sexta-feira, 28 de julho de 2023

Crise sobre filho de Biden pode levar a impeachment de presidente dos EUA?

O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, abriu a porta - pelo menos uma brecha - para iniciar o processo de impeachment contra o presidente Joe Biden.

Em comentários feitos durante uma entrevista à Fox News, o republicano da Califórnia disse que as investigações do Congresso sobre os possíveis laços de Biden com as transações financeiras de seu filho, Hunter Biden, estão "subindo ao nível de um inquérito de impeachment".

O impeachment pela Câmara dos Deputados é o primeiro passo em um processo formal para remover um presidente - ou outro executivo sênior ou funcionário judicial - do cargo.

É necessária uma maioria simples de votos na Câmara para desencadear um julgamento no Senado dos EUA, onde uma maioria de dois terços é necessária para condenação e remoção do cargo.

O presidente Donald Trump sofreu impeachment duas vezes quando os democratas controlavam a Câmara - sobre a Ucrânia em 2019 e o motim do Capitólio de 6 de janeiro em 2021 - mas foi absolvido pelo Senado em ambas as ocasiões.

·         Por que Biden poderia sofrer impeachment?

McCarthy não mencionou acusações específicas, mas os republicanos estão conduzindo uma série de investigações.

Os comentários dele na segunda-feira vêm uma semana depois que um comitê da Câmara ouviu o testemunho de dois funcionários da Receita Federal que alegaram que o Departamento de Justiça de Biden impediu uma investigação mais completa do envolvimento do presidente nas finanças pessoais de Hunter Biden.

O filho do presidente - alvo de longa data das críticas republicanas - está sob investigação federal desde 2018.

Em junho de 2020, Hunter Biden concordou em se declarar culpado de dois crimes fiscais de contravenção e admitir a posse ilegal de uma arma enquanto era usuário de drogas, de acordo com os autos do tribunal.

O acordo de confissão não silenciou seus críticos, no entanto. Em sua rede Truth Social, o ex-presidente Donald Trump comparou a situação a "uma mera 'multa de trânsito'" e declarou: "Nosso sistema está QUEBRADO!"

Trump e seus aliados há muito alegam que o filho de Biden, de 53 anos, é culpado de corrupção generalizada, particularmente em seus negócios estrangeiros na China e na Ucrânia.

Na quinta-feira passada, o senador republicano Chuck Grassley divulgou um documento do FBI detalhando como uma fonte de inteligência repassou alegações de que a família Biden havia recebido dois pagamentos de US$ 5 milhões (quase R$ 24 milhões) de uma empresa de energia ucraniana depois que o então vice-presidente Biden pressionou a Ucrânia a remover um alto funcionário do governo encarregado de investigar corrupção.

O presidente Biden, por sua vez, demonstrou apoio ao filho.

A Casa Branca emitiu uma breve declaração em resposta ao acordo: "O presidente e a primeira-dama amam seu filho e o apóiam enquanto ele continua a reconstruir sua vida. Não faremos mais comentários".

Na próxima semana, um ex-sócio de Hunter Biden testemunhará a um Comitê da Câmara - prevê-se que ele dirá que Joe Biden estava mais envolvido nos negócios de seu filho do que admitiu.

Nem os investigadores do IRS, a Receita Federal dos EUA, nem o documento do FBI forneceram evidências conclusivas de conduta ilegal ou imprópria do presidente, mas os republicanos na Câmara afirmaram que as informações deveriam ser suficientes para desencadear uma investigação formal de impeachment.

·         Que poderes teria um inquérito de impeachment?

McCarthy, em seus comentários à Fox, continuou dizendo que o processo de impeachment daria aos republicanos da Câmara novas ferramentas poderosas para investigar acusações de impropriedade financeira de Biden e "obter o restante do conhecimento e das informações necessárias".

Ele passou a traçar paralelos com Richard Nixon, que foi alvo de uma investigação do Congresso em 1974, mas renunciou antes de sofrer um impeachment formal.

"Estamos vendo este governo usar a máquina de forma muito parecida com Richard Nixon, negando-nos a obter as informações de que precisamos", disse ele.

No passado, o presidente da Câmara relutava em endossar os apelos de alguns republicanos da Câmara para iniciar o processo de impeachment, dizendo que era muito cedo para isso.

E em uma reunião a portas fechadas com os republicanos da Câmara na quarta-feira, McCarthy supostamente moderou seus comentários anteriores, dizendo que seu partido só lançaria uma investigação formal quando tivesse provas suficientes para isso em mãos.

·         Biden poderia ser afastado do cargo?

A chance de sucesso de um impeachment na Câmara é muito duvidosa.

Os republicanos têm uma maioria estreita na Câmara e alguns centristas do partido, que terão pela frente disputas desafiadoras pela reeleição em novembro de 2024, expressaram desconforto em avançar com um processo que apenas inflamará as divisões políticas nos Estados Unidos.

A equipe de Biden foi rápida em reagir aos comentários de McCarthy.

"Em vez de focar nas questões reais que os americanos querem que abordemos, como continuar a reduzir a inflação ou criar empregos, é isso que o Partido Republicano quer priorizar", escreveu o porta-voz da Casa Branca, Ian Sams, em comunicado nas redes sociais. "Sua ânsia de ir atrás [do Sr. Biden] independentemente da verdade é aparentemente sem limites."

Apenas três presidentes dos EUA sofreram impeachment - Andrew Johnson em 1868, Bill Clinton em 1998 e Donald Trump duas vezes. Nenhum foi condenado pelo Senado.

