quinta-feira, 27 de julho de 2023

Cúpula Rússia-África de 2023: aspectos-chave que você precisa saber

A Segunda Cúpula Rússia-África e o Fórum Econômico e Humanitário ocorrerão na cidade russa de São Petersburgo, de 27 a 28 de julho. Quais assuntos estarão em foco no evento e qual mensagem a cúpula enviará ao Sul Global?

A Cúpula Rússia-África busca ser uma continuação da reunião similar de 2019, que contou com a presença de 43 líderes africanos, para manter o diálogo global entre os países do continente e Moscou.

·         Como o formato foi estabelecido?

A ideia de criar a plataforma para cooperação russo-africana foi anunciada pela primeira vez por Vladimir Putin, presidente da Rússia, em julho de 2018 em Joanesburgo, durante o encontro com os líderes do BRICS, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Em outubro de 2019, a declaração conjunta dos Estados africanos e Rússia estabeleceu o Fórum de Parceria Rússia-África a fim de coordenar os laços russo-africanos. Particularmente, designou a Cúpula Rússia-África como seu órgão supremo a ser convocado uma vez a cada três anos. As partes também concordaram em realizar consultas entre ministros das Relações Exteriores no período entre as cúpulas.

·         Quantos Estados africanos participarão do evento?

Quarenta e nove delegações de Estados africanos e de associações de integração regionais e sub-regionais, como a União Africana, confirmaram até agora a sua participação na Segunda Cúpula Rússia-África.

Cúpula Rússia-África de 2023: aspectos-chave que você precisa saber - Sputnik Brasil

·         O que está na agenda do fórum de 2023?

A Segunda Cúpula Rússia-África será realizada sob o lema "Pela paz, segurança e desenvolvimento".

Espera-se que os participantes do fórum discutam:

- parceria Rússia-África para ajudar o continente a alcançar a "soberania alimentar", alternativas ao acordo de grãos e novos corredores logísticos para os alimentos e fertilizantes russos;

- reforço da cooperação comercial, econômica, cultural, educacional, científica e de segurança entre a Rússia e os Estados africanos;

- potencial adesão da África ao Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul;

- participação da Rússia em projetos de infraestruturas africanos;

- aprovação do Plano de Ação do Fórum de Parceria Rússia-África para 2026.

No total, cinco documentos estão previstos para assinatura na cúpula, de acordo com o embaixador especial russo, Oleg Ozerov. Além do Plano de Ação do Fórum de Parceria Rússia-África para 2026, os participantes adotarão uma Declaração Política Geral e três documentos relacionados à luta contra o terrorismo, ao não envolvimento de armas no espaço e à segurança da informação internacional.

 

       Em encontro com Dilma, Putin diz que países do Brics não fazem ‘conluio’ contra ninguém

 

A ex-presidente brasileira Dilma Rousseff foi recebida nesta quarta-feira (26/07) pelo mandatário da Rússia, Vladimir Putin, em um encontro realizado na cidade de São Petersburgo.

A reunião entre as duas autoridades ocorre na véspera do início da cúpula entre a Rússia e os países da África, na qual a ex-mandatária brasileira irá representar o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, também conhecido como Banco do Brics), que ela preside desde abril.

No encontro com Dilma, Putin ressaltou a experiência da sua convidada como presidente do Brasil (entre 2011 e 2016), afirmando que essa capacidade será importante para “enfrentar o difícil cenário econômico atual, no qual o dólar vem sendo utilizado como um instrumento de luta política”.

Putin também enfatizou que o Brics tenta se estabelecer no mundo como uma entidade capaz de ajudar os países em desenvolvimento sem apoiar conflitos internos nos mesmos, e que espera que o trabalho do NDB na gestão da brasileira reforce essa posição.

 “Os membros da nossa organização (Brics) não fazem conluio contra ninguém, pois trabalham apenas por seus interesses mútuos. Isso vale também para a esfera financeira”, afirmou o mandatário russo.

Outro projeto que Putin destacou na reunião foi o da criação de um sistema de pagamentos em moedas nacionais entre os países do Brics, o que, segundo ele, “pode desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento de um cenário mais justo para o comércio internacional”.

Viagem de Dilma

A presença da presidente do NDB na Rússia também servirá como prévia da Cúpula do Brics, que acontecerá entre 22 e 24 de agosto na cidade de Johanesburgo, na África do Sul.

Durante a Cúpula Rússia-África, Dilma deve se reunir com o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, que será anfitrião do evento anual do bloco.

Vale lembrar que a cúpula do Brics não contará com a presença de Putin, já que o Kremlin anunciou oficialmente, dias atrás, que o mandatário russo não pretende viajar para Johanesburgo – se especula que a decisão tenha sido tomada em função das ameaças de prisão por parte de organismos internacionais ligados a países do Ocidente, que acusam o líder russo por crimes que teriam sido cometidos durante o conflito com a Ucrânia.

