terça-feira, 29 de agosto de 2023

Orcrim Bolsonarista: Perícia de celulares de Wassef e Cid traz 'riqueza de detalhes' no caso das joias

Informações novas e valiosas estão sendo extraídas dos celulares do advogado Frederick Wassef e do general da reserva Mauro César Cid, o que está atrasando o pedido de cooperação internacional com os Estados Unidos (saiba mais abaixo).

São novas revelações e detalhes sobre as negociações, os pagamentos e a destinação do dinheiro obtido com a venda ilegal das joias.

A perícia nos aparelhos apreendidos está ajudando a Polícia Federal a fechar a investigação com uma enorme riqueza de detalhes, segundo a apuração.

·         Pedido de cooperação será ajustado

Os investigadores estão incluindo as novas informações e ajustando a solicitação que será encaminhada aos Estados Unidos. Eles avaliam que a cooperação dos americanos tem que ser feita com o máximo de objetividade.

O pedido de cooperação da PF que será encaminhado aos Estados Unidos via DRCI, vinculado ao Ministério da Justiça, prevê quebras de sigilo bancário em contas dos investigados.

Prevê também a solicitação de diligências por parte do FBI em endereços de joalherias, de intermediários e outros locais ligados direta e indiretamente aos investigados pela Polícia Federal.

Crimes como peculato, lavagem de dinheiro e ocultação de valores são alvos da investigação.

·         Cid recebia por e-mail dados de conta bancária de Bolsonaro nos EUA, aponta documento

Documento recebido pela CPMI do 8 de janeiro aponta que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid recebia por e-mail todas as informações da conta de Jair Bolsonaro (PL) no Banco do Brasil nos Estados Unidos.

O e-mail pessoal de Cid foi cadastrado como o principal endereço eletrônico da conta bancária para receber todos os extratos, comprovantes de transferências de recursos, e qualquer outra informação relacionada à conta.

No documento de permissão de transação online, ao qual a CNN teve acesso, consta o e-mai de Cid, seguido da assinatura de Bolsonaro, o nome dele e a data: 21 de dezembro de 2020. É como se o e-mail de Cid fosse do próprio Bolsonaro.

Conforme revelou o jornal “Folha de S. Paulo”, Bolsonaro abriu conta no BB Americas, braço do Banco do Brasil em Miami, nove dias antes de deixar o país.

A Polícia Federal pretende mandar uma missão aos Estados Unidos para verificar as contas norte-americanas de Bolsonaro, Mauro Cid e do pai dele, o general Mauro Cesar Lourena Cid. A suspeita é que o dinheiro de presentes vendidos no exterior transitasse por essas contas.

Em 12 de janeiro deste ano, Cid transferiu R$ 367 mil para sua conta nos Estados Unidos, informam documentos revelados pela Folha e também obtidos pela CNN.

<><> Mauro Cid negocia confissão sobre joias com a Polícia Federal

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid sinalizou à Polícia Federal (PF) que pretende fazer uma confissão sobre o caso das joias que teriam sido dadas como presentes à Presidência durante a gestão de Bolsonaro e vendidas por aliados do ex-presidente.

A expectativa é de que o depoimento com novas informações sobre o caso ocorra na quinta-feira (31).

O advogado responsável pela defesa de Cid, Cézar Bitencourt, já se encontrou com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, duas vezes e, segundo apuração da CNN, solicitou um terceiro encontro antes da próxima oitiva de seu cliente.

A avaliação de investigadores ouvidos pela CNN é de que mesmo não sendo uma delação premiada, a confissão de Cid pode trazer algum benefício jurídico.

A defesa de Jair Bolsonaro cogita adiar seu depoimento no caso das joias, que também está marcado para o dia 31 de agosto, se não tiver acesso total ao inquérito. Segundo a PF, por enquanto, o depoimento do ex-presidente segue mantido.