Atualmente, os democratas têm uma maioria de 51 a 49 no Senado, praticamente garantindo que qualquer encaminhamento de impeachment de Biden da Câmara tenha um destino semelhante.

 

Ø  Procurador apresenta novas acusações contra Trump por documentos confidenciais

 

O procurador especial Jack Smith apresentou novas acusações contra o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, nesta quinta-feira (27), no caso sobre os documentos confidenciais da Casa Branca encontrados em seu resort de Mar-a-Lago, na Flórida.

Trump, que já enfrenta 37 acusações criminais, foi acusado por uma retenção intencional de informações de defesa nacional e mais duas acusações de obstrução, relacionadas a supostas tentativas de deletar imagens de vigilância em Mar-a-Lago no ano passado.

Também foram apresentadas novas acusações contra o assessor de Trump, Walt Nauta, e o funcionário de manutenção do Mar-a-Lago, Carlos de Oliveira, que também foi incluído no caso.

Trump e Nauta foram acusados anteriormente no mês passado e se declararam inocentes.

De Oliveira foi o funcionário de manutenção que ajudou Nauta a mover as caixas com os documentos depois que o Departamento de Justiça emitiu a primeira intimação pelo caso contra Trump em maio do ano passado.

A CNN já havia relatado que imagens de vigilância entregues ao Departamento de Justiça mostravam Nauta e De Oliveira movendo caixas de documentos pelo resort, incluindo para um depósito logo antes que o advogado de Trump, Evan Corcoran, fizesse a procura dos relatórios.

Os funcionários do Departamento de Justiça foram ao Mar-a-Lago no dia seguinte à busca de Corcoran, que entregou 38 documentos classificados que havia encontrado.

No entanto, o FBI recuperou mais de 100 documentos classificados posteriormente, quando fez uma busca, em agosto, no depósito e no escritório de Trump.

O Departamento de Justiça disse posteriormente ao tribunal que acredita que “documentos governamentais provavelmente foram ocultados e removidos do depósito”.

De Oliveira falou com os investigadores no início deste ano e seu telefone foi apreendido. Seu advogado não comentou o caso.

Em um comunicado, um porta-voz de Trump chamou as acusações de “nada mais do que uma contínua e desesperada tentativa da Família Biden e de seu Departamento de Justiça de assediar o Presidente Trump e seus aliados”.

<><> Advogados de Trump se reúnem com Departamento de Justiça dos EUA

Os advogados de Donald Trump se reuniram nesta quinta-feira (27) com funcionários do Departamento de Justiça dos Estados Unidos que investigam as tentativas do ex-presidente republicano de reverter sua derrota nas eleições de 2020, disse Trump, alvo de uma investigação do Conselho Especial.

Trump disse em sua plataforma Truth Social que o Departamento de Justiça não disse a seus advogados quando a ação era provável.

 “Meus advogados tiveram uma reunião produtiva com o DOJ (sigla em inglês para Departamento de Justiça) esta manhã, explicando em detalhes que não fiz nada de errado, fui aconselhado por muitos advogados e que um indiciamento só destruiria ainda mais nosso país”, disse Trump. “Nenhuma indicação de notificação foi dada durante a reunião.”

O procurador especial Jack Smith está investigando as ações de Trump — atual favorito para a indicação presidencial republicana de 2024 — para tentar reverter sua derrota para o democrata Joe Biden nas eleições de 2020.

Autoridades afirmaram que, durante seus últimos meses no cargo, Trump os pressionou com falsas alegações de fraude eleitoral generalizada. Seus apoiadores atacaram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 em uma tentativa de impedir o Congresso de certificar a vitória de Biden.

Trump disse em 18 de julho que recebeu uma carta de Smith afirmando que ele era alvo da investigação.

Vários meios de comunicação dos EUA reportaram que os advogados de Trump chegaram a um prédio do Departamento de Justiça e se reuniram com autoridades no escritório de Smith.

Não é incomum que advogados de defesa se encontrem com procuradores federais antes de uma acusação.

Trump já é o primeiro ex-presidente dos EUA a enfrentar acusações criminais, fato que ele tentou retratar como uma caça às bruxas com motivações políticas.

Qualquer indiciamento no caso eleitoral representaria uma segunda rodada de acusações federais de Smith, que foi nomeado em novembro pelo procurador-geral dos EUA, Merrick Garland.

Os advogados de Trump se reuniram anteriormente com funcionários do Departamento de Justiça, incluindo Smith, antes de um grande júri em Miami indiciar Trump em junho.

Trump se declarou inocente em Miami diante das 37 acusações relacionadas a um caso em que ele é processado por reter ilegalmente documentos confidenciais do governo depois de deixar o cargo em 2021. O ex-presidente também é acusado de obstruir a Justiça no mesmo caso. Os procuradores o acusaram de colocar em risco alguns dos maiores segredos de segurança nacional dos EUA.

As primeiras acusações feitas contra Trump ocorreram em março, quando um grande júri concordou com o promotor distrital de Manhattan para indiciá-lo. Em abril, Trump se declarou inocente de 34 acusações de falsificação de registros comerciais, relativas a um pagamento feito à atriz pornô Stormy Daniels para comprar seu silêncio antes da eleição de 2016 sobre um encontro sexual que ela disse ter tido com ele.

Trump, de 77 anos de idade, lidera um campo lotado de candidatos presidenciais republicanos enquanto busca uma revanche contra Biden, de 80 anos, em 2024.

 

Fonte: BBC News Mundo/CNN Brasil

 

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