<><> Rússia considera que Macron não tem nada a oferecer à cúpula do BRICS

A presença na cúpula do BRICS do presidente francês Emmanuel Macron, que pediu às autoridades sul-africanas para participar da reunião, mas nunca recebeu um convite, não ajudaria a resolver os problemas enfrentados pela união, afirmou em briefing a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.

Maria Zakharova relembra que o envio de convites é prerrogativa do presidente do bloco, em coordenação com todos os participantes da associação.

"Quanto à posição russa, temos repetidamente expressado isso. Consideramos inapropriada a participação nas reuniões do BRICS dos representantes da linha de frente hostis ao nosso país e aos Estados que seguem o curso neocolonial dos países do Ocidente coletivo", disse ela.

A chancelaria russa lembrou que o BRICS foi criado "para reforçar o papel dos países em desenvolvimento em um mundo multipolar, para desenvolver agendas coletivas, criativas e unificadoras para toda a comunidade internacional".

"Estamos convencidos de que a participação do presidente da França na cúpula do BRICS não contribuiria de forma alguma para a implementação dessas tarefas. A França não tem nada a oferecer a esta associação, que poderia interessá-lo [Macron]", acrescentou Zakharova.

Anteriormente, o portal local News24 informou que o presidente francês Emmanuel Macron havia pedido às autoridades sul-africanas para estar presente na cúpula do BRICS em agosto.

De acordo com uma fonte informada, a África do Sul não respondeu se está preparada para permitir que outros líderes internacionais participem do evento. Um porta-voz do presidente sul-africano disse mais tarde à Sputnik que não tinha conhecimento do pedido de Macron para estar na cúpula do BRICS como convidado.

Na quarta-feira (19), o gabinete do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa confirmou que a cúpula será realizada de 22 a 24 de agosto e Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, representará a Rússia.

Além do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, os presentes da China, Xi Jinping, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, bem como o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, participarão do evento.

 

Ø  Moscou: EUA aprovam com seu silêncio a perseguição de Kiev à Igreja Ortodoxa Ucraniana

 

Os EUA deixam claro que aprovam as ações de Kiev de perseguição à Igreja Ortodoxa Ucraniana (canônica), uma vez que não as condenam, afirmou o Ministério das Relações Exteriores russo na quarta-feira (25).

"Durante o tempo da perseguição dos crentes ortodoxos na Ucrânia, eles [os EUA] não criticaram a destrutiva política eclesiástica de [Vladimir] Zelensky, aparentemente deixando desse modo claro que eles aprovam as ações ilegais de seus protegidos", observa-se no relatório do MRE russo sobre a perseguição de Kiev contra a Igreja Ortodoxa Ucraniana.

Além disso, o Ministério das Relações Exteriores russo apontou que o problema da Igreja Ortodoxa na Ucrânia "ainda não está entre as prioridades das Nações Unidas e de outras organizações relevantes", enquanto em resposta aos apelos diplomáticos as organizações internacionais "limitam-se a respostas escritas".

"Não há reação adequada à política antiortodoxa do regime governante em Kiev, aos numerosos casos de apreensão de imóveis e propriedade da Igreja Ortodoxa Ucraniana, aos fatos de arbitrariedade e violência contra o clero e os crentes", enfatizaram no MRE da Rússia.

Em janeiro, o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, disse em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU que a Rússia tinha informações sobre uma série de iniciativas na Ucrânia destinadas à liquidação completa da Igreja Ortodoxa Ucraniana canônica. O presidente do Departamento de Relações Externas da Igreja Metropolitana de Volokolamsk, Antony (Sevryuk), disse na reunião que processos criminais contra bispos e padres da Igreja Ortodoxa Ucraniana foram lançados por Kiev.

Em 2022, as autoridades ucranianas desencadearam a maior perseguição contra a Igreja Ortodoxa Ucraniana na história moderna do país. Citando sua conexão com a Rússia, as autoridades de várias regiões da Ucrânia proibiram as atividades da Igreja. Um projeto de lei estipulando a proibição de fato da Igreja na Ucrânia foi submetido ao parlamento do país.

 

Ø  Político húngaro: expansão da OTAN serve aos interesses dos EUA e prejudica a civilização eurasiana

 

A expansão da OTAN para leste serve aos interesses dos EUA e prejudica a civilização eurasiana, disse à Sputnik o líder do partido húngaro Movimento Nossa Pátria Laszlo Toroczkai.

"Somos fundamentalmente contra a expansão da OTAN [para leste] porque isso só exacerba uma tensão já muito perigosa e prejudicial entre as partes ocidental e oriental da nossa civilização. Este interesse dos Estados Unidos causa muitos danos à civilização eurasiana, da qual a Rússia faz parte", disse Toroczkai.

A Rússia tem repetidamente enfatizado que o país não tem intenções agressivas em relação a nenhum Estado, enquanto a OTAN visa se expandir para o espaço pós-soviético para fomentar conflitos perto das fronteiras russas.