<><> TCU deve punir servidores e apurar responsabilidade direta de Bolsonaro

A jornalista Natuza Neri, fo g1 apurou quais devem ser os próximos passos no Tribunal de Contas da União (TCU) a respeito do caso da suposta tentativa de venda de joias recebidas por comitivas do governo Jair Bolsonaro (PL) em viagens ao Oriente Médio.

O caso é relatado pelo ministro Augusto Nardes, tido como bolsonarista pelos próprios colegas, que o pressionam para que coloque logo a questão em votação no plenário.

A expectativa das fontes ouvidas é que o tribunal peça de volta todos os presentes recebidos e ratifique a devolução dos que já foram entregues. Além disso, é provável que seja pedida a punição de servidores da Secretaria-Geral da Presidência da República que permitiram o que foi chamado de “falcatruas” por uma das fontes.

Outra fonte afirma que também deve ser discutido se há elementos suficientes para comprovar que Jair Bolsonaro teve responsabilidade direta no imbróglio das joias. Até o momento, a defesa do ex-presidente tem insistido na tese de que, no máximo, houve no caso algum erro de natureza administrativa, argumento que ficaria muito prejudicada por uma decisão desfavorável no TCU.

·         Investigação da PF

No início de março, o ministro Nardes concedeu uma medida cautelar que permitiu ao ex-presidente continuar como depositário dos presentes de luxo recebidos da Arábia Saudita.

Nesse mesmo período, segundo investigação da PF, pessoas ligadas ao ex-presidente – como o tenente-coronel Mauro Cid e os advogados Frederick Wassef e Fabio Wajngarten – articulavam ações para trazer de volta ao Brasil um kit de joias que havia sido vendido nos Estados Unidos.

Em troca de mensagens obtida pela Polícia Federal, dois suspeitos de envolvimento no esquema, o tenente-coronel Mauro Cid e o advogado Fabio Wajngarten, discutem sobre a provável cassação da decisão de Nardes.

“Parece que vão cassar a decisão de Augusto Nardi [sic]”, escreveu Cid. Em resposta, Wajngarten disse: “Vão mesmo. Por isso era muito melhor a gente se antecipar”.

Cid, Wassef e Wajngarten estão entre as oito pessoas que devem prestar depoimentos à Polícia Federal na quinta-feira (31), de forma simultânea, sobre o caso das joias. A suspeita da PF é de que havia uma ação organizada para vender ilegalmente e, depois, recomprar as joias recebidas por comitivas como presentes de Estado durante a gestão Bolsonaro. O ex-presidente e a ex-primeira-dama, Michelle, também foram convocados a depor.

<><> PL traça estratégia política com Michelle para reagir ao caso das joias

Dirigentes do Partido Liberal (PL) traçaram uma estratégia de ofensiva para tentar neutralizar as críticas resultantes do caso das joias. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro deve aparecer fazendo falas fortes sobre o assunto, na tentativa de minimizar o impacto do escândalo.

A investigação da Polícia Federal (PF) que aponta que presentes dados à Presidência durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) depois teriam sido vendidos por seus aliados políticos não foi o suficiente para perfurar a bolha da direita nas redes sociais, de acordo com uma pesquisa feita pelo PL.

No entanto, a maior parte das menções ao episódio nas redes são negativas.

As falas de Michelle sobre o assunto serviriam como munição para ser replicada nas redes sociais. A ideia é fortalecer a ideia de que o caso seria uma tentativa de ofuscar pontos fracos da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No sábado (26), em um fórum do PL, a ex-primeira-dama já fez falas ironizando o caso, colocando em prática a nova estratégia. Michelle disse que iria criar uma marca própria de joias, a “Mijoias”.

Ela também afirmou que os holofotes sobre as suspeitas acerca da venda de joias estão sendo usados para desviar as atenções da CPMI do 8 de janeiro.

O papel de Michelle Bolsonaro deve ser maior nos próximos dias por conta das cirurgias programadas para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele deve passar por três operações daqui a duas semanas: uma de desvio de septo, outra de hérnia abdominal e uma terceira de obstrução intestinal.

O ex-presidente deve ficar de repouso por pelo menos uma semana após os procedimentos.

 

Ø  Mais um! Ricardo Salles vira réu em ação que apura exportação ilegal de madeira

 

O ex-ministro do Meio Ambiente e atual deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) se tornou réu em uma ação que apura um esquema de exportação ilegal de madeira. O ex-presidente do Ibama Eduardo Bim e outros servidores também foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF).

De acordo com a denúncia do MPF, as investigações apontam para a existência de um "grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais", com envolvimento do então ministro Ricardo Salles, além de servidores públicos e agentes do setor madeireiro.

O Ministério Público elencou uma série de apreensões de madeira de origem brasileira nos Estados Unidos, que estavam sem a documentação necessária para exportação.

Diante das apreensões, segundo as investigações, um conjunto de empresas do setor madeireiro buscou apoio junto a dois servidores do Ibama, incluindo o superintendente do órgão no Pará.

Segundo o MPF, os servidores do Ibama emitiram certidões e um ofício sem valor jurídico com o objetivo de liberar a madeira apreendida. No entanto, a documentação não foi aceita pelas autoridades norte-americanas, "em razão da evidente ilegalidade".

Ainda conforme a denúncia, em fevereiro de 2020, Ricardo Salles se encontrou com representantes de empresas envolvidas no suposto esquema, além de parlamentares, para uma reunião sobre exportação de madeiras ativas do Estado do Pará.

Após a reunião, segundo a investigação, houve atendimento integral e "quase que imediato" da demanda das empresas, com parecer técnico "legalizando, inclusive com efeito retroativo, milhares de cargas expedidas ilegalmente entre os anos de 2019 e 2020".

Segundo a investigação, "a mais alta cúpula do Ministério do Meio Ambiente e a alta direção do Ibama manipularam pareceres normativos e editaram documentos para, em prejuízo do interesse público primário, beneficiar um conjunto de empresas madeireiras e empresas de exportação que tiveram cargas de madeira apreendidas nos Estados Unidos".

A denúncia do MPF foi recebida pela 4ª Vara Federal/Criminal do Pará, nesta segunda-feira (28).

Ricardo Salles foi denunciado pelo MPF por facilitar a prática de contrabando ou descaminho, por dificultar ação fiscalizadora do Poder Público em questões ambientais e por promover, constituir, financiar ou integrar organização criminosa.

Já Eduardo Bim foi denunciado por corrupção passiva, por dificultar ação fiscalizadora do Poder Público em questões ambientais e por promover, constituir, financiar ou integrar organização criminosa.

Além deles, outras 20 pessoas foram denunciadas por delitos que envolvem corrupção passiva, crimes contra a flora e organização criminosa. Entre os denunciados estão servidores públicos e agentes do setor madeireiro.

O g1 tenta contato com Ricardo Salles e Eduardo Bim.

·         Operação Akuanduba

A denúncia cita ainda a Operação Akuanduba, deflagrada pela Polícia Federal em maio de 2021 para apurar a suspeita de facilitação à exportação ilegal de madeira do Brasil para os EUA e Europa.

A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e cumpriu 35 mandados de busca e apreensão e resultou no afastamento de servidores do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama.

Segundo a PF, um dos principais pontos da investigação é a edição de um despacho interpretativo assinado pelo ex-presidente do Ibama, Eduardo Bim, em 25 fevereiro de 2020. O documento retirou a obrigatoriedade de concessão de uma autorização específica para a exportação de madeira.

O documento em questão faria parte dos pedidos feitos pelas empresas durante a reunião com o ex-ministro Ricardo Salles.

Ainda de acordo com a apuração, "na sequência da aprovação desse documento e revogação da norma, servidores que atuaram em prol das exportadoras foram beneficiados pelo ex-ministro com nomeações para cargos mais altos, ao passo que servidores que se mantiveram firmes em suas posições técnicas, foram exonerados por ele".

Salles deixou o Ministério do Meio Ambiente em junho de 2021.

 

Fonte: g1/CNN Brasil

 

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