Fazendeiro que
financiou acampamentos golpistas é pré-candidato pelo PL
O
fazendeiro Enric Lauriano, que participou do financiamento dos acampamentos
golpistas na frente do Quartel-General do Exército, em Brasília, é
pré-candidato à Prefeitura de Xinguara (PA) pelo PL de Jair Bolsonaro.
Lauriano
se filiou ao PL em março deste ano e vem dando entrevistas a rádios locais de
Xinguara, cidade onde tem fazendas e uma empresa que atua no ramo do
agronegócio. Nas entrevistas, coloca-se como pré-candidato para 2024.
O
fazendeiro organizava vaquinhas por Pix para enviar a golpistas acampados em
Brasília, conforme revelaram os repórteres Diego Junqueira, Gisele Lobato e
Hélen Freitas, em janeiro deste ano.
Além
de financiar os atos, o fazendeiro esteve presencialmente nos atos golpistas do
8 de Janeiro e participou da invasão ao Palácio do Planalto, mostraram vídeos
que foram publicados em suas redes sociais e deletados após as investigações do
Supremo Tribunal Federal.
Em
2020, Lauriano se candidatou ao cargo de prefeito de Xinguara pelo extinto PSL,
mas perdeu no segundo para Dr. Moacir, do PL do Pará.
Na Câmara, 70 deputados ignoram ordem e
mantêm fachadas de gabinetes “poluídas”
Na
Câmara, 70 deputados ignoram e desobedecem uma norma da Primeira Secretaria da
Mesa. Eles não cumpriram a determinação de retirar todo material de divulgação
fixada na fachada de seus gabinetes. É o caso da deputado Coronel Chrisóstomo
(PL-RO), na foto acima. Esse painel é a entrada de seu gabinete.
O
prazo para limparem as fachadas e removerem cartazes, banners, plotagens e
adesivos venceu no último dia 22. Este blog circulou andar por andar dos dois
anexos onde se localizam os gabinetes e contabilizou que 70 parlamentares não
cumpriam a ordem até a última sexta-feira, dia 30 de junho.
Os
gabinetes desses deputados seguem exibindo painéis enormes nas portas e
fachadas com autopropaganda. A secretaria encaminhou pelo menos três avisos aos
gabinetes comunicando a obrigação da retirada desse material.
Numa
das comunicações aos deputados, o primeiro-secretário, Luciano Bivar
(União-PE), diz que o objetivo é preservar a integridade dos edifícios e evitar
a “poluição visual” e danos ao patrimônio público.
“De
forma reiterada tenho recebido reclamações de parlamentares a respeito da
grande quantidade de cartazes e banners colocados nas dependências da casa, em
especial nas fachadas dos gabinetes, gerando poluição visual nos ambientes” –
afirma Bivar, num dos alertas para removerem os painéis.
Servidores
da Polícia Legislativa da Câmara entregaram esses avisos nos gabinetes, com o
alerta de que se não retirassem, medidas seriam tomadas. Mas não se sabe qual.
Por
partido, o PL é o “campeão” em poluição visual de gabinetes. Dos 70
desobedientes, 22 são do partido de Jair Bolsonaro, incluído seu filho, Eduardo
Bolsonaro, com mensagem contra o PT pregada na entrada. Há bolsonaristas que atenderem
o pedido. Caso de Bia Kicis (PL-DF), que retirou dolocal uma foto enorme sua ao
lado do ex-presidente e que ocupava toda uma das portas da fachada. A
parlamentar fixou a imagem no interior do gabinete.
Os
deputados do PSol aparecem em segundo nesse ranking. Nove parlamentares da
legenda têm material afixado na porta. A maioria é conteúdo referente a
ex-vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio, em março de 2018. Célia
Xakriabá tem esse painel com dizeres referentes à preservação da floresta (foto
abaixo). A parlamentar foi procurada pelo blog, por intermédio de sua
assessoria, mas não houve retorno.
O
blog considerou qualquer cartaz afixado, independentemente do tamanho, mesmo
que seja uma folha com alguns dizeres, até os enormes painéis, com plotagens
gigantes. Veja o vídeo abaixo, onde aparecem na sequência a fachada dos
gabinetes dos deputados Daniel Agrobom (PL-GO), Icaro de Valmir (PL-SE) e
Marcos Pollon (PL-MS). Agrobom e Valmir não foram localizados na sexta-feira
pelo blog e Pollon não retornou, após contato com sua assessoria.
Uma
presidente de partido, Renata Abreu (Podemos-SP), na foto abaixo, também mantém
um painel grande na fachada de seu gabinete, até com estrutura de vidro. Também
procurada, via sua assessoria, não houve retorno.
O
gabinete de Chrisóstomo, também procurado, não retornou. O espaço segue aberto
para todos se manifestarem.
PT
e MDB estão em terceiro entre os mais “poluidores”, com sete deputados cada. E
o União, de Luciano Bivar, está em quarto, com seis parlamentares fazem
autopropaganda na fachada do gabinete.
Silêncio de ex-ministros e militares
sobre TSE incomoda Bolsonaro
O
silêncio de alguns aliados e ex-auxiliares sobre a decisão do TSE de tornar
Jair Bolsonaro inelegível por oito anos incomodou o ex-presidente e integrantes
do seu atual entorno.
Sob
reserva, auxiliares dizem que o ex-presidente notou a ausência de mensagens em
desagravo a ele por parte de alguns parlamentares aliados, ex-ministros e
militares que atuaram em seu governo.
Segundo
essas fontes, chamou a atenção de Bolsonaro sobretudo o silêncio de alguns de
seus ex-ministros da área jurídica ou que davam expediente no Palácio do
Planalto durante a gestão anterior.
O
ex-presidente, como noticiou a coluna, deixou claro a aliados que não pretende
transferir seu espólio eleitoral agora, já anunciando quem apoiará nas eleições
de 2026.
A
avaliação é que, se fizesse isso agora, Bolsonaro estaria admitindo de vez a
derrota e queimando aquele que ungirá em 2026 como candidato da direita à
Presidência da República.
Mais
do que não querer anunciar seu sucessor agora, Bolsonaro tem dito que observará
com “lupa” “oportunistas” que se precipitarem para tomar seu lugar no campo da
direita.
Para
o ex-presidente, os oportunistas seriam não só aqueles que se colocam
publicamente como opção, como aqueles aliados que silenciam sobre o julgamento
do TSE que o tornou inelegível.
PT avalia que Bolsonaro ainda tem alguma
força e monta estratégia para neutralizá-lo
O
Partido dos Trabalhadores (PT) reconhece a força política do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), mesmo após ter sido declarado inelegível pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Os petistas estão cientes de que Bolsonaro pode mobilizar uma
oposição significativa aos planos políticos do partido. Diante disso, o PT
pretende implementar uma estratégia focada nas redes sociais para neutralizar o
discurso de que Bolsonaro foi vítima de um julgamento político por parte da
corte eleitoral, informam Catia Seabra e Thiago Resende na Folha de S. Paulo.
A
preocupação do PT é que os escândalos envolvendo Bolsonaro não sejam perdidos
no meio da narrativa bolsonarista, que tenta reduzir o caso às acusações
relacionadas à reunião com embaixadores em julho do ano passado, na qual
informações falsas sobre o processo eleitoral brasileiro foram apresentadas.
Diante das suspeitas envolvendo a família do ex-presidente, como a compra de
imóveis, a doação de joias para Michelle Bolsonaro e os diálogos golpistas de
seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, o PT planeja explorar esses assuntos para
diminuir o capital político de Bolsonaro.
Embora
Bolsonaro não possa concorrer na próxima eleição, o ex-presidente ainda possui
a capacidade de transferir votos do eleitorado bolsonarista para um candidato
de seu grupo político. O PT acredita que a fatia desse eleitorado, que pode
chegar a cerca de 30% dos eleitores do país, é suficiente para levar o indicado
por Bolsonaro ao segundo turno. Por isso, o partido busca reduzir esse
potencial de transferência de votos. A estratégia central do entorno de Lula é
confrontar a imagem de Bolsonaro como vítima.
Antigo amigo tem evitado contato com
Bolsonaro por medo da CPMI
Ex-assessor
de Jair Bolsonaro e um de seus mais antigos amigos, Waldir Ferraz tem evitado
contato com o ex-presidente por medo de ser alvo da CPMI do 8 de Janeiro.
Ferraz
teme que seu nome tenha sido citado por aliados de Bolsonaro como alguém que
apoiaria tentativa de golpe do ex-presidente após a derrota.
Amigo
antigo de Bolsonaro, Ferraz tem dito a aliados que teme ser considerado pela
Justiça um segundo Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do presidente, ou um
segundo Max Guilherme, ex-segurança de Bolsonaro, ambos presos pela Polícia
Federal em maio deste ano.
Conversas
interceptadas pela PF no inquérito da fraude nos cartões de vacina mostraram
que Cid e Max conversaram sobre possibilidades de golpe com aliados de
Bolsonaro, como o major Ailton Barros, também preso pela PF.
Apesar
do afastamento, Ferraz foi ao encontro de Bolsonaro no aeroporto Santos Dumont
no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (29/5). O ex-assessor foi o primeiro a
chegar, mas não seguiu com o ex-presidente para a casa de Carlos Bolsonaro, na
Barra da Tijuca.
Governistas não queriam ouvir Mauro Cid
agora na CPMI do 8/1
O
presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União Brasil-AP),
desagradou governistas ao marcar para terça-feira (4/7) o depoimento do
tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Nos
bastidores, deputados e senadores da base aliada ao governo Lula dizem que
preferiam ouvir Cid mais para a metade dos trabalhos da comissão, quando
avaliam que haverá elementos mais robustos para questionar o militar.
“Está cedo para ouvi-lo”, avaliou à coluna sob
reserva um deputado do PT que integra a CPMI.
Cid
está preso desde maio de 2023, com base em investigação que apura fraude em
certificados de vacinação contra a Covid-19. Ele também é investigado por
participação nas tentativas de golpe para evitar a posse de Lula.
Fatura da devastação chegará a Bolsonaro
em parcelas, sem cargo e sem candidatura
Jair
Bolsonaro deixou um rastro de devastação. A demolição de políticas públicas, a
negligência como método de governo, o incentivo à selvageria, a corrosão da
democracia e o envenenamento institucional foram produtos de seu ciclo no
poder. A fatura pelos prejuízos chega para o ex-presidente em parcelas.
Bolsonaro
sofreu três grandes derrotas em oito meses. O fracasso na eleição foi a
primeira e a mais humilhante, já que o voto é um dos pilares principais de
qualquer populista. A segunda foi a frustração do plano de golpe com o qual o
capitão e seus aliados mais radicais sonhavam.
A
inelegibilidade declarada pelo TSE se soma ao pacote. Bloqueia o retorno de
Bolsonaro ao poder antes de 2030 e limita, em médio prazo, seu acesso a
instrumentos para se recuperar dos outros reveses.
Os
três insucessos se deram em fóruns que o ex-presidente tentou manipular.
Bolsonaro arrombou os cofres do governo para melhorar suas chances nas urnas e
abusou do poder para deslegitimar o processo eleitoral; desvirtuou o papel das
Forças Armadas para alimentar a fantasia do golpe; e liderou uma campanha para
desqualificar a Justiça Eleitoral.
A
notícia ruim é que, apesar de não ter conseguido o que queria, ele deixou sua
marca. Conquistou um eleitorado numeroso e sólido (com uma parte simpática a
teses autoritárias), deu fôlego a facções militares golpistas e cristalizou a
desconfiança em relação aos tribunais.
Fonte:
Metrópoles/Brasil 247/FolhaPress
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