quarta-feira, 5 de julho de 2023

Flávio Bolsonaro inverte realidade dos fatos para apoiar pastor criminoso, diz Gleisi

A presidenta do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann denunciou o senador Flávio Bolsonaro pelo apoio ao pastor André Valadão, que realizou discurso de ódio contra a comunidade LGBT. “Filho mais velho de Bolsonaro apela pra falsa narrativa de perseguição às igrejas pra defender o tal pastor homofóbico”, afirmou Gleisi.

“Esse é o que essa gente sabe fazer bem, inverter a realidade dos fatos pra apoiar criminoso que se esconde atrás da fé e estimula ódio e a violência entres os cristãos. Assim como fizeram nas eleições. São perigosos e só sabem fazer mal”, criticou.

O senador Flávio Bolsonaro utilizou as redes sociais nesta terça-feira (4) para sair em defesa do pastor André Valadão após a repercussão de declarações homofóbicas em um culto exibido no domingo. “Aos que estavam duvidando, a perseguição chegou dentro das igrejas, é o início do fim do resto que ainda tínhamos de liberdade religiosa”, disse Flávio comentando uma notícia que alegava ser mentira que Valadão incitou fiéis a matar LGBTs.

Nesta terça-feira (4), o ministro da Justiça, Flávio Dino, sinalizou que o pastor bolsonarista "responderá" pelos ataques homofóbicos feitos por ele contra a comunidade LGBTQIA+. "O suposto cristão que propaga ódio contra pessoas, por vil preconceito, tem no mínimo dois problemas. Primeiro, com Jesus Cristo, que pregou amor, respeito, não violência contra pessoas. 'Amar ao próximo como a si mesmo', disse Jesus. Segundo, com as leis, e responderá por isso", postou Dino no Twitter.

A afirmação de Valadão foi feita durante uma pregação dominical na igreja Lagoinha, em Orlando, nos Estados Unidos. De acordo com ele, se Deus pudesse, "matava tudo". "Agora é a hora de tomar as cordas de volta e dizer: não, não, não. Pode parar, reseta", iniciou. "Aí Deus fala: Não posso mais. Já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas prometi para mim mesmo que eu não posso. Agora tá com vocês", disse na ocasião.

O tom violento do bolsonarista é algo recorrente. Valadão já disse que que afogaria o presidente Lula por 30 segundos e que "Deus abomina o orgulho", referindo-se ao mês do orgulho LGBTQIA+.

Nas redes sociais, o parlamentar compartilhou um vídeo em que Valadão se defende das acusações. "Aos que duvidaram... o assédio chegou ao âmbito religioso, é o início do fim do pouco de liberdade religiosa que nos restava", escreveu o parlamentar na publicação.

O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) abriu inquérito contra o pastor André Valadão, acusado de homotransfobia, após ele  incitar o assassinato de pessoas da comunidade LGBTQIA+. O MP atendeu ao pedido da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que também solicitou a prisão do religioso pela “evidente referência discriminatória à população LGBTQIA+”. Em um culto, Valadão insinuou que os fiéis deveriam matar membros da comunidade LGBT+. O episódio ocorreu no domingo (2) na Igreja Batista Lagoinha em Orlando, nos Estados Unidos. A cerimônia foi transmitida online.

Políticos e internautas demonstraram indignação com o posicionamento de André Valadão. Na campanha eleitoral do ano passado, o pastor foi um dos apoiadores evangélicos mais entusiasmados de Jair Bolsonaro (PL) .

·         André Valadão carrega culpa por desejar a homossexualidade, diz Jean Wyllys

O ex-deputado federal Jean Wyllys expressou forte desaprovação em relação ao pastor André Valadão, acusado de incitar ataques contra a comunidade LGBTQIA+. A fala do ex-parlamentar veio em resposta às declarações polêmicas proferidas por Valadão durante um culto realizado na Igreja Batista Lagoinha, em Orlando, nos Estados Unidos, e transmitido online.

Em sua manifestação, Jean Wyllys criticou o uso da expressão "supostamente homotransfóbica" para descrever as palavras do pastor, considerando-a uma forma de minimizar a conduta prejudicial de Valadão em relação à comunidade LGBTQIA+. Wyllys alegou que os ataques perpetrados pelo religioso são sintomas de uma culpa profunda que ele carrega por supostamente desejar a homossexualidade.

A repercussão das declarações de Valadão não se limitou apenas à comunidade LGBTQIA+, alcançando políticos e internautas em geral. O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) abriu um inquérito para investigar o caso, em resposta a uma solicitação da deputada federal Erika Hilton, do PSOL-SP, que também pediu a prisão do pastor pelo seu discurso discriminatório e incitador de violência.

A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann, também se pronunciou contra as declarações de Valadão, repudiando tanto seus ataques a homossexuais quanto suas críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A postura do pastor, que foi um apoiador entusiasmado do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral do ano anterior, causou indignação em diversos setores da sociedade.

O caso coloca em evidência a necessidade de combater a homofobia e a transfobia, bem como de responsabilizar aqueles que incitam ou promovem violência contra pessoas LGBTQIA+. A incitação ao ódio e a violência não apenas viola direitos humanos básicos, mas também contribui para a disseminação de um ambiente hostil e perigoso para a comunidade LGBTQIA+, que já enfrenta desafios significativos em termos de igualdade e inclusão.

 

Ø  Além da homofobia: veja outros discursos de ódio envolvendo André Valadão

 

Se você sabe quem é o pastor André Valadão, o pastor que sugeriu a morte de pessoas LGBTQIA+ durante um culto da Igreja Batista da Lagoinha, em Orlando, nos Estados Unidos, com certeza deve se lembrar de alguma outra polêmica envolvendo suas falas raivosas. 

“Se eu pudesse, matava tudo e começava de novo. Mas prometi que não posso, agora está com vocês’”, declarou Valadão no culto transmitido ao vivo. A fala levou o Ministério Público Federal a abrir um inquérito contra ele, após um pedido do senador Fabiano Contarato (PT-ES)

Além disso, o pastor coleciona polêmicas que vão de ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até discursos de ódio contra grupos minorizados. Veja alguns casos. 

·         Mais homofobia 

Em junho, foi comemorado o mês do orgulho LGBTQIA+. Ao comentar a data, André Valadão disse que "Deus odiava o orgulho", fazendo referência à palavra de ordem que a comunidade carrega. 

Na mesma ocasião, o pastor disse: “Deus não destruiu a humanidade por causa de roubo, assassinatos ou idolatria. Deus destruiu a humanidade por causa da imoralidade sexual. Imoralidade sexual é um pecado grave. Não sou eu que estou dizendo, é a bíblia que diz: homossexuais passivos ou ativos não herdarão o reino de Deus”.

TSE e mentira sobre condenação 

Durante a eleição de 2022, Valadão foi um dos principais cabos eleitorais de Jair Bolsonaro (PL) no meio evangélico. Ataque ao presidente Lula (PT) e ao projeto da esquerda eram comuns em seus sermões e postagens nas redes. 

Entre os vídeos, o pastor forjou uma decisão do TSE que o obrigava a se retratar sobre suas falas acerca de Lula. Horas após a publicação, Valadão fez uma postagem em suas redes sociais em que mencionava censura. 

A assessoria do TSE, no entanto, negou qualquer pedido de declaração vinda do pastor.

·         Preconceito contra o judaísmo

André Valadão também se indispôs com a comunidade judaica em 2021. Ao receber um questionamento em seu Instagram sobre "por que os judeus são tão abençoados por Deus, mesmo que a maioria não creia em Cristo", o pastor respondeu de maneira preconceituosa.

"Você está falando que abençoado é quem tem dinheiro? Judeu só tem dinheiro. Dinheiro não muda a vida de ninguém, não salva ninguém, não. Gente, para de pensar que ser abençoado é ter dinheiro. Os judeus podem até ter dinheiro, mas ninguém é mais abençoado que um cristão", disse ele na ocasião.

 

Ø  Marco Feliciano defende Valadão com discurso bizarro e ataca presidente Lula

 

O deputado bolsonarista e pastor fundamentalista Marco Feliciano (PL-SP) saiu em defesa do também pastor André Valadão, que durante um culto realizado no último domingo (2), incitou os fiéis a matarem pessoas LGBT+ como se fosse uma espécie de missão divina.

Com um discurso bizarro, Marco Feliciano afirmou que Valadão "é um homem de família", atacou parlamentares da esquerda que criticaram o discurso de André Valadão, misturou tudo com o comunismo e atacou o presidente Lula (PT), a quem classificou como "canalha".

"O pastor André Valadão, que é um homem muito conhecido em nosso meio evangélico, é um homem íntegro, é um homem de família e tem sido atacado covardemente pela extrema imprensa, que insiste em distorcer as falas [de André Valadão]. Ele está vivendo o que eu vivi no ano de 2013, quando pegaram falas, separaram palavras e usaram isso publicamente, acabando por destruir a imagem e a reputação das pessoas", iniciou Marco Feliciano.

Em seguida, Feliciano atacou os parlamentares da esquerda que criticaram Valadão. "Não bastasse ser atacado pela extrema imprensa, ele foi atacado aqui neste parlamento agora há pouco por três deputados: um socialista, uma comunista e um vigarista. Entenda-se por vigarista: um canalha. Eu até entendo um socialista ter um problema de cognição, porque o socialista que atacou o pastor André Valadão aqui já chamou minha mãe certa vez de prostituta, uma mulher negra e analfabeta."

Posteriormente, Marco Feliciano afirmou que o presidente Lula é ignorante e "um canalha". "A comunista falar em paz e amor já começa a me dar angústia, porque o comunismo defende o oposto. O comunismo matou mais de 100 milhões de pessoas ao redor do mundo. Só na Ucrânia, mais de 8 milhões de pessoas morreram de fome por conta do comunismo. Aí alguém, em pleno século XXI, falar que ama ser comunista, ou pior, como disse aqui o líder, o presidente da nação [Lula], que tem orgulho de ser chamado de comunista, porque não conhece a história ou é um verdadeiro canalha também."

·         Governo Lula enquadra Valadão e fundamentalistas

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, durante discurso na cerimônia de divulgação do "Relatório de Recomendações para o Enfrentamento ao Discurso de Ódio e ao Extremismo no Brasil", realizada nesta segunda-feira (3), criticou, sem citar nominalmente, as recentes declarações do pastor André Valadão, que incitou seus fiéis a matarem pessoas LGBT+ e fundamentalistas que usam a fé para propagar o ódio.

Para o ministro do governo Lula, a atuação de Valadão e de outros propagadores do ódio é "criminosa" e deve "prestar contas à Justiça brasileira". Além disso, Almeida afirmou que, na contemporaneidade, "o ódio é uma mercadoria".

"O ódio é uma mercadoria, no sentido mais específico do termo, tal como aprendemos desde o século XIX. O ódio, portanto, tornou-se fonte de lucro para empresas, inclusive aquelas que administram as chamadas redes sociais. Mas, além disso, o ódio tornou-se fonte de popularidade e uma forma de existência para pessoas sem escrúpulos, pois sabemos que o ódio gera engajamento, o que é fundamental para o que chamamos de economia da atenção", disse Almeida.

Posteriormente, Silvio Almeida direcionou sua crítica aos mercadores da fé e mandou um recado: "Sabemos também que o ódio é fundamental para os mercadores da fé, para os fariseus, que manipulam a fé das pessoas de cima dos púlpitos, servindo apenas para destilar seu ódio. Essas pessoas não estão acima da lei, não estão acima da Constituição e, em um Estado laico no qual as pessoas têm todo o direito de expressar sua religião, mas também têm o direito de não ter religião, certamente prestarão contas à Justiça brasileira. Não tenham dúvidas disso", alertou.

Além disso, Silvio Almeida também afirmou que "o anonimato das redes não pode ser escudo para a impunidade, tampouco a imunidade parlamentar. Um falso sentimento ou uma falsa proposição de religiosidade também não é escudo para quem pratica crimes. É assim que essas pessoas devem ser tratadas".

"Quem censura é o ódio, o radicalismo, o preconceito, a discriminação, o racismo. Não existe liberdade sem o exercício da responsabilidade. Portanto, ser livre também significa arcar com as consequências dos próprios atos. É saber que nossas ações, quando afetam a vida de alguém, terão consequências", concluiu o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

 

Fonte: Brasil 247/Fórum

 

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