com Moraes e que não viu crimes militares. Os outros três, tocados pela 11ª Região Militar, que abarca Brasília. Num deles, um coronel da reserva está denunciado por ofender generais, enquanto em outros dois outro coronel da reserva é acusado de pregar o golpe nas redes.

Também houve quatro sindicâncias, todas no âmbito do CMP. Uma acabou com advertência a um militar por apoiar os manifestantes, outra com a prisão temporária de um major que cantou o Hino Nacional com os golpistas. Outras duas não acharam transgressões.

Por fim, houve as medidas fora do regramento militar. O tenente-coronel Cid perdeu a indicação, feita em maio de 2022, para comandar as Forças Especiais baseadas em Goiânia. Já seu colega coronel Jean Lawand Júnior, que exortou o então ajudante de ordens a estimular Bolsonaro a dar um golpe, ficou sem a promoção a adido militar adjunto nos Estados Unidos em 2024.

 

       Mauro Cid está proibido por Alexandre de Moraes de falar com Bolsonaro e Michelle

 

O ex-ajudante de ordens Mauro Cid está proibido de se comunicar com seu ex-chefe, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e outros investigados.

A restrição, imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também atinge a mulher dele, Gabriela Cid, e outros ex-ajudantes de ordens que são alvos do Supremo.

Mauro Cid prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (25), em um inquérito que apura as ações do hacker Walter Delgatti Neto contra sistemas da Justiça.

O ex-auxiliar de Bolsonaro está preso por suspeita de envolvimento em um esquema de fraude em cartões de vacinação de familiares e de Bolsonaro.

Para Moraes, com o avanço das apurações, a proibição de comunicação é uma medida necessária para garantir a conclusão das investigações.

“Evidentemente, neste caso, a incomunicabilidade entre os investigados alvos das medidas e absolutamente necessária a conveniência da instrução criminal, pois existem diversos fatos cujos esclarecimentos dependem da finalização das medidas investigativas, notadamente no que diz respeito à análise do material apreendido e realização da oitiva de todos os agentes envolvidos”, escreveu.

No documento, o ministro diz ainda que a análise dos dados do telefone celular aprendido com Cid revelaram "indícios de que houve desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-presidente da República ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação da origem, localização e propriedade dos valores provenientes, sendo revelados novos fatos e agentes envolvidos".

A decisão, em linhas gerais, proíbe vários investigados de manterem contato entre si.

•        Novos fatos

Moraes afirma que a análise dos dados encontrados no celular de Mauro Cid feita pela Polícia Federal revelou novos fatos e agentes envolvidos nas várias frentes de investigação, como suposto golpe de estado e desvio de presentes oficias de alto valor recebidos de governos estrangeiros.

•        Indícios

De acordo com relatos da PF ao STF “foram identificadas, nos telefones celulares de Mauro Cesar Cid e Gabriela Santiago Cid, várias mensagens postadas em grupos e chats privados do aplicativo WhatsApp, em que os interlocutores, incluindo militares da ativa, incentivam a continuidade das manifestações antidemocráticas e a execução de um golpe de estado após o pleito eleitoral de 2022, inclusive com financiamento aos atos ilícitos”.

A PF disse ainda que “a milícia digital reverberou e amplificou por multicanais a ideia de que as eleições presidenciais foram fraudadas, estimulando aos seus seguidores "resistirem" na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para uma intervenção federal comandada pelas forças militares, sob o pretexto de aturarem como um Poder Moderador, com base em uma interpretação peculiar do art. 142 da Constituição Federal”.

 

Ø  Advogado de Bolsonaro que resgatou Rolex nos EUA acumula dívidas e contas em atraso, diz jornal

 

Por trás do que aparenta ser uma vida milionária, Frederick Wassef, advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acumula dívidas em diferentes esferas, desde contas de condomínio não pagas a multas de IPTU para prefeituras. As complicações financeiras de Wassef foram listadas em uma reportagem do jornal Estadão.

Wassef foi quem recomprou um relógio Rolex do ex-presidente em Miami, nos Estados Unidos, estimado em US$ 68 mil - ou cerca de R$ 347 mil. Apesar de ter desembolsado tamanha bagatela, o advogado não conseguiu, dentre outras dívidas, pagar R$ 3.516,35 de IPTU para a prefeitura do município de Atibaia.

Em sua declaração de patrimônio ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para disputar as eleições de 2022 a deputado federal, Wassef disse ter R$ 18 milhões. O valor inclui um apartamento de três quartos também em Miami, com valor estimado em quase R$ 5 milhões. O boleto do ano passado com as taxas locais do imóvel, no valor de US$ 12.847,59 - ou R$ 62.621,72 - ainda não foi pago.

Além do imóvel, Wassef declarou ter três carros: um veículo Silverado de 1995, estimado em R$ 24 mil, uma caminhonete Ranger de R$ 112 mil e um Jetta, também avaliado em R$ 112 mil, mas declarado pelo advogado ter custado R$ 125 mil. Este último está com o IPVA de 2022 e 2023 em atraso, totalizando o valor de R$ 6,7 mil.

Outro bem trazido pelo Estadão é uma casa comprada por Wassef em março do ano passado, por R$ 3,7 milhões, no Setor de Mansões Dom Bosco, uma zona nobre de Brasília. O local, porém, se tornou um canteiro de obras parado.

O jornal visitou a casa na última segunda-feira, 21, e encontrou o cadeado de uma das portas da propriedade aberto, sem movimentação de trabalhadores ou de vigias. O responsável pela obra, Almir Pereira Filho, confirmou que ela estava parada e que o retorno depende apenas de Wassef. O mesmo imóvel também está com os pagamentos de IPTU em atraso. Já foram três parcelas de R$ 3.155,89, que ainda não foram pagas este ano.

Além disso, o Condomínio Fazenda Vila Nazareth, no município de Tuiuti (SP), cobra na Justiça R$ 46 mil de Frederick Wassef por despesas de manutenção do local. Em outro processo, a Prefeitura de Atibaia cobra R$ 3.516,35 em dívidas de IPTU de uma casa de Wassef que fica próxima a outro imóvel do advogado.

Ainda de acordo com o jornal, a maioria dos imóveis de Wassef foi herdado dos pais. Um levantamento em cartórios no Estado de São Paulo mostra que, entre os imóveis declarados pelo advogado, quatro deles foram doados pelos pais, Josephina Beyruti Wassef e Fayez Wassef. O imóvel mais recente comprado pelo advogado foi o apartamento em que mora de 189 metros quadrados, no Morumbi, por R$ 1.610.200,00, em agosto.

O jornal não conseguiu contato com Wassef para questionar as dívidas. O advogado foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal e, desde então, mudou de número de telefone.

 

Fonte: CNN Brasil/Sputnik Brasil/Fórum/Terra

 

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