O político húngaro também disse que o partido que ele lidera vai votar contra a adesão da Suécia à OTAN e pedir ao parlamento que vete a expansão da aliança.

"Rejeitamos categoricamente a expansão da OTAN e votaremos contra ela, assim como fizemos votando contra [a adesão da] Finlândia", disse Toroczkai.

Esta decisão foi tomada não com base nas ações das autoridades suecas, mas tendo em conta a situação política global, acrescentou o político.

<><> Especialistas ocidentais acreditam que OTAN é responsável pelo fracasso da contraofensiva ucraniana

A responsabilidade pela decepcionante contraofensiva das Forças Armadas da Ucrânia é dos países da OTAN, que estão muito focados no lado tecnológico e não prestaram a devida atenção ao treinamento e formação dos soldados ucranianos, afirmaram especialistas ocidentais à revista Newsweek.

Segundo eles, a aliança adiou os prazos para o início da ofensiva das tropas ucranianas, mas não conseguiu prepará-las adequadamente para sua implementação.

"O momento da ação no verão [europeu] foi impulsionado por cronogramas arbitrários da OTAN, não ucranianos", disse o analista militar Allan Orr à Newsweek. Ele também acrescentou que, "na realidade, os russos se adaptaram mais rápido do que os ucranianos foram treinados".

Por sua vez, outro especialista, o pesquisador da Universidade de Bolonha Nicolò Fasola, acredita que o Ocidente subestimou a importância do processo de treinamento para uma ofensiva bem-sucedida.

"Acho que pressionamos demais o lado tecnológico da estratégia, esperando que apenas dando à Ucrânia armamento ocidental avançado isso seria suficiente para eles superarem as forças russas que têm equipamento menos avançado. Sim, demos aos ucranianos armas ocidentais de última geração, mas não tivemos tempo suficiente para treiná-los completa e adequadamente", destacou ele.

A ofensiva ucraniana nas linhas de operações a sul de Donetsk, de Zaporozhie e de Artyomovsk (Bakhmut, na denominação ucraniana) começou em 4 de junho.

Como disse o presidente russo, Vladimir Putin, em 27 de junho, Ucrânia perdeu 259 tanques e 780 veículos blindados desde o início da chamada contraofensiva, enquanto 41 tanques e 102 veículos blindados só na linha de Orekhovo e na linha de Zaporozhie na última semana.

Na terça-feira (11), o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, informou que, desde o início de sua contraofensiva, Kiev sofreu mais de 26 mil baixas em soldados ucranianos e perdeu mais de três mil peças de várias armas.

<><> Ofensiva paralisada da Ucrânia coloca Biden em posição política desconfortável, relata mídia

Os oponentes de Joe Biden pedem a redução do apoio militar a Kiev no contexto do risco de conflito indefinido, mas uma eventual recusa do presidente dos EUA de apoiar a Ucrânia poderia ser o fracasso mais marcante da política externa dele, que "superaria a saída do Afeganistão", escreve o jornal The Wall Street Jornal.

O presidente americano, Joe Biden, devido à estratégia adotada pelos Estados Unidos de "não sair do curso", se mostrou dependente do resultado do conflito na Ucrânia, descrito por ele mesmo como uma batalha entre autoritarismo e democracia, aponta o jornal.

O ritmo lento da contraofensiva do Exército ucraniano enfraquece as esperanças para o fim dos combates deste ano e cria riscos de um conflito longo e indefinido, segundo oficiais americanos entrevistados pelo veículo de imprensa.

Um potencial impasse poderia ser um teste à estratégia declarada do presidente dos EUA de fornecer à Ucrânia apoio militar para iniciar negociações, onde Kiev falará de uma posição de força.

Se distanciar da Ucrânia e permitir pelo menos uma vitória parcial de Moscou, poderia se tornar "o fracasso mais marcante da política externa de Biden, que superaria a saída [das tropas] do Afeganistão", acredita o ex-embaixador americano na Ucrânia, John Herbst.

Por sua vez, o jornal relembra que dois potenciais concorrentes republicanos com as melhores chances de serem nomeados pelo partido – o ex-presidente Donald Trump e o governador da Flórida, Ron DeSantis – permitiram um declínio no apoio à Ucrânia.

Além disso, a publicação aponta que outro problema enfrentado pelos EUA é a falta de armas-chave. Isso levou à entrega de munições cluster para o Exército ucraniano.

Ao mesmo tempo, outro diplomata ocidental sugeriu que os Estados Unidos teriam que reconhecer a impossibilidade de acabar com o conflito no futuro próximo, e os parceiros de Kiev teriam que se preparar para um auxílio duradouro.

"A única resposta real é uma mobilização industrial que dará aos ucranianos, e aos russos, uma mensagem clara de que os ucranianos sempre terão muito do que precisam", enfatizou o diplomata.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Opera Mundi

